Quais as competências e habilidades do ensino de História?

“As competências não eliminam os conteúdos, pois que não é possível desenvolvê-las no vazio. Elas apenas norteiam a seleção dos conteúdos, para que o professor tenha presente que o que importa na educação básica não é a quantidade de informações, mas a capacidade de lidar com elas, através de processos que impliquem sua apropriação e comunicação, e, principalmente, sua produção ou reconstrução, a fim de que sejam transpostas a situações novas. Somente quando se dá essa apropriação e transposição de conhecimentos para novas situações é que se pode dizer que houve aprendizado.”

PCN, Ensino Médio

 A proposta de desenvolvimento de competências e habilidades em História, disciplina por natureza subjetiva, está intimamente ligada ao estudo e compreensão de conceitos. A compreensão de um conceito só é possível dentro do seu contexto específico, tornando contraproducente uma apropriação e transposição simplista. De modo geral, a nova maneira de ensinar História deve ter em conta que o aluno é sujeito ativo no processo de aprendizagem e que possui um conhecimento histórico para além da escola, obtido de sua própria experiência de vida e pelos meios de comunicação que acessa, e que este saber deve estar integrado ao processo de escolarização, porém, há que se ter muito critério no estabelecimento de analogias no que se refere ao estudo dos conceitos.

Já nas séries iniciais os PCNs orientam para a introdução de conceitos históricos básicos (cultura, organização social e trabalho), noções de tempo (antes e depois) e espaço históricos (local), a partir da história do dia a dia dos alunos e na ação de pessoas comuns que lhes sejam próximas, além dos conteúdos tradicionalmente ensinados. Este saber construído a partir da realidade concreta e presente deve ser articulado e ampliado ao longo dos anos, sendo predominante a opção pela história sociocultural para as séries finais do ensino fundamental.

 O ensino médio deve privilegiar uma educação geral formativa, cujo objetivo principal deve ser preparar o indivíduo para o uso de diferentes tecnologias relacionadas ao trabalho, e ainda “o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisa-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização.”  Os alunos devem se apropriar do instrumental conceitual da disciplina, por natureza impermanente uma vez que se altera na esteira das mudanças da sociedade, a fim de poderem entender a realidade em que vivem e construir novos conhecimentos.

A qualificação do professorado para adequar a abordagem dos conteúdos da disciplina História em sala de aula ao desenvolvimento das habilidades e competências em História dos alunos do nível básico, conforme determina a LDBEN, tem sido alvo da atenção de muitos pesquisadores da educação escolar. A Lei propõe quatro princípios a serem observados “para uma educação para o século XXI – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser”, sendo o aprender a conhecer a “base que qualifica o fazer, conviver e o ser.”  Esse aprendizado deve se dar gradativamente ao longo dos anos de frequência escolar nos níveis fundamental e médio.

O primeiro grande entrave encontrado pelos licenciados em História, que em geral começam a lidar com o aluno a partir do 6º (sexto) ano, tem sido justamente desenvolver no seu público a competência de “aprender a conhecer” em se tratando do ensino de uma disciplina carregada de subjetividade como é o caso. A natureza desta disciplina exige do aprendiz um grau de maturidade e abstração que, a esta altura, não raro ainda não foi conquistado. Daí a importância da valorização do profissional dos primeiros anos da educação básica: é ele quem vai dar ao aluno, conscientemente ou não, as primeiras noções de tempo histórico, diversidade cultural e contextualização, requisitos fundamentais ao aprendizado crítico da História conforme se pretende. Para que esse processo se dê com tranquilidade e eficiência é preciso que os professores trabalhem em equipe, uma vez que um começa a construção a que o outro dará continuidade.

Uma das professoras por mim entrevistada atua na rede municipal e estadual de ensino há doze anos e já teve experiência em escola particular. Sua formação, posterior a promulgação da LDBEN vigente, foi adequada à proposta da Lei, mas ela,  ao deparar-se  com a realidade da sala de aula, precisou buscar alternativas para o cumprimento desta determinação: “Você entra no sexto ano achando que você vai ensinar conceito: conceito de trabalho, conceito do que é que é político, do que é econômico, não é? E aí você pega o garoto que não sabe ler! E isso de não saber ler aos 12, 13 anos, não é só de juntar as letras e entender o básico é todo um universo de abstração que ele não desenvolveu. Porque você vê crianças que são inteligentes, mas elas foram, em algum momento, negligenciadas no primeiro segmento. (…) você tem, todo ano, que aprender o que é que eles sabem e aprender qual é o conceito que está faltando para que eles aprendam o que você quer ensinar. E acaba que você tem que enxugar, mas pelo menos você enxuga de uma maneira que algo seja aproveitado.”

Por outro lado, outro grande entrave para o desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos, esse observado junto aos estudantes do ensino médio, é que há alguns profissionais que ainda não estão adaptados a essa abordagem que privilegia o “aprender a conhecer” e oferecem resistência a essas inovações conforme nos esclarece outra entrevistada em seu depoimento: “Existem habilidades, habilidades necessárias que a escola básica tem que trabalhar com seus alunos e que vai ser importante para ele na vida acadêmica, na vida, em qualquer lugar. O ensino médio no nosso país não tem cara, porque ele vive em função de: o que é que eu preciso dar para o aluno para ele passar para a universidade? E os exames para as universidades estão mudando cada vez mais. Se você for olhar os exames para a universidade e o Enem, com todos os seus defeitos, ele está mostrando isso, está apontando isso, e cada vez mais o que se quer é que a escola básica se preocupe ou use o seu conteúdo como ferramenta para trabalhar determinadas habilidades de inserção no mundo contemporâneo, não é? Ligadas a ciências, a tecnologias, à cultura de uma maneira geral, mas são habilidades essenciais para lidar com as exigências desse mundo contemporâneo. O conteúdo é uma ferramenta para dar conta disso, mas ele não é em si o objetivo. Acontece que nós temos ainda disciplinas na escola básica que pensam: eu sou importante porque sou. Eu sou importante pelo meu conteúdo. Eu sou professor de História, vou usar a minha cadeira porque eu sou de História, eu sou professora de História e o meu conteúdo de História é o mais importante. Ou de Física, ou de Matemática, seja lá o que for. Eu acho que tirando a questão da própria língua que é importante porque é, é um meio de comunicação fundamental para tudo, qualquer área, as outras disciplinas, chamadas ciências, elas tem que parar para pensar que, na escola básica, ela não é importante por ser, ela é importante como ferramenta, mas a cultura escolar é conteudista no Brasil. Ela resiste há muito tempo. Eu sou formadora de professores. Eu trabalho com os cursos de licenciatura. E aí quando você chega, e eu não sou pedagoga, sou professora de história, minha formação toda é em história. Quando você chega para formar os licenciandos, quando eles vão chegando para trabalhar, vão começar a trabalhar, você pergunta: o que é ser um bom professor de História para você? Você acha que você vai ser um bom professor? ‘Ah, vou, porque eu sei o conteúdo’. Sabe? Eu só tenho que simplificar o conteúdo. Atender a necessidade da escola básica para ele é simplificar o conteúdo. Então eu acho que a gente precisa pensar na formação desses profissionais para dar conta disso. Essa geração nova também está se formando com essa mentalidade. Infelizmente muitos deles sim. E parcela significativa dos nossos professores, que formam esses alunos, também pensam. Pior é isso.”

Atuando como formadora de professores desde 1984, a professora atribui essa dificuldade de adaptação de parte dos profissionais às condições de trabalho oferecidas a ele: “O professor é desconsiderado socialmente, não é remunerado condizentemente, tem que correr de um lado para o outro, isso parece balela de militância, mas não é, porque, se a gente for analisar o extrato social e econômico que é atraído – não sei nem se a expressão correta é essa, mas vou usar – pelos cursos de licenciatura são os extratos mais baixos da população. Por quê? Porque o curso é considerado um curso menor. Já de início eles se sentem inferiorizados por conta desse discurso. Então, vou fazer licenciatura: é mais fácil. É o que sobra. É assim que está sendo visto. Enquanto estiver sendo visto assim não adianta uma legislação descolada dos verdadeiros motivos para isso. Não adianta uma legislação descolada disso.”

Essas situações deixam claro pra nós que a implementação das mudanças propostas pela Lei para o ensino básico, somente se dará com a adesão do profissional que está na sala de aula e o devido comprometimento do poder público, já que os estudantes do Rio de Janeiro, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), apresentam um quadro muito desfavorável consequente das graves lacunas na formação dos alunos em competências mínimas de leitura e matemática.  Isto se torna especialmente relevante e preocupante por estarmos tratando de um estado brasileiro que figura entre os de maior desenvolvimento econômico, mas que não tem logrado fazer com que seus números na educação acompanhem toda essa pujança financeira. ■

Quais são as habilidades e competências da BNCC?

Quais são as 10 Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular?.
Conhecimento. ... .
Pensamento científico, crítico e criativo. ... .
Repertório cultural. ... .
Comunicação. ... .
Cultura digital. ... .
Trabalho e projeto de vida. ... .
Argumentação. ... .
Autoconhecimento e autocuidado..

Qual habilidade da BNCC para contação de História?

A habilidade EI02EF06 consiste em: Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos.

Quais são as habilidades da História?

Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.

Quantas competências específicas determina para a disciplina de História?

A Área Específica de História apresenta 7 Competências para serem desenvolvidas ao longo dos 9 Anos do Ensino Fundamental e o infográfico sintetiza de forma crítica a proposta.