Por volta de 1909, durante seu doutoramento na Universidade de Copenhague, Bohr dedicou-se a trabalhos sobre a interpreta��o das propriedades f�sicas dos metais, tendo como base a teoria do �tomo desenvolvida por J.J. Thomson em 1904. Em sua tese Bohr mostrou que a din�mica cl�ssica e a mec�nica estat�stica aplicada ao �tomo de Thomson, concelavam as
contribui��es diamagn�ticas e paramagn�ticas para a susceptibilidade magn�tica, em desacordo com a lei de Curie. Essa lei havia sido demonstrada por Langevin, em 1905, ao assumir a hip�tese ad hoc da exist�ncia de momentos magn�ticos at�micos ou moleculares permanentes. Show
Esses primeiros resultados obtidos por Bohr fizeram-no deslocar-se at� Cambridge, na Inglaterra, a fim de discuti-los com o pr�prio Thomson. Em setembro de 1911 Bohr chegava ao Trinity College com uma bolsa da Funda��o Carlsberg. L�, foi aluno de Thomson, Larmor e James Jeans. Por sugest�o de Thomson, que dirigia o Laborat�rio Cavendish, Bohr realizou experi�ncias sobre os raios positivos. Estes haviam sido observados por Eugen Goldstein, em 1886, como sendo raios que se deslocavam em sentido contr�rio aos raios cat�dicos, e sua natureza el�trica positiva havia sido mostrada por Perrin, em 1895, tendo o pr�prio Thomson dado aquela denomina��o em 1907. A estada de Bohr em Cambridge foi uma decep��o para ele pr�prio, j� que os m�ltiplos afazeres de Thomson n�o lhe permitiam discutir em detalhes com o cientista dinarmaqu�s, as cr�ticas que este fizera ao seu modelo at�mico. Thomson sugeriu a Bohr que enviasse uma vers�o inglesa de sua tese para publica��o nos Transactions of the Cambridge Philosophical Society. Somente alguns meses depois, em maio de 1912, quando Bohr j� se encontrava em Manchester, � que aquela Sociedade devolveu-lhe a tese com a sugest�o de que ela deveria ser reduzida � metade, j� que a publica��o na forma original seria dispendiosa. Como estava trabalhando em outro assunto, Bohr n�o acatou a sugest�o, e sua tese permaneceu in�dita em lingua inglesa. A dificuldade em discutir sua tese com o pessoal de Cambridge deu convic��o a Bohr que os doutos da comunidade cient�fica daquela cidade inglesa n�o estavam dispostos a aceitar que um jovem estrangeiro apontasse seus erros, conforme comentaria mais tarde, seu colaborador e amigo, Le�n Rosenfeld. Assim, depois de encontrar-se com Rutherford em Cambridge, Bohr aceitou seu convite para fazer um curso experimental sobre medidas radioativas ministrado por Geiger no laborat�rio de Rutherford, em Manchester. Em mar�o de 1912 Bohr chega ao laborat�rio, tornando-se colega de pesquisadores que tamb�m viriam a ser famosos; entre os quais destacam-se Charles Galton Darwin (neto do lend�rio Darwin), Moseley e Georg von Hevesy. Esse laborat�rio tornara-se conhecido no mundo cient�fico em virtude das c�lebres experi�ncias realizadas por Rutherford, Geiger e Marsden, sobre o espalhamento de part�culas alfa pela mat�ria, experi�ncias essas realizadas entre 1908 e 1911, e que culminaram com a proposi��o do modelo at�mico de Rutherford. Segundo esse modelo, o �tomo era como um sistema solar em miniatura, com um n�cleo no centro, positivamente carregado, contendo quase toda a massa at�mica, e tendo el�trons leves e negativamente carregados girando em torno desse n�cleo, em �rbitas circulares. Poucas semanas ap�s o curso de Geiger, Bohr foi a Rutherford para comunicar que preferiria trabalhar em quest�es te�ricas, ao inv�s de fazer experi�ncias. Assim, passou a estudar, teoricamente, os resultados das experi�ncias do grupo de Rutherford sobre a passagem de part�culas alfa atrav�s da mat�ria. Inicialmente, analisou a perda de velocidade de part�culas carregadas atrav�s da mat�ria, chegando a obter resultados interessantes que foram publicados na revista Philosophical Magazine, em janeiro de 1913. De acordo com Segr�, esse assunto permaneceu como um de seus favoritos at� o fim de sua vida. Posteriormente, Bohr passou a analisar as dificuldades te�ricas apresentadas pelo modelo at�mico rutherfordiano. Entre tais dificuldades destacavam-se duas: a primeira relacionava-se com a instabilidade dos el�trons orbitais; e a
segunda, com as dimens�es dessas �rbitas. A instabilidade da eletrosfera decorria da eletrodin�mica de Maxwell, pois conforme demonstra��o que Larmor apresentou em 1897, o el�tron acelerado irradia energia. Ora, se os el�trons giram em torno do n�cleo, eles est�o sujeitos a acelera��es centr�petas e, portanto, devem perder energia por irradia��o, fazendo com que suas �rbitas se tornem espiraladas no sentido do n�cleo. As motiva��es para o modelo at�micoParalelamente � busca de um modelo at�mico satisfat�rio, que conseguisse explicar alguns resultados experimentais do final do s�culo passado (p.ex., efeito Zeeman, efeito fotoel�trico, luminesc�ncia), os cientistas do come�o de nosso s�culo estavam tamb�m �s voltas com explica��es para as s�ries espectrais dos elementos qu�micos. Tais s�ries haviam sido observadas pela primeira vez por Wollaston, em 1802, e redescobertas por Fraunhofer, em 1814. Em seu estudo sobre a difra��o, Fraunhofer chegou a calcular o comprimento de onda de algumas linhas espectrais das 574 que ele pr�prio observara no espectro solar. Entre 1884 e 1885, Balmer descobriu uma f�rmula para calcular a posi��o de dezenove das linhas de Fraunhofer, e todas na regi�o do espectro vis�vel do hidrog�nio, hoje denominadas s�rie de Balmer. Segundo Mehra e Rechenberg, um amigo de Balmer, provavelmente Eduard Hagenbach, sabendo que Balmer era interessado em numerologia, indicou-lhe os comprimentos de onda de algumas linhas do espectro do hidrog�nio para que ele descobrisse uma rela��o entre os mesmos. Em 1890, Rydberg expressou a f�rmula de Balmer em termos do n�mero de onda (inverso do comprimento de onda) e observou ainda que as posi��es das raias espectrais de alguns elementos (Na, K, Mg, Ca, Zn) apresentavam em seus c�lculos um fator num�rico constante, hoje conhecido como constante de Rydberg. Analisando os diversos trabalhos sobre espectroscopia (Henri Deslandres, 1887; Heinrich Kayser e Carl Runge, 1890; Arthur Schuster, 1896 e Arno Bergmann, 1907), al�m dos j� citados, Ritz, em 1908, formulou o princ�pio da combina��o, segundo o qual a freq��ncia de uma linha arbitr�ria de qualquer �tomo pode ser representada como a soma alg�brica das freq��ncias de duas outras linhas quaisquer do mesmo espectro. Ainda em 1908, Paschen encontrou as s�ries espectrais do hidrog�nio, desta vez na regi�o do infravermelho, cuja exist�ncia j� havia sido suspeitada por Ritz. A eletrodin�mica de Maxwell que resultava na emiss�o de radia��o em conseq��ncia da acelera��o de el�trons, a teoria de Planck sobre a quantiza��o de energia e o modelo at�mico de Thomson mostravam que devia existir alguma rela��o entre a constante de Planck (h) e as dimens�es at�micas. O primeiro trabalho no sentido de mostrar essa rela��o � devido a Arthur Erich Haas que, em 1910, procurou um significado para h
baseado no modelo de Thomson. Segundo Haas, o el�tron (de massa m e carga e) no modelo thomsoniano move-se em uma �rbita circular dentro de uma esfera de raio a carregada positiva e uniformemente. Por seu lado, essa esfera exerce uma for�a do tipo coulombiana sobre o el�tron. Ao igualar essa for�a coulombiana � for�a centr�peta do el�tron em sua �rbita, e ao formular a hip�tese de que o m�ximo valor da energia do el�tron era igual a hn*, onde
n* � a freq��ncia limite do espectro de Balmer, Haas conseguiu obter uma rela��o entre h, m, e e a. Tal resultado levou Lorentz a levantar, por ocasi�o do 1o Congresso Solvay, em 1911, a seguinte quest�o: "A constante h � determinada pelas dimens�es at�micas, ou estas decorrem daquela?". Enquanto Haas preferia a primeira hip�tese, Sommerfeld era partid�rio da segunda. Como veremos mais adiante, a solu��o dessa pol�mica foi dada
por Bohr. Bohr elabora seu modeloA essa altura, entre junho e julho de 1912, Bohr inicia a elabora��o das suas primeiras id�ias sobre a constitui��o de �tomos e mol�culas, colocando-as num memorandum para discuti-las com Rutherford. Nesse documento ainda n�o havia qualquer men��o expl�cita � constante de Planck, e nem foi considerado o problema das s�ries espectrais do hidrog�nio. No final desse memorandum, Bohr formula a hip�tese de que a estabilidade dos an�is eletr�nicos do modelo at�mico rutherfordiano decorre da proporcionalidade entre a energia cin�tica, E, e a freq��ncia de rota��o, w, dos el�trons naqueles an�is: E = k w. Por essa ocasi�o, ele ainda n�o havia relacionado essa constante k com a constante de Planck, h. Em 27 de julho Bohr volta � Dinamarca para casar-se, e no dia 12 de agosto est� de volta a Manchester para retomar seu projeto de pesquisa, mas permanece na Inglaterra apenas at� setembro, quando volta a Copenhague para ser assistente de Martin Knudsen. Na Dinamarca, Bohr manteve intensa correspond�ncia com Rutherford a respeito de sua teoria at�mica. Em carta remetida a Rutherford, em 31 de dezembro de 1912, Bohr alertava que no trabalho que estava desenvolvendo sobre a constitui��o de �tomos e mol�culas, ele n�o tratava da quest�o do c�lculo das freq��ncias correspondentes �s raias do espectro vis�vel. Bohr achava que devia haver alguma rela��o entre as energias dos el�trons em suas �rbitas at�micas e as correspondentes freq��ncias, conforme sugeria a teoria da radia��o de Planck. Em fevereiro de 1913, Bohr encontrou a chave que o levou � formula��o de sua vitoriosa teoria qu�ntica do �tomo. Em conversa com seu amigo Hans Hansen, um h�bil espectroscopista, Bohr foi questionado sobre como sua teoria explicaria as s�ries espectrais decorrentes da f�rmula de Balmer-Rydberg. At� ent�o Bohr n�o se interessara por esse tipo de quest�o porque julgava os espectros �ticos demasiadamente complexos e dificilmente poderiam ajudar no conhecimento da estrutura dos sistemas at�micos. Ele tentava apenas discutir a constitui��o dos �tomos e das mol�culas no seu estado estacion�rio, isto �, ele pretendia apenas discutir as propriedades gerais dos sistemas em quest�o. Assim, alertado por Hansen, Bohr procurou estudar a f�rmula de Balmer-Rydberg. Logo que a viu tudo lhe pareceu claro, conforme declarou anos mais tarde a seu amigo Rosenfeld. No entanto, para deduzir aquela f�rmula, Bohr teve de estabelecer dois postulados: A partir desses pressupostos, Bohr chegou �s famosas rela��es para as energias estacion�rias, e para as energias da radia��o emitida em conseq��ncia da transi��o entre dois estados estacion�rios: E = nhw/2, E2- E1 = hn, onde h � a constante de Planck, w � a freq��ncia de revolu��o dos el�trons, e n� um n�mero inteiro. Para Mehra e Rechenberg, Bohr foi levado ao fator 1/2 em conseq��ncia da segunda hip�tese qu�ntica de Planck, apresentada em 1911, na Sociedade Alem� de F�sica e no Congresso Solvay. Segundo Planck, a energia m�dia do oscilador harm�nico no zero absoluto � igual a hw/2. � interessante notar que a id�ia contida no segundo postulado j� come�ara a surgir nos trabalhos de Thomson e de Stark. Para Mehra e Rechenberg, provavelmente Bohr encontrou-a em Thomson, cujos trabalhos estudara de maneira cuidadosa. Portanto, para calcular a energia dos el�trons em suas �rbitas estacion�rias, Bohr utilizou a eletrodin�mica e a mec�nica cl�ssicas, atrav�s do teorema: Ao utilizar os postulados e o teorema acima, Bohr foi capaz n�o s� de deduzir a f�rmula de Balmer-Rydberg, n = R[(1/n2)2 - (1/n1)2], como tamb�m de encontrar uma express�o anal�tica para a famosa constante de Rydberg, bastante usada pelos espectroscopistas: R = 2p2me2q2/h3. Na primeira express�o acima, n1 = n2 +1, n2 +2,... e na segunda, m � a massa do el�tron, e e q s�o as cargas, respectivamente, do el�tron e do n�cleo. Aplicando a primeira express�o ao �tomo de hidrog�nio (q=e), Bohr observou que havia um bom acordo entre seu modelo e alguns resultados experimentais conhecidos. Por exemplo, utilizando-se dos valores experimentais de e, de e/m e de h, conhecido desde Planck, Bohr encontrou para R o valor de 3,10x1015 (em unidades C.G.S.), contra o valor de 3,29x1015 usado pelos especialistas em espectroscopia. Mais tarde, Bohr corrigiria seu valor de R para 3,26x1015, ao utilizar um novo valor de h, medido por Warburg, Leitn�user, Hupka e M�ller, em 1913. Al�m do mais, Bohr observou que se na express�o que deduzira para a freq��ncia n se fizesse n2 = 2, a varia��o de n1 reproduziria a s�rie de Balmer, e para n2 = 3, ela reproduziria a s�rie de Paschen. Generalizando esses resultados, ele afirmou: Tais s�ries foram encontradas, respectivamente, por Lyman e Pfund. Bohr n�o se contentou com esse grande �xito de seu modelo, pois era necess�rio ainda explicar as s�ries de Pickering, descobertas no espectro da estrela z -Puppis, e a de Fowler, observada em experi�ncias com tubos de v�cuo contendo uma mistura de hidrog�nio e h�lio. Tais s�ries eram atribu�das ao hidrog�nio, no entanto existia um fato curioso com rela��o � s�rie de Pickering: ela era bastante semelhante � s�rie de Balmer, mas havia uma altern�ncia intrigante. A primeira s�rie de Balmer (Ha) praticamente coincidia com a primeira s�rie de Pickering, mas a segunda de Balmer (Hb) s� correspondia � terceira de Pickering, e assim sucessivamente. Para explicar tal fato, Rydberg reescreveu a f�rmula de Balmer, substituindo n2 e n1 por n2/2 e n1/2, respectivamente. Fazendo n2 = 4, para a obten��o da s�rie de Pickering, observa-se que cada segunda raia dessa s�rie � igual � s�rie de Balmer para o hidrog�nio. Como a s�rie de Pickering foi atribu�da � presen�a de hidrog�no nas estrelas, tentou-se, sem �xito, obt�-la com hidrog�nio terrestre. Somente em 1912 Fowler encontrou-a numa mistura de hidrog�nio e h�lio. No entanto, tal s�rie era ainda atribu�da ao hidrog�nio. Aqui entra novamente a grande intui��o de Bohr, ao perceber que tais s�ries seriam explicadas se fossem atribu�das ao h�lio ionizado, ao inv�s do hidrog�nio. Ele sabia que, segundo a teoria de Rutherford, o h�lio era formado por um n�cleo positivo de carga q = 2e e por dois el�trons orbitais. Assim, levando esse valor de E para o h�lio � f�rmula de Balmer-Rydberg, e considerando apenas um el�tron preso ao n�cleo de h�lio, isto �, considerando o h�lio ionizado, Bohr foi capaz de obter a f�rmula de Rydberg para a s�rie de Pickering. Sua satisfa��o foi ainda maior quando ao fazer nessa mesma f�rmula n2 = 3, obteve duas das s�ries de Fowler. A essa altura � importante salientar que Bohr n�o utilizou a quantiza��o do momento angular do el�tron em sua �rbita para a demonstra��o da f�rmula de Balmer-Rydberg, como sugerem v�rios dos livros did�ticos que tratam desse assunto. Ao contr�rio, ele a obteve com o prop�sito de dar uma interpreta��o mec�nica aos c�lculos que o levaram a seu modelo, cuja vers�o final foi publicada com o t�tulo: "Sobre a constitui��o de �tomos e mol�culas", no volume 26 do Philosophical Magazine. Esse trabalho foi seguido de outros dois, formando a famosa trilogia. A parte II, intitulada: "Sistemas que cont�m um s� n�cleo" e a parte III, intitulada: "Sistemas que cont�m v�rios n�cleos", foram publicadas no mesmo ano, nos volumes de setembro e novembro da mesma revista. Vejamos mais alguns coment�rios sobre essa trilogia. No primeiro artigo, al�m de demonstrar a f�rmula de Balmer-Rydberg-Ritz, Bohr esbo�ou, pela primeira vez, um tipo de argumento denominado pelo pr�prio de "argumento de correspond�ncia", segundo o qual o comportamento qu�ntico dos �tomos se funde com o comportamento cl�ssico, nos limites dos n�meros qu�nticos muito grandes. Esse argumento foi formalmente apresentado por Bohr, em 1920, com o nome de princ�pio da correspond�ncia. No segundo artigo, Bohr desenvolveu a teoria de �tomos de muitos el�trons, especialmente no que se refere � estabilidade dos an�is de el�trons em torno de um �nico n�cleo. Analisando as propriedades qu�micas dos �tomos e suas posi��es na tabela peri�dica dos elementos, Bohr concluiu que a estabilidade daqueles an�is acontecia quando eles continham 2, 4 ou 8 el�trons. O terceiro artigo trata da estrutura e estabilidade das mol�culas, principalmente da mol�cula de hidrog�nio e da mol�cula constitu�da de dois �tomos de h�lio. Bohr finaliza sua trilogia enumerando as principais hip�teses por ele utilizadas:
A recep��o da comunidade cient�ficaA hip�tese de que as s�ries de Pickering e de Fowler eram devidas ao h�lio ionizado foi apresentado por Bohr em uma confer�ncia na qual estava presente o qu�mico dinamarqu�s Niels Bjerrum (um dos primeiros a tentar introduzir h nos modelos moleculares). Este sugeriu a Bohr que essas s�ries deveriam ser reproduzidas em misturas de h�lio com subst�ncias eletronegativas (cloro, oxig�nio, etc.), caso tal hip�tese fosse verdadeira. Como em Copenhague n�o havia condi��es de realizar tais experi�ncias, Bohr escreveu a Rutherford (no dia 6 de mar�o de 1913), relatando-lhe a situa��o. Com a carta, Bohr enviou tamb�m a primeira reda��o do primeiro cap�tulo de sua famosa trilogia sobre a constitui��o dos �tomos e mol�culas. Na carta, Bohr perguntava a Rutherford se era poss�vel realizar as experi�ncias sugeridas por Bjerrum em seu laborat�rio, ou talvez sugerir que o pr�prio Fowler as realizasse, usando para isso o dispositivo que ele, Fowler, utilizara em 1912. Rutherford, que estava muito interessado nos resultados de experi�ncias desse tipo, encarregou Evan Jenkin Evans de tal tarefa. Em artigo que enviou � revista Nature, publicado em 4/9/1913, Evans confirmou a hip�tese de Bohr, qual seja, a de que as raias de Pickering-Fowler eram devidas ao h�lio. Fowler imediatamente replicou tal resultado, publicando na Nature de 25/9/1913 um artigo dizendo n�o ser correta a hip�tese de Bohr, por haver uma pequena diferen�a na constante de Rydberg quando usada para o hidrog�nio (RH) e quando usada para o h�lio (RHe). A resposta de Bohr n�o se fez esperar. Em artigo publicado na Nature de 23/10/1913, ele mostrou que a diferen�a entre RH e RHe aparecia quando se levava em considera��o o movimento do n�cleo do �tomo. Tal movimento exige uma corre��o na constante R, sendo a massa m do el�tron na express�o anal�tica de R deduzida por Bohr, substitu�da por uma massa reduzida, m = Mm/(M+m), onde M � a massa do n�cleo at�mico. Com essa nova f�rmula, Bohr descreveu 10 linhas do h�lio, �s quais Fowler havia atribu�do tr�s "diferentes" s�ries do h�lio, bem como previu tr�s novas linhas, com comprimentos de onda 6560,3 � , 4859,5 � e 4338,9 � . Essas �ltimas linhas foram posteriormente observadas por Fowler (1914), Evans (1915) e Paschen (1916). No dia 14 de outubro Fowler escrevia � Nature rendendo-se aos argumentos de Bohr. As id�ias de Bohr sobre o modelo at�mico n�o s� impressionaram a Fowler, mas tamb�m a Einstein, o qual afirmou que tivera id�ias semelhantes a essas de Bohr, por�m n�o tivera �nimo para desenvolv�-las. A primeira vez que as id�ias de Bohr foram amplamente discutidas foi por ocasi�o da 83a Reuni�o da Associa��o Brit�nica para o Progresso da Ci�ncia, realizada em Birmingham, em setembro de 1913. No dia 12 de setembro, a sess�o na qual se iria discutir a teoria da radia��o foi aberta por James Jeans, que fez uma revis�o dos trabalhos sobre aquela teoria, desde a radia��o do corpo negro at� o recente trabalho do dr. Bohr, que "conseguiu uma explica��o engenhos�ssima, sugestiva e, penso que devemos acrescentar, convincente das leis das riscas espectrais". A prop�sito dessa abertura, registra-se que ao longo de toda a sua vida Bohr foi grato a Jeans por ter sido o primeiro a reconhecer publicamente as suas id�ias. No entanto, apesar das opini�es de Jeans, as id�ias de Bohr n�o foram compartilhadas pelos monstros sagrados da f�sica inglesa. Por exemplo, Lord Rayleigh evitou comprometer-se, proferindo uma observa��o jocosa: "Pessoas de mais de sessenta anos n�o devem proferir ju�zos sobre id�ias novas". J� Thomson, que no dia anterior apresentara um novo modelo at�mico sem a hip�tese qu�ntica, foi bastante incisivo ao afirmar que ele simpesmente n�o acreditava numa teoria qu�ntica do �tomo. Dos estrangeiros, Lorentz foi o �nico a questionar Bohr, perguntando-lhe como era mecanicamente explicado seu modelo at�mico. Este respondeu que sua teoria ainda n�o estava completa, mas que estava convencido de que a teoria qu�ntica era necess�ria ao modelo at�mico. A rea��o de um outro monstro sagrado da f�sica mundial, Sommerfeld, n�o foi diferente da de seus pares ingleses. Ao receber o trabalho que Bohr lhe enviara, escreveu-lhe uma carta na qual declarava seu ceticismo com rela��o aos modelos at�micos em geral, por�m achava interessante o fato de que Bohr encontrara uma rela��o entre a constante de Rydberg-Ritz e a constante de Planck, coisa
ali�s que ele mesmo suspeitara e falara a Debye, alguns anos antes. Nessa mesma carta, indagou se Bohr j� havia aplicado seu modelo no sentido de explicar o efeito Zeeman. A prop�sito, � curioso lembrar que foi o pr�prio Sommerfeld quem, em 1916, aplicou o modelo de Bohr com �rbitas el�pticas para os el�trons, no sentido de explicar o efeito Zeeman no hidrog�nio. Id�ia semelhante a essa foi tamb�m utilizada por Debye, ainda em 1916. A consolida��o do modeloA
consolida��o e aceita��o internacional do modelo de Bohr foi aumentando na medida em que resultados experimentais eram progressivamente relatados por outros cientistas. O primeiro deles � o que deu origem � lei de Moseley: a freq��ncia dos raios-X varia com o quadrado do n�mero at�mico Z do elemento que os emite. Outro trabalho experimental que deu suporte ao modelo de Bohr foi realizado por Franck e Hertz, que descobriram a lei que governa a colis�o de um el�tron com um �tomo e
demonstraram ser verdadeira a hip�tese de Bohr sobre os estados estacion�rios. BIBLIOGRAFIA
O que o modelo de Bohr acrescentou ao modelo de Rutherford?Assim, em 1913, ele propôs alguns postulados que alteraram a visão do modelo atômico de Rutherford. Basicamente ele mostrou que os elétrons movem-se ao redor do núcleo atômico em órbitas circulares que possuem uma energia bem definida e característica, sendo, portanto, um nível de energia ou camada eletrônica.
Quais foram os problemas encontrados no modelo atômico de Rutherford?Falha no Modelo de Rutherford
Apesar dos avanços, o modelo apresentava erro, o qual é apontado através da teoria do eletromagnetismo. As partículas com carga elétrica emitem uma onda eletromagnética quando são aceleradas.
Quais são as principais características do modelo atômico de Rutherford Bohr?O modelo atômico de Rutherford apresenta como principais características um núcleo positivo e uma eletrosfera negativa, todas evidenciadas por um experimento que utilizou radiação e ouro.
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