Exercícios permitidos para quem tem hérnia de disco

Prof. Esp. Sandra Nunes de Jesus

A coluna vertebral é composta por vértebras, e entre as vértebras estão os discos intervertebrais, compostos de tecido de cartilagem, responsáveis por amortecer os impactos e evitar o atrito entre as vértebras. A discopatia mais comum é a degeneração dessas estruturas e é caracterizada por redução da sua altura, deslocamento (protusão) e rupturas periféricas que podem evoluir para o extravasamento do núcleo pulposo. O termo hérnia de disco costuma ser aplicado às degenerações mais avançadas. As discopatias degenerativas, de causa genética, geram instabilidades na coluna podendo provocar dores nas atividades diárias. As dores podem ser agravadas por traumas, esforço repetitivo e má posturas da coluna.

A hérnia de disco acomete normalmente pessoas entre 30 e 50 anos, o que não quer dizer que crianças, jovens e idosos estejam livres dela. Estudos radiológicos mostram que depois dos 50 anos, 30% da população mundial apresentam alguma forma assintomática desse tipo de afecção na coluna 1. As hérnias lombares são as mais comuns por ser região de sobrecarga. As hérnias podem comprimir as raízes nervosas desencadeando as conhecidas ciatalgias, que provocam dor irradiada por toda a extensão do nervo ciático.

Para quem gosta de praticar esportes, poucas coisas são tão ruins quanto ter de parar de fazer atividade física por causa de uma lesão ou problema de saúde.

Entre as diversas condições que costumam impedir as pessoas de treinar estão os problemas de coluna, que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 80% da população tem ou terá em algum momento da vida. A hérnia de disco é um deles e incomoda bastante gente, pois causa algumas limitações que precisam de muita atenção, principalmente para quem tem uma vida ativa.

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O que é a hérnia de disco

Antes de tudo, é preciso entender como o problema se desenvolve. A hérnia é o deslocamento dos discos localizados entre as vértebras da coluna. "Eles têm a função de amortecimento e suporte. Possuem uma espécie de moldura fibroeslástica que armazena um conteúdo 'gelatinoso'. Com o passar dos anos, essa moldura tende a ceder, porque perde parte de sua capacidade de contenção. Aí, o conteúdo interno gelatinoso pode se deslocar, formando a hérnia de disco", explica Christina May Molan de Brito, fisiatra e coordenadora médica do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP). 

Entretanto, esse mal não está restrito apenas a pessoas com idade mais avançada. O problema tem muito a ver com questões genéticas e estilo de vida --sedentarismo, má postura no trabalho e ao andar, por exemplo. "Alguns pacientes jovens podem ter uma instabilidade entre as vértebras que geram maior desgaste do disco, causando a hérnia. Essa instabilidade ocorre por várias razões: a pessoa pode nascer com uma alteração anatômica ou fragilidade de ligamentos. Outro fator é o tabagismo --a maioria das pessoas jovens com hérnia de disco fuma", afirma Fellipe Savioli, médico ortopedista especialista em medicina esportiva e pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). 

Os casos de hérnia de disco tendem a se manifestar na região cervical (do pescoço) e na lombar (área mais baixa das costas). 

O problema pode provocar dores, queimação e outros tipos de incômodo na região --inclusive em outros lugares das costas, devido à irradiação. "As hérnias apresentam quadros clínicos muito diversos. Casos mais graves podem alterar a sensibilidade nas pernas ou diminuir a força dos membros inferiores, comprometendo não só a execução da atividade física, como também de tarefas mais simples", explica Savioli.

Mas dá para continuar com a atividade física?

Para quem ainda não está em tratamento, o indicado é não praticar exercícios de alto impacto (corrida, saltos) e/ou que gerem sobrecarga na coluna (como agachamento, stiff, abdomnais) até que se obtenha um diagnóstico preciso e liberação médica. Mas, lembre-se: a melhor recomendação sempre é aquela que vem de profissionais.

Portanto, caso suspeite de hérnia de disco, vá a um ortopedista, que solicitará os exames necessários para descobrir se há algum problema e o que pode ser feito para tratá-lo de forma segura e individualizada. Evite suposições e nada de se automedicar e seguir com a rotina de treinos sem saber o que há com você

Tratamento convencional e paciência

Quando há dor, o tratamento costuma envolver o uso de medicamentos e fisioterapia. "Analgésicos e anti-inflamatórios são mais indicados na fase inicial, mas há situações em que se ministram opioides, dependendo da intensidade do sintoma", alega Savioli, que cita a acupuntura, cinesioterapia (exercícios terapêuticos), termoterapia e eletroterapia como formas de tratamento nas sessões de fisioterapia.

"Cada paciente responde de uma forma diferente ao processo. Portanto, tudo precisa ser personalizado", reitera. O tempo de tratamento é relativo, mas dura aproximadamente seis semanas. Se não houver piora no quadro, o profissional deverá avaliar se cabe intervenção cirúrgica. 

A hora de voltar a incluir o exercício na rotina

Passada a etapa inicial do tratamento, que consiste no controle e na melhoria das dores, entra a atividade física. Pilates tradicional, em suspensão, ioga, musculação e RPG com orientação profissional são ótimas opções para fortalecer o corpo e reabilitá-lo. 

"Geralmente recomendamos exercícios para dar força aos músculos estabilizadores da coluna (o 'colete muscular') e alongamentos para prevenir e tratar de retrações", sugere Brito. "Ao contrário do que muitos pensam, a natação, ainda que seja um esporte muito saudável, não favorece a coluna (salvo o nado de costas). Já a marcha subaquática e o deep running são boas alternativas", acrescenta.

E fazer spinning, pode? Sim, mas tenha cuidado com movimentos bruscos, como pedalar em pé. O melhor é começar com um pedal leve até que seu médico libere para atividades mais intensas. Ao fazer bike ergométrica, dê preferência a um equipamento horizontal, com bom apoio lombar. 

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Fontes: Christina May Moran de Brito, fisiatra e coordenadora médica do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP); Fellipe Savioli, médico ortopedista do esporte, pós-graduado em medicina esportiva e pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista pela SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício).

Qual exercício não pode fazer quem tem hérnia de disco?

Para quem ainda não está em tratamento, o indicado é não praticar exercícios de alto impacto (corrida, saltos) e/ou que gerem sobrecarga na coluna (como agachamento, stiff, abdomnais) até que se obtenha um diagnóstico preciso e liberação médica.

Qual o exercício recomendado para quem tem hérnia de disco?

Pilates é o exercício mais indicado para tratar as dores de hérnia de disco.

Quem tem problema de hérnia de disco pode fazer agachamento?

O agachamento pode ser considerado um dos exercícios mais completos e complexos que existem, já que envolve diversos músculos, articulações e tendões. Por isso, pode ser um exercício contraindicado para pessoas com lesões mais graves na coluna, especialmente pessoas que estão na fase aguda de uma hérnia de disco.

Qual a pior posição para quem tem hérnia de disco?

Algumas posições com a pessoa sentada, mais do que quando ela está de pé ou deitada, também podem exercer uma pressão maior nos discos da coluna e levar ao encurtamento muscular da parte traseira das pernas, além de pressionar excessivamente a região inferior da coluna lombar.