Quais medidas da Inglaterra foram consideradas Intoleraveis para os colonos da América do Norte?

O fim da chamada Guerra das Duas Rosas no século XV, promoveu a ascensão da Dinastia Tudor ao trono real da Inglaterra, inaugurando o período absolutista neste país.

O modelo econômico inglês da época, seguia a mesma cartilha de outras potências européias: mercantilismo, expansionismo marítimo, colonização de outros continentes e espoliação das riquezas destas colônias.

A Coroa Inglesa embora já estivesse presente em todos os continentes, voltou sua sanha expansionista para o chamado Novo Mundo – a América. Optando, porém por não investir recursos próprios, a Coroa Inglesa concedeu a duas empresas privadas: as companhias de Londres e de Plymouth, o direito de explorar o Novo Mundo, arcando estas com toda a responsabilidade de recrutar colonos e soldados, armar as embarcações e financiar todo o empreendimento.

Diferentemente da História do Brasil que vulgarmente é considerada como iniciada após a “descoberta” de Pedro Álvares Cabral no ano 1500, a historiografia norte americana, construiu um modelo diferente de descrevê-la e sua interpretação sobre o início de sua História considera como o evento fundador de sua nacionalidade a chegada dos primeiros colonos em suas terras.

A maior parte destes primeiros colonos eram membros seguidores da seita religiosa Puritana. Entre estas pessoas, estava o advogado inglês John Winthrop, o líder informal da seita que se tornaria o primeiro governador eleito em terras americanas.

Winthrop, sentindo-se perseguido pela religião oficial dos ingleses imposta pelo rei Carlos I – o anglicanismo, recrutou o grupo que o acompanhou Winthrop, seduzindo-os com a proposta de criarem sua própria sociedade, num lugar supostamente ainda intocado pelos vícios, trazendo consigo a idéia de estarem chegando a uma espécie de Terra Prometida, a ser regida por leis divinas, predestinada a dar certo e a se tornar um exemplo de virtude para o resto do mundo.

Os Estados Unidos ainda levariam 140 anos para nascer, mas neste momento fincavam-se as bases do pensamento que até hoje delineia a política e o espírito norte-americano, notório por se colocar como guardião dos valores morais a serem observados por todo o resto do mundo.

De fato, a propensão ao messianismo nacional até hoje impregnado no país renovou a larga tradição judaica capturada pelo fundamentalismo bíblico dos puritanos imigrantes. O povo americano, do mesmo modo que os israelitas, passou a considerar-se o mediador, o vínculo entre Deus e os homens. Essa aliança bíblica entre Deus e os israelitas foi que inspirou o contrato firmado entre si pelos peregrinos a bordo do Mayflower (barco que os trouxe à América), em 21 de novembro de 1620, para criar um organismo civil, que faria "leis justas e igualitárias".

Os ingleses então desembarcaram na costa do Oceano Atlântico, porém o território americano já era há época ocupado por outras nações européias. A Espanha, desde o século XVI, ocupava-se de explorar as ilhas do Caribe, o México e a costa da atual Flórida, mas a aventura colonial espanhola já dava sinais de enfraquecimento e sem poder sustentar seus interesses imperiais na América se concentraram em administrar e explorar a Nova Espanha, ou México (região que ia, além do México atual, ao Texas e à Califórnia). A maior parte do território era ainda ocupada pelos franceses, na chamada Louisiana, que compreendia desde o atual estado do Mississipi à fronteira com o Canadá.

A consolidação e a prevalência das colônias inglesas, sobre seus vizinhos foi resultado de um longo processo envolvendo negociações diplomáticas, compras de terras e numerosas guerras contra outros colonizadores europeus e os povos nativos do continente.

Como regra, as primeiras vítimas do processo de colonização foram os indígenas nativos, há época cerca de vinte e cinco milhões de almas que buscavam defender o território originalmente a eles pertencente.

Milhões destes nativos foram mortos pela guerra e, sobretudo, pelas doenças transmitidas pelos europeus que chegaram mesmo a utilizarem de expedientes abjetos como infectar propositalmente aos nativos como arma de guerra. Um caso significativo ocorreu em 24 de junho de 1763. Cercado no forte Pitt pelos guerreiros do chefe apache Pontiac, o general inglês Jeffrey Amherst, comandante das forças inglesas na América, ordenou ao capitão Simon Ecuyer que enviasse aos índios cobertores e lençóis como mostra de boa vontade. Tais cobertores haviam sido usados nos leitos da enfermaria do forte, onde muitos soldados se recuperavam vítimas de uma epidemia de varíola, uma doença curável para os ingleses mas mortal para os nativos que pereceram aos milhares, contaminados pela doença.

A espoliação dos bens e a tomada das terras dos nativos, era prática usual para os colonos e mesmo o puritano John Winthrop, já eleito o primeiro governador de Massachusetts, justificou a tomada das terras dos índios, declarando-as como dentro de um “vácuo legal”, já que os nativos não “subjugaram” a terra e, portanto, possuíam apenas “direito natural” sobre ela, mas não o “direito civil”.

Além de lutar contra os nativos, os ingleses trocavam escaramuças com as outras nações européias. Localizados a oeste e ao norte dos assentamentos ingleses, colonos franceses ocupavam regiões importantes e a vizinhança estava longe de ser amistosa.

A animosidade entre os colonos ingleses e franceses na América era também alimentada pela antiga rivalidade existente entre Inglaterra e França, que no século XIV teve seu momento mais dramático na chamada Guerra dos Cem Anos.

Em pleno processo de desenvolvimento capitalista, a burguesia inglesa via a França (onde a monarquia absolutista estava em crise e era assolada pelos ideais do Iluminismo) como um obstáculo a sua expansão comercial, marítima e colonial.

França e Inglaterra, após anos de desentendimentos motivados especialmente por disputas sobre possessões asiáticas, chegaram ao ponto máximo do conflito com a eclosão, entre 1756 e 1763, da chamada Guerra dos Sete Anos.

Neste cenário de guerra, muitas batalhas foram travadas em solo americano, onde o conflito recebeu o nome de Guerra Franco-Indígena, tendo franceses aliados a nativos americanos de um lado e ingleses apoiados pelos colonos americanos de outro.

A guerra terminou com a capitulação da França, assinada no Tratado de Paris em 1763. A vitória da Inglaterra a deixou na posse de ricos territórios no continente americano, já colonizados, sendo reconhecido o seu direito de expandir o seu domínio em direção ao interior do continente. Esta possibilidade criou forte expectativa nos colonos, que prontamente se prepararam para explorar e aproveitar novas terras. Mas para sua surpresa e decepção, o governo de Londres, por recear desencadear novas guerras com as nações indígenas, determinou que nenhuma nova exploração ou colonização de territórios pudesse ser feita sem a assinatura de tratados com os nativos. Foi esta a primeira fonte de conflito entre os colonos e a Coroa inglesa.

Mas logo novos atritos entre Colônia e Motrópole surgiriam. A guerra, apesar de vencida pela Inglaterra, obrigou a Coroa a impor medidas restritivas às Treze Colônias. Procurando restaurar o equilíbrio financeiro, altamente comprometido pelos custos da guerra, a metrópole apertava as malhas do pacto colonial com vários atos restritivos ao comércio colonial.

Em 1750 foi proibida a fundição de ferro nas colônias. Em 1754 proibiram-se a fabricação de tecido. Em 1765 foi aprovado um decreto regulamentando a obrigação de abrigar e sustentar tropas inglesas em solo americano. Foram ainda criadas a Lei do Selo que acrescentou um imposto de selo sobre jornais, documentos legais e oficiais e os Atos de Townshend, que procuravam limitar e mesmo impedir que os americanos continuassem suas relações comerciais com outras regiões que não a Inglaterra.

Em 1773, o Parlamento inglês concedeu o monopólio do comércio do chá a empresa Companhia das Índias Orientais, cujos acionistas possuíam livre trânsito na corte inglesa.

Esta última medida fez com que os colonos abandonassem a postura submissa à Coroa e partissem para o confronto.

Em 16 de Dezembro de 1773, comerciantes norte-americanos que se sentiram prejudicados disfarçaram-se de índios peles-vermelhas, assaltaram os navios da companhia que estavam no porto de Boston e destruíram muitos caixotes de chá pertencentes à Companhia Britânica das Índias Orientais atirando-os às águas do mar.

Este episódio é tido como um evento-chave no desenrolar da Revolução Americana e permanece como um acontecimento-ícone na História dos Estados Unidos, sendo hoje conhecido como a “The Boston Tea Party”, ou a Festa do Chá de Boston.

A Inglaterra reagiu de imediato com um conjunto de leis conhecidas como as "Leis Intoleráveis" (1774), que incluíam o fechamento do porto de Boston; indenização à companhia prejudicada e o julgamento dos envolvidos, na Inglaterra.

As reações dos colonos foram, de início, exaltadas, mas pacíficas: exigiram o direito de eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem discutir e votar as leis que lhes diziam respeito).

Sem sucesso, passaram a promover o boicote às mercadorias inglesas. Esta medida forçou o governo inglês a alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos. O conflito agravou-se com a presença de tropas enviadas pela Coroa para conter os protestos.

Como resposta, em 1774 os representantes das colônias americanas, exceto a Geórgia, organizaram e enviaram delegados à Filadélfia, para um primeiro Congresso Continental.

Nesse Congresso, apesar de se declararem leais à Coroa, os colonos mantiveram o boicote aos produtos ingleses e elaboraram a Declaração de Direitos e Agravos, na qual reivindicavam a revogação das "Leis Intoleráveis" e o direito de representação no Parlamento Inglês além da supressão das limitações ao comércio e à indústria, bem como dos impostos abusivos.

A Coroa Inglesa, no entanto, manteve-se intransigente, não estando disposta a fazer concessões, não aceitando nenhuma das reivindicações além de exigir a total submissão dos colonos que, por sua vez, não se curvaram diante da coroa inglesa.

O extremar das posições levou os indignados colonos à formação de comitês pró-independência, que se dedicavam a propagar o ideal emancipacionista e ao mesmo tempo foram responsáveis pelo armazenamento de armas e munições, julgando que o conflito seria inevitável.

A Inglaterra então resolveu agir, atacando em 1775, as cidades de Lexington e Concord.

Em 1775 as treze colônias de posse dos britânicos (Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, New Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque, Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia) reúnem-se em caráter de emergência, no Segundo Congresso Continental da Filadélfia, já de caráter separatista e ponto de partida da luta armada, iniciado sob a forma de guerra de guerrilhas.

Foi então confiado ao fazendeiro e miliciano George Washington o comando das tropas do recém criado exército colonial, além de dar ao fazendeiro, simpatizante dos ideais Iluministas europeus, Thomas Jefferson a liderança de uma comissão encarregada de redigir uma Declaração de Independência. 

No ano seguinte, a guerra começou e, em 4 de Julho de 1776, representantes das 13 colónias reunidos em Congresso declararam a independência das 13 colônias inglesas do continente americano, simbolizando o momento através da redação da Declaração da Independência, cujo teor trazia o ideal de liberdade e de direito individual e o conceito de soberania popular.

A condução ideológica da guerra da independência das treze colônias traz a marca indelével de seus colonizadores esbravejando serem os promotores da liberdade no mundo; eles mesmos “filhos nobres da liberdade”, defensores do protestantismo, enquanto a Grã-Bretanha, “senhora das nações”, representava o flagelo da opressão e da tirania.

Pela primeira vez na história uma colônia se tornava independente de forma revolucionária, antecipando-se mesmo à Revolução Francesa, criando o primeiro regime democrático do planeta.

A Inglaterra porém, não reconheceu a independência de sua colônia e enviaram tropas para tomar os principais portos e vias fluviais e isolar as colônias.

Liderados por George Washington, os americanos reagiram. Mas não lutaram sozinhos: a França, eterna inimiga dos ingleses, entrou na guerra aliando-se aos americanos em 1778 e a Espanha, no ano seguinte. 

No dia 17 de Outubro de 1777, os norte-americanos venceram a batalha de Saratoga. Os franceses, poloneses, espanhóis e prussianos, países antagonistas da Inglaterra, vieram em auxílio aos rebeldes enviando soldados para ajudar na guerra da independência.

Em 1780, os ingleses foram derrotados na batalha naval de Chesapeake, em 19 de outubro de 1781, o exército inglês, sob o comando de Lord Cornwallis, rendeu-se em Yorktown.

Em 17 de abril de 1783, o capitão britânico, James Colbert, com um grupo de 82 partidários britânicos lançaram um ataque surpresa sobre o Forte Carlos (atualmente Gillett na comarca de Desha), Arkansas, à beira do rio Arkansas. A invasão de Colbert fora a única ação da Guerra Revolucionária americana no estado de Arkansas. Colbert atacou o forte controlado por espanhóis em resposta a decisão da Espanha em tomar lado junto aos americanos durante a Revolução.

Finalmente, no dia 3 de setembro de 1783, em Paris, foi assinado o tratado em que os Estados Unidos, representados por John Adams, Benjamin Franklin e John Jay, tiveram sua independência reconhecida, formalmente, pelo Reino da Grã-Bretanha.

Um duplo paradoxo brotava da luta pela independência colonial. De um lado, os britânicos, que aboliram a escravidão e a combatiam em todos os cantos do mundo, foram taxados de déspotas e escravocratas e os maiores traficantes de escravos do planeta; de outro, no interior da grande rebelião americana, os “mais barulhentos advogados da liberdade eram os mais duros e mais selvagens patrões de escravos”; “caçadores de negros”.

E mesmos refinados e falantes indivíduos americanos defensores da liberdade política não tinham escrúpulos em reduzir uma grande quantidade dos seus semelhantes a condições de escravidão e de privação de direitos.

Adam Smith o autor da obra clássica A riqueza das nações datada de 1776 em relação ao tema diz: “O despotismo acusado na Coroa [britânica] é preferível à liberdade reivindicada pelos proprietários de escravos [americanos] e que beneficia uma restrita classe de fazendeiros e patrões absolutos”.

A idéia do fim da escravidão no agora país independente, foi um fracasso absoluto. E anteriormente à promulgação de sua Constituição, em 1786-1787, uma grande revolta de camponeses pobres e endividados, liderada por Daniel Shays, coronel reformado do Exército Continental, levou George Washington (o primeiro presidente da nova nação) a apelar junto aos constituintes por uma Carta “liberal e enérgica”; queixando-se de “uma visão demasiado benevolente da natureza humana”, defendendo a necessidade de um “claro predomínio dos ricos e dos grandes proprietários de terra”.

A nova nação começou a tomar os contornos atuais quando em 1803, adquiriram dos franceses a Lousiana, por 15 milhões de dólares (ou 257 bilhões de dólares em valores atualizados). Em seguida, em 1819, compraram a Flórida da Espanha por apenas 5 milhões de dólares. O Oregon, na costa do Pacífico, foi cedido pela Inglaterra em 1846 e o Alasca, comprado da Rússia em 1867, custou 7 milhões de dólares.

Restava ainda a conquista das terras indígenas, conhecidas como Oeste Selvagem. Quando os ingleses chegaram, havia mais de 25 milhões de índios na América do Norte e cerca de 2 mil idiomas diferentes. Ao fim das chamadas “guerras indígenas”, restavam apenas 2 milhões destes.

Para o etnólogo americano Ward Churchill, da Universidade do Colorado, esses três séculos de extermínio e, particularmente, o ritmo com que isso ocorreu no século 19 caracterizaram-se “como um enorme genocídio, o mais prolongado que a humanidade registra até hoje”.

Quais medidas da Inglaterra foram consideradas intoleráveis para os colonos da América do Norte?

Essas medidas buscavam inibir o contrabando do açúcar que não fosse proveniente das Antilhas Britânicas. A lei do Selo (1765): a Inglaterra ordenou que todo documento oficial, jornais, livros, certidões, que circulassem na Colônia, fossem selados. Essa selagem implicava no pagamento de taxas à metrópole.

Quais foram as leis impostas pela Inglaterra aos colonos americanos?

Lei da Moeda (1764): proibia a emissão de papel-moeda na colônia. Lei da Hospedagem (1764): obrigava os colonos a abrigarem e alimentarem soldados ingleses. Lei do Selo (1765): decretava que todo documento impresso na colônia deveria conter um selo britânico para oficializá-lo.

Que medidas foram tomadas nas Leis Intoleráveis?

LEIS INTOLERÁVEIS (MEDIDAS PUNITIVAS) - 1774: * Fechamento do Porto de Boston até o pagamento da carga; * Nomeação de um Governador inglês e militar para a colônia de Massachussets; * Lei de Quebec (1774): Proibia o avanço das treze colônias para o Canadá (Reconhecimento da nacionalidade francesa).

Quais foram as Leis Intoleráveis e o porquê da Inglaterra usá las?

Entre as leis proibitivas (ou intoleráveis) impostas pelo reino inglês às colônias americanas, estava a lei da moeda, cujo objetivo era: a) valorização da moeda local dos colonos. b) igualar o valor das duas moedas, a da colônia e da coroa. c) criar uma moeda nova que unificasse a economia da colônia e da metrópole.