Por quê lula custa 10 mil para a policia federal

Em pronunciamento nesta quarta-feira (24), a senadora Angela Portela (PT-RR) afirmou que a decisão de fortalecer a Polícia Federal e apoiar sua atuação se deu no primeiro mandato (2003-2006) do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora afirmou que o governo de Dilma Rousseff continua com o mesmo viés de combate à corrupção e de apoio à PF.

De acordo com Angela Portela, a "postura ética e moralizante" do governo federal vem desde o primeiro mandato do PT à frente do Executivo.

- Esta postura não é de agora. Se no primeiro ano do governo Lula a Polícia Federal realizou 16 operações de combate à corrupção, já no ano seguinte, em 2004, foram 42 operações. Chegando, em 2008, às extraordinárias 273 operações para combater a corrupção, em todos os níveis de governo. Em 2010, foram 272 ações e, no acumulado do governo do presidente Lula, a Polícia Federal realizou 1.060 operações contra apenas 48 registradas nos oito anos da administração anterior - afirmou.

Angela Portela disse que o governo Lula contratou mais servidores para a Polícia Federal por meio de concurso público, além de ampliar o orçamento da instituição e adquirir equipamentos de inteligência. Também durante o governo Lula, acrescentou a senadora, a Justiça Federal passou de 100 varas no país para 513.

Criada no governo de Fernando Henrique Cardoso, a Controladoria-Geral da União, argumentou a senadora, obteve status de ministério no governo Lula e, desde então, já realizou "exaustivas auditorias" em quase dois mil municípios, por meio de sorteios, "para que as investigações não sejam partidarizadas".

Na avaliação da senadora, várias outras instituições de fiscalização e controle também foram fortalecidas nos últimos anos, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União.

- O combate à corrupção não é algo inédito. Dizer isso seria desmerecer o trabalho desenvolvido por vários setores, desde a imprensa, que cumpre seu papel de denunciar, até a Polícia Federal; desde a Controladoria-Geral da União até o Tribunal de Contas. Desde o Ministério Público até a Justiça Federal, passando também por movimentos da sociedade civil, por setores da economia e da Igreja que, permanentemente, realizam ações para varrer da vida pública brasileira estas práticas abomináveis - declarou a senadora, não sem antes reafirmar seu apoio ao governo de Dilma Roussseff, principalmente no que se refere ao enfrentamento da corrupção e na erradicação da miséria.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi solto na tarde desta sexta-feira, após 580 dias preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. Em discurso minutos após sair, o petista  fez um discurso de forte ataque à Lava Jato e setores do Judiciário.

"Eu saio daqui sem ódio. Aos 74 anos meu coração só tem espaço para amor porque é o amor que vai vencer neste país", disse, diante de aplausos dos militantes presentes.

A soltura do ex-presidente ocorreu um dia após o Supremo Tribunal Federal ter decidido, por 6 votos a 5, que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim dos recursos), Isso alterou a jurisprudência que, desde 2016, tem permitido a prisão logo após a condenação em segunda instância.

A decisão do Supremo, uma das mais esperadas dos últimos anos, tem potencial de beneficiar cerca de 5.000 presos, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O Brasil tem, no total, aproximadamente 800 mil presos.

A soltura de Lula foi determinada pelo juiz federal Danilo Pereira Junior. A decisão foi publicada às 16h25, e o petista deixou a sede da PF às 17h40.  ​

Lula estava preso desde o dia 7 abril de 2018 em uma cela especial da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. O local mede 15 metros quadrados, tem banheiro e fica isolado no último andar do prédio. Ele não teve contato com outros presos, que vivem na carceragem, no primeiro andar.

A pena de Lula foi definida pelo Superior Tribunal de Justiça em 8 anos, 10 meses e 20 dias. O petista foi condenado sob a acusação de aceitar a propriedade de um tríplex, em Guarujá, como propina paga pela OAS em troca de um contrato com a Petrobras, o que ele sempre negou.

O caso ainda tem recursos finais pendentes nessa instância antes de ser remetido para o STF. O Supremo, porém, pode anular todo o processo sob argumento de que o juiz responsável pela condenação, Sergio Moro, não tinha a imparcialidade necessária para julgar o petista naquela situação. Mas ainda não há data marcada para que esse pedido seja analisado.

Além do caso tríplex, Lula foi condenado em primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem no caso do sítio de Atibaia (SP). Essa condenação também pode ser anulada porque a defesa apresentou suas considerações finais no processo no mesmo prazo de réus delatores.

O ex-presidente ainda é réu em outros processos na Justiça Federal em São Paulo, Curitiba e Brasília. Com exceção de um dos casos, relativo à Odebrecht no Paraná, as demais ações não têm perspectiva de serem sentenciadas em breve.

Na prisão, o ex-presidente enfrentou três perdas: a morte do amigo Sigmaringa Seixas, advogado e ex-deputado petista, do irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o Vavá, e de Arthur, 7, seu neto. 

No caso de Vavá, o petista se manteve firme, apesar do luto e da novela que se transformou o pedido de autorização para que ele fosse ao velório do irmão, vitimado por um câncer. A juíza Carolina Lebbos, que regula o cumprimento da pena de Lula, negou o pedido. Quando o presidente do STF, Dias Toffoli, deu a autorização, o corpo estava prestes a ser sepultado. Lula não se despediu do irmão morto.

No caso de Arthur, a autorização a Lula foi dada no mesmo dia e ele embarcou em direção a São Paulo.

Na PF, o dormitório, antes usado por policiais em viagem, não tinha grades e se resumia a banheiro, armário, mesa com quatro cadeiras, esteira ergométrica e um aparelho de TV com entrada USB e que só sintoniza canais abertos.

Durante a semana, na parte da manhã, conversava por uma hora com o advogado Luiz Carlos da Rocha, o Rochinha. Na parte da tarde, falava com Manoel Caetano pelo mesmo período. Todo o resto do tempo permanecia isolado dentro do quarto.

Às quintas-feiras recebia parentes, à tarde, e dois amigos, geralmente políticos, pela manhã. Ele saia três vezes por semana para o banho de sol. Circulava num pequeno espaço de 40 metros quadrados onde antes funcionava um fumódromo, no terceiro andar.

Até janeiro, Lula recebia líderes religiosos, mas a juíza Carolina Lebbos proibiu esses encontros, apesar de a Lei de Execução Penal prever o direito à assistência religiosa. No lugar haveria uma consulta com um capelão da própria PF, mas isso não aconteceu.

Lula acordava sempre antes 7h. Ouvia o “bom dia, presidente”, gritado por militantes do acampamento Lula Livre, que fica num terreno em frente à PF. Às 8h, o agente Chastalo destrancava a porta do quarto. Invariavelmente encontra Lula vestido com uma camisa do PT ou do Corinthians.

Três vezes por semana o agente media o índice de glicemia no sangue do ex-presidente, que é pré-diabético. O glicosímetro que Chastalo usa, uma maquininha dessas de furar o dedo e que é vendida em farmácias, foi dado pelos familiares do petista.

Na prisão, andava na esteira quase todo dia e ganhava elásticos de ginástica para fortalecer braços e pernas. Lula tinha na cabeça sequências de exercícios que seu personal trainer, Márcio, passava quando estava livre. Mas contava com dicas dos agentes quando faz algo errado. Quando algum deles via que ele fazia um movimento repetitivo que pode causar uma lesão, trata de corrigir os movimentos e a postura do petista.

Nas eleições do ano passado, a cela virou escritório político. O presidenciável Fernando Haddad e outros petistas com diploma de advogado, como o ex-deputado Wadih Damous e o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, receberam procuração para defendê-lo em seus processos. Com isso, podiam encontrá-lo fora dos dias de visita a pretexto de cuidar de sua defesa.

Lula sentava-se à mesa com os petistas e discutia estratégias. Animou-se com as chances de Haddad depois dos protestos “Ele não” pelo país. Achava que a rejeição de Jair Bolsonaro (PSL) poderia crescer, e a do PT ir no sentido contrário.

No segundo turno, porém, Lula desanimou quando soube que os marqueteiros petistas haviam decidido descolar a imagem de Haddad da dele. Não houve mais encontros com o presidenciável, e ele viu pela televisão a candidatura de Haddad naufragar.