O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

Um dos maiores mitos propagados por aí é o de que dois raios não caem no mesmo lugar. Mas não dê ouvidos a tudo o que lhe dizem. Em áreas de grande incidência, podem cair não somente dois, mas diversos raios. Prova disso é o Cristo Redentor, agraciado por seis raios por ano, em média, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). E o Empire State Building, em Nova York, que recebe 25 descargas, sendo que já aconteceu de o topo do prédio ser atingido oito vezes em apenas oito minutos.

A chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, em termos estatísticos: é menor do que um para um milhão. O que não é motivo para baixar a guarda. Se você estiver em uma área descampada (como uma praia ou campo de futebol) durante uma tempestade forte, a probabilidade é bem maior: de um para mil. Isso porque o seu corpo acaba se transformando em para-raios nessas situações.

"A intensidade típica de um raio é de 30 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico", diz Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Portanto, a morte é imediata. Além de queimaduras, a corrente pode provocar parada cardíaca e respiratória. Os relatos de vítimas que sobreviveram referem-se a quem foi afetado indiretamente, ou por faíscas laterais, ou pela corrente que vem do solo. As sequelas podem incluir insuficiência cardíaca, problemas de memória e psicológicos.

Raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam as nuvens de tempestade e o solo. Ou seja: para que eles ocorram, é necessário haver uma nuvem carregada de partículas com carga negativa (geradas pelo choque das partículas de gelo) e um solo repleto de partículas com carga positiva. Como os campos elétricos costumam se acumular em extremidades, não é de se estranhar que arranha-céus, monumentos pontiagudos, copas de árvores e cabeças sejam mais vulneráveis.

É bom lembrar que relâmpago é o nome genérico que se dá às descargas elétricas, mas os raios são só os que se conectam ao solo. E o trovão? É o som produzido pelo ar que se aquece e se expande rapidamente na região na qual circula a corrente elétrica do raio.

Brasil é recordista

A ocorrência de raios no Brasil é de 50 milhões por ano, segundo o Inpe, o que faz do país o recordista mundial. A cada 50 mortes por raio no mundo, uma ocorre por aqui. Isso quer dizer que 130 brasileiros morrem dessa forma a cada ano. "A explicação é geográfica: é o maior país da chamada zona tropical do planeta — área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades", explica Osmar Pinto Junior.

São Paulo costuma ser o Estado com maior número de mortes por acidentes com raios, de acordo com o Inpe. Mas a Amazônia é uma das três regiões com maior incidência de descargas elétricas do país e do mundo: recebe cerca de 30 milhões de raios por ano, devido à grande quantidade de água doce e calor. As outras regiões chamadas de "chaminés de raios" são a África Central e a Indonésia.

Um estudo feito por pesquisadores do Inpe e divulgado no periódico American Journal of Climate Change mostrou que, nos últimos 30 anos, a capital amazonense registrou um aumento de 50% na taxa de descargas atmosféricas, alcançando 13,4 raios por quilômetro quadrado ao ano. A explicação para isso é que a urbanização em Manaus fez a temperatura máxima da cidade subir 3°C em relação à encontrada na floresta amazônica.

Outros estudos do Elat já haviam mostrado como a urbanização tende a formar um cinturão de ar quente ao redor da região central das cidades, favorecendo tempestades e raios. E o aquecimento global só tende a piorar o cenário, à medida que faz aumentar a presença de vapor d'água na atmosfera. Um estudo publicado na revista "Science" mostrou que a ocorrência de relâmpagos em todo o mundo vai aumentar 50% até 2100.

Segundo levantamento de cientistas do Elat feito em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento da temperatura das águas do oceano Atlântico no Hemisfério Sul fará a incidência de tempestades duplicar no Sudeste em 2070, chegando a triplicar nas cidades litorâneas.

Só a cidade de São Paulo, por exemplo, tinha 33 dias de tempestade por ano de 1910 a 1951. De 1951 a 2010 esse número aumentou para 67 dias de tempestade — um crescimento de 103%.

"A previsão é a de que os dias de tempestade se tornem ainda mais frequentes nos próximos anos", afirma o coordenador do Elat.

O período mais afetado pela incidência de raios no Brasil é a transição entre a seca e a estação chuvosa, ou seja, entre a primavera e o verão.

Como evitar ser atingido por um raio

  1. Se você estiver em uma área sem abrigo próximo durante uma tempestade e sentir os pelos arrepiados (sinal da proximidade de um raio), ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles;
  2. Se estiver sem abrigo na tempestade, evite segurar e mantenha distância de objetos metálicos e/ou longos, como varas de pescar, tacos de golfe, enxadas e tripés;
  3. Durante a tempestade, mantenha distância de árvores (especialmente as isoladas), cercas de arame e varais metálicos. Saiba que pequenas construções como tendas, barracos e celeiros não oferecem proteção;
  4. O ideal é não sair de casa durante tempestades, mas, se estiver na rua, procure abrigo em: carros, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis (mas evite ficar encostado na lataria); moradias ou prédios (de preferência que possuam proteção contra raios); abrigos subterrâneos (como metrôs ou túneis); grandes construções com estruturas metálicas; barcos ou navios metálicos fechados; desfiladeiros ou vales;
  5. Caso esteja em algum local protegido, evite usar o telefone com fio ou o celular ligado ao carregador, assim como tocar em equipamentos elétricos ligados à tomada, já que as redes elétricas podem ser atingidas. Evite também ficar ao lado de portas, canos ou janelas metálicas (esses objetos têm maior condutividade elétrica).

Relâmpagos e a vida na terra

Os relâmpagos podem ter participado da geração de moléculas que deram origem à vida na Terra, segundo o Inpe.

Há cerca de 3 bilhões de anos, a atmosfera do planeta era bem mais quente e continha grande quantidade de moléculas de diversos gases, como amônia, metano e hidrogênio. Por isso, é provável que houvesse mais tempestades e raios.

As descargas elétricas teriam ajudado a quebrar essas moléculas e a formar os aminoácidos, estruturas básicas para todas as formas de vida. Experimentos em laboratório mostraram que o processo é, em princípio, possível. Mas há incertezas sobre os estágios iniciais da evolução da atmosfera terrestre.

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

    Raios promovem espetáculo de imagens pelo mundo

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

    +70

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

  • O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar

    +68

E possível um raio cair no mesmo lugar duas vezes?

5 - Um raio pode cair duas vezes em um mesmo lugar? Pode. Geralmente os raios caem mais de uma vez em um mesmo local quando este apresenta grande incidência de raios. Como exemplo podemos citar o monumento Cristo Redentor, que é atingido anualmente por cerca de seis raios.

O que significa um raio não cai duas vezes no mesmo lugar?

Todo mundo já ouviu dizer que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. No entanto, essa crença não é verdadeira. As chances são pequenas, pois as opções de lugares para um raio cair são enormes, mas nada impede que isso aconteça.

Quem tomou um raio duas vezes?

Foi o que aconteceu com o estudante Matt Wilks, de 19 anos. O britânico foi atingido duas vezes -- eu disse DUAS vezes -- por raios, em uma única tarde.

E verdade que o celular atrai raio?

Apesar de muitas pessoas pensarem que o celular atrai raios, a resposta é não, smartphones não fazem com que você tenha mais chances de ser atingido por um raio. Esse mito já foi desmentido por vários especialistas, incluindo profissionais NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration).