Metodologia de ensino de Educação Física PDF

Introdu��o

    A Educa��o F�sica escolar vem se constituindo como pr�tica pedag�gica, a partir de diferentes interesses e concep��es pedag�gicas; portanto, com diferentes concep��es de Homem. Existe uma busca por uma por estrat�gia metodol�gica que possam dar conta das necessidades educacionais. O ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas metodol�gicas que possa dar conta de facilitar o processo ensino-aprendizagem. Objetivo deste trabalho � analisar os conceitos referentes �s concep��es de ensino da Educa��o F�sica e descrever exemplos pr�ticos de aula de cada concep��o.

Metodologia

    Este trabalho caracteriza-se como sendo um estudo do tipo descritivo. A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliogr�fica nas principais obras de cada concep��o como tamb�m a observa��o de aulas de educa��o f�sica em duas escolas de Florian�polis � sc. Foram observadas vinte aulas, dez em cada escola utilizando como instrumento uma ficha de observa��o para caracterizar a aula como sendo de alguma das metodologias pesquisadas. Os exemplos observados est�o descritos nos quadros abaixo.

Educa��o F�sica a sua hist�ria recente

    Falando mais especificamente de pr�ticas corporais na educa��o f�sica no Brasil, Guiraldelli (1997) resgata cinco tend�ncias da Educa��o F�sica Brasileira: Higienista (at� 1930), Militarista (1930-1945); Pedagogicista (1945-1964); Competitivista (p�s 64); Educa��o F�sica Popular.

    A Educa��o F�sica higienista, foi � tend�ncia predominante no final do imp�rio e no per�odo da primeira rep�blica. Essa concep��o era preucupada em formar homens saud�veis, uma sociedade livre de doen�as (GUIRALDELLI, 1997).

    J� em outro per�odo (1930-1945) a educa��o f�sica militar, preucupada em formar soldados, objetivo em tra�ar padr�es de conduta disciplinar a classe trabalhadora: �forma��o do cidad�o soldado, capaz de obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da juventude� (GUIRALDELLI, p�g.19, 1997).

    Depois desse per�odo, e tamb�m ap�s o per�odo p�s guerra, vem � concep��o de Educa��o F�sica Pedagogicista. Nesta concep��o a id�ia de educa��o � incorporada: �A gin�stica, a dan�a, o desporto, s�o meios de aceitar as regras do conv�vio democr�tico e de preparar as novas gera��es para o altru�smo, o culto as riquezas nacionais� (GUIRALDELLI, p�g.19, 1997).

    Logo depois surge uma concep��o chamada por Guiraldelli (1997), de competivista: a Educa��o F�sica, com objetivo de ganhar medalhas, o ensino voltado para os esportes de alto rendimento. Esse � um per�odo tamb�m conhecido na hist�ria da educa��o f�sica como tecnicismo. O aluno � confundido com atleta.

    Em ultima an�lise a concep��o de educa��o f�sica popular, n�o esta preocupada com a sa�de p�blica; disciplinar homens; busca de medalhas. Ao contr�rio ela tem um compromisso com a l�dicidade a coopera��o. Essa concep��o de educa��o f�sica serve de interesse n�o mais de uma classe dominante, mas sim da classe trabalhadora, conforme Guiraldelli (1997), a partir do PCB (Partido Comunista Brasileiro): �No interior desses movimentos, forjou-se a concep��o de Educa��o F�sica popular, privilegiando a l�dicidade, a solidariedade e a organiza��o e mobiliza��o dos trabalhadores na tarefa de constru��o de uma sociedade efetivamente democr�tica� (GUIRALDELLI, p�g.34, 1997).

Concep��es de aulas abertas

    A primeira obra � �Concep��es abertas no ensino da Educa��o F�sica� � foi publicada em 1986 na Alemanha, por Hildebrandt & Laging. No Brasil, em 1991, foi publicada �Vis�o Did�tica da Educa��o F�sica�, pelo Grupo de Trabalhos Pedag�gicos UFPe-UFSM, resultado do debate entre o Dr. Hildebrandt - que atuou como convidado a partir de 1984 junto � UFSM - e pesquisadores brasileiros de diferentes institui��es.

    De acordo com o referencial das Aulas Abertas, os objetivos para as aulas assumem a busca da autonomia e da emancipa��o do aluno: valorizar a participa��o dos alunos, propiciando momentos em que possam questionar e opinar; possibilitar a constru��o coletiva do conhecimento, a partir de decis�es tomadas em conjunto professor e alunos estimular a criatividade e o pensar dos alunos trabalhar o aspecto das rela��es aluno/aluno, no que tange a incentivar a coopera��o e socializa��o (HILDEBRANDT, LANGING, 1986).

    A literatura discute uma forma de pensar as aulas de Educa��o F�sica, colocando os alunos como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Diante disso, o processo ensino-aprendizagem, passa a plano de elabora��o e de planejamento conjunto entre professores e alunos na quest�o dos objetivos, conte�dos, e avalia��o (HILDEBRANDT, LANGING, 1986).

Quadro 1. Exemplo pr�tico

    Os professores podem explicar v�rias formas de nadar, ou melhor, t�cnicas como: crawl e costas, possibilitando os alunos, ficarem diante da atividade de se deslocar na piscina, procurando alternativas de nadar da forma que eles melhor se adaptarem.

    Alguns alunos nadam da forma chamada cachorrinho, outros apenas v�o boiando, outros nadam o chamado jacar�, enfim a minoria utiliza a t�cnica do crawl e do costas propriamente dita.

    Durante o desenvolvimento da atividade que era uma brincadeira de aquecimento, os professores estimulam os alunos como por exemplo: Vamos, vamos, como podemos nadar agora? Para qual dire��o?E assim por diante.

    � frente a esta possibilidade, de pr�tica que se entende as aulas abertas, como uma grande possibilidade de desenvolver: estimulo a a��o explorat�ria, liberdade criativa; � permitido ao aluno entrar de forma aut�noma em contato aos conte�dos. Enfim os alunos podem ficar livres na quest�o dos movimentos corporais. Al�m disso, existe um grande di�logo entre os participantes da aula, aluno-aluno, aluno-professor.

Cr�tico Emancipat�ria

    Kunz (2001) escreve em seu artigo, �pressupostos de uma teoria educacional cr�tica para a Educa��o F�sica�, sobre a quest�o do esclarecimento e da emancipa��o, que servem de base te�rica para teoria critico emancipat�ria. Uma parte importante � quando Kunz (2001) cita: �Para Kant, portanto, esclarecimento j� significava um processo de emancipa��o intelectual que tem por conseq��ncia a supera��o da ignor�ncia e a pregui�a de pensar por conta pr�pria� (p�g. 35).

    Fazendo o uso de outro texto, Uma Pedagogia Cr�tico-Emancipat�ria e Uma Did�tica Comunicativa na Educa��o F�sica Escolar, entende-se que: �ao induzir a auto-reflex�o, a pedagogia critico-emancipat�ria dever� oportunizar aos alunos perceberem a coer��o auto-imposta de que padecem, conseguindo com isto, dissolver o �poder� ou a �objetividade� dessa coer��o e assumindo um estado de maior liberdade e conhecimento de seus verdadeiros interesses, ou seja, esclarecimento e emancipa��o� (KUNZ, 2001).

    Ent�o, para que os alunos possam liberta-se do comodismo, � preciso que o professor crie situa��es para que os alunos possam aprender esportes, por exemplo, de uma maneira cr�tica. Para isso, significa, aprender al�m habilidades e t�cnicas, mas sim a intera��o social e a integra��o por meio da linguagem. Diante deste contexto, � que fica claro a rela��o que � apresentada no texto: �Trabalho, intera��o e linguagem�, e como conseq��ncia desta rela��o desenvolven-se as compet�ncias: objetiva; social; comunicativa (KUNZ, 2001).

    Diante disso, o professor de educa��o f�sica deve problematizar situa��es de ensino, onde as aulas v�o ter momentos abertos e outros fechados de ensino.

    O ensino na concep��o cr�tico-emancipat�ria deve ser um ensino de liberta��o de falsas ilus�es, de falsos interesses e desejos, criados e constru�dos nos alunos pela vis�o de mundo que apresentam a partir de �conhecimentos� colocados � disposi��o pelo contexto sociocultural onde vivem (KUNZ, 2001b, p. 121).

Quadro 2. Exemplo pr�tico

Ensino do basquetebol

  • ensinar t�cnicas e fundamentos b�sicos deste esporte: no entanto, criar situa��es de di�logo entre o grupo, onde possa ser tematizado o porqu�, por exemplo: � melhor passar a bola para o colega do que infiltrar para a cesta.

  • Dialogar na quest�o das t�cnicas, exemplo: o professor pergunta: por que temos que arremessar desta forma, e por que n�o de outra?

Concep��o Educa��o F�sica e Sa�de

    O estilo de vida da popula��o, ou melhor, da sociedade atual, esta muito desequilibrado no que diz respeito � quest�o da qualidade de vida. Ou seja, falta de atividade f�sica, alimenta��o inadequada contribuem para o grande aumento das doen�as cr�nico-degenerativas, contexto no qual que o autor, Dartagnan Pinto Guedes (1999), explica em seu artigo: Educa��o para a sa�de mediante programas de educa��o f�sica escolar.

    Existe uma falta de investimento na popula��o mais jovem, para que estes adquiram h�bitos de vida saud�veis, como � explicado: Nessa perspectiva, a fun��o proposta aos professores de educa��o f�sica � a de incorporarem nova postura frente � estrutura educacional, procurando adotar em suas aulas, n�o mais uma vis�o de exclusividade � pr�tica de atividades esportivas e recreativas, mas fundamentalmente, alcan�arem metas voltadas para educa��o para a sa�de (GUEDES, 1999).

    Ent�o, a id�ia � incorporar nas aulas de educa��o f�sica escolar, conceitos e referencias te�ricas sobre a quest�o da educa��o e sa�de. O professor deve adquirir um comportamento voltado para praticar este tipo de abordagem.

Quadro 3. Exemplo pr�tico

Ensino do Futebol

  • No aquecimento, explicar a import�ncia do mesmo, o porqu� do alongamento, como a flexibilidade � importante, para a vida deles.

  • Explicar que durante uma subida ao ataque muito r�pida, sprint, � necess�rio saber o momento certo para a recupera��o, baixar a freq��ncia card�aca. E diante disso, como � importante estar bem condicionado para fazer tal esfor�o. Ou seja, n�o devemos praticar atividade f�sica uma ou duas vezes na semana, mas sim na maioria dos dias, ou diariamente.

Esportivizadora

    Esta concep��o de ensino trata do assunto: esporte, e mais especificamente o esporte escolar. A preocupa��o da �rea escolar, � que o esporte de alto rendimento n�o tenha liga��es pr�ticas com o esporte na escola. Diante disso � preciso relembrar conceitos do Tecnicismo.

    A partir da Pedagogia Tecnicista, historicamente percebemos os fatos sociais ligados: atribuir � escola, a fun��o de preparar e qualificar tecnicamente os trabalhadores para um futuro trabalho industrial, fruto do �milagre econ�mico�. No tecnicismo, a proposta pedag�gica em Educa��o F�sica � uma proposta competitivista, com os conte�dos centrados nos esportes, dentro de uma vis�o biol�gica, que objetiva a performance e o rendimento motor (KUNZ, 1994).

    O professor, nesta pedagogia, assume um car�ter de t�cnico esportivo, com o intuito de melhorar a efici�ncia motora e f�sica do aluno com �nfase nas t�cnicas esportivas, e tamb�m, formar e selecionar futuros atletas que venham possivelmente a representar a na��o. O trabalho As dimens�es inumanas do esporte de rendimento, escrito pelo professor Kunz (1994), faz referencia da especializa��o precoce: crian�as e adolescentes, est�o sendo conduzidas cada vez mais cedo e com mais intensidade ao esporte.

    Segundo o autor: �O treinamento especializado precoce no esporte acontece quando crian�as s�o introduzidas, antes da fase pubert�ria, a um processo de treinamento planejado e organizado a longo prazo, e que este se efetiva a um m�nimo de tr�s se��es semanais, com o objetivo gradual do rendimento, al�m de participa��o peri�dica em competi��es� (KUNZ, 1994, p�g. 12).

    O espore deve ser praticado na escola. No entanto de maneira l�dica e que estimule a coopera��o e o desenvolvimento de v�rias compet�ncias do aluno,e n�o o rendimento. �Com toda certeza, Nenhuma crian�a, por si s�, optaria livremente em treinar o esporte de forma especializada, sistem�tica e intensa como normalmente � realizado� (KUNZ, 1994).

Quadro 4. Exemplo pr�tico

Ensinar o esporte de maneira l�dica, estimulando a coopera��o.

  • Jogos pr�-desportivos, mini-jogos com dimens�es da quadra reduzidas, como tamb�m adapta��o das regras.

Cr�tico Superadora

    Est� concep��o tem como base o materialismo-hist�rico dial�tico. Para que, aconte�a mudan�a, o que prevalece � a consci�ncia mediante o questionamento das pr�ticas, logo, o indiv�duo � incentivado a problematizar as rela��es sociais em que se insere, ao inv�s de aceit�-las passivamente como modelos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A supera��o na concep��o cr�tico supera Dora ocorre quando o trato com o conhecimento reflete a sua dire��o epistemol�gica e informa os requisitos para selecionar, organizar e sistematizar os conte�dos de ensino que emergem dos conte�dos culturais universais, que s�o indissoci�veis e significados humana e socialmente. Assim, os alunos podem compreender a realidade dentro de uma vis�o de totalidade, como algo din�mico e carente de transforma��es, se opondo, enfim, � perspectiva tradicional de Educa��o F�sica (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Essa concep��o trabalha com o conceito de cultura corporal, que se op�e portanto ao conceito de aptid�o f�sica enquanto objetivo final da disciplina, e prop�e o trato com o conhecimento em forma de ciclos de escolariza��o (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Quadro 5. Exemplo pr�tico

No inicio da aula problematizar a quest�o do corpo esteticamente perfeito que a m�dia transmite para as pessoas. Explicar todo o contexto do sistema capitalista que tem por traz do corpo perfeito do cinema americano.

Conclus�o

    � muito importante para o exerc�cio da fun��o de professor ter o conhecimento das concep��es de ensino, como: aulas abertas; cr�tico- emancipat�ria; cr�tico-superadora; esportivizadora e educa��o e sa�de. Entende � se que o professor n�o deve adotar uma �nica concep��o para suas aulas e sim escolher v�rias, cada qual para o momento adequado. A import�ncia, do conhecimento das mesmas se justifica para o profissional justificar a sua pr�tica: teoria-pr�tica.

Referencias

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educa��o F�sica. S�o Paulo: Cortez. 1992.

  • GUEDES, D. Educa��o Para a sa�de mediante programas de educa��o f�sica escolar. Motriz, volume 5, numero 1, junho. 1999.

  • GUIRALDELLI JR, Paulo. Educa��o F�sica Progresista: a pedagogia cr�tico-social dos conte�dos e a educa��o f�sica brasileira. S�o Paulo: Loyola, 1988.

  • GRUPO DE TRABALHO PEDAG�GICO UFP/UFSM. (1991) Vis�o Did�tica da Educa��o F�sica: an�lise cr�ticas e exemplos pr�ticos de aula. Rio de Janeiro: ao livro t�cnico

  • HILDEBRANT, R & LAGING, R. (1986) Concep��es Abertas no Ensino da Educa��o F�sica. Rio de Janeiro: Ao Livro T�cnico.

  • KUNZ, E. (1991) Educa��o F�sica: Ensino & Mudan�as. Iju�: Uniju�.

  • _____, E. Transforma��o did�tico-pedag�gica do esporte. 4 ed. Iju�: Uniju�, 2001b

  • _____, E. As dimens�es inumanas do esporte de rendimento. Movimento, N 1. Porto Alegre: Escola de Educa��o F�sica . UFRGS, 1994.

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 16 � N� 159 | Buenos Aires,Agosto de 2011  
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Quais são as metodologias de ensino da Educação Física?

Foi possível concluir que nas aulas de Educação Física o ensino é centrado nos métodos parcial e global, onde os professores não buscam formação continuada. Quanto aos conteúdos desenvolvidos pelos professores, a maior parte aborda os esportes coletivos com algumas variações de alongamentos e atividades recreativas.

O que é Metodologia de ensino na Educação Física?

A metodologia aqui é entendida como uma das formas de apreensão do conhecimento específico da educação física, tratado a partir de uma visão de totalidade, onde sempre está presente o singular de cada tema da cultura corporal e o geral que é a expressão corporal como linguagem social e historicamente construída.

O que é Metodologia de ensino Exemplos?

O que é uma metodologia de ensino Em outras palavras, a metodologia de ensino compreende todas as ferramentas que os educadores utilizam para transmitir os seus conhecimentos aos alunos. Cada professor utiliza um método para tal, em busca da melhor forma de motivar crianças e jovens, direcionando-os ao aprendizado.

Quais as duas categorias Metodológicas da Educação Física?

Para esse mesmo autor, a Educação Física conta na atualidade com quatro propostas de destaque: as Metodologias do Ensino Aberta; Construtivista; Crítico-Superadora e Crítico-Emancipatoria.