Como era mundialmente conhecida a cidade de Cubatão no início da década de 80?

Em comemoração à Semana do Meio Ambiente e com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da preservação, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Cubatão (Semam) promove ciclo de palestras sobre o tema para até 500 alunos da rede municipal de ensino, além de estandes com informações e produtos relacionados à preservação.  A semana tem grande relevância para a cidade, tendo em vista que, em 1992, Cubatão foi apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como cidade símbolo de recuperação ambiental tendo 98% do nível de poluentes controlados na atmosfera.

A abertura da Semana será no dia 6 de junho às 10h no Saguão da Prefeitura de Cubatão (Praça dos Emancipadores, s/nº – Centro) e contará com apresentações da Orquestra Cubatão Sinfonia e Camerata de violões do Programa Cubatão Sinfonia, além de uma exposição didática das expressões da cultura popular com instrumentos, personagens e movimentos feitos pelo Grupo Zabelê de Cultura Popular.

Durante toda a semana, também no Saguão da Prefeitura Municipal haverá estandes com informações sobre o meio ambiente, doações de suculentas, mudas de árvores frutíferas, venda de orquídeas e produtos de abelhas sem ferrão (mel, própolis, etc).

Já as palestras acontecem de 6 a 10 de junho no Anfiteatro da Câmara Municipal de Cubatão (Praça dos Emancipadores, s/nº – Centro), com horário de início sempre às 14h. Confirma a programação:

6/Junho – segunda-feira

Palestra “Onde o meio ambiente e a saúde se encontram?”, com a médica veterinária Odymara Elaine Neves Faya.

7/Junho – terça-feira

Palestra “Foco no Mar”, com Tatiane Higino e Igor Ascioli – Cepema.

Com temas como: a abundância da água salgada no planeta; os ecossistemas marinhos e os animais inseridos.

8/Junho – quarta-feira

Palestra “Viveiro de mudas nas escolas”, com Wilson Siqueira – Ecovias.

Tem como objetivo compartilhar temas relevantes de Meio Ambiente como;

  • Uso consciente da água;
  • Destino correto dos lixos utilizando a metodologia dos 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar);
  • Conscientização sobre a preservação dos recursos naturais;
  • Dicas do que fazer para diminuir os impactos da humanidade sobre o meio ambiente.

9/Junho – quinta-feira

Palestra “Arborização urbana”, com Marcelo Onuki.

Palestra informativa em âmbito regional, incluindo a importância do plano municipal de arborização urbana. As árvores prestam serviço ambiental de suma relevância, não só embelezando, mas atuando no equilíbrio térmico, na retenção do particulado, auxiliando no balanço hídrico, como barreira para o vento, no controle da erosão e suporte à fauna silvestre.

10/Junho – sexta-feira

Palestra “Implantação do polo industrial de Cubatão na década de 50 e recuperação ambiental”, com Celso Garagnani.

A realização da Semana Municipal do Meio Ambiente é da Secretaria de Meio Ambiente de Cubatão. O evento conta com apoio do Cisea – Comissão Intersetorial de Educação Ambiental, CMSA – Conselho Municipal de Saneamento, A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública de Cubatão e Agenda 2030; e parceria das Secretarias de Manutenção e Serviços Públicos, e de Saúde, Sabesp, Ecovias, Parque Estadual Serra do Mar, Cepema, Câmara Municipal de Cubatão, ABC Marbas, WF Descarte Consciente de Lixo Eletrônico, Ecophalt, ONG Nudaer, Allonda Ambiental, Acan, Festival de Orquídeas, Zabellê e Tortuga’s Ambiental.

Cubatão, cidade símbolo de recuperação ambiental – Durante o início da década de 80 a cidade era mundialmente conhecida como “Vale da Morte”, sendo apontada pela ONU como o município mais poluído do mundo. O crescimento industrial acelerado e os altos níveis de poluentes lançados ao meio ambiente resultaram em danos graves para a fauna e flora de Cubatão.

Para reverter esse cenário, o Governo do Estado convocou a Cetesb para que fosse realizado um mapeamento e estudo das causas da poluição na cidade.  Com isso, em 1983 foi implantado um plano de recuperação ambiental. Governantes, empresas e a própria população passaram a colaborar em conjunto para recuperar o verde da cidade. Em 1989 as 320 fontes poluentes que existiam na época já estavam controladas. O retorno do famoso pássaro da cidade, guará-vermelho, foi o que coroou essa recuperação, simbolizando que Cubatão voltou a ter a qualidade de vida necessária.

SANTOS E CUBATÃO - Cubatão foi a primeira cidade do país a se industrializar. Foi o símbolo da transformação do Brasil rural no Brasil industrial na década de 50. A cidade foi escolhida porque reunia vários atributos. Ficava num vale protegido pela Serra do Mar (o que mais tarde se revelou um pesadelo por dificultar a dispersão de poluentes), tinha abundância de água (a usina Henry Borden foi inaugurada em 1926), e estava no meio do caminho entre o planalto e o porto de Santos, já o maior do país.

Em 1955 foi inaugurada a Refinaria Presidente Bernardes, da Petrobras, e na década seguinte a Cosipa, que atraíram uma série de indústrias que passaram a usar seus subprodutos como insumos ou combustível.

A construção do parque industrial atraiu gente principalmente dos Estados do Norte, Nordeste, e do sul de Minas Gerais. Estima-se que 70% da mão de obra era de fora. Os migrantes passaram a morar nos arredores das futuras unidades industriais — uma delas a Vila Parisi, que chegou a ter milhares de habitantes antes de a população ser removida.

No início da década de 80 as pessoas conviviam com o aumento de doenças pulmonares. Mas o ponto de inflexão foi a percepção do elevado número de crianças recém-nascidas com anencefalia (sem cérebro). “Chegou um momento em que o coveiro do cemitério de Cubatão se recusou a enterrar as crianças com anencefalia, ele ficou muito assustado. Graças à percepção desse homem, Cubatão ganhou atenção nacional e internacionalmente”, diz o biomédico Paulo César Naoum. Ele foi um dos responsáveis por associar a poluição à alta incidência de anencefalia no município, em 1983.

Naoum avaliou quase 500 amostras de sangue da população e constatou que 35% delas estavam intoxicadas por poluentes. Essa intoxicação se manifestava por um aumento do nível de uma hemoglobina alterada chamada metahemoglobina. Baseado nessa constatação ele lançou a hipótese. Se uma mulher tivesse aquele nível de metahemoglobina no primeiro mês de gestação, não chegaria oxigênio suficiente para o desenvolvimento das células do embrião. “Não chegando oxigênio, as células não se dividem. Não se dividindo, não o cérebro não se forma. Foi uma constatação científica rasa e sem contestação”, lembra Naoum, pós-doutor em bioquímica clínica pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, e ex-diretor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto (SP).

A partir daquele momento todo mundo ficou preocupado. “Levamos esses dados em congressos científicos, publicamos em revistas científicas importantes e fizemos chegar às mãos das redes de televisão e jornais”, diz Naoum.

Em 1983 as emissões de material particulado no polo industrial chegavam a alucinantes 363 mil toneladas ao ano, quase mil toneladas por dia. Eram constantes os episódios críticos de poluição do ar na área industrial, que extrapolavam a casa dos 500 mcg/m3 (estado de emergência) por dia. O padrão de qualidade da legislação brasileira para o intervalo de 24 horas é de 150 mcg/m3. Um documentário de uma TV francesa traduziu ao mundo o que isso significava: as crianças da Vila Parisi nunca haviam visto flores nem borboletas, o que deu ao bairro a alcunha de Vale da Morte.

O então governador Franco Montoro criou o programa de controle da poluição ambiental em Cubatão, dividido em projetos, começando com o controle de fontes de poluição do ar, água e solo de maior potencial poluidor, classificadas como primárias, entre 1983 e 1994. As empresas passaram a usar os mesmos filtros das correspondentes no exterior, instalaram lavadores de gases e unidades para tratar efluentes pluviais. Há 20 anos, na Eco 92, a ONU outorgava o selo verde a Cubatão, elegendo a cidade como exemplo de recuperação ambiental.

Segundo a Cetesb, hoje os volumes de emissão de material particulado, o primeiro poluente a ser atacado, são 99% menores em relação aos níveis de 30 anos atrás.

As indústrias já investiram cerca de US$ 1 bilhão em tecnologia para reduzir, controlar e monitorar 320 fontes de poluição. Na década de 80, havia mil reclamações por ano. Hoje são menos de 70. E as licenças de operação passaram a ser renovadas a cada dois anos.

Quando encampou a Cosipa, em 1993, a Usiminas colocou em prática um plano de atualização tecnológica. Os investimentos superaram US$ 480 milhões em equipamentos para controle de resíduos, emissões atmosféricas e efluentes líquidos. Os maquinários instalados reduziram as emissões atmosféricas em mais de 95%. A modernização  logrou à empresa uma série de conquistas, entre as quais o ISO 14001, em 1999, que atesta os mais elevados níveis de gestão ambiental. Outro exemplo: a Petrocoque, que produz coque de petróleo calcinado, destinou

R$ 150 milhões em equipamentos e investe outros R$ 600 mil na manutenção dos sistemas.

(Fernanda Pires | Para o Valor)

Como Cubatão era conhecido?

Durante o início da década de 80 a cidade era mundialmente conhecida como “Vale da Morte”, sendo apontada pela ONU como o município mais poluído do mundo.

Por que na década de 1980 Cubatão ficou conhecida como Vale da Morte?

O termo foi criado pelo jornalista brasileiro Randau Marques para chamar a atenção da opinião pública para os problemas de saúde e o alto índice de mortalidade que a cidade de Cubatão, localizada dentro de um vale, sofria em decorrência da poluição ambiental.

O que aconteceu em Cubatão em 1980?

Um dos casos mais conhecidos de consequências ambientais negativas da industrialização aconteceu em Cubatão na década de 1980, onde a instalação de indústrias de petróleo, fertilizantes, metais e diversas outras áreas de atuação, sem um controle da emissão de gases, gerou condições extremas de poluição atmosférica e ...

O que tornou a cidade de Cubatão tão poluída?

Mais de 30 fábricas foram instaladas no seu território, causando uma das maiores catástrofes ambientais da história. A poluição indiscriminada emitida pelas fábricas fez com que, em poucos anos, a cidade, rodeada por montanhas, se transformasse em uma verdadeira estufa de fumaças tóxicas.