Como Platão resolve o problema proposto por Heráclito e Parmênides?

Em síntese

1. No uso cotidiano, que significados damos às palavras lógica e lógico? Que noções estão pressupostas nesse uso?

Ao usarmos as palavras lógica e lógico, estamos dizendo que determinada coisa é evidente. Portanto, a expressão aparece como se fosse a conclusão de um raciocínio implícito, compartilhado pelos interlocutores do discurso. Dessa forma, estão pressupostas as noções de inferência, coerência, conclusão sem contradições e conclusão com base em conhecimentos suficientes.

2. Qual foi o conflito entre a filosofia de Heráclito e a de Parmênides?

O conflito baseava-se na preocupação com a origem, transformação e desaparecimento dos seres. Heráclito afirmava que somente a mudança é real e a permanência, ilusória. Ou seja, para ele, o mundo é um fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. Parmênides, em contrapartida, afirmava que somente a identidade e a permanência eram reais e a mudança, ilusória; isto é, o devir (o fluxo dos contrários) é a aparência sensível, mera opinião que formamos porque confundimos a realidade com as nossas sensações, percepções e lembranças.

3. Apesar de suas diferenças, Heráclito e Parmênides possuíam um ponto em comum. Qual era? Identifique sua importância para o nascimento da lógica.

Heráclito e Parmênides concordam que a verdade não depende da experiência sensorial, mas da operação do pensamento puro.

4. Como Platão resolveu o conflito entre as concepções de Heráclito e de Parmênides? Explique.

Platão concebeu a existência de dois mundos: o sensível e o inteligível. O mundo sensível é o dos seres materiais, que conhecemos por meio de nossas sensações, percepções e opiniões. Ele está sujeito ao devir permanente e às oposições internas, como na concepção de Heráclito. O mundo sensível, porém, é uma cópia imperfeita do mundo real, o mundo inteligível, que é composto de essências eternas e imutáveis - as ideias -, das quais estão excluídos o devir e a contradição, como na concepção de Parmênides. Conhecer, chegar à verdade, é passar do mundo da opinião e da aparência (o mundo sensível) para o mundo da verdade sempre idêntica a si mesma (o mundo inteligível).

5. Enumere os dilemas deixados pelos antecessores de Aristóteles e que foram abordados neste capítulo. Então, descreva como esse filósofo resolveu cada um deles.

O primeiro dilema é a dificuldade em conciliar a mudança das coisas no mundo, concebida como contradição, com a exigência de identidade do pensamento e da linguagem. O segundo dilema é que a solução platônica precisa dividir o real em dois mundos para tentar comportar as duas exigências acima, mas, ainda assim, a mudança é identificada com a ilusão. Aristóteles é capaz de superar esses dilemas com uma nova concepção do que é a mudança. A mudança ou transformação não é a transformação de uma coisa em seu contrário. Ela é o movimento pelo qual a coisa realiza todas as potencialidades contidas em sua essência, e este não é contraditório, mas uma identidade que o pensamento pode conhecer. O menino que se tornou adulto não tornou-se o contrário de si. Ele desenvolveu as potencialidades inscritas em sua própria essência. Há, então, para Aristóteles, seres cuja essência é mutável e seres cuja essência é imutável. Com isso, essência e mudança não são mais excludentes.

6. Quais são as diferenças entre a dialética platônica e a analítica (ou lógica) aristotélica?

Em primeiro lugar, a dialética platônica é o exercício direto do pensamento e da linguagem, um modo de pensar que opera com os conteúdos do pensamento e do discurso. A lógica aristotélica é um instrumento para o exercício do pensamento e da linguagem, oferecendo-lhes meios para realizar o conhecimento e o discurso. Em segundo lugar, a dialética platônica é uma atividade intelectual destinada a trabalhar opiniões contrárias e contradições para superá-las, chegando à identidade da essência ou da ideia imutável. A lógica aristotélica oferece procedimentos que devem ser empregados naqueles raciocínios que se referem a todas as coisas das quais possamos ter um conhecimento universal e necessário, e seu ponto de partida não são opiniões contrárias, mas princípios, regras e leis necessários e universais do pensamento.



Compartilhe com seus amigos:

Como Platão resolveu o problema de Heráclito e Parmênides?

RESPOSTA: Diante do grande paradoxo ontológico promovido por esses dois pensadores – em que Parmênides insistia que o ser era único, imóvel e imutável, não aceitando a ideia de movimento, variações e mudanças, ao passo que para Heráclito, tudo estava em constante mudança, sendo a realidade, portanto, uma multiplicidade ...

Qual era o problema dos filósofos Parmênides e Heráclito?

Duas concepções dominaram o pensamento filosófico durante bastante tempo: por um lado, as ideias de Parmênides e, por outro, o pensamento de Heráclito. Heráclito defendia a ideia de um mundo contínuo, enquanto Parmênides definia um ser único, um ser imóvel.