Coleta de sangue por acesso venoso periférico

Introdução:

Seria tão mais fácil se o sistema público de saúde funcionasse corretamente no Brasil, não precisaríamos ter um esgotamento de funções e sobrecarga dos profissionais da saúde. É o que acontece nos principais hospitais do Rio de Janeiro. Porém, para você que é assinante do Jaleko, isso não é um problema. Nós te ensinamos a realizar a maioria esmagadora dos procedimentos que você vai precisar realizar eventualmente enquanto estiver rodando o seu internato. O acesso venoso periférico é um daqueles procedimentos que quando você aprende você logo diz: “nunca vou precisar fazer isso”. Mas é aí que você se engana, pois no sistema público de saúde, muitas vezes só tem o médico para pegar um acesso no paciente, e o médico será você na maioria das vezes.

O acesso venoso pode ser central ou periférico, ambos são feitos para obter uma via de acesso diretamente na veia do nosso paciente, e normalmente são solicitadas quando há a necessidade de fazer medicações em grande volume ou medicações que não são possíveis de serem realizadas pela via oral, seja porque não existe a posologia VO ou pela impossibilidade do paciente de deglutir. Ele pode ser periférico, que é a inserção do cateter nos membros (como braços e pernas) e pode ser central, que já é uma via de acesso mais calibrosa utilizada para quimioterapias ou dieta parenteral. Nesse artigo abordaremos principalmente o acesso venoso periférico, suas principais particularidades e o passo a passo para realizar o procedimento com sucesso.

O acesso venoso periférico (AVP) é um procedimento que permite uma via de acesso ao sistema venoso periférico do meu paciente através da utilização de dispositivos intravenosos. É um procedimento indicado quando desejamos fazer a administração de drogas anestésicas e adjuvantes, por exemplo, assim como fluidos intravenosos (como soro ou medicações), transfusões de sangue e/ou hemoderivados.

Material:

Antes de começar, é importante que você separe todo o material que você irá precisar. Você pode preferir fazer o acesso com um cateter periférico curto sobre agulha (sempre lembrando que para esse tipo de dispositivo, quanto menor for o número da agulha, maior será o seu calibre). Você também pode fazer com o dispositivo intravenoso agulhado, popularmente chamado de “borboletinha”, devido ao seu aspecto ser semelhante as asas de uma borboleta. Essas “asas” servem para melhor fixação do dispositivo a pele do paciente. Lembrando também do calibre da agulha, quanto menor for o número, maior será o seu calibre. Além de um desses dois dispositivos demonstrados, que você irá escolher de acordo com a sua facilidade e preferência, você também irá precisar de uma seringa contendo soro fisiológico, um garrote, luvas de procedimento, algodão ou uma gaze estéril banhada em álcool a 70%, polifix (também conhecido como perfusor), um equipo, adesivo estéril e da solução que você vai administrar no paciente, seja medicação, fluidos ou sangue.

Passo a passo:

Antes de começar o procedimento propriamente dito, devemos conferir se aquele paciente é o meu, se é ele que vai precisar de um acesso venoso periférico e se ele me permite fazer o procedimento. Sendo todas essas respostas “sim”, eu posso prosseguir. Começo com a higienização das mãos com água e sabão e posicionando o meu paciente em uma posição confortável, seja em

 decúbito dorsal ou na posição sentada. Após posicionado o meu paciente, eu devo escolher a veia de acesso e escolher também o dispositivo que eu irei utilizar, dentre os dois mais utilizados (dispositivo intravenoso agulhado ou cateter periférico curto sobre agulha). Logo após isso, já com as luvas de procedimento vestidas, colocaremos o garrote, assim como na técnica de coleta de sangue. O garrote deverá ser colocado um pouco acima do local a ser puncionado, em média 15 a 20 cm da veia escolhida. Estando o garrote posicionado, posso começar a antissepsia da região com uma gaze ou algodão embebida em álcool a 70%. Lembrar de sempre deixar o álcool secar antes de introduzir a agulha na pele do paciente!

Se você optar por fazer o acesso com o cateter curto: deve-se inserir a agulha com o bisel voltado para cima (SEMPRE) e com uma angulação de 45 graus em relação a pele e a partir daí, retificamos a agulha até 15 graus. Iremos introduzir até que vejamos sangue refluindo pelo cateter. Quando isso acontecer, eu já posso parar de introduzir a agulha, pois eu já cheguei na veia. Sendo assim, eu começo a introduzir somente o cateter, enquanto mantenho a agulha parada, ou até mesmo posso dar uma leve retraída na agulha a medida que introduzo mais o meu cateter com o meu dedo indicador. Após introduzir até o final, vou retirar a agulha por completo, retirar o garrote e conectar o equipo ao perfusor, para administração da solução. Lembrar também de liberar o fluxo da solução e ajustar o gotejamento de acordo com a necessidade. Além disso, realizar também a fixação do cateter na pele do paciente com o adesivo estéril e sempre anotar o dia em que foi realizado o procedimento juntamente com a assinatura do profissional que o realizou.

Dispositivo intravenoso agulhado: se você preferiu fazer o acesso utilizando o dispositivo intravenoso agulhado, devemos seguir basicamente os mesmos passos. Introduzir o dispositivo com um ângulo de 45 graus e, em seguida, retificar para 15 graus, sempre introduzindo a agulha com o bisel voltado para cima. Iremos introduzir a agulha até observar o retorno de sangue através do dispositivo, momento em que iremos conectar a seringa para administrar o medicamento ou alguma solução, retirando o dispositivo logo após o término da infusão, fazendo uma compressa com a gaze no local da punção para estancar o sangramento e colocando um curativo estéril por cima.

Um ponto importante que vocês devem ter percebido é que, quando utilizamos o dispositivo intravenoso agulhado, preferimos por fazer medicações e/ou soluções de rápida infusão, visto que não é um cateter de demora. Sendo assim, para infusão de soro fisiológico, albumina, entre outros, prefere-se a utilização do cateter curto.

Cuidados pós-procedimento:

Como todo procedimento minimamente invasivo, algumas complicações podem ocorrer durante ou após a realização do mesmo. Por isso, julga-se necessário uma observação do local de punção em busca de anormalidades que, caso detectadas, devemos solicitar a parada da infusão do medicamento e retirada do acesso, visando melhorar o quadro apresentado. E quais são as complicações que podem ocorrer? As principais são: hematoma no local da punção, extravasamento de substâncias no subcutâneo, flebite mecânica, química e/ou infecciosa, celulite e até mesmo infecções e/ou abscessos.

Pode coletar sangue do acesso Periferico?

O sangue venoso pode ser coletado no braço (veia mediana basílica, veia mediana cefálica, veia mediana cubital e veia longitudinal), no dorso das mãos e dos pés e, em casos mais extremos,microcoleta de sangue capilar; enquanto o sangue arterial pode ser coletado da artéria radial ou da artéria cubital.

Como é realizado o acesso venoso periferico?

O acesso venoso periférico (AVP) se dá pela introdução de um cateter de tamanho curto na circulação venosa periférica, sendo uma via capaz de prover a infusão de grandes volumes ao paciente diretamente na corrente sanguínea, além a infusão de drogas de efeitos diversos com a obtenção de rápida resposta.

Como deve ser feita a coleta de sangue venoso?

A principal veia para a coleta de sangue venoso é a fossa antecubital. Caso não esteja aparente, o profissional terá de procurar por outra veia, pedindo para o paciente abaixar um pouco o braço e fechar a mão, deixando as veias basílica e cefálica mais aparentes.

Quais são os locais para punção venosa periférica?

Indicadas: cefálica, basílica, mediana, as do antebraço e as do plexo venoso do dorso da mão; sentido distal para proximal.