Por que o islamismo foi importante para a formação do Império Romano?

Cresce no mundo o interesse para entender o Islamismo, que, sob a forma mais radical, segundo alguns comentaristas, supostamente estaria por trás dos atentados recentes às torres em Nova Iorque.

Islã é a vernaculização da palavra árabe Islam, que significa resignação, submissão (a Deus). Aqueles que obedecem a Alá, considerando-o o único e verdadeiro Deus, aceitando a fé do Islamismo, são chamados de muçulmanos (de muslim, “aquele que se submete”, em árabe). O livro sagrado dos muçulmanos é o Corão (Qur’an) ou Alcorão, redigido em árabe, entre os anos 510 e 632. Ele contém a coletânea de tudo que foi revelado por Alá a Maomé (Muhammad). Seus 114 capítulos ou suratas só foram reunidos, pela primeira vez, alguns anos depois da morte do profeta.

Maomé é considerado pelos muçulmanos o último de uma série de profetas (na qual incluem Adão, Abraão, Moisés, Noé e Jesus) e à sua mensagem incorporou as “revelações” atribuídas aos outros mensageiros de Deus.

O Islamismo surgiu no começo do século VII e rapidamente se difundiu entre as tribos árabes, unindo-as em torno da mesma fé. Em poucas décadas, os árabes conquistaram um império, cujo apogeu se deu no tempo dos califados omíada e abássida, mas que se dissolveu a partir do século X. Por impor aos seus adeptos, junto a preceitos teológicos, um código de direito e de moral, um sistema político-social e uma cultura – que sintetiza elementos semíticos, persas, greco-romanos e outros, manifestada através da língua árabe – o Islamismo não pode ser considerado apenas uma doutrina religiosa. Nesse sentido, o Islã engloba três aspectos: religião, Estado e cultura.

Hoje, a religião muçulmana, é a que mais cresce no mundo e tem cerca de 1,3 bilhões de adeptos – um em cada seis habitantes do planeta. Concentra-se na Ásia e na África, mas tem seguidores nos Estados Unidos e na América Latina, inclusive no Brasil. Em São Paulo há mais de um milhão de muçulmanos, e mais de cem mesquitas e salas de oração, segundo a Sociedade Beneficente Muçulmana.

A civilização islamica teve a sua origem na península arábica (situada entre a Ásia e a África). Habitada por diferentes povos semitas (árabes, hebreus, assírios, fenícios e armaicos), organizados em tribos, a Arábia não tinha unidade política, estando dividida em clãs familiares. Mas os árabes tinham elementos comuns, como as crenças religiosas – adoravam cerca de 360 divindades – e uma língua comum. A cidade de Meca era um importante centro religioso, principalmente pela importância que para eles tinha a Caaba (“Casa de Deus”), uma construção que abrigava a Pedra Negra – um pedaço de meteorito – que teria sido trazida do céu para Abraão pelo anjo Gabriel.

Foi em Meca, no clã dos hactemitas, que nasceu Maomé, por volta de 570. Órfão de pai e mãe, nos primeiros anos de vida ele sofreu a miséria e passou múltiplas necessidades. No ano de 595, em uma viagem com o primo Ali, dono de caravanas de camelos, conheceu a rica viúva. Khadija e Maomé tiveram pelo menos seis filhos – dois meninos, que morreram cedo, e quatro meninas, a mais conhecida das quais é Fátima, que casou com Ali, o primo de Maomé tido como seu sucessor pelo ramo xiita do Islamismo.

Nessa fase, Maomé costumava refugiar-se em uma caverna, perto da cidade. É nessa caverna que, no ano de 610, escuta a voz do arcanjo Gabriel, apontando-o como o profesta de Alá (rasul Allah). Desde então e até a sua morte, ele recebe “revelações” orais, que acredita serem diretamente enviadas por Deus.

Por volta de 613, Maomé começa a pregar e passa a conquistar adeptos. Fala na existência de um Deus único, Alá, criador do universo e que no final dos tempos haverá de julgar os homens por suas boas e más ações. Insiste também no valor da prece e dos atos de caridade.

Embora a sua pregação fosse religiosa, Maomé passa a incomodar os ricos comerciantes de Meca com as suas críticas à vida suntuosa e fútil. Os omíadas perceberam que os novos ensinamentos representavam um ataque frontal contra o sistema encabeçado por eles.

A palavra de Maomé atraia sobretudo os descontentes com as desigualdades sociais, que tinham um consolo ao ouvir do profeta a certeza de uma vida melhor depois da morte, a defesa da igualdade e da caridade e o repúdio à usura.

Maomé, perseguido, refugiou-se no deserto. Os membros de seu clã foram sujeitos a pressões e os seus adeptos, maltratados e torturados. Em 617 ou 619, segundo as fontes, no que ficou conhecido como “o ano do luto”, morrem Khadija e Abu Talib. No mesmo ano um dos chefes omíadas, Umar ibn Khattab (Omar I), converte-se ao Islamismo e Maomé recebe importante ajuda dos habitantes de Yathrib, cidade localizada no norte de Meca.

Entenda o Islamismo nos aspectos: religião, Estado e cultura, para compreender melhor a “Guerra contra o terror” pela qual passa o mundo de hoje.

Você certamente já ouviu falar dos árabes, da religião muçulmana e do islamismo. Certamente já teve também contato com algumas das realizações dos árabes, como os algarismos arábicos, o número zero ou mesmo a bússola. Essas contribuições dos povos árabes e islâmicos para o mundo foram possíveis graças ao desenvolvimento de um imenso império, o Império Islâmico, que existiu entre os séculos VII e XIII. O texto abaixo apresenta algumas características gerais do que foi este império.

Os árabes eram povos que habitavam principalmente a Península Arábica, localizada no Oriente Médio. Na região litorânea, eles constituíram algumas cidades e desenvolveram a agricultura, o que possibilitou uma sedentarização, ou seja, a fixação em local específico. Já no interior da península, por ser formada em sua maior parte por áreas desérticas, viviam como nômades, cuja atividade principal era o comércio, realizado em grandes caravanas.

Os árabes se organizavam politicamente em tribos, não havendo unidade em um Estado. No aspecto religioso, eram politeístas, acreditavam que todos os seres e elementos da natureza tinham vida (animismo) e adoravam objetos tidos como sagrados (fetichismo).

Dentre esses árabes havia um chamado Maomé, que nasceu na cidade de Meca, em 570. Meca era um importante centro comercial da Península Arábica, sendo Maomé um comerciante em sua juventude, o que proporcionou a ele entrar em contato com diversas outras culturas, como cristãos e judeus. Segundo a tradição, Maomé quando tinha 40 anos recebeu a revelação da palavra de Deus (Alá) através do anjo Gabriel. Nessa revelação, Alá havia pedido a Maomé que difundisse o ensinamento de que havia apenas um deus, Alá, e que Maomé seria seu profeta.

Iniciando essa difusão entre seus familiares, Maomé passou a pregar o ensinamento em Meca. Por ser uma cidade comercial, havia pessoas com variadas crenças, os comerciantes viam as pregações como ameaças ao comércio e os sacerdotes temiam pelo seu domínio religioso. Maomé foi perseguido, sendo obrigado a fugir para a cidade de Iatreb, ao norte, em 622. Esse episódio ficou conhecido Hégira (fuga, em árabe), marco inicial do calendário muçulmano. Em Iatreb, Maomé conseguiu converter a população e unir as tribos locais, tornando-se líder religioso e político da cidade. Iatreb passou a se chamar Medina (cidade do profeta, em árabe) e Maomé formou um exército de 10 mil homens que se dirigiram a Meca, conquistando-a em 630.

Em Meca, Maomé e seus seguidores destruíram todos os ídolos que eram adorados, menos a “pedra negra”, objeto sagrado símbolo da união de todos os muçulmanos, e a Caaba, o local que abriga a pedra, que se tornou o centro do principal templo da religião, dedicado unicamente a Alá. Com a conquista da cidade, tinha início também a constituição e a rápida expansão do Império Islâmico.

Ainda em vida, Maomé viu seu império conquistar toda a Península Arábica. Com sua morte em 632, os poderes políticos, religiosos e militares foram confiados aos califas, os substitutos de Maomé. Os quatro primeiros califas eram parentes de Maomé e governaram o império até o ano de 661, quando conseguiram expandir as fronteiras islâmicas para o Egito, a Palestina, a Síria e a Pérsia. Era a primeira fase de expansão do Império Islâmico.

A segunda fase teve como detentores do poder a família dos Omíadas, que transformam Damasco na capital do Império, governando até 750. Nesse período, os árabes se transformaram numa potência naval, chegando à Índia, no Oriente, dominando o norte da África e iniciando a conquista da Península Ibérica, na Europa.

A terceira fase do Império se iniciou com a dinastia dos Abássidas, que transferiu a capital para Bagdá, na Mesopotâmia. Com a grande extensão do Império, ele foi dividido em Emirados, que eram estados independentes. Conquistaram ainda a Sicília, na Península Itálica, além das ilhas de Córsega e Sardenha. Porém, o Império foi entrando em declínio com a perda de territórios no Oriente, para os turcos seljúcidas e para os mongóis. Os domínios na Península Ibérica ainda seriam mantidos até 1492, quando os espanhóis os expulsaram da região durante as Guerras de Reconquista.

Entretanto, o legado árabe permanece presente nos dias atuais devido às grandes contribuições na difusão das obras greco-romanas, na arquitetura, na matemática, na literatura, nas ciências e em vários outros aspectos culturais.

* Crédito da imagem: Zurijeta e Shutterstock.com


Por Tales Pinto
Graduado em História

Por que o islamismo foi importante para a formação do império islâmico?

A extensão do Império, a ligação entre Ocidente e Oriente e a assimilação de hábitos culturais e conhecimentos produzidos pelos povos conquistados proporcionaram aos muçulmanos a produção de um importante patrimônio cultural, incluindo filosofia, medicina, matemática, arquitetura, entre outros, que até os dias atuais ...

Quais foram os aspectos mais relevantes que levaram ao declínio do império islâmico?

Porém, o Império foi entrando em declínio com a perda de territórios no Oriente, para os turcos seljúcidas e para os mongóis. Os domínios na Península Ibérica ainda seriam mantidos até 1492, quando os espanhóis os expulsaram da região durante as Guerras de Reconquista.

Como o Império Islâmico favoreceu o fortalecimento dos reis da Península Ibérica?

Novas invasões ocorreriam após a morte do profeta Maomé, em 632, quando os seguidores da religião que ele fundara – o islamismo – passaram a expandir o território muçulmano pelo norte da África, chegando à Península Ibérica em 711.

Quais as mudanças que o islamismo trouxe as tribos árabes?

A Influência dos árabes islâmicos na civilização ocidental foi fundamental e transformadora. O islamismo deixou como legado para nossa civilização importantes avanços e descobertas em diversas áreas e algumas delas são a numeração, o invento do papel, a Matemática, a Física e Química, a Medicina, Astronomia e Alquimia.