Houve um tempo no Brasil em que os salários subiam automaticamente para acompanhar a inflação, os preços eram fixos e os supermercados que ousassem fazer reajustes eram denunciados pelo povo e fechados. Parece bom, só que não. Show Em 28 de fevereiro de 1986, uma sexta-feira, o governo de José Sarney (PMDB) decretou feriado bancário e anunciou o Plano Cruzado, uma espécie de "irmão mais velho" mal-sucedido do Plano Real. Imagem: Moreira Mariz/FolhapressSe hoje o vilão no Brasil é o Aedes aegypti, naquele momento, o inimigo número 1 era o dragão da inflação. Eram tempos de inflação alta. Chegou a 235% em 1985 --para comparar, em 2015, foi de 10,67%. Imagem: Julos/Getty ImagesA moeda do momento era o cruzeiro (Cr$). Cortaram três zeros e mudaram o nome: virou Cruzado (Cz$). Imagem: Reprodução/Banco CentralSubiram os salários: aumento de 8% aos funcionários públicos e de 15% para o salário mínimo (na época, de Cz$ 804, equivalente a US$ 67). Criou-se também o "gatilho salarial" ou "seguro-inflação": os salários deveriam subir automaticamente sempre que a inflação passasse de 20%. Congelaram os preços de alimentos, combustíveis, produtos de higiene e limpeza, além dos serviços. Congelaram o câmbio também: Cz$ 13,84 por US$ 1. Criaram a "tabela da Sunab", publicada nos jornais e fixada nos supermercados, mostrando quanto cada coisa deveria custar. Imagem: U. Dettmar/FolhapressO povo se mobilizou --e não foi por causa da Copa do Mundo. Com a tabelinha em mãos, checavam se os preços estavam sendo respeitados. Imagem: Jorge Araújo/FolhapressSurgia, assim, a figura dos "fiscais do Sarney". Imagem: Antonio Lúcio/Estadão ConteúdoDescumpriu a tabela? A Sunab vinha e fechava. E o povo gostava. Imagem: Rogério Carneiro/Folhapress Imagem: Arquivo/Estadão ConteúdoNo começo, deu certo. O poder de compra e as condições de vida dos brasileiros melhoraram. O presidente virou herói da Nova República. Mas não durou muito. Imagem: Jorge Araújo/FolhapressTodo mundo queria comprar. Imagem: Antonio Carlos Mafalda/FolhapressPor outro lado, os produtores não queriam produzir mais com aqueles preços. Imagem: Vidal Cavalcanti/FolhapressResultado: prateleiras vazias. Imagem: Arquivo/Estadão ConteúdoHouve filas e até racionamento de produtos. O governo chegou a apelar para a "desapropriação" de bois no pasto para tentar atender o consumidor. Imagem: Jair Malavazi/Agência EstadoDepois de nove meses, nascia um novo plano: o Cruzado 2. Os preços foram descongelados e a inflação voltou a todo vapor. Ministros João Sayad (Planejamento) e Dílson Funaro (Fazenda) anunciam Cruzado II Imagem: Tadashi Nadagomi/FolhapressTambém não deu certo. Então, vieram novos planos econômicos, que também fracassaram. A inflação, como hoje sabemos, só conseguiu ser controlada com o Plano Real, lançado em 1994. E foi assim que os anos 1980 ficaram conhecidos como a "década perdida".
O que o governo fez para controlar a inflação durante o Plano Cruzado?A solução encontrada pela equipe econômica formada por Sarney encontra-se no “Plano Cruzado”, anunciado em fevereiro de 1986, cujas principais medidas eram: congelamento de preços; substituição da moeda corrente do país, do cruzeiro para o cruzado (daí o nome do plano); gatilho salarial, uma medida de aumento dos ...
O que resultou o Plano Cruzado?O resultado imediato desse fenômeno foi o desabastecimento de bens e as grandes filas nos supermercados. Apesar disso, o consumo continuava em alta. Por outro lado, o congelamento da taxa de câmbio fez o Brasil perder uma parcela significativa das reservas monetárias internacionais.
Quais foram as medidas tomadas no Plano Cruzado visando melhorar a economia?As principais medidas tomadas pelo plano Cruzado foram: - A moeda corrente brasileira que era o Cruzeiro foi transformada em Cruzado, seguido de sua valorização (O cruzado valia 1000 vezes mais); - Congelamento dos preços em todo o varejo, os quais eram fiscalizados por cidadãos comuns (fiscais do Sarney);
Qual o diagnóstico da inflação que fundamentou o Plano Cruzado?O Plano Cruzado, lançado pelo governo Sarney, em fevereiro de 1986, teve por base o diagnóstico de que a característica predominante da inflação brasileira era a inércia, o que significa que na avaliação do governo, a inflação se perpetuava apenas porque se iniciou em algum momento do passado e diante da generalização ...
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