Durante o período colonial, havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais porque os

Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540.

A proposta dos padres jesuítas para a divulgação do cristianismo era baseada no ensino da catequese. Eles atuaram em diversas partes do mundo e destacaram-se no Brasil colonial. Na Europa, os jesuítas surgiram como parte do movimento de contrarreforma e, portanto, tinham como importante missão impedir o crescimento do protestantismo.

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  • 1 - Jesuítas no Brasil

Jesuítas no Brasil

Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nóbrega e tinham como principal missão a cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial. Os jesuítas construíram locais chamados missões, onde combinavam a catequese dos nativos com a sua utilização como mão de obra para a produção de tudo o que a missão precisasse.

Para que exercessem seu trabalho na colônia, inicialmente, foi necessário criar uma comunicação com os nativos, uma vez que esses falavam tupi e os jesuítas falavam português. Assim, o padre José de Anchieta desenvolveu um manual que auxiliava na comunicação dos jesuítas com os nativos. Nesse período da história brasileira, o idioma mais comum existente aqui era a Língua Geral, que mesclava elementos do português com idiomas nativos.

Além disso, os jesuítas tiveram um importante papel educacional no Brasil, pois, além da catequese aos nativos, eles educavam os filhos dos colonos. Para que isso fosse possível, esses padres criaram colégios em diversas partes do Brasil, como aconteceu na cidade de Salvador e em São Paulo de Piratininga (atual cidade de São Paulo). A respeito dos colégios dos jesuítas, o historiador Ronaldo Vainfas afirma:

Os colégios inacianos espalharam-se por todos os continentes, atravessando os sete mares. Formavam professores, intelectuais e missionários. Dominavam o ensino em várias universidades, como a de Coimbra, consolidando a neoescolástica, com ênfase no estudo filosófico e teológico|1|.

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Outra função importante dos jesuítas foi na pacificação dos povos indígenas, pois, por meio de suas missões, conseguiram ter grande contato com esses povos. Assim, os jesuítas realizavam a catequese dos povos nativos, além de realizarem uma tentativa de aculturação ao tentar assimilar o nativo a um modo de vida europeu.

Os jesuítas também enfrentaram inúmeros conflitos com os colonos que escravizavam indígenas durante os séculos XVI e XVII. A ação dos jesuítas em proteger os nativos da escravização levou a Coroa a determinar leis que permitiam a escravização dos indígenas somente em casos de “guerra justa”, ou seja, quando os nativos atacavam algum português. Sobre isso, o historiador Ronaldo Vainfas afirma:

Obstáculo maior enfrentado pela Companhia foi a avidez dos colonos em escravizar os nativos. Os jesuítas resistiram em toda parte, sobretudo no século XVII, arrancando da Coroa leis proibitivas do cativeiro indígena. Os colonos, por sua vez, sempre pressionaram pelo direito de apresar os índios em “guerra justa”, isto é, em suposta represália a índios hostis.

Em 1640, colonos do Rio de Janeiro cercaram o colégio do morro do Castelo acusando os jesuítas de mentores de nova lei proibitiva do cativeiro. Foi a “Botada fora dos padres”, que só não foram mortos graças à intervenção do governador Salvador Correia de Sá e Benevides. No mesmo ano, foram expulsos de São Paulo, só regressando em 1653|2|.

Com o passar do tempo, os atritos dos jesuítas não se restringiram aos colonos, pois logo entraram em conflito com a Coroa após a Guerra Guaranítica, onde jesuítas e indígenas guaranis confrontaram tropas portuguesas pelo controle da missão Sete Povos das Missões, no atual Rio Grande do Sul. Além disso, o grande poder econômico desses religiosos despertou a cobiça da Coroa portuguesa e, assim, em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de todas as suas colônias.

|1| VAINFAS, Ronaldo. Soldados de Cristo. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, nº 81, jun. 2012, p. 17.
|2| Idem, p. 16-17


Por Daniel Neves
Graduado em História

Com a intenção de ajudá-lo a se preparar melhor para as provas de Vestibular e Enem, desenvolvemos este Simulado de História – Governo Geral do Brasil I que contém questões específicas sobre os assuntos mais exigidos em História.
Cada questão contém entre 2 e 5 alternativas. Para cada questão existe apenas uma alternativa correta e não existe nenhuma questão em branco.
O número de respostas certas do gabarito do  estão no final.

Bons estudos!

01.(UEL-PR) A centralização político-administrativa do Brasil colônia foi concretizada com a:

a) criação do Estado do Brasil
b) instituição do governo-geral
c) transferência da capital para o Rio de Janeiro
d) instalação do sistema das capitanias hereditárias
e) política de descaso do governo português pela atuação predatória dos bandeirantes

02. (UEL-PR) A instalação do governo-geral em 1549 contribuiu para que a colonização do Brasil passasse de transitória para efetiva. Havia um forte motivo que alimentava as esperanças dos portugueses: os espanhóis, nas terras vizinhas encontraram o que buscavam. Ao tomar medidas procurando assegurar a posse sobre o vasto território, a Coroa portuguesa estava motivada pelas notícias sobre:

a) o modelo de colonização, dependente da iniciativa privada que se revelava pouco eficaz nos Açores e na Madeira
b) as feitorias que vinham dando provas de eficiência como fortificações sólidas para a defesa da terra
c) as semelhanças das culturas pré-cabralinas do Brasil e pré-colombianas da América Central
d) os negócios da Índia em crescente lucratividade, sem riscos de prejuízos e decepções
e) a descoberta de metais preciosos nas terras altas sul-americanas voltadas para o Pacífico

03. (UERJ) O Estado português reproduziu no Brasil duas feições metropolitanas, possibilitando uma permanente tensão entre as forças sociais dos poderes locais e as forças de centralização do absolutismo.
As instituições que exerciam a administração local e central no Brasil colônia eram, respectivamente:

a) vice-reinado e capitania hereditária
b) câmara municipal e governo-geral
c) capitania geral e província
d) cabildo e capitania real

04. (Fuvest-SP) Sobre a presença francesa na baía de Guanabara (1557-1560), podemos dizer que foi:

a) apoiada por armadores franceses católicos que procuravam estabelecer no Brasil a agro-indústria açucareira.
b) um desdobramento da política francesa de luta pela liberdade nos mares e assentou-se numa exploração econômica do tipo da feitoria comercial.
c) um protesto organizado pelos nobres franceses huguenotes, descontentes com a Reforma Católica implementada pelo Concílio de Trento.
d) uma alternativa de colonização muito mais avançada do que a portuguesa, porque os huguenotes que para cá vieram eram burgueses ricos.
e) parte de uma política econômica francesa levada a cabo pelo Estado com o intuito de criar companhias de comércio.

05. (Fuvest-SP) “Eu el-rei D. João III, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa que ordenei mandar fazer nas terras do Brasil uma fortaleza e povoação grande na Baía de Todos-os-Santos. (…) Tenho por bem enviar-vos por governador das ditas terras do Brasil.” “Regimento de Tomé de Sousa”, 1549

As determinações do Rei de Portugal estavam relacionadas:

a) à necessidade de colonizar e povoar o Brasil para compensar a perda das demais colônias agrícolas portuguesas do Oriente e da África.
b) aos planos de defesa militar do império português para garantir as rotas comerciais para a Índia, Indonésia, Timor, Japão e China.
c) a um projeto que abrangia conjuntamente a exploração agrícola, a colonização e a defesa do território.
d) aos projetos administrativos da nobreza palaciana visando à criação de fortes e feitorias para atrair missionários e militares ao Brasil.
e) ao plano de inserir o Brasil no processo de colonização escravista semelhante ao desenvolvido na África e no Oriente.

06. (PUCCamp-SP) Os governos-gerais foram instituídos como a única solução político administrativa viável para a colonização efetiva do Brasil, na segunda metade do século XVI, porque:

a) a instituição do sistema, em 1548, suprimiu definitivamente a divisão da colônia em capitanias hereditárias.
b) o governo-geral representava a centralização político-administrativa da colônia, que se tornava imperativa, pelo sucesso da maioria das capitanias hereditárias.
c) o risco crescente, criado com a autonomia excessiva das capitanias hereditárias, levou o Estado metropolitano a organizar o governo-geral para substituí-las.
d) o governo centralizado na colônia correspondia melhor à definição absolutista do próprio governo metropolitano.
e) o governo-geral constituía-se, em nível político, como um regime descentralizado e, em nível econômico, como uma grande empresa particular, estando à frente o governador, o único responsável pelo investimento inicial e pelo incentivo à produção.

07. (UEL-PR) Durante o período colonial, havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais porque os:

a) colonos eram ateus belicosos, e os jesuítas pacíficos católicos.
b) religiosos pretendiam escravizar tanto o negro como o índio, e os colonos lutavam para receber salário dos capitães donatários.
c) colonos desejavam escravizar o negro e os jesuítas se opunham.
d) religiosos preocupavam-se com a integração dos indígenas no mercado de trabalho assalariado, e os colonos queriam escravizá-los.
e) colonos pretendiam escravizar os indígenas, e os padres eram contra, pois queriam aldeá-los em missões.

08. (UFRN) A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil.
Essa transformação se deveu à:

a) grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas novas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses.
b) crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra, levando à escravização dos índios, que reagiram aos colonos.
c) importação de negros africanos, cuja mão-de-obra acabou competindo com a dos indígenas, excluindo estes do mercado agrário.
d) introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas, desestruturando a economia comunal dos grupos nativos.

09. (Unirio-RJ) A colonização brasileira no século XVI foi organizada sob duas formas administrativas, capitanias hereditárias e governo-geral. Assinale a afirmativa que expressa corretamente uma característica desse período.

a) As capitanias, mesmo havendo um processo de exploração econômica em algumas delas, garantiram a presença portuguesa na América, apesar das dificuldades financeiras da Coroa.
b) As capitanias representavam a transposição para as áreas coloniais das estruturas feudais e aristocráticas européias.
c) As capitanias, sendo empreendimentos privados, favoreceram a transferência de colonos europeus, assegurando a mão-de-obra necessária à lavoura.
d) O governo-geral permitiu a direção da Coroa na produção do açúcar, o que assegurou o rápido povoamento do território.
e) O governo-geral extinguiu as donatarias, interrompendo o fluxo de capitais privados para a economia do açúcar.

10. (UFRJ) “Eu, o rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa, que vendo quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das Terras do Brasil (…); ordenei ora de mandar nas ditas terra fazer uma fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações (…); e por ser informado que a Bahia de Todos os Santos é o lugar mais conveniente da costa do Brasil (…), que na dita Bahia se faça a dita povoação e assento, e para isso vá uma armada com gente (…) e tudo o mais que for necessário. E pela muita confiança que tenho em vós (…) vos enviar por governador às ditas terras do Brasil (…).”
(Regimento de Tomé de Sousa, 17 de dezembro de 1548)

A política administrativa do Estado português no início da colonização estruturou-se a partir da adoção do sistema de capitanias hereditárias e, posteriormente, da criação do governo-geral. No entanto, o verdadeiro poder político na colônia encontrava-se nas câmaras municipais, dominadas pelos “homens bons”.

a) Explique uma razão para o sistema de capitanias hereditárias na colonização do Brasil.
b) Apresente dois objetivos da criação do governo-geral pelo Estado português.
c) Cite uma razão da concentração do poder político colonial nas câmaras municipais.

GABARITO do Simulado de História – Governo Geral do Brasil I

Resposta 01: B
Resposta 02: E
Resposta 03: B
Resposta 04: B
Resposta 05: C
Resposta 06: D
Resposta 07: E
Resposta 08: B
Resposta 09: A
Resposta 10:
a) O interesse da metrópole em repassar a particulares os gastos com a colonização.

b) Centralizar a administração na colônia, buscar riquezas minerais no interior, coordenar esforços para a defesa do território, desenvolver a construção naval, visitar e fiscalizar as capitanias, estabelecer a política de relação com as comunidades indígenas.

c) O controle exercido pela classe produtora escravista e o isolamento das vilas e seu afastamento dos centros de poder metropolitano.

Por que durante o período colonial havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais?

Questão 5. (UEL-PR) Durante o período colonial, havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais porque os: colonos eram ateus belicosos, e os jesuítas pacíficos católicos. religiosos pretendiam escravizar tanto o negro como o índio, e os colonos lutavam para receber salário dos capitães donatários.

Por que havia um conflito entre os jesuítas e os colonos?

Com isso, os jesuítas conseguiram que as missões produzissem para seu próprio consumo, além de fornecerem excedentes que eram comercializados. Toda essa situação levou os jesuítas a entrarem em conflitos com os colonos, que tinham interesse na escravização indígena.

Como era a relação entre os jesuítas e os indígenas?

Nos aldeamentos jesuíticos os índios eram educados para viver como cristãos. Essa educação significava uma imposição forçada de outra cultura, a cristã. Os jesuítas valiam-se de aspectos da cultura nativa, especialmente a língua, para se fazerem compreender e se aproximarem mais dos indígens.

Qual o relação entre os jesuítas e os indígenas no Brasil Colônia?

Os jesuítas surgem como responsáveis pela inserção desses sujeitos no corpo social lusitano. Através da catequese, relacionavam-se intercultural mente com os nativos, objetivando a salvação de suas almas. Logo, existe uma relação intercultural funcional ao estado português.