Quem convive com uma criança de um ano sabe bem: toda a dificuldade que ela tem de falar é compensada pela "fluência" dos gritos – a qualquer hora e local. Agudos e estridentes, os gritos sinalizam o bom desenvolvimento da criança em ao menos três aspectos: Show
1. Desenvolvimento da linguagemOs gritos são um treino para as cordas vocais, ainda não habituadas à fala. É como se a voz fosse algo ainda a ser dominado, por isso as crianças não têm noção sobre o volume e o timbre. 2. Pedido de atençãoÉ também na fase em que completa o primeiro aniversário que a criança fica mais consciente da presença e, logo, da ausência do outro. Por isso, é comum que ela grite para chamar a atenção quando é deixada sozinha em algum ambiente ou, mesmo quando acompanhada, percebe que os olhares e conversas não estão sendo dirigidas e ela. 3. Tentativa de diálogoApesar de não saber coordenar a dicção para emitir palavras e frases, os bebês de um aninho já conhecem muitas palavras e têm vontade de se expressar. Se não conseguem falar corretamente, gritam na tentativa de avisar que querem um brinquedo ou um alimento, por exemplo. Como lidar com a criança gritandoNão tem como evitar, mas algumas dicas ajudam a lidar com essa fase. Uma boa dica é ensinar à criança que a potência da voz não necessariamente está ligada ao seu volume. Brinque com a altura da voz, comemore e grite com ela quando ela estiver feliz, ensine que fazer sons baixinhos também é uma boa forma para se expressar. Você pode tornar isso uma brincadeira, propondo quem grita mais alto ou de quem sussurra mais baixinho. Ou partir para o campo da imitação, dizendo que seu filho parece um leão e sugerir para que ele aja como um gatinho. Não deixe também que o grito seja uma chantagem para conseguir algo. Isso, geralmente acontece quando a criança está em público. Se ela estiver gritando porque quer um alimento um brinquedo, diga que só dará quando ele parar de gritar. Por fim, para evitar contratempos, evite levar a criança a locais muito silenciosos, como restaurantes intimistas. Por volta dos dois anos, é provável que a fala já esteja estabelecida e que os gritos deem espaço à construção de frases em volume mais adequado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASSecretaria de Estado da Saúde de São Paulo - “Manual de acompanhamento da criança”, 2015. http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/programa-de-fortalecimento-da-gestao-da-saude-no-estado-de-sao-paulo/consultas-publicas/manual_de_acompanhamento_da_crianca.pdf Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - "Desenvolvimento cognitivo e motor das crianças de zero a quinze meses: Um estudo de revisão". http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0529.pdf Fundação Oswaldo Aranha - "O desenvolvimento motor normal da criança de 0 à 1 ano: Orientações para pais e cuidadores". http://web.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivos/37.pdf Universidade de São Paulo - "Desenvolvimento Infantil dos 0 aos 12 meses". Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra - “O Choro do bebê”, 2009. 6 minutos para ler Estudos recentes mostram que gritar com os filhos pode ser prejudicial e desencadear problemas de comportamento e depressão. Essa atitude também dá margem para que eles gritem com você de volta. Ou seja, mostra que não há problema em perder o controle quando se está nervoso(a). Mas diante de uma vida tão corrida, como os pais podem parar de gritar com os filhos? Quais estratégias podem ser utilizadas para evitar a agressividade e adotar uma comunicação não violenta? Descubra em nosso artigo completo sobre o assunto: O que acontece no cérebro do seu filho quando você grita com ele(a)Bater, gritar e xingar a criança são estratégias de disciplina que podem ser destrutivas a longo prazo. Conforme estudo publicado pela Revista Científica da Academia Americana de Pediatria, crianças que são vítimas de abusos verbais constantes na infância apresentam mais problemas de comportamento e depressão na adolescência em comparação às que são criadas sem o uso de nenhum tipo de violência. E tem mais. Uma pesquisa realizada pelas universidades de Michigan e a de Pittsburgh também indica que agressões verbais e berros em casa podem dificultar o aprendizado de crianças e adolescentes e ainda incentivá-las a brigar na escola. Segundo a psicóloga Piedad Gonzáles Hurtado, gritos continuos têm seu impacto no cérebro humano e no desenvolvimento neurológico da criança, afinal o ato de gritar tem uma finalidade muito concreta em todas as espécies. É nessa hora que o nosso “sistema de alarme” se ativa e libera cortisol, hormônio do estresse, que tem como objetivo habilitar as condições físicas e biológicas necessárias para fugir ou lutar”. Esse processo, além de afetar o equilíbrio emocional, afeta capacidade de atenção e outros processos cognitivos da criança. Aproveite e leia: Chantagem emocional com os filhos: por que você não deve usar essa técnica 1) Gritar é inútilNa visão do especialista em educação dos filhos, Scott Turansky, gritos nada mais são do que uma estratégia de manipulação. Para ele, a agressividade verbal, além de deturpar a mensagem, diminui o poder das palavras. Em vez de ajudar, só desgasta a relação entre você e seus filhos. 2) É leiAgressões verbais e punições físicas são práticas proibidas desde 2014, quando foi promulgada aLei Menino Bernardo, também conhecida como Lei da Palmada. A norma alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente e estabeleceu o direito de as crianças serem educadas e cuidadas sem o uso de castigos físicos ou de tratamento verbal cruel. 3) Também é emocionalmente insustentávelGritar com os filhos é emocionalmente insustentável. Segundo especialistas, além de induzir à mentira, esse tipo de criação gera uma profunda desconexão entre pais e filhos, corta os laços e fecha a comunicação, deixando reflexos consideráveis na vida adulta. Os gritos constantes também mostram que não há problema em perder o controle, deixando margem para que eles aprendam a responder no mesmo tom e levem essa agressividade para a vida adulta. Acesse também: Como ensinar empatia aos filhos? 5 passos para ter um filho mais empático 4 dicas para parar de gritar com os filhos1) Adote a disciplina positivaPara os pais que querem melhorar a relação com os filhos, a prática da disciplina positiva é um ótimo caminho. Desenvolvido pela educadora norte-americana Jane Nelsen, o conceito propõe que a disciplina seja ensinada sem punição ou castigo, mas com firmeza e gentileza. É importante frisar que tirar a ferramenta do castigo não significa ser permissivo. Na visão da educadora parental Elisama Santos, não existe nenhum limite que não possa ser colocado de maneira gentil. 2) Transforme as suas emoções negativasQuando você sentir raiva ou alguma outra emoção negativa, que tal transformá-las em um diálogo? Em vez de levantar a voz, tente liberar essa “pressão” de outras maneiras. Exemplo: Diferente de acusar o seu filho dizendo que ele fez algo de errado, converse informando que você ficou chateado (a) com aquele comportamento. O diálogo e a sinceridade com os sentimentos são sempre os melhores caminhos. 3) Troque as ordens por um combinado de regrasNo livro Não Grite com as Crianças! Como Resolver Conflitos com Crianças e Fazê-las Ouvir Você?, o psicólogo Daniele Novara aconselha os pais a estabelecer regras. É importante não confundir essas normas (que podem ser decididas no coletivo) com ordens. Na visão do especialista, quando os pais dão alguma ordem sempre há o risco de enfrentar a desobediência. A decisão coletiva sobre quanto tempo a criança deve ficar na frente do computador, que horas deve ir para a cama e em que momentos pode comer fast food ajudarão muitos conflitos a desaparecer sozinhos. Além disso, auxiliará a criança a se comportar e, dentro do contexto, agir de forma independente. 4) Pratique a Comunicação Não ViolentaA Comunicação Não Violenta proporciona uma conexão mais genuína entre as pessoas e tem potencial de melhorar relações na vida familiar. Para isso, é preciso desligar o seu modo de defesa e adotar uma fala mais calma, empática e sem medo de se mostrar vulnerável. É falar sem machucar e ouvir sem ofender. Veja alguns exemplos que podem ser adotados em casa com seus filhos:
Mais diálogo e mais empatiaSe você chegou até aqui percebeu que gritar com os filhos nada traz de positivo. Além da possibilidade de desencadear episódios de depressão e autorizar que seu filho devolva a agressão verbal, esse tipo de educação não tem efeito positivo algum. Lembre-se: gritar diminui o efeito das palavras. Por isso, antes de explodir ou manifestar raiva em cima do seu filho, olhe para si a fim de controlar a raiva, olhe para o seu filho e tente entender o que está por trás da “birra”. Diálogo e empatia serão sempre os melhores caminhos. Porque meu filho grita muito?A criança que grita, o faz porque aprendeu que os gritos altos lhes dão poder. Por exemplo, se ela gritar porque quer algo, imediatamente os pais procuram entender o porquê dos gritos, dando assim a atenção que a criança queria. As vezes para acalmá-la os pais acabam satisfazendo seus pedidos.
Como fazer filho parar de gritar?Eles sugerem: “Experimente dizer para seu filho: “Vamos gritar o mais alto que a gente conseguir”, e juntar-se a ele na gritaria. Em seguida, abaixe o volume e diga: “Agora vamos ver quem consegue falar mais baixinho”. Continue brincando, sugerindo outros movimentos, como colocar as mãos nas orelhas ou pular.
O que fazer quando criança de 3 anos grita?Como lidar com a criança gritando
Brinque com a altura da voz, comemore e grite com ela quando ela estiver feliz, ensine que fazer sons baixinhos também é uma boa forma para se expressar. Você pode tornar isso uma brincadeira, propondo quem grita mais alto ou de quem sussurra mais baixinho.
Porque meu filho de 2 anos grita tanto?Gritos, birras e choros incessantes passam a fazer parte do seu comportamento. Essa fase é chamada pelos pais e pediatras de “crise dos 2 anos” ou “terrible two” (“terrível dois”, em tradução livre). Ela não é mito e faz parte do desenvolvimento do bebê. Nessa hora, é necessária uma boa dose de paciência dos pais.
|