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Unidade na DiversidadeAparentemente a diversidade � a regra no mundo biol�gico, sendo, at� ao final do s�culo XIX, considerada a sua caracter�stica principal. Os bi�logos calculam que existam, actualmente, entre 30 a 50 milh�es de esp�cies, das quais apenas 2 milh�es foram descritas e denominadas. No entanto, a partir do in�cio do s�culo XX os estudos bioqu�micos fizeram ressaltar as semelhan�as estruturais e fisiol�gicas dos indiv�duos. Todos estes factos parecem apontar para uma origem comum para todos os seres vivos actuais, seguida de uma enorme diversifica��o. As explica��es para estes factos foram surgindo ao longo dos s�culos, sempre baseadas em princ�pios religiosos, filos�ficos e culturais, podendo ser actualmente classificadas em dois grandes grupos:
Existiram numerosas hip�teses fixistas ao longo da hist�ria da Biologia, umas mais duradouras que outras, umas mais fundamentadas que outras. Considerando-se que as esp�cies permaneceram imut�veis ao longo das eras, surge novamente a necessidade de identificar a causa do surgimento das esp�cies ancestrais. Dessas hip�teses salientam-se as mais conhecidas:
Durante a segunda metade do s�culo XVIII come�aram a surgir as primeiras ideias transformistas, contrariando o dogma criacionista-essencialista, que dominava firmemente o pensamento ocidental � muitos s�culos. O centro da pol�mica deixou de ser o facto de existir ou n�o evolu��o, passando a ser o mecanismo dessa evolu��o. Duas novas �reas de conhecimento vieram revolucionar a vis�o da ci�ncia relativamente ao mecanismo de forma��o das esp�cies:
Novamente, numerosos cientistas conceituados propuseram teorias tentando esclarecer estes fen�menos, nomeadamente:
Apenas no s�culo XIX as ci�ncias em geral abandonam a vis�o est�tica do mundo, at� ent�o prevalecente:
Um aspecto � de salientar na an�lise de todas estas teorias, � que nenhuma delas prop�e um mecanismo de evolu��o. As verdadeiras teorias explicativas do mecanismo da evolu��o s� surgiram ap�s da avalia��o da idade da Terra em milhares de milh�es de anos, por oposi��o � idade considerada desde o tempo de Arist�teles, que era de cerca de 6000 anos. Este facto permitiu a exist�ncia de uma evolu��o muito lenta, ao longo de incont�veis gera��es de indiv�duos. Jean-Baptiste de Monet, cavaleiro de Lamarck � considerado o verdadeiro fundador do evolucionismo, elaborando uma teoria que considera a ac��o evolutiva das circunst�ncias ambientais a causa da variabilidade existente nos organismos vivos. No entanto, como n�o conseguiu apresentar provas concretas para a sua teoria e como n�o tinha amigos e rela��es importantes no meio cient�fico, as suas ideias n�o foram levadas a s�rio, apesar de alguns dos seus disc�pulos terem continuado a defender as suas ideias, como Saint-Hilaire, que realizou importantes estudos de anatomia comparada. Lamarck �, tamb�m, o autor do termo Biologia, que baptiza em 1802. Teoria de LamarckLamarck era um bot�nico reconhecido e estreito colaborador de Buffon no Museu de Hist�ria Natural de Paris. No entanto, tal n�o o impediu de ser severamente criticado pelas suas ideias transformistas, principalmente por Cuvier, tendo as suas teorias sucumbido ao fixismo da �poca. A prop�sito dos seus trabalhos de sistem�tica, Lamarck enunciou a Lei da grada��o, segundo a qual os seres vivos n�o foram produzidos simultaneamente, num curto per�odo de tempo, mas sim come�ando pelo mais simples at� ao mais complexo. Esta lei traduz a ideia de uma evolu��o geral e progressiva. Lamarck defendia a evolu��o como causa da variabilidade mas admitia a gera��o espont�nea das formas mais simples. Observando os seres vivos � sua volta, Lamarck considerava que, por exemplo, o desenvolvimento da membrana interdigital de alguns vertebrados aqu�ticos era devida ao �esfor�o� que estes faziam para se deslocar na �gua. Assim, as altera��es dos indiv�duos de uma dada esp�cie eram explicadas por uma ac��o do meio, pois os organismos, passando a viver em condi��es diferentes iriam sofrer altera��es das suas caracter�sticas. Estas ideias levaram ao enunciado da Lei da transforma��o das esp�cies, que considera que o ambiente afecta a forma e a organiza��o dos animais logo quando o ambiente se altera produz, no decorrer do tempo, as correspondentes modifica��es na forma do animal. O corol�rio desta lei � o princ�pio do uso e desuso, que refere que o uso de um dado �rg�o leva ao seu desenvolvimento e o desuso de outro conduz � sua atrofia e, eventual, desaparecimento. Todas estas modifica��es seriam depois transmitidas �s gera��es seguintes � Lei da transmiss�o dos caracteres adquiridos. O mecanismo evolutivo proposto por Lamarck pode ser assim resumido:
Deste modo, a evolu��o, segundo Lamarck, ocorre por ac��o do ambiente sobre as esp�cies, que sofrem altera��es na direc��o desejada num espa�o de tempo relativamente curto. Alguns aspectos desta teoria s�o v�lidos e comprov�veis, como ocaso do uso e desuso de estruturas. � sabido que a actividade f�sica desenvolve os m�sculos e que um organismo sujeito a infec��es desenvolve imunidade. Do mesmo modo, uma pessoa que fique paralisada, sofre atrofia dos membros que n�o utiliza. No entanto, tamb�m existem numerosas cr�ticas ao Lamarquismo:
Pode-se concluir daqui que a teoria de Lamarck foi um importante marco na hist�ria da Biologia mas n�o foi capaz de explicar convenientemente o mecanismo da evolu��o. No entanto, deve ser referida a exist�ncia dos chamados neo-lamarckistas, uma minoria no panorama actual da Biologia, mas que defendem que o meio realmente modela o organismo. Consideram poss�vel a presen�a de prote�nas citoplasm�ticas que alteram o DNA, tentando explicar � luz da gen�tica molecular os fundamentos lamarckistas. Reconhecem, no entanto, que apenas altera��es nos g�metas podem ser transmitidas � descend�ncia. Os anos seguintes foram f�rteis na recolha de dados de anatomia comparada, geologia e paleontologia, de tal modo que a teoria evolutiva de Darwin (1859) teve um impacto muito maior. Desde essa data que a teoria da selec��o natural de Darwin e Wallace se tornou um dos grandes princ�pios unificadores da Biologia, juntamente com a teoria celular e a dupla h�lice do DNA. Teoria de Darwin Darwin era um m�dico sem voca��o, filho de uma fam�lia abastada e com enorme interesse na natureza, tendo por esse motivo feito uma viagem de 5 anos no navio cartogr�fico Beagle, aos 22 anos. No in�cio da sua longa viagem, Darwin acreditava que todas as plantas e animais tinham sido criadas por Deus tal como se encontravam, mas os dados que recolheu permitiram-lhe questionar as suas cren�as at� � altura.Darwin sofreu v�rias influ�ncias, as quais permitiram a cria��o da sua teoria sobre a evolu��o dos organismos:
O crescimento das popula��es naturais faz-se segundo uma curva sigm�ide, em que ap�s uma fase inicial de crescimento exponencial (a natalidade � superior � mortalidade pois h� muito alimento dispon�vel), a popula��o entra numa fase de desacelera��o do crescimento (quando a mortalidade � superior � natalidade devido � escassez de alimento), a popula��o estabiliza (quando a mortalidade e a natalidade s�o iguais). Este �patamar� � bastante est�vel, mantendo-se a popula��o nesse ponto durante gera��es, se n�o surgirem altera��es importantes no meio ambiente ou outro tipo de interven��es externas. Darwin n�o se satisfez com o facto de as popula��es naturais funcionarem desse modo, quis, tamb�m, descobrir o modo como esse equil�brio � atingido e mantido. Dado que o ambiente n�o fornece os meios de subsist�ncia a todos os indiv�duos que nascem, � necess�rio que ocorra uma luta pela sobreviv�ncia, sendo eliminados os indiv�duos excedentes, mantendo-se a popula��o num estado estacion�rio � volta de um valor mais ou menos constante. Deste modo, � necess�rio conhecer os fen�menos que regulam o n�mero de indiv�duos numa popula��o, ou seja, os factores que afectam as taxas de mortalidade e natalidade. Os principais factores desse tipo s�o:
Nas popula��es naturais existe variabilidade, mas como avali�-la numericamente ? O estudo dos caracteres quantitativos � f�cil pois estes podem ser traduzir-se em valores num�ricos e gr�ficos. Verifica-se que todas as caracter�sticas das popula��es apresentam uma distribui��o quantitativa que, em gr�fico, segue uma curva em forma de sino, sim�trica em rela��o a um ponto m�dio e m�ximo, ou seja, uma curva normal. Esse ponto m�dio (ponto de ajuste ou de aferi��o) varia com as popula��es e deve corresponder, teoricamente, ao ideal para a caracter�stica considerada, nesse momento e nesse ambiente. Com base nos dados que foi recolhendo, Darwin formou a sua teoria sobre o mecanismo da evolu��o mas decidiu n�o a publicar, instruindo a sua mulher para o fazer ap�s a sua morte. No entanto, por insist�ncia de alguns amigos e da mulher, come�ou a preparar a sua publica��o, em 4 volumes, em 1856. Em 1858, recebeu uma inesperada carta de um naturalista, Alfred Wallace, que descrevia resumidamente as mesmas ideias sobre a evolu��o. Mesmo assim, publicou a sua A origem das esp�cies em 1859, onde descrevia a teoria da selec��o natural, a qual pode ser resumida da seguinte forma:
A teoria de Darwin considera que o ambiente faz uma escolha dos indiv�duos, tal como o Homem faz na domestica��o. Saliente-se, ainda, o facto que Darwin considerava poss�vel a heran�a dos caracteres adquiridos, tal como Lamarck. No entanto, para Darwin as for�as respons�veis pela varia��o e pela selec��o s�o diferentes: a varia��o ocorre ao acaso, sem qualquer orienta��o evolutiva, enquanto a selec��o muda a popula��o conferindo maior �xito reprodutivo �s variantes vantajosas. O vigor, a for�a, a dura��o da vida de um dado indiv�duo apenas s�o significativos em termos da popula��o na medida em que podem afectar o n�mero de descendentes que lhe sobrevivem. O ser mais apto �, deste modo, um conceito relativo (uma caracter�stica pode n�o ser favor�vel mas ter pouco significado no conjunto de muitas outras caracter�sticas favor�veis que constituem o genoma do indiv�duo) e temporal (uma caracter�stica favor�vel num dado momento pode ser altamente desfavor�vel noutro, como o exemplo das borboletas Biston betularia bem o demonstra). Existem dois tipos principais de selec��o: a selec��o artificial e a selec��o natural. A selec��o artificial, como o nome indica, � devida � interven��o humana nos ecossistemas e na reprodu��o dos organismos, sejam eles animais ou vegetais. O papel do Homem corresponde ao da competi��o e da luta pela sobreviv�ncia na natureza, �escolhendo� os indiv�duos que sobrevivem e os que s�o eliminados. Deste modo, controlando os indiv�duos que se reproduzem, condiciona-se o patrim�nio gen�tico das gera��es futuras, bem como a sua evolu��o. A selec��o natural � definida como um conjunto de for�as ambientais que actuam nas popula��es, tanto no sentido positivo (sobreviv�ncia diferencial e capacidade reprodutora diferencial), como no sentido negativo (mortalidade diferencial). A selec��o natural age quer favorecendo os possuidores de uma dada caracter�stica que proporcione uma melhor adapta��o ao meio, quer eliminando os indiv�duos cujas caracter�sticas os coloquem em desvantagem nesse meio, como no conhecido caso das borboletas Biston betularia em Inglaterra, durante a revolu��o industrial. A selec��o natural pode ser de dois tipos:
Neodarwinismo O principal problema, ou ponto fraco, da teoria de Darwin era a origem e a transmiss�o das varia��es que se verificam entre os indiv�duos de uma mesma esp�cie. Apenas em 1930 e 1940 os investigadores combinaram as ideias de Darwin com os dados, entretanto surgidos, de gen�tica, etologia e outros. O resultado foi o surgimento de uma teoria denominada teoria sint�tica da evolu��o ou Neodarwinismo, que combina as causas da variabilidade com a selec��o natural. Estudos gen�ticos demonstraram que os fen�tipos dos indiv�duos resultam da ac��o do meio sobre os respectivos gen�tipos. Um gen�tipo �, potencialmente, capaz de originar uma multiplicidade de fen�tipos, os quais se podem concretizar, se o ambiente necess�rio para as suas potencialidades se manifestarem existir. Existem dois tipos de varia��o fenot�pica: varia��es n�o heredit�rias ou flutua��es , devidas � influ�ncia do meio sobre o gen�tipo, e as varia��es heredit�rias resultantes da express�o fenot�pica de diferentes gen�tipos. Estas �ltimas s�o as �nicas com interesse evolutivo. Weissman considerou nos indiv�duos a exist�ncia de duas linhas celulares independentes, que designou o soma e o g�rmen. O g�rmen, formado pelas c�lulas sexuais, era considerado imortal pois era transmiss�vel. Deste modo, apenas as altera��es que envolvam as c�lulas sexuais s�o heredit�rias e t�m influ�ncia evolutiva. � certo que � pela reprodu��o que s�o transmitidos os caracteres das esp�cies de gera��o em gera��o. No entanto, se a reprodu��o assexuada tende a manter as caracter�sticas, a reprodu��o sexuada tende a aumentar a variabilidade dessas popula��es e das esp�cies. De que modo isso acontece ?
A fecunda��o, o fen�meno que permite transmitir ao novo indiv�duo a constitui��o gen�tica dos dois g�metas. A uni�o de dois dos g�metas, entre milhares deles formados ou poss�veis, faz com que a constitui��o gen�tica de um novo indiv�duo seja totalmente imprevis�vel. Resumindo, a reprodu��o sexuada pode contribuir para a variabilidade das popula��es por tr�s vias: distribui��o ao acaso dos cromossomas hom�logos, sobrecruzamento e uni�o ao acaso dos g�metas formados. No entanto, a reprodu��o sexuada n�o cria nada de novo, apenas rearranja o que j� existe nos progenitores. O mesmo n�o se pode dizer das:
Outros importantes factores de variabilidade s�o:
Considerando todas estas contribui��es, bem como a interven��o directa de cientistas como Huxley, Dobzhansky e Simpson, a teoria sint�tica da evolu��o, ou Neodarwinismo, pode ser resumida da seguinte forma: Cr�ticas �s teorias darwinistas da evolu��o As maiores cr�ticas �s teorias darwinistas est�o relacionadas com a dificuldade em explicar o surgimento de estruturas complexas, que dificilmente teriam origem em apenas um acontecimento, por ac��o da selec��o natural, como o olho, o c�rebro, etc. Um exemplo dessa dificuldade est� na explica��o da origem das asas dos insectos. As asas dos insectos s�o expans�es do tegumento dorsal, n�o resultando de membros modificados. Dada a complexidade da estrutura actual, � razo�vel considerar que inicialmente teriam surgido pequenas sali�ncias dorsais no corpo dos indiv�duos. Porque teriam sido seleccionadas ? Experi�ncias demonstraram que as proto-asas trariam mais dificuldades que vantagens, pois n�o permitiam que o indiv�duo planasse de modo controlado. Considerar que a selec��o natural sabia antecipadamente a vantagem que o indiv�duo teria com as asas plenamente desenvolvidas � t�o absurdo como considerar que estas teriam surgido por uma �nica muta��o, prontas a usar. Novas experi�ncias permitiram esclarecer, de algum modo, essa dificuldade pois revelaram que as proto-asas s�o excelentes termorreguladores, o que pode justificar a sua selec��o. Actualmente as asas dos insectos desempenham essas duas fun��es. Os principais cr�ticos �s teorias darwinistas consideram que estas n�o permitem explicar a macroevolu��o (diversifica��o dos grandes grupos), apenas explicando a microevolu��o (diversifica��o das esp�cies). Deste modo, foram surgindo teorias alternativas, ainda n�o comprovadas, baseadas na teoria de Darwin mas com algumas altera��es:
Temas relacionados: Origem da Vida Argumentos a favor da evolu��o Gen�tica de popula��es Evolu��o do Homem Especia��o
O que seria necessário ocorrer para que essas populações pudessem ser consideradas duas novas espécies?Para que a especiação ocorra, duas novas populações devem ser formadas a partir de uma população original, e elas devem evoluir de tal maneira que se torne impossível para os indivíduos das duas novas populações se intercruzarem.
O que é necessário para o surgimento de uma nova espécie?O mecanismo principal que define o surgimento de uma nova espécie é o isolamento reprodutivo. Esse isolamento reprodutivo pode ocorrer por meio de dois mecanismos básicos: os mecanismos pré-copulatórios e os mecanismos pós-copulatórios.
Quais são as maneiras de se formar novas espécies?Conceito de espécie
Isso ocorre quando um agrupamento de indivíduos compartilham características (morfológicas, fisiológicas e genéticas) e conseguem reproduzir novos seres férteis. Caso ocorra o cruzamento de seres similares e eles produzam um descendente infértil, trata-se de espécies diferentes.
O que é necessário para se afirmar que duas espécies são mais aparentados entre si do que com uma pessoa?Para que duas espécies sejam consideradas aparentadas ou semelhantes, é necessário que compartilhem características morfológicas e moleculares em comum.
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