O que estava escrito na Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal?

"Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil"

A Carta de Pero Vaz de Caminha, cujo título oficial é Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil, é considerada o primeiro documento escrito no e sobre o Brasil. Seu autor era o escrivão oficial do rei Dom Manoel I, de Portugal, genro dos reis espanhóis D. Fernando e Isabel de Castella. Caminha acompanhou a frota de navios comandada pelo Capitão Pedro Álvares Cabral, em 1500, que tinha a missão de fazer reconhecimento de um território do “Novo Mundo” ainda não explorado pelos espanhóis, mas já visitado (na região Norte) por outro navegador português, Duarte Pacheco Pereira, em 1498.

Caminha ficou encarregado de relatar ao rei o que havia de curioso, útil e valioso na região encontrada. Essa região corresponde hoje ao atual litoral baiano – a carta foi escrita por Pero no atual território da cidade de Porto Seguro. Graças a essa carta (com sete páginas manuscritas no total) que hoje sabemos o dia em que Pedro Álvares Cabral e os demais tripulantes pisaram em terras brasileiras pela primeira vez: 22 de abril de 1500.

Preocupação central do rei Dom Manoel: o ouro

Como dito acima, Pedro Álvares cumpria a missão de reconhecer um território que já era de conhecimento do rei Dom Manoel desde 1498, por meio dos relatos de Duarte Pacheco Pereira. Esses relatos, entretanto, permaneceram por um bom tempo em segredo. Dom Manoel precisava ter certeza do que lá havia de riqueza a ser explorada. Metais como ouro e prata eram o tipo de “achado” mais cobiçado. A confirmação da existência de tais metais coube a Cabral.

Em um dos trechos da carta, Caminha descreve o contato que Cabral fez com dois índios. O episódio segue narrado no trecho abaixo:

Um deles viu umas contas de rosário brancas. Mostrou que as queria, pegou-as, folgou muito com elas e colocou-as no pescoço. Depois tirou-as e, com elas, envolveu os braços. E acenava para a terra e logo para as contas e para o colar do capitão, como querendo dizer que dariam ouro por aquilo. [1]

O Capitão Cabral estava usando um colar de ouro. Caminha, a princípio, achou que o índio quisesse trocar ouro por um colar de miçangas. Mas um tempo depois, os homens de Cabral perceberam que metais preciosos não podiam ser vistos em grande quantidade na nova terra, como acontecera aos espanhóis, que, chegando na América Central, viram astecas com adornos feitos de ouro. Como diz o pesquisador Lucas Figueiredo, em sua obra Boa Ventura! A corrida do ouro no Brasil (1697-1810), ao comentar esse trecho da carta de Caminha:

Na carta de sete páginas escrita por Caminha com letra miúda e elegante, o rei tomou conhecimento de como era a nova conquista de Portugal. Parecia o paraíso na terra, tinha muito inhame e, caso houvesse interesse em cultivá-la, tudo nela daria. O episódio do colar na capitania, interpretado pelo escrivão como a indicação da suposta presença do metal em terra, foi relatado com a devida cautela.“Tomávamos nós nesse sentido por ser esse o nosso desejo”, anotou caminha com uma honestidade singular. [2]

A descoberta da Carta por Aires de Casal

Apesar da grande importância que hoje em dia a carta de Caminha tem enquanto documento histórico, por um longo tempo ela esteve guardada nos arquivos da Marinha Real Portuguesa como um documento qualquer. Ela só veio a ser descoberta, no século XVIII, pelo pelo guarda-mor do arquivo da Torre do Tombo, José Seabra da Silva.

A carta provavelmente veio para o Brasil com a Família Real Portuguesa e sua comitiva, em 1808, e foi reencontrada no ano de 1817, quando um padre português chamado Manuel Aires de Casal investigava o arquivo da Marinha Real Portuguesa. Aires de Casal foi o primeiro a reproduzir o conteúdo da carta em sua obra “Corografia Brasílica”.

NOTAS

[1] CAMINHA, Pero Vaz. Apud. FIGUEIREDO, Lucas. Boa Ventura! A corrida do ouro no Brasil (1697-1810). Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 28.

[2] FIGUEIREDO, Lucas. Boa Ventura! A corrida do ouro no Brasil (1697-1810). Rio de Janeiro: Record, 2011. pp. 28-29.


Por Me. Cláudio Fernandes

Resumos de Livros

A carta que Pero Vaz de Caminha escreveu para D. Manuel, o rei de Portugal na época do descobrimento do Brasil, relata com detalhes a chegada dos portugueses no Brasil, como foram os primeiros contatos destes com os indígenas e, a partir desta carta, podemos perceber as intenções portuguesas quanto à nova terra e o que seria dela depois de então.

A partida da frota portuguesa de Belém, Portugal, ocorreu no dia 9 de março, a chegada às ilhas canárias no dia 14 do mesmo mês e no dia 22 chegaram à ilha de São Nicolau. No dia 21 de abril toparam com os primeiros sinais de terra, o que eles chamam de botelho, espécie de ervas compridas. No dia seguinte houve o avistamento de terra, que foi chamada de Terra De Vera Cruz, a qual tinha um monte alto que recebeu o nome de Monte Pascoal.

Avistaram os primeiros habitantes da terra, os quais eram, de acordo com a descrição de Caminha, pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e narizes, nus, traziam arcos e setas, o beiço de baixo furado com um osso metido nele, cabelos corredios e corpos pintados. Com eles tentaram estabelecer um primeiro contato, o que foi uma surpresa, pois um deles começou a apontar para o colar de ouro do capitão da frota e, em seguida, para a terra, como se quisesse dizer que naquela terra havia ouro. A mesma coisa ocorreu com o castiçal de prata e o papagaio. Ao verem coisas que não conheciam, faziam sinais, dando-se a entender que queriam propor uma troca.

O que estava escrito na Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal?

Conclui-se então que desta forma começou a troca de ouro, prata e madeira por quinquilharias vindas da Europa. Os portugueses traziam os indígenas para as embarcações a fim de estabelecer um melhor contato com os indígenas. No início, eles mostraram-se muito esquivos, mas com o passar dos dias passaram a conviver mais com os portugueses e, até mesmo, ajudá-los no que precisavam e levá-los às suas aldeias.

Os portugueses realizaram uma missa, construíram uma enorme cruz. Tudo para mostrar aos nativos a acatamento que tinham pela cruz, ou melhor, pela religião. Desde já, possuíam a vontade de convertê-los à igreja, tendo em vista, sua inocência, já que faziam tudo o que os portugueses faziam ou mandavam… A intenção de dominá-los é facilmente observada na seguinte passagem : “Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.”

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O que tava escrito na Carta de Pero Vaz de Caminha?

Na carta, Pero Vaz de Caminha mostra como foi o primeiro encontro entre os portugueses e os indígenas: “Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel.

Que informação Pero Vaz de Caminha comunicou ao rei?

Em 1º de maio de 1500, Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, anunciou ao rei Dom Manuel, de Portugal, o descobrimento de novas terras em 22 de abril e as suas impressões sobre a terra e sua gente.

Qual foi o documento escrito por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal d Manuel que se refere ao início dessa atividade em nosso país?

A célebre "Carta do Achamento do Brasil" foi escrita por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, entre 26 de abril e 2 de maio de 1500. O escrivão só interrompeu o trabalho no dia 29, quando ajudou o capitão-mor a reorganizar os suprimentos da frota.

Qual o pedido que Pero Vaz faz ao rei de Portugal?

Todavia, ao contrário do que muita gente afirma, ele não teria pedido um emprego para um parente (o que, caso atendido, representaria o primeiro caso de nepotismo no Brasil). Na verdade, o escrivão pedira a libertação de seu genro, que havia sofrido a pena de banimento para uma ilha africana.