Por que não se fala mais Asperger?

Por que não deveríamos usar o termo “Asperger” para referir-se a um dos níveis do autismo?

Sandra Paro

A princípio, quem foi “Asperger”? Hans Asperger (1906-1980) foi um médico austríaco que deu o nome à síndrome, pois foi o primeiro a descrever o transtorno do espectro autista, em 1944. O médico observava crianças com falta de empatia, conversação unilateral, movimentos descoordenados, hiperfoco, ou capacidade de detalhamento sobre um tema específico. Foi ele também que apontou haver uma predominância desse quadro em meninos.
A Síndrome de Asperger foi incorporada ao Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais – DSM-4, em 1994, descrita como um subtipo dos transtornos globais do desenvolvimento

Por que não se fala mais Asperger?

Por que não se fala mais Asperger?

O DSM-5 já havia dispensado o nome síndrome de “Asperger”, substituindo o termo por Nível I do TEA (Transtorno do Espectro Autista), considerado um quadro mais leve e funcional do espectro do autismo.

O Nível I pode ser mais difícil de ser diagnosticado por não ser notado o atraso intelectual e em alguns casos, atraso na fala, a criança inclusive pode apresentar vocabulário amplo e rebuscado.  Já os principais desafios incluem dificuldades em abstrair, com relações de amizade, problemas sensoriais, adaptação à novas rotinas, entre outras. O espectro é amplo e dada sua singularidade, os sintomas que podem estar presentes em um indivíduo não são regra para outro indivíduo.

Por que não se fala mais Asperger?

Ainda sobre o termo “Asperger” é comum encontrarmos em redes sociais e nos movimentos de neurodiversos com maior frequência. Eles se referem a si mesmos como “Aspies”, alguns meios de comunicação apelidaram a síndrome de “síndrome geek” e afirmam ser o Vale do Silício um dos locais onde há a maior concentração de “Aspies” do mundo.

Explicações a parte sobre as características desse nível do espectro, voltemos ao nosso ponto que é o porquê não deveríamos usar o termo “Asperger”. Não só porque a nomenclatura oficial e científica o recomenda, porque a partir desse documento, que reuniu todos os transtornos que estavam dentro do espectro do autismo num só diagnóstico: TEA, mas porque, segundo a revista científica Molecular Autism, Hans Asperger, tinha ligações com programas nazistas e cooperou com o regime enviando crianças com deficiência à morte. 

Historicamente há especulações sobre o Partido Nazista e seu esforço para eliminar crianças com deficiências, já que eram considerados uma ameaça à pureza genética ariana, segundo o líder nazista. 

Segundo o livro Asperger’s Children: The Origins of Autism in Nazi Vienna (“Crianças de Asperger: As Origens do Autismo na Viena Nazista”, em tradução livre), o médico, que já deu nome à Síndrome, teria encaminhado dezenas de crianças para uma clínica chamada ‘Am Spiegelgrund’, em Viena, onde médicos fizeram experiências com elas, levando as a morte. 

A historiadora Edith Sheffer, autora do livro em questão, visitou arquivos do governo de Viena, bem preservados, que garantiam a participação de Asperger no partido nazista, embora ele não fosse membro. E ainda conferiu registros do próprio médico que descreviam crianças com deficiências e condições psiquiátricas em termos muito mais negativos do que seus colegas faziam. Gradativamente Asperger modificou sua descrição sobre as crianças com autismo: em 1938, “grupo de crianças bem caracterizado”, três anos mais tarde: “crianças anormais” e em 1944: “fora do organismo maior”. Depois da guerra, Asperger declarou sua opinião sobre o programa de eutanásia naquele período; “totalmente desumano”. O que vem dividindo opiniões sobre o médico e a sua contribuição na história do autismo. 

A autora do livro, a historiadora Sheffer, acredita que acabar com o uso do termo “Asperger” é imprescindível, mas outros garantem que isso poderia apagar essas lições do passado, que não devem ser ignoradas, aprendemos com o passado.
E você, como pensa? Se ainda não tem uma opinião e desejar conhecer a obra de Sheffer, segue a indicação: Crianças de Asperger – As Origens do autismo na Viena Nazista – Autora: Edith Sheffer – Tradução de Alessandra Bonrruquer – Editora Record,2019.

ABA+ Inteligência Afetiva 
#SomosABAmais #TEA #Autismo #ABA #softwareABAmais #cienciaABA #aprendizagem #desenvolvimento #comportamental #dicadeleitura #hansaspeger #asorigensdoautismonavienanazista #ABAmaisescola #autocontrole #habilidade #ABAmaiseficiente #ABAmaisfamilia #thebestsoftwareABA #ABAmaiscompleto   #ABAmaistratamento  

Porque não se usa mais o termo Asperger?

O DSM-5 já havia dispensado o nome síndrome de “Asperger”, substituindo o termo por Nível I do TEA (Transtorno do Espectro Autista), considerado um quadro mais leve e funcional do espectro do autismo.

Como é a fala do Asperger?

O Asperger fala de forma mecânica. – Linguagem semântica: uso de palavras sofisticadas, renomadas e requintadas. A dificuldade está no uso de vocábulos de maneira informal, ou seja, termos e apelidos. A repetição também é uma característica desse aspecto.

Quem tem Asperger é considerado deficiente?

Para todos os fins legais, a Síndrome de Asperger, doença genética semelhante ao autismo, deve ser considerada uma deficiência.