Porque mesmo assim muitas regiões podem sofrer com a falta de água?

Quais são as regiões e cidades com maior estresse hídrico no mundo? E no Brasil? Uma nova ferramenta permite identificar quais as regiões com maior risco de faltar água.

O Aqueduct Water Risk Atlas, produzido pelo World Resources Institute (WRI), avalia estresse hídrico, riscos de seca e enchentes em cidades e regiões de 189 países. Ele mostra que um quarto da população do mundo enfrenta estresse hídrico “extremamente alto”.

A ferramenta usa uma metodologia sólida, com base em revisão de pares e dados de acesso à água e estresse hídrico do mundo todo. Ela avalia a demanda por água em regiões, incluindo para abastecimento doméstico, uso industrial, irrigação e consumo da pecuária, criando um importante panorama da segurança hídrica no planeta. Os dados vão da década de 1960 até 2014.

Segundo os dados, os países com maior problema de falta de água no mundo estão concentrados principalmente no Oriente Médio:

1. Catar

2. Israel

3. Líbano

4. Irã

5. Jordânia

Mas a crise hídrica e os riscos de falta de abastecimento por secas também chamam a atenção em outras regiões do mundo, como na Índia, o 13º na lista, Chile (18º), Bélgica (23º) ou Portugal (44º).

Falta d’água no Brasil

O Brasil é o país com maior reserva de água doce do mundo, graças aos rios amazônicos e os rios voadores, que geram chuva para o Centro-Oeste e Sudeste do país, abastecendo nossa agricultura. Assim, no ranking de países, o Brasil não aparece entre os mais críticos – é apenas o 116º. Ainda assim, quando olhamos para regiões ou cidades específicas, vemos que crises hídricas são um fato.

Faltou água nas principais cidades do país: em São Paulo e no Rio de Janeiro (2014-15) e no Distrito Federal (2017-18). No Nordeste, a população enfrentou recentemente uma sequência de 5 anos de seca extrema, agravadas pelas mudanças climáticas.

O ranking do Aqueduct identifica essas áreas principais. Ele mostra que, no Brasil, regiões da Bahia, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte sofrem com níveis “extremamente altos” de risco de crise hídrica, um nível semelhante ao dos países do Oriente Médio. As regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Campinas, Ribeirão Preto e Vitória aparecem com risco “alto”, assim como outras regiões. O mapa abaixo mostra a situação. Quanto mais escuro o tom de vermelho, maior o risco.

Porque mesmo assim muitas regiões podem sofrer com a falta de água?

Como as florestas podem ser uma solução

O ranking do Aqueduct mostra as informações mais recentes sobre onde, no mundo, há risco para o abastecimento de água. Mas outros projetos do WRI apontam para soluções às frequentes crises de falta d’água que cidades e países enfrentam no mundo. Uma dessas linhas de estudo indica que a solução para esses problemas pode estar na natureza.

Trata-se dos investimentos em infraestrutura natural. São soluções inovadoras baseadas na natureza, como a conservação de áreas de mata nativa, a restauração florestal e a gestão sustentável das paisagens.

Leia mais

  • Saiba mais sobre o projeto Infraestrutura Natural para Água
  • Infraestrutura Natural para Água no Sistema Cantareira, em São Paulo
  • Infraestrutura Natural para Água no Sistema Guandu, Rio de Janeiro
  • Infraestrutura Natural para Água na Região Metropolitana da Grande Vitória

Estudo do WRI mostra que a infraestrutura natural pode contribuir para abastecimento de água limpa e regular nas grandes cidades, além de proteger contra enchentes e secas. No Brasil, o WRI Brasil analisou o papel da infraestrutura natural em duas regiões, São Paulo e Rio de Janeiro. Os resultados mostram que a restauração de áreas degradadas contribui para a melhora da qualidade da água nas grandes cidades e reduzem gastos das empresas de saneamento.

Com conhecimento adquirido em soluções baseadas na natureza e investimentos em infraestrutura natural, as cidades brasileiras podem se preparar para garantir abastecimento de água de qualidade para os seus cidadãos, se protegendo de secas e das mudanças climáticas.

» ISRAEL MEDEIROS » BERNARDO LIMA* » LUÍZA VICTORINO*

postado em 29/08/2021 06:01 / atualizado em 01/10/2021 15:15

 (crédito: Reprodução)

Diante da grave estiagem que atinge o país, há grande preocupação com a capacidade de geração de energia. Mas um outro velho problema ameaça os lares brasileiros: a falta de água. No país que é frequentemente citado como a maior reserva de água doce do mundo, o racionamento tem se tornado uma realidade cada vez mais comum em quase 60 municípios.


O racionamento de água já é adotado em diversos estados e municípios da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste, especialmente aqueles abastecidos pela Bacia do Paraná, do Rio Grande, do Paranapanema e do Paraguai. São José do Rio Preto (SP), por exemplo, estabeleceu, em 12 de maio, o racionamento diário, das 13h às 20h, e uma multa de mais de 2,2 mil reais para quem for flagrado desperdiçando água.


Em Curitiba (PR), que está sob racionamento desde março de 2020, órgãos estaduais chegaram a contratar aviões para borrifar nuvens e induzir precipitações sobre a cidade. O racionamento funciona com 60 horas de abastecimento de água e 36 horas de suspensão do fornecimento.


Segundo Ângelo Lima, secretário executivo do Observatório da Governança das Águas, o racionamento é uma medida necessária em tempos de crise. “Não dá pra esperar a chuva chegar em setembro, medidas têm que ser tomadas agora e com transparência. Esses são os elementos fundamentais para chamar a sociedade, desde já, para começar a usar água mais racionalmente”, afirma. Ele ressalta, ainda, que, tão importante quanto economizar água, é cobrar dos governos que invistam na capacidade técnica dos municípios e estados para que eles deem conta dos desafios.

Mudanças climáticas

O grande motivo da estiagem, segundo especialistas, é o desequilíbrio ambiental, aliado às mudanças climáticas, que têm influenciado no regime de chuvas. Além disso, fenômenos como o El Niño e La Niña — em que ocorre o aquecimento ou o resfriamento anormal das águas do Pacífico — são determinantes no regime de chuvas. Larissa Rodrigues, gerente de projetos no Instituto Escolhas, explica que o baixo volume de chuvas já era esperado.


“A seca não é surpresa. Os reservatórios estavam críticos em 2018, pioraram em 2019 e ninguém fez nada. No setor elétrico, por exemplo, as previsões são feitas olhando para o passado. Eles não conseguem ver as crises como efeito das mudanças climáticas. O que precisamos fazer é considerar a seca, as chuvas e as mudanças climáticas no planejamento do setor. Outra coisa é romper com a ideia de que o Brasil tem água abundante. Isso acabou”, alerta.


Entre as mudanças que devem ser adotadas, segundo ela, está a precificação da água com base no volume das principais bacias do país. “Precisamos precificar a água para irrigação, indústria e tudo o mais, porque hoje não damos valor. Sem isso, não vamos racionalizar o uso. Precisamos adotar uma cobrança de nível da água baseada no nível das bacias. Deveríamos ter maiores tarifas com base no nível dos reservatórios”, opina.


Ela aponta, também, que a crise hídrica ligada às mudanças climáticas não tem efeitos apenas no Brasil. É possível ver irregularidades de chuvas em outros países, incluindo enchentes em locais onde antes não chovia com regularidade ou secas onde antes se via abundância de chuvas. No caso do Brasil, a irregularidade está, segundo ela, ligada ao desmatamento descontrolado.


“No próprio setor de energia, a gente tem as térmicas, que emitem mais gases de efeito estufa, que são a causa das mudanças climáticas — o que piora a situação. A gente emprega o remédio errado. Estamos dando veneno para tentar resolver a situação”, diz ela.

Saiba Mais


Já Marcos Freitas, que já foi diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e agora é professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, afirma queexistem problemas estruturais e conjunturais quando o assunto é falta de água. Ele destaca que o fato de o Brasil ser um grande produtor de alimentos “tem seu preço”, já que é necessário um grande volume de água para manter a produção agrícola.


Ele também aponta que a região amazônica é importante para a regularidade de chuvas no resto do país. “A gente vem passando por períodos mais secos nos últimos quatro anos. Pode ser em função global de mudança climática, não podemos dizer com certeza, mas sabemos que está esquentando. Há um desequilíbrio entre chuva e seca entre regiões. No caso do Brasil, a gente sabe que 40% da chuva na Amazônia vem da evapotranspiração e, tirando a cobertura vegetal, essa parcela da chuva se perde e não ocorre com tanta facilidade. A Amazônia fica mais seca e isso cria problemas variados”, detalha.

Que fatores influenciam a má distribuição de água no planeta?

Além do mais, outros problemas têm agravado a escassez dos recursos hídricos: o aumento da temperatura global, elevando os índices de evaporação, o desmatamento das nascentes, a poluição, o crescimento das cidades, o aumento das demandas para consumo humano e irrigação e a gestão dos recursos hídricos (pela falta de ...

Por que nem toda a água doce da Terra está disponível para consumo imediato?

Entretanto, nem toda água doce está disponível para uso, uma vez que grande parte está no estado sólido em geleiras e calotas polares. Do total de 2,5%, apenas 0,77% está disponível, porém nem sempre atende às especificações para ser considerada potável.

Por que mesmo possuindo grande disponibilidade de água doce o Brasil enfrenta problemas com o abastecimento de água para o consumo da população?

3 resposta(s) pois não há investimentos e interesse dos governantes em supri a necessidade de água para a população mais necessitada, principalmente na zona rural nordestina, onde sofrem por estiagem.

Qual é o país que tem mais água no mundo?

Brasil, Colômbia e Peru lideram lista de países com mais água no mundo.