Expectativa de vida no mundo ao longo dos anos

Expectativa de vida cresce cinco anos neste século; no Brasil, média chega a 75 anos

Expectativa de vida no mundo ao longo dos anos

Para diretora-geral da OMS, ganhos foram desiguais; Brasil está acima da média mundial nos indicadores que monitoram saúde, com a expectativa de vida de 75 anos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta quinta-feira (19) relatório anual com dados sobre o monitoramento da saúde no mundo. E a expectativa de vida no Brasil chegou a 75 anos, acima da média mundial, de 71,4 anos.

No indicador de expectativa de vida saudável, o País registrou 65,5 anos, enquanto a média mundial é de 63,1 anos.

Angola, país africano de língua portuguesa, registrou a maior taxa de mortalidade infantil e a segunda menor de esperança de vida em 2015. No país, a cada mil nascidos vivos, morrem 156,9 crianças até os cinco anos. No Brasil, o índice é de 16,4.

De acordo com o documento da OMS, a expectativa de vida aumentou cinco anos entre 2000 e 2015, o crescimento mais rápido desde os anos 1960. Segundo a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, os ganhos foram desiguais. «Apoiar os países para avançar na saúde universal baseada numa atenção primária forte é a melhor coisa que podemos fazer para nos certificarmos de que ninguém será deixado para trás», afirmou em comunicado divulgado pela entidade.

Quanto à mortalidade materna, Angola registrou 477 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. O Brasil registrou 44 mortes de mães para cada 100 mil nascidos vivos, resultado que ficou abaixo da média das três Américas (52 mortes) e da média mundial (216 mortes). O país com maior taxa de mortalidade materna é Serra Leoa, onde morrem 1.360 mulheres.

Japão

Em Portugal, a taxa é de dez mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos. Finlândia, Grécia, Islândia e Polônia são os países com melhor classificação, com uma taxa de três mortes maternas por cada 100 mil nascimentos.

Sobre a expectativa de vida ao nascer, o registro de Angola é deu 52,4 anos, à frente apenas de Serra Leoa, com 50,1 anos. Em Portugal, a taxa sobe para os 81,8 anos, colocando o país em décimo terceiro lugar na tabela europeia, à frente de países como Alemanha, Dinamarca e Grécia.

O Japão é o país do mundo com maior expectativa de vida, com uma média de 83,7 anos, seguido da Suíça, com 83,4 anos. Espanha, Itália, Islândia, Israel, França, Suécia, Cingapura, Austrália e Coreia do Sul também têm expectativas de vida acima dos 82 anos. O relatório mostrou que há 22 países no mundo com taxas abaixo dos 60 anos, todos eles situados na África subsaariana.

Mulheres

Em todos os países, as mulheres vivem mais que os homens, com uma expectativa média mundial de 73,8 anos, enquanto os homens apresentaram média de 69,1 anos.

Segundo a OMS, em Angola a expectativa de uma vida saudável ao nascer é de apenas 45,8 anos, uma das mais baixas do mundo. Em Serra Leoa, esse indicador indica uma expectativa ainda menor, com 44,4 anos.

Nesse mesmo indicador, o Brasil registrou 65,5 anos. Em Portugal, esta expectativa é de 71,4 anos. No mundo, a expectativa de vida saudável é de 63,1 anos.

 

Fonte: iG Saúde

A esperança de vida ao nascer sempre foi baixa na maior parte da história do Homo sapiens. Durante cerca de 200 mil anos a média de vida das pessoas estava abaixo de 30 anos. Com os avanços no padrão alimentar, as melhorias no saneamento e na higiene e com os avanços da medicina a esperança de vida começou a subir no século XIX e chegou a 32 anos no mundo em 1900.

Mas o grande salto ocorreu nos anos 1900, quando a vida média dos habitantes do Planeta mais que dobrou em um século, chegando a 66,3 anos no ano 2000. Isto nunca tinha ocorrido no passado e nunca vai ocorrer no futuro pois existe um limite natural na longevidade e, provavelmente, a esperança de vida ao nascer da população mundial, mesmo nos cenários mais otimistas, nunca será superior a 100 anos (embora algumas poucas pessoas possam ultrapassar este limite). No ano de 2019, a esperança de vida ao nascer do mundo chegou a 72,6 anos.

Portanto, o aumento da esperança de vida ao nascer da população mundial cresceu continuamente no século XX, conforme mostra o gráfico abaixo. Na primeira metade do século XX a esperança de vida passou de 32 anos em 1900 para 34,1 anos em 1913 e deu um salto para 45,7 anos em 1950. Não existem dados para saber os reais efeitos da 1ª Guerra Mundial, a pandemia de Gripe Espanhola, a recessão dos anos 1930 e a 2ª Guerra Mundial. Provavelmente, a esperança de vida mundial tenha caído durante estes eventos, mas se recuperou e avançou até 1950. Por exemplo, a descoberta e a produção da penicilina a partir dos anos 1940 salvou muitas vidas de doenças como pneumonia, sífilis, difteria, meningite, bronquite, dentre outras.

Expectativa de vida no mundo ao longo dos anos

Alguns países tiveram ganhos contínuos durante mais de um século. Por exemplo, Brasil e Costa Rica tinham esperança de vida em torno de 30 anos em 1900, sendo que em 2019, chegou a 75,9 anos no Brasil e a 80,3 anos na Costa Rica. A China, o país mais populoso do mundo, tinha uma esperança de vida de 31 anos em 1910 para 44,4 anos em 1955, mas uma redução para 43,7 anos em 1960 em decorrência da grande mortandade ocorrida durante a fracassada política do “Grande Salto para a Frente”, implementada por Mao Tsé-Tung. Mas a partir da década de 1960 os chineses iniciaram uma fase de ganhos constantes e significativos de longevidade, chegando a ultrapassar a esperança de vida média do Brasil e do mundo.

O Japão tinha uma esperança de vida de 38,6 anos em 1900, bem acima da média mundial e chegou a 48,2 anos em 1935. Porém, com a derrota na 2ª Guerra (além das duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki) a esperança de vida caiu para 30,5 anos em 1945 (bem abaixo da média mundial e dos números do Brasil). Todavia, com a recuperação econômica e social do país do Sol Nascente a esperança de vida bateu todos os recordes e chegou a 84,6 anos em 2019 (a maior do mudo, empatada com Hong Kong). A Rússia tem sido o país com as maiores variações na esperança de vida. Em 1900, a esperança de vida dos russos estava em torno de 30 anos, mas caiu para somente 20,5 anos em 1920 após a 1ª Guerra e após a Revolução Bolchevique. Mas houve uma grande recuperação nos anos seguintes, chegando a 46 anos em 1946 e dando um salto para 68,6 anos em 1968. Ficou neste nível até 1990 e sofreu uma grande queda depois do fim da URSS. No ano 2000 a Rússia tinha uma esperança de vida de 65 anos (abaixo da média mundial) e em 2019 a esperança de vida da população russa está em 72,6 anos, abaixo dos números do Brasil e o mesmo valor da média mundial.

De modo geral, o gráfico acima mostra que houve uma melhoria muito grande da esperança de vida ao nascer de 1900 a 2019. Contudo, a pandemia da covid-19 deve provocar uma redução da esperança de vida mundial e da esperança de vida do Brasil (que deve perder entre 1 a 2 anos em média). No caso da China, o país deve apresentar ganhos na média de vida da sua população também em 2020 mesmo com o novo coronavírus, embora o mundo deva ter uma queda ou estagnação e diversos países devem registrar queda da esperança de vida.

Pode ser que os efeitos da pandemia da covid-19 sejam localizados em 2020 e 2021 e que a esperança de vida volte a subir a partir de 2022. Talvez os efeitos da emergência sanitária sejam superados rapidamente. Mas também pode ser que os efeitos da emergência climática e ambiental tenham impacto na redução da esperança de vida mundial.

A poluição, os desastres provocados pelos eventos climáticos extremos e as ondas letais de calor podem provocar grande mortandade nas próximas décadas. Assim, a esperança de vida ao nascer da humanidade está em uma encruzilhada. Os excepcionais ganhos dos últimos 150 anos podem não ter continuidade no restante do século XXI.

Como disse a jovem poetisa norte-americana Amanda Gorman no poema Earthrise: “A mudança climática é o maior desafio do nosso tempo”. Desafio, em especial, à desejada continuidade do aumento da esperança de vida ao nascer da população mundial.

José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

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