O que é estudo de tempo e movimentos?

https://scalar.usc.edu/works/birthofanindustry/performance-page-29

De acordo com a Encyclopædia Britannica “o estudo de tempos e movimento é a avaliação da performance industrial, análise do tempo gasto por diferentes movimentos de um trabalho ou uma série de trabalhos”.

Surgimento

O conceito de eficiência é muito importante para se entender o surgimento e a história dos estudos de tempos e movimento. Segundo Chiavenato (1994), quando alguém dá ênfase na forma correta de fazer as coisas e na melhor utilização de recursos, ele(a) está buscando a eficiência. Torres (2004) diz que a eficiência não busca apenas alcançar os objetivos predeterminados, mas explicitar como eles foram alcançados. Bio (1996) define eficiência como o modo correto de fazer as tarefas. Para o autor, uma organização só é eficiente quando alcança a meta de volume de produção com a menor quantidade de recursos gastos possíveis, ou seja, ao menor custo por unidade produzida. Por último, Megginson, Mosley e Pietri Júnior (1998) seguem o mesmo raciocínio, pois, para os autores, a eficiência é um conceito matemático, é a relação entre o insumo e o produto (input e output). Ainda para estes autores, um administrador eficiente faz produtos com melhores resultados de produtividade e desempenho em relação aos insumos utilizados para sua produção.

Não é difícil imaginar a direção que iremos a partir de agora. Pois bem, processos produtivos precisavam ser feitos da melhor forma possível, utilizando a menor quantidade de recursos. Foi nesse cenário que três nomes expuseram os estudos de tempos e movimento para o mundo. O primeiro nome é o de Frederick Winslow Taylor, já os dois outros são o casal Frank e Lillian Gilbreth.

Taylor, o pai da administração científica, percebeu que não existia uma busca por uma maior eficiência industrial no início do século 20, para ele “não tem havido agitação pública por uma “maior eficiência nacional”, nenhum encontro tem sido marcado para considerar como isso será feito. E não há sinais de que a necessidade de uma maior eficiência é abrangentemente sentida”. Mas por que Taylor buscava tal eficiência?

“O principal objetivo da gestão deve ser segurar o máximo de prosperidade para o empregador, combinado com o máximo de prosperidade do empregado”. Como assegurar que esse objetivo seja alcançado? Sendo eficiênte na produção. Métodos corretos de produção não só trazem prosperidade para o empregador, como também para os empregados, em forma de maiores salários. Se um funcionário produzia por dia 20 sapatos, e com os meios e técnicas corretas passa a produzir, por exemplo, 30, seu salário tende a aumentar.

“A história dos negócios demonstra que cada evolução, independente se é uma nova máquina ou a introdução de um novo método, resulta no aumento da capacidade produtiva do homem e no barateamento de custos, ao invés de deixar trabalhadores desempregados no fnal das contas cria emprego para mais homens”

As intenções de Taylor ficam mais claras agora, ele não só queria aumentar a produtividade, para isso utilizando um método científico possível de reutilização por outras organizações, mas também elevar as condições do funcionário dentro da organização. Para Taylor o estudo dos tempos mataria esses dois coelhos com uma só cajadada.

Mas e os movimentos? Bem, esse outro aspecto foi estudado pelos nossos outros dois nomes, Frank e Lillian Gilbreth.

Uma pessoa pode contribuir muito para o mundo, duas ainda mais, e foi o que Lillian e Frank fizeram. Eles tinham um obejtivo claro:

“nossa missão é estudar os movimentos e reduzi-los o mais rápido possível para conjuntos padrão de menor número, menos fadiga, ainda assim movimentos mais eficazes. Isso ainda não foi feito perfeitamente em nenhum ramo das indústrias. De fato, até onde sabemos, não foi, antes dessa época, tentado cientificamente.”

A razão principal para os estudos do casal era evitar desperdicios. Diferente de seu contemporâneo Taylor, a atenção do casal Gilbreth estava voltada aos movimentos utilizados em qualquer tipo de atividade e como eles poderiam ser aperfeiçoados para obter um melhor resultado no processo.

“… o lixo do solo lavado para o mar é lento mas uma calamidade nacional, mesmo assim é insignifacante em comparação com a perda de cada ano devido a movimentos desperdiçados feitos pelos trabalhadores do nosso país”.

Temos um bom apanhado do que estava acontecendo em relação aos estudos dos movimentos e até mesmo o que viria a acontecer no futuro com a passagem abaixo:

“O estudo de movimento, como meio de aumentar a produção sob o tipo de gerenciamento militar, provou conscientemente sua utilidade no trabalho nos últimos vinte e cinco anos. Seu valor como elemento permanente para padronizar o trabalho e seu importante lugar na gestão científica só foram apreciados desde que observaram sua posição entre as leis de gestão dadas ao mundo pelo Sr. Frederick W. Taylor, aquele grande conservador de investigação científica, que fez mais do que todos os outros para reduzir o problema de gerenciamento a um Ciências Exatas.”

A introdução do conceito de eficiência agora se mostra mais clara, pois ambos os estudos buscavam uma forma de otimizar a produção e melhor utilizar os recursos disponíveis. Vejamos agora como se desenvolveram tais estudos e se eles atingiram seus obejtivos.

O estudo dos tempos

Ciência, não regra de ouro. Harmonia, não discordia. Cooperação, não individualismo. Máxima produção no lugar de restrição de produção (funcionários costumavam restringir a produção seguindo o conselho de sindicatos). desenvolvimento de cada homem para sua maior eficiência e prosperidade.

Foi isso que Taylor conseguiu após anos de estudo, mas ele também conseguiu mudar a perspectiva da gestão por si. O papel da gestão antes de Taylor era basicamente se certificar de que as tarefas estavam sendo cumpridas, já a gestão pós Taylor se preocupa em como optimizar todo o processo e conseguir o melhor resultado possível. Como Taylor fez isso? Através de ciência.

Em seu livro “Princípios da administração ciêntífica”, Taylor tece o corpo de seu método, dando como exemplo o trabalho da alvenaria. São quatro passos simples, que podem ser aplicados em qualquer outro campo da produção de bens e serviços.

Primeiro. O desenvolvimento (pela gestão, não pelos funcionários) de uma ciência de alvenaria, com regras rígidas para cada movimento de cada homem, o aperfeiçoamento e a padronização de todos os implementos e condições de trabalho. Segundo. A cuidadosa seleção e subsequente treinamento dos alveneiros para trabalhadores de primeira classe, e a eliminação de todos os trabalhadores que se recusarem ou foram incapazes de adotar os melhores métodos. Terceiro. Reunir os trabalhadores de primeira classe e a ciência da alvenaria através de constante ajuda e vigilância por parte da gestão, e através do pagamento de um grande bônus diário para cada homem por ter trabalhado rápido e ter feito o que lhe foi pedido. Quarto. Uma quase igual divisão de trabalho e responsabilidade entre o trabalhador e a gestão.

Podemos analisar cada ponto separadamente. O primeiro ponto é talvez o mais importante, pois sem uma base todo o processo não funcionaria. O desenvolvimento de uma ciência para a execução de qualquer tarefa é de suma importância para a sua realização ótima, e o desenvolvimento dessa ciência pela gestão é vital pois além dos trabalhadores não terem o conhecimento necessário, havia e ainda existe nos dias atuais grande pressão sindical contra a otimização da produção do funcionário, movida por razões equivocadas já explicadas acima. Taylor explica que “há sempre um método e implemento que é mais rápido e melhor que todos os outros, e esse método e implemento pode ser descoberto ou desenvolvido através de um estudo científico e análise de todos os métodos e implementos em uso, junto com precisos estudos de minutos, movimento, e tempos. Isso envolve gradual substituição da ciência da regra de ouro ao longo das artes mecânicas”.

A segunda etapa, seleção e treinamento dos trabalhadores é também muito importante. A ciência desenvolvida depende dos mais capacitados funcionários para sua realização, assim, trabalhadores ineficientes ou desinteressados em atingir o maior grau de eficiência devem ser afastados.

No terceiro passo a gestão tem novamente papel fundamental, deve ser mantida constante vigilância na tarefa, para certificar-se de que tudo está correndo como planejado. Outra parte importante é o pagamento de significativos bônus aos trabalhadores por terem executado suas tarefas corretamente, como cita Taylor “uma longa série de experimentos, junto com observação de perto mostrou que quando trabalhadores deste calibre recebem tarefas cuidadosamente mensuradas, que pedem um grande dia de trabalho por sua parte, e que quando em retorno por esse esforço extra eles recebem bônus de até 60% isso tende a fazê-los não apenas mais tranquilos mas também melhores homens em todas as maneiras […] por outro lado, quando eles recebem mais de 60% de bônus muitos deles trabalham irregularmente e tendem a se tornar extravagantes e dissipantes.” Interessante, não?!

Por último, assim como a evolução da economia pediu uma maior divisão do trabalho e a isso devemos enorme parte do avanço industrial e econômico, Taylor também designava essa divisão no seu método. Todo o processo da tarefa depende da união e cooperação harmoniosa entre a gestão e os trabalhadores, a primeira idealizando melhores e mais eficientes formas de se realizar uma tarefa e os últimos se encarregando da realização da mesma.

Imenso avanço foi possível graças às contribuições de Taylor, o nível e técnicas produtivas atuais devem muito ao célebre engenheiro estadunidense, porém… nem tudo são flores. O que ficou conhecido como Taylorismo foi sim importante para o desenvolvimento econômico mas também foi motivo de críticas. Você já deve ter visto cenas de Charlie Chaplin como um trabalhador numa linha de produção, passando por extremo estresse e sendo levado ao limite. Em maior ou menor grau esse era o cenário enfrentado por muitos homens e mulheres que trabalhavam no setor industrial da época. O modelo desenvolvido por Taylor conseguiu entregar maior produção e eficiência relativos à época, mas deixou lacunas na parte humana da produção, que seriam preenchidas por abordagens de pensamento administrativo posteriores, como a abordagem humanística e a abordagem corportamental.

Estudo dos movimentos

Fazer da maneira correta, com o olhar voltado aos trabalhadores. Era a visão do casal Gilbreth. Para isso eles estudaram a melhor forma de reduzir os movimentos necessários em uma tarefa, diminuindo a fadiga de quem executa a tarefa e aumentando a eficiência da tarefa em si.

Frank escreve: “um cuidadoso estudo da anatomia do trabalhador irá ajudar a adaptar seu trabalho, arredores, equipamentos, e ferramentas a ele [trabalhador]. Isso irá diminuir o número de movimentos que ele deve fazer, e fará os movimentos necessários mais curtos e menos fatigáveis.” Diferente de Taylor aqui você já pode ver um olhar voltado ao bem estar físico dos empregados e não apenas na compensação monetária pelos seus esforços.

“Contentamento afeta o resultado dos trabalhadores, se ele(a) está contente, terá sua mente focada no trabalho, e estará mais susceptível a conduzir os movimentos da meneira que lhe são pedidos.”

Ainda sobre fadiga, é importante ressaltar que “movimentos mais lentos não necessariamente causam menos cansaço do que movimentos rápidos […] eles [movimentos lentos] podem causar muito mais cansaço que os movimentos rápidos”. Essa decisão complicada entre quais movimentos são mais eficiêntes nos leva às nossas duas próximas tarefas, que são:

  1. Eliminar a fadiga desnecessária, através de estudo e melhora das variáveis. Em outras palavras, padronizar o trabalho.
  2. Providenciar descanso para a fadiga necessária (fadiga causada pelo desgaste natural da atividade).

A primeira tarefa é mais complicada do que parece. Estabelecer um jeito certo de se fazer algo requer muito estudo, testes, e controle de inúmeras variáveis, por exemplo:

  • hábitos dos trabalhadores, que podem desacelerar o processo de aprendizagem do movimento correto

“a melhor forma de eliminar movimentos desnecessários mas feitos pela força do hábito é contá-los em voz alta, se esforçando para mantê-los abaixo do número de movimentos padrão.”

  • roupas, que precisam ser padronizadas em concordância com a tarefa;
  • ferramentas, pois os trabalhadores acabam escolhendo apenas um tamanho de ferramenta. Melhores resultados podem ser obtidos utilizando difirentes tipos de ferramentas.

Todos esses fatores e vários outros resultam em cansaço, que é exatamente o que queremos evitar, cabendo à gestão encontrar a melhor forma para contornar todas as variáveis presentes na realização da tarefa.

Já a segunda parte do nosso problema é mais simples, descanso, muito descanso.

Sobre os movimentos em si, algumas coisas são importantes e devem ser ressaltadas. Por exemplo, o melhor movimento é aquele que utiliza a força da gravidade em seu favor. Essa informação pode ajudar muito na busca do movimento mais eficiente. Eliminar distâncias desnecessárias que as mãos e os braços dos trabalhadores devem viajar reduz quilômetros de movimentos em um dia de trabalho.

Para encerrar essa parte, assim como Taylor dispôs pontos a serem seguidos, Frank Gilbreth também o fez, e eles são 10:

  1. observar o melhor trabalho dos melhores trabalhadores;
  2. fotografar os métodos usados;
  3. gravar os métodos usados;
  4. gravar os resultados;
  5. gravar custos;
  6. deduzir leis;
  7. estabelecer laboratórios para “testar as leis”;
  8. incorporar leis nas instruções;
  9. publicar boletins;
  10. cooperar para compartilhar os resultados e treinar a geração crescente.

Todo esse estudo resultou no próximo assunto a ser tratado, os Therbligs.

Mas o que seria esse tal Thherblig? Bem, eles são um conjunto de movimentos desenvolvidos por Frank e Lillian Gilbreth. O nome é basicamente Gilbreth ao contrário mas mantendo o “th” em sua forma original.

reprodução: https://pt.wikipedia.org/wiki/Therblig

A padronização buscada pelo casal resultou nestes 18 elementos, que podem ser usados na execução de tarefas manuais. Como pode ver, eles são perfeitos para situar o trabalhador sobre o que fazer.

Desconfiado do poder do gradessíssimo Therblig? Dê uma olhada num pit stop da equipe Mercedes no GP da China, na temporada 2019 da Fórmula 1:

Cada elemento pode ser encontrado no vídeo, o que mostra o quão importante foi o trabalho do casal Gilbreth na busca pela eficiência em todos os campos possíveis de se imaginar.

Diferente de Taylor, os Gilbreth não encontraram tantos efeitos colaterais subsequentes ao seu método, na verdade eles ajudaram muito as duas abordagens administrativas originadas pelas falhas do Taylorismo.

Referências:

BIO, S. R. Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São Paulo:
Atlas, 1996. p. 20–23

CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa: pessoas,
organizações e sistemas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

http://ava.grupouninter.com.br/ccdd/producao/ccdd_grad/adm/admGest2/a2/includes/pdf/impressao.pdf

https://www.britannica.com/topic/time-and-motion-study

GILBRETH, F. Motion study: a method for increasing the efficiency of the workman. Franklin Classics, 2018

MEGGINSON, L. C.; Mosley, D. C; Pietri Júnior, P. H. Administração:
conceitos e aplicações. 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998, p. 11–12.

TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management. Digireads.com, 2009

TORRES, M. D. de F. Estado, democracia e administração pública no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. p. 224.

*** Texto de caráter amador, qualquer crítica ou correção será muito bem recebida. ***

O que é o estudo dos tempos e movimentos?

Segundo Slack (2002), o estudo de tempos e movimentos, trata-se da aplicação de técnicas estabelecidas para determinar o tempo necessário em que um trabalhador qualificado e especificado venha realizar a tarefa em um nível definido de desempenho. Assim, esse tempo é denominado tempo-padrão para operação.

O que é o estudo de movimentos?

Um corpo está em movimento quando a sua posição, em relação a um determinado corpo e referência, varia com o decorrer do tempo. Cinemática escalar estuda os movimentos sem se preocupar com suas causas. Espaço percorrido é definido como a medida do comprimento do percurso de um corpo em movimento.

O que significa o estudo de tempos e movimentos Segundo Taylor?

Em 1895, Taylor propôs o estudo de tempos e movimentos, que consistia em descobrir o tempo necessário para que um homem, dando o melhor de si, completasse uma tarefa. O objetivo principal desse método, é: estabelecer um pagamento por peça, estimulando o trabalhador.

Quais os objetivos de analisar e estudar dos tempos e movimentos?

A análise de tempos e movimentos, também conhecida como cronoanálise, é uma ferramenta de gestão para analisar o tempo em que determinadas atividades são realizadas durante o processo produtivo em uma indústria.