Quais as consequências colhidas pelos palestinos na Primeira Guerra árabe

As Guerras Árabe-Israelenses estenderam-se ao longo de grande parte da segunda metade do século XX e colocaram o controle da Palestina em disputa entre árabes e judeus.

Guerras Árabe-Israelenses são a junção dos conflitos que envolvem a ocupação da Palestina por palestinos e israelenses. A disputa pela Palestina tem como marco 1948, ano em que a primeira guerra entre árabes e israelenses foi realizada. Ao longo do século XX, uma série de conflitos aconteceu na região, e a indefinição acerca da questão palestina ainda é grande.

Raízes da disputa

A disputa pelo controle da Palestina está diretamente ligada com o surgimento do movimento sionista, no final do século XIX. Esse período ficou conhecido como a “fase de ouro” dos nacionalismos na Europa e, em relação aos judeus, deu origem a uma ideia que defendia a criação de um Estado que abrigasse a população judia da Europa.

O expoente desse ideal foi Theodor Herzl, jornalista judeu húngaro que, em 1896, publicou um livro chamado O Estado Judeu, no qual se argumentava exatamente a necessidade de se criar um Estado para o povo judeu. Segundo o autor Cláudio Camargo, esse livro de Herzl era uma resposta ao antissemitismo que começava a crescer, sobretudo, na Europa Oriental|1|.

A longo prazo, essa ideia levou à ocupação, em uma escala cada vez maior, da Palestina pelos judeus. A migração de judeus para a Palestina aumentou consideravelmente a partir da década de 1930, em decorrência do forte antissemitismo. Em 1945, dos 1,97 milhão de pessoas que viviam na Palestina, 808 mil eram judeus|2|.

À medida que a população judaica crescia na Palestina, os problemas com os palestinos – habitantes históricos da região – aumentavam consideravelmente. A disputa entre judeus e palestinos foi reforçada pela ação colonial dos ingleses, que realizaram as mesmas promessas territoriais e de criação de um Estado nacional tanto para palestinos quanto para judeus.

Paralelo a esse aumento considerável da quantidade de judeus na Palestina, o nacionalismo árabe entre os palestinos fortaleceu-se, bem como a exigência para a criação de um Estado nacional (promessa feita pelos ingleses). Os ingleses, percebendo a complexidade da situação, entregaram a questão palestina para que a Organização das Nações Unidas (ONU) tomasse as medidas necessárias.

A saída encontrada pela ONU foi decretar a criação de dois Estados distintos: o Estado da Palestina e o Estado de Israel. A criação do Estado de Israel deu-se a partir da resolução 181 da ONU, realizada em novembro de 1947. Essa resolução contou com 33 votos a favor da criação do Estado de Israel (incluindo o voto do Brasil) e 13 votos contra.

Com a decisão da ONU, foi determinado que 53,5% do território da Palestina faria parte do Estado de Israel, enquanto 45,4% faria parte do Estado da Palestina (os palestinos, mesmo tendo maior população, ficaram com parcela menor do território). Jerusalém – reivindicada pelos dois – ficaria sob controle internacional.

Os conflitos

A proposta da ONU de divisão da Palestina entre palestinos e israelenses foi prontamente aceita pela Organização Sionista Mundial, mas foi rejeitada pelos países árabes. A tensão entre os dois lados aumentou ainda mais, o que levou milícias judaicas a atacar comunidades árabes, causando a morte de centenas de pessoas.

Quando o Estado de Israel foi proclamado, a guerra na região começou. A primeira guerra, iniciada em 1948, ficou conhecida como Primeira Guerra Árabe-Israelense e foi resultado da não aceitação, pelos países árabes, da criação do Estado de Israel dentro dos termos estabelecidos pela ONU. Esse foi o primeiro de muitos conflitos entre árabes e israelenses ao longo da segunda metade do século XX.

Essa guerra estendeu-se até janeiro de 1949, quando um acordo de paz foi assinado e colocou fim ao conflito. Israel saiu vitorioso desse confronto e aumentou seu território em aproximadamente 1/3. Uma consequência grave dessa guerra é conhecida entre os palestinos como “nakba”, palavra que, em árabe, significa “tragédia”. A respeito de todo o contexto anterior à Primeira Guerra Árabe-Israelense, veja também este texto.

“Nakba” faz referência à diáspora de cerca de 700 mil palestinos que foram obrigados a fugir da Palestina por conta da violência das tropas israelenses. Esses 700 mil palestinos espalharam-se por diversas partes do mundo, e Israel nunca concedeu o direito para que eles retornassem à Palestina, mesmo com a ONU determinando o direito de retorno desses refugiados.

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Outros conflitos que aconteceram entre Israel e os países árabes ao longo do século XX foram:

  • Guerra de Suez (1956);

  • Guerra dos Seis Dias (1967);

  • Guerra de Yom Kippur (1973).

A Guerra de Suez aconteceu em 1956 e foi resultado de uma ação conjunta de Israel, França e Reino Unido contra o Egito, uma das nações de maior peso no “mundo árabe”. Essa guerra foi resultado da nacionalização, realizada pelo Egito, do Canal de Suez. Nesse período, o Egito era governado por Gamal Abdel Nasser, forte defensor de um ideal nacionalista árabe conhecido como pan-arabismo, movimento político que defendia a unificação de todos os povos do mundo árabe em apenas uma nação.

A nacionalização do canal prejudicava interesses de Israel, França e Reino. Assim, as três nações juntaram esforços, atacaram o Egito e reconquistaram o Canal de Suez. No entanto, a ação conjunta dos três países desagradou profundamente Estados Unidos e União Soviética, que estavam interessados na manutenção da paz e na estabilidade da região. Por isso, ambos pressionaram Israel, Reino Unido e França a abandonarem a Península do Sinai, região onde fica o canal.

Onze anos depois desse conflito, uma nova guerra aconteceu na região: a Guerra dos Seis Dias. Essa guerra foi iniciada como uma resposta do Egito aos ataques que Israel realizou contra aeronaves sírias. Nesse período, a luta dos palestinos contra Israel dava-se de maneira clandestina, por meio de duas organizações: a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e o Al Fatah.

O Al Fatah realizava ataques de guerrilha contra Israel a partir de suas bases estabelecidas na Síria. Esses ataques geraram uma resposta de Israel, que atacou e abateu seis aeronaves sírias que sobrevoavam o espaço aéreo da Síria. O ataque israelense mobilizou as nações árabes, que passaram a pressionar o Egito, potência árabe da região, para que alguma ação contra Israel fosse realizada.

A resposta do Egito veio com a ocupação da zona do Canal de Suez, que estava nas mãos da ONU, e com o embargo marítimo contra as embarcações israelenses no Golfo de Ácaba. A resposta militar israelense foi fulminante, e, ao longo de seis dias (5 a 10 de junho de 1967), Israel conquistou a Cisjordânia, Península do Sinai, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã, que não foram devolvidas para a Síria até hoje.

Por fim, a última guerra travada entre árabes e israelenses foi a Guerra de Yom Kippur, realizada em 1973. Essa guerra foi uma tentativa das nações árabes de recuperar os territórios que haviam perdido durante a Guerra dos Seis Dias. A guerra iniciou-se com um ataque surpresa conduzido pelos egípcios em 14 de outubro de 1973 contra a Península do Sinai. Uma trégua foi assinada no dia 22 de outubro e pôs fim a esse conflito.

O conflito árabe-israelense atualmente

A questão entre árabes-palestinos e israelenses segue bastante complexa. Após todas as guerras travadas no período 1948-1973, aconteceu uma série de momentos importantes que serviram ora para agravar, ora para atenuar as tensões existentes. Dentre esses acontecimentos, podem-se destacar as Intifadas de 1987 e 2000 (protestos violentos organizados pelas populações árabes contra arbitrariedades cometidas por Israel) e os Acordos de Oslo de 1993, que ensaiaram uma paz, mas acabaram fracassando.

Atualmente, observadores internacionais criticam Israel por não permitir o retorno dos refugiados palestinos à Palestina. Além disso, críticas contra Israel são realizadas em decorrência das leis discriminatórias que existem no país contra a população palestina e da ação expansionista de Israel sobre a Cisjordânia, que incentiva a construção de vilas israelenses na região. O símbolo da divisão entre os dois povos é o muro construído por Israel na Cisjordânia.

|1| CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013, p. 427.
|2| Idem, p. 431.

Quais as consequências colhidas pelos palestinos na Primeira Guerra Árabe

A grande consequência dessa guerra foi colhida pelos palestinos: além das perdas territoriais, a guerra forçou mais de 700 mil palestinos a se refugiar fora dos territórios que haviam sido conquistados por Israel. Isso ficou conhecido pelos palestinos como “nakba”, que, do árabe, significa “tragédia”.

Quais foram as consequências da guerra da Palestina?

A guerra fez com que Israel expandisse o seu território, e os 53% do território sob controle israelense passaram para 79%. Os palestinos reconheceram esse conflito como nakba, palavra, em árabe, que significa “tragédia”. Isso porque, além de perderem território, cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas casas.

Quais foram as consequências da guerra entre Israel e Palestina?

A guerra terminou em 1949 e teve como resultado a expulsão de 750 mil palestinos que passaram a viver como refugiados em movimento conhecido como "êxodo de Nakba". Como resultado da expulsão dos palestinos, Israel aumentou o território em 50%.

Quais os impactos causados pela divisão da Palestina entre judeus e árabes realizada em 1947?

Os judeus haviam sido expulsos da Palestina séculos atrás, e a região era então habitada majoritariamente por árabes. Logo, os conflitos entre os árabes que viviam na região e os judeus recém-chegados da Europa se tornaram inevitáveis. Os britânicos tentaram, mas não conseguiram controlar a violência.