É a forma que a mão assume para fazer um sinal segundo quadro de CM?

O presente trabalho tem por objetivo apresentar e especificar os aspectos para a comunicação com o sujeito surdo, que fazem parte da fonologia e que diz respeito aos cinco parâmetros de formação de um sinal na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), sua origem e importância para o surdo durante a comunicação. Os parâmetros são constituídos na fonologia de língua brasileira de sinais, neste nível linguístico estudamos as configurações de mãos, ponto de articulação, movimento, orientação e a expressão facial e dos elementos envolvidos dos sinais.

Quando surge uma palavra ou um item lexical em língua de sinais, é formado a partir da combinação do movimento das mãos, com um determinado formato, em um lugar especifico, podendo esse lugar ser uma parte do corpo ou espaço em frente ao corpo.

Destarte, para a realização deste trabalho sobre “Aspectos para a comunicação com o sujeito surdo”, utilizamos como método de análise, a investigação dedutiva. Trata-se de uma pesquisa de base bibliográfica em que a coleta de dados se valeu da seleção de textos extraídos de artigos, livros e revistas.

Apesar de muitas pessoas ainda não conhecerem ou mesmo não aceitarem a Libras como língua, ela é, de fato, a primeira língua da comunidade surda do Brasil. A lei nº 10.436, sancionada em 20 de abril de 2002, e o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, declaram ser a Libras uma língua genuína, com todas as características pertencentes aos universais e níveis linguísticos.

As línguas de sinais, assim como as línguas orais, também apresentam todas as propriedades inerentes às línguas humanas. Elas são flexíveis, pois podem fazer referência a qualquer tempo ou coisa; são arbitrárias, porque em muitos sinais não há nenhuma explicação clara para a relação entre as suas formas e os seus respectivos significados.

Somente a partir de 1960, com os estudos de Wiliam Stokoe, as línguas de sinais começaram também a ser entendidas como línguas genuínas e os sinais vistos como símbolos abstratos com complexa estrutura.

A Língua Brasileira de Sinais não deve ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, pois as línguas de sinais não são derivações das línguas orais auditivas, elas possuem uma gramática específica e independente. A Libras reflete a forma natural de o surdo processar suas ideias, compreender e expressar o mundo.

A Língua Brasileira de Sinais, Libras, não é apenas uma simples gestualização da língua portuguesa, é uma língua distinta, que parte de referencial visual/espacial, possuindo gramática própria. Mesmo sendo definida como a segunda língua oficial do Brasil, a maior parte da população brasileira não é alfabetizada em Libras, evidenciando uma dificuldade na comunicação entre deficientes auditivos (surdos) e ouvintes e a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e força.

Desse modo, sinal é o signo linguístico na língua de sinais, o qual contém uma unidade de informação convencionada por meio gestual pela comunidade surda e que serve para comunicar algo a alguém. Assim, o sinal se difere do gesto espontâneo pelo seu caráter de código compartilhado e estruturado em uma língua.

Segundo estudos da linguística, os sinais (signos ou itens lexicais) na língua dos surdos ou palavras na língua dos ouvintes expressam ideias, ações ou conceitos, que podem ter diferentes significados, conforme o contexto. “Os signos são assim instrumentos de comunicação e representação, na medida em que, com eles, configuramos linguisticamente a realidade e distinguimos os objetos entre si” (VILELA; KOCH, 2001).

Quando se iniciaram os primeiros estudos científicos sobre as línguas de sinais, os pesquisadores começaram a perceber que, nos sinais, havia “partes” assim como nas palavras há diferentes sons. Essas partes constituintes dos sinais são chamadas de Parâmetros Linguísticos. Atualmente consideramos que há cinco principais parâmetros na Língua de Sinais Brasileira, sendo os três primeiros os principais ou maiores, de acordo com alguns estudiosos: (1) Configuração de Mão, (2) Ponto de Articulação/ Locação, (3) Movimento, (4) Orientação e Direcionalidade e (5) Expressões não-manuais (expressões faciais e corporais) que serão explicados a seguir.

I. Configuração de mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Ela pode permanecer a mesma durante a articulação de um sinal, ou pode ser alterada passando de uma configuração para outra. As configurações podem variar apresentando uma mão que pode estar configurada sobre a outra que serve de apoio, tendo esta sua própria configuração. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS existem mais de 61 configurações das mãos, sendo que o alfabeto manual utiliza apenas 26 destas para representar as letras. A seguir veremos um exemplo de configuração de mão em “S” que possui a mesma Configuração de Mão, mas significados completamente diferentes:

II. Ponto de Articulação: é o local do corpo do sinalizador em que o sinal é realizado; assim, uma maior especificação da posição é necessária, já que a região no espaço é muito ampla. Esse espaço é limitado e vai desde o topo da cabeça até a cintura, sendo alguns pontos mais precisos, tais como a ponta do nariz, e outros mais abrangentes, como a frente do tórax, como por exemplo, arrependimento e pensar são sinais feitos no corpo, enquanto, trabalhar e brincar são sinais feitos no espaço neutro.

III. Movimento: diz respeito, como o próprio nome já diz, ao movimento que a mão faz no momento da execução do sinal. Em Libras, é fundamental para a concordância verbal. O movimento pode ser analisado levando-se em conta o tipo, a direção, a maneira e a frequência do sinal. O tipo refere-se às variações do movimento das mãos, pulsos e antebraços; ao movimento interno dos pulsos ou das mãos (por exemplo, palestra) e aos movimentos dos dedos. Quanto à direção, o movimento pode ser unidirecional, bidirecional ou multidirecional. Já a maneira descreve a qualidade, a tensão e a velocidade, podendo, assim, haver movimentos mais rápidos, mais tensos, mais frouxos, enquanto a frequência indica se os movimentos são simples ou repetidos (Ferreira-Brito, 1995; Quadros; Karnopp, 2004). Vejamos os exemplos a seguir das palavras rir, chorar e conhecer que possuem movimento, diferentemente de ajoelhar, sentar e em pé que não possuem movimento.

IV. Orientação e Direcionalidade: por definição, orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ferreira-Brito (1995, p. 41), na língua de sinais brasileira, e Marentette (1995, p. 204 apud QUADROS; KARNOPP, 2004), na ASL, enumeram seis tipos de orientações da palma da mão na língua de sinais brasileira:

1) Para cima.

2) Para baixo.

3) Para o corpo.

4) Para a frente.

5) Para a direita.

6) Para a esquerda

V. Expressões não-manuais (expressões faciais e corporais): podem realizar-se por meio de movimentos na face, olhos, cabeça ou tronco e têm duas funções nas línguas de sinais:

 Marcação das construções sintáticas: marcam sentenças interrogativas, orações reativas, topicalizações, concordância e foco;

 Diferenciação de itens lexicais: marcam referência específica, referência pronominal, partícula negativa, advérbio, grau ou aspecto. 

Percebemos que o contexto comunicativo é fundamental na produção de sentidos para os sinais executados e na compreensão dos seus significados, permitindo que os interlocutores se expressem e interpretem adequadamente a mensagem. Vimos também que como em qualquer língua, a Libras possui variações linguísticas relacionadas a mudanças no contexto histórico, geográfico, sociocultural e comunicativo. As variações produzidas são identificadas no uso de sinais, bem como na maneira como eles são realizados.

Os cinco parâmetros apresentados reunidos permitem a construção dos sinais e comunicação básica em Libras. O ponto de articulação, a configuração de mão, orientação e o movimento são parâmetros essenciais para execução e identificação de um sinal. Juntos, mesmo sem a expressão facial, podem vir a representar uma palavra, mas sem a complexidade que a língua tem. Por outro lado, em muitas situações, esses quatro parâmetros podem não ser suficientes para expressão e comunicação em Libras.

Uma boa parte dos sinais precisa da expressão facial ou corporal para ser entendida na sua totalidade, visto que Libras é uma língua visual e espacial. Foi constatada a diferença entre o processo de formação das palavras e a compreensão e comunicação na Língua de Sinais.

Destarte, é de suma importância que os ouvintes tenham consciência da importância dos cinco parâmetros para a comunicação em libras, uma vez que um mesmo sinal poderá ter diversos significados o que dificultará o diálogo, caso não seja executado da forma exata.

 &lt;/p&gt; &lt;h2&gt;Referências Bibliográficas&lt;/h2&gt; &lt;p&gt;&amp;nbsp;&lt;/p&gt; &lt;p&gt;FELIPE, Tanya A. MONTEIRO, Myrna S. &lt;strong&gt;Libras em contexto&lt;/strong&gt;. Rio de Janeiro: WallPrint, 2008.&lt;/p&gt; &lt;p&gt;FERREIRA BRITO, Lucinda&lt;strong&gt;. Integração social e educação de surdos&lt;/strong&gt;. Rio de Janeiro:Babel, 1995.&lt;/p&gt; &lt;p&gt;HONORA, Márcia. FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. &lt;strong&gt;Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais&lt;/strong&gt;. São Paulo: Ciranda Cultural, 2019.&lt;/p&gt; &lt;p&gt;&lt;span id="ezoic-pub-ad-placeholder-112" class="ezoic-adpicker-ad"&gt;&lt;/span&gt;&lt;span class="ezoic-ad ezoic-at-0 large-leaderboard-2 large-leaderboard-2112 adtester-container adtester-container-112" data-ez-name="webartigos_com-large-leaderboard-2"&gt;&lt;span id="div-gpt-ad-webartigos_com-large-leaderboard-2-0" ezaw="300" ezah="250" style="position:relative;z-index:0;display:inline-block;padding:0;min-height:250px;min-width:300px" class="ezoic-ad"&gt;&lt;script data-ezscrex="false" data-cfasync="false" type="text/javascript" style="display:none"&gt;if(typeof ez_ad_units != 'undefined'){ez_ad_units.push([[300,250],'webartigos_com-large-leaderboard-2','ezslot_17',112,'0','0'])};__ez_fad_position('div-gpt-ad-webartigos_com-large-leaderboard-2-0');Paulo: Ciranda Cultural, 2019.</p> <p>INSTITUTO PROMINAS. <strong>Fonologia e morfologia das línguas de sinais</strong>, 2018.</p> <p>KOJIMA, Catarina Kiguti; <strong>Libras</strong>: <em>Língua Brasileira de Sinais</em>: a imagem do pensamento Editora Escala 2008.</p> <p>Lei 10.436 de 24 de fevereiro de 002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm acesso em:&nbsp; 15 de Julho de 2022, às 20:40.</p> <p>PERLIN, Gladis. <strong>Identidades surdas</strong>. In: Skliar, Carlos (Org) A surdez: um olhar sobre as diferenças. 8ª</p> <p>ed. Porto Alegre: Mediação, 2016,</p> <p><span id="ezoic-pub-ad-placeholder-113" class="ezoic-adpicker-ad"></span><span class="ezoic-ad ezoic-at-0 leader-1 leader-1113 adtester-container adtester-container-113" data-ez-name="webartigos_com-leader-1"><span id="div-gpt-ad-webartigos_com-leader-1-0" ezaw="300" ezah="250" style="position:relative;z-index:0;display:inline-block;padding:0;min-height:250px;min-width:300px" class="ezoic-ad"><script data-ezscrex="false" data-cfasync="false" type="text/javascript" style="display:none">if(typeof ez_ad_units != 'undefined'){ez_ad_units.push([[300,250],'webartigos_com-leader-1','ezslot_16',113,'0','0'])};__ez_fad_position('div-gpt-ad-webartigos_com-leader-1-0');QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.

LAURA TATIANY SOUSA LUCIANO GODOI- Graduada em Pedagogia (UFR); Especialista em Altas Habilidades (FAVENI) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

LIDIANE DA SILVA XAVIER - Graduada em Pedagogia; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. 

NOEMI BRAGA DE REZENDE- Graduada em Pedagogia e História (FALBE e UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNIGRAN) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

RAQUEL SANTOS SILVA - Graduada em Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

ROSANGELA ALVES DA SILVA ARAÚJO- Graduação em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagógico Afirmativo e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

VALQUIRIA RODRIGUES DIAS- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNISERRA) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

É a forma que a mão assume para fazer um sinal Segundo o quadro de CM?

Configuração de Mão (CM) É a forma que a(s) mão(s) assume(m) durante a realização de um sinal, isto é, diz respeito, principalmente, ao posicionamento de cada dedo da mão em relação aos demais.

O que é uma configuração de mão cm )?

Configuração de Mão (CM) As Configurações de Mãos consistem na forma da qual a mão do sinalizante toma ao produzir um sinal. Com o passar do tempo e com a ascensão das pesquisas linguísticas, essas formas foram organizadas em tabelas no intuito de registro.

É a forma que a mão assume durante a realização de um sinal Elas são feitas pela mão dominante ou pelas duas mãos dependendo do sinal?

Configuração das mãos é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal, elas são feitas pela mão dominante ou pelas duas mãos dependendo do sinal.

É a forma que a mão assume para fazer um sinal?

I - é a direção da mão durante a realização. do sinal. Il- é a forma que a mão assume para fazer. um sinal.