Quais os cuidados a serem observados em um paciente de prostatectomia radical?

Introdução

A satisfação do paciente é definida como o grau de convergência entre as expectativas e a percepção sobre o cuidado recebido, ou seja, é uma avaliação que resulta do processo comparativo entre o cuidado que o paciente vivenciou e o que ele esperava receber(1-2). É considerada um importante indicador de qualidade das instituições de saúde, e a equipe de enfermagem precisa cada vez mais ter conhecimento dos fatores que impactam na percepção do paciente sobre o cuidado ofertado(3-4).

Para pacientes que necessitam de alguma intervenção cirúrgica, o período pós-operatório compreende um momento específico de orientações do paciente e seus familiares sobre os cuidados que serão desenvolvidos na unidade de internação e em casa, a fim de prepará-los para a alta hospitalar e para a prevenção de complicações pós-operatórias(5).

Quando se fala de prostatectomia radical, torna-se ainda mais relevante a atuação da equipe de enfermagem, pois são muitas as expectativas e as dúvidas do paciente quanto à sua recuperação(5-6). O câncer de próstata é uma das neoplasias malignas mais diagnosticadas em homens de todo o mundo. Sua incidência aumenta com a idade e atinge cerca de 50,0% dos homens com 80 anos(7-8).

Atualmente, podem ser descritos três tipos de abordagens cirúrgicas: prostatectomia radical retropúbica por via aberta, a laparoscópica e a robótica; sendo a prostatectomia radical aberta considerada o padrão de referência para o tratamento do câncer de próstata localizado, com técnica de abordagem cirúrgica que evoluiu com o decorrer do tempo, com diminuição da incisão cirúrgica e dos riscos de sangramento no intra-operatório; com maior possibilidade de preservação da continência urinária e da função erétil, além de ter menor custo dos que os outros tipos de técnicas, e ser reproduzível e acessível para hospitais públicos e privados(8).

A assistência de enfermagem ao paciente prostatectomizado envolve um conjunto de cuidados específicos durante o pós-operatório, que visam o preparo efetivo do paciente para alta hospitalar. Algumas dessas ações implicam no envolvimento do próprio paciente e família no cuidado, como por exemplo nos cuidados com o cateter vesical de demora, com a bolsa de drenagem da urina e com o curativo da incisão cirúrgica(5-6).

Pesquisas demonstram que pacientes mais satisfeitos e com vivência positiva do cuidado, participam de forma mais efetiva no autocuidado e tem melhor adesão às instruções e informações recebidas no período de internação, além de gerar uma avaliação mais positiva da instituição(1,3-4), e atualmente há uma lacuna na literatura brasileira com propósito de avaliar a satisfação de paciente urológicos.

Diante desse contexto, torna-se relevante identificar se esses pacientes estão satisfeitos com o cuidado de enfermagem, e quais são os aspectos mais importantes que influenciam na satisfação e na experiência que os pacientes urológicos vivenciam com a assistência de enfermagem no ambiente hospitalar. O objetivo deste estudo foi avaliar a satisfação do paciente e suas experiências vivenciadas com o cuidado de enfermagem no pós-operatório de prostatectomia radical aberta.

Métodos

Estudo descritivo, exploratório e transversal, realizado no período de fevereiro a agosto de 2015 em um hospital privado de grande porte na cidade de São Paulo, cuja estrutura compreende 469 leitos, e que desenvolve além de assistência a pacientes com média e grande complexidade, atividades de ensino e pesquisa.

A população foi constituída por pacientes internados na unidade urológica do hospital de estudo e submetidos à prostatectomia radical. Foi utilizada uma amostra não-probabilística por conveniência, e obteve-se um total de 60 participantes. Como critério de inclusão foram considerados os pacientes submetidos à prostatectomia radical aberta, e foram excluídos do estudo pacientes no pós-operatório que estiveram internados fora da unidade de internação urológica (como em unidade de cuidados intensivos), ou em qualquer condição que impedisse de assinar o termo de consentimento e de responder às questões dos instrumentos de coleta de dados.

Para coleta de dados foram aplicados dois instrumentos: a ficha de caracterização pessoal (idade e estado civil) e clínica dos sujeitos (tempo de internação, comorbidades, internações prévias, nível de antígeno prostático); e a versão brasileira do instrumento Newcastle Satisfaction with NursingScales (B-NSNS). O B-NSNS é um instrumento traduzido e adaptado para a cultura brasileira, que além de avaliar o nível de satisfação do paciente com os cuidados de enfermagem, mensura as experiências vividas com relação à assistência prestada durante o período que ele permaneceu internado(4,9).

O instrumento possui duas escalas de avaliação: Experiências do paciente com os cuidados de enfermagem, com oito itens na versão brasileira. A escala de medida é do tipo Likert, que varia de um a sete, cujas alternativas variam de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”. A outra escala é a de Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem, com dezoito itens, com escala de medida do tipo Likert que varia de um a cinco, e com alternativas de resposta que variam de “nada satisfeito” à “totalmente satisfeito”(4). A confiabilidade da versão brasileira do instrumento, expressa pelo coeficiente alfa de Cronbach resultou em valores satisfatórios: 0,85 para escala de Experiências com o cuidado de enfermagem e 0,97 para Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem(4,9).

Os participantes do estudo foram abordados na unidade de internação urológica, por uma das pesquisadoras, em um momento que não fosse prejudicado o desenvolvimento da assistência de enfermagem e a rotina hospitalar. As abordagens dos pacientes aconteceram a partir do terceiro dia de pós-operatório, por dois motivos: o autor do instrumento original recomenda que as entrevistas ocorram com pacientes com 24 horas ou mais de internação(4); e pelo fato de que o paciente submetido a prostatectomia radical aberta tem tempo médio de internação de quatro dias na instituição de estudo. Os pacientes que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, e uma delas foi entregue ao participante.

Os dados obtidos a partir da aplicação dos instrumentos foram digitados em uma planilhado programa Excel®, e a analisados através do programa Stata® (versão 11.2). Após a checagem de consistência dos dados foi realizada a análise descritiva, com uso de frequências absolutas e porcentagens para as variáveis categóricas. Para as variáveis quantitativas foram usadas medidas de tendência central (média ou mediana), de dispersão (desvio padrão) e de posição, utilizando o percentil 25,0% (Q1) e percentil 75,0% (Q3).

Para o cálculo da pontuação de ambas da versão brasileira do Newcastle Satisfaction with Nursing Scales, foram seguidas as orientações propostas para a versão original do instrumento. Um item teve sua pontuação recodificada de modo invertido para o cálculo da pontuação total(4,10). Ao final, a pontuação das duas escalas pode variar de zero a 100, em que quanto maior a pontuação obtida, mais experiências positivas foram vivenciadas pelos pacientes e maior o nível de satisfação com o cuidado de enfermagem(4,10).

Foram avaliadas a correlação entre as pontuações obtidas nas duas escalas e entre a pontuação obtida em cada escala e a idade dos pacientes com uso do coeficiente de correlação de Spearman. As pontuações obtidas em cada escala foram comparadas quanto às características dos pacientes (estado civil, escolaridade, hospitalização anterior no mesmo hospital, hospitalização anterior em outros hospitais e presença de comorbidade) por meio do teste de Mann-Whitney. Admitiu-se nível de significância estatística p<0,05.

O projeto de pesquisa foi previamente submetido à avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de estudo, e aprovado sob o parecer nº 943.772. O estudo atendeu as normas éticas nacionais e internacionais que regulamentam o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos.

Resultados

A idade dos pacientes variou de 42 a 79 anos (média = 62,1 anos; desvio padrão = 7,7 anos). Trinta e oito (63,3%) pacientes tinham 60 anos ou mais de idade, 54 (90,0%) eram casados e 44 (73,3%) concluíram o ensino superior. Cinco (8,3%) pacientes já haviam sido hospitalizados anteriormente no hospital (quatro deles para tratamento cirúrgico e um para tratamento clínico) e 41 (68,3%) tinham história de hospitalização prévia em outros hospitais.

Quanto à presença de comorbidade, 42 (70,0%) pacientes apresentavam ao menos uma. As comorbidades mais frequentemente identificadas nos pacientes foram: hipertensão arterial sistêmica 27 (45,0%), dislipidemia 21 (35,0%) e diabetes mellitus 11 (18,3%).

Os pacientes relataram alta frequência de concordância total com os itens da escala de Experiências do paciente com os cuidados de enfermagem. O primeiro item A equipe de enfermagem dava informações exatamente quando eu precisava, apresentou concordância total de 90,0% dos participantes, seguido pelo item quatro: A equipe de enfermagem verificava regularmente para ter certeza se eu estava bem, com 86,7% de concordância. Os itens dois e cinco da escala: A equipe de enfermagem, por mais ocupada que estivesse, sempre tinha tempo para mim, e A equipe de enfermagem explicava o que estava acontecendo comigo, respectivamente, apresentaram concordância total de 80,0% dos participantes. A pontuação total obtida nesta escala variou de 69,6 a 100 (mediana = 94,6; p25% = 92,0; p75% = 94,6). Três (5,0%) pacientes tiveram pontuação abaixo de 80.

Em seis dos 18 itens que compõem a escala de Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem, 45 (75,0%) dos pacientes responderam estar totalmente satisfeitos e em nenhum item foi observada a resposta “nada satisfeito” (Tabela 1). A pontuação total obtida nesta escala variou de 60 a 100 (mediana = 97,8; Q1 = 86,1; Q3= 100,0).

Tabela 1

Respostas aos itens da escala Satisfação com os cuidados de enfermagem dos pacientes submetidos à prostatectomia radical aberta

Satisfação com os cuidados de enfermagemPouco satisfeitoSatisfeitoMuito satisfeitoTotalmente satisfeito
n (%)n (%)n (%)n (%)
O quanto à equipe de enfermagem era capaz no seu trabalho - 9 (15,0) 11 (18,3) 40 (66,7)
A presença de alguém da equipe de enfermagem sempre que você precisasse - 6 (10,0) 10 (16,7) 44 (73,3)
O quanto à equipe de enfermagem sabia sobre o cuidado que eu precisava - 7 (11,7) 11(18,3) 42 (70,0)
A rapidez com que a equipe de enfermagem vinha quando você chamava 1 (1,7) 11 (18,3) 10 (16,7) 38 (63,3)
O modo como a equipe de enfermagem fazia para que você se sentisse à vontade - 5 (8,3) 13 (21,7) 42 (70,0)
A quantidade de informação que a equipe de enfermagem dava para você sobre sua condição e tratamento - 8 (13,3) 11 (18,3) 41 (68,3)
A frequência com que a equipe de enfermagem verificava se você estava bem - 7 (11,7) 10 (16,7) 43 (71,7)
A disposição da equipe de enfermagem em ajudar - 7 (11,7) 8 (13,3) 45 (75,0)
O modo como a equipe de enfermagem explicava as coisas para você - 6 (10,0) 10 (16,7) 44 (73,3)
A ajuda da equipe de enfermagem para tranquilizar seus parentes e amigos 1 (1,7) 10 (16,7) 10 (16,7) 39 (65,0)
A maneira como a equipe de enfermagem realizava o seu trabalho - 10 (16,7) 9 (15,0) 41 (68,3)
As informaçães que a equipe de enfermagem dava para você sobre sua condição e tratamento - 10 (16,7) 8 (13,3) 42 (70,0)
A atenção que a equipe de enfermagem dava a você como pessoa - 7 (11,7) 8 (13,3) 45 (75,0)
O modo como a equipe de enfermagem ouvia suas preocupaçães e ansiedades - 10 (16,7) 10 (16,7) 40 (66,7)
A quantidade de liberdade que lhe era dada na unidade - 6 (10,0) 9 (15,0) 45 (75,0)
A disposição da equipe de enfermagem para atender os seus pedidos 1 (1,7) 8 (13,3) 6 (10,0) 45 (75,0)
A quantidade de privacidade que a equipe de enfermagem dava a você - 6 (10,0) 9 (15,0) 45 (75,0)
A consciência da equipe de enfermagem de suas necessidades 1 (1,7) 1 (1,7) 7 (11,7) 45 (75,0)

Não foram observadas correlações significativas entre a idade dos pacientes e a pontuação total obtida na escala de Experiências do paciente com os cuidados de enfermagem (ρ=-0,15; p=0,246) e entre a idade e a pontuação total obtida na escala Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem (ρ=-0,13; p=0,313).

As pontuações de ambas as escalas da versão brasileira do Newcastle Satisfaction with Nursing Scales não apresentaram distribuição normal (teste de Shapiro-Wilk: p<0,001). Na análise de correlação das pontuações obtidas nas duas escalas, através do coeficiente de Spearman, obteve-se correlação positiva moderada significativa (ρ=0,47; p<0,001).

Não foram observadas diferenças significativas na pontuação total obtida na escala de Experiências do paciente com os cuidados de enfermagem segundo estado civil, escolaridade, hospitalizações prévias e presença de comorbidade (Tabela 2).

Tabela 2

Pontuação na escala de Experiências do paciente com os cuidados de enfermagem, segundo características dos pacientes submetidos à prostatectomia radical aberta

VariáveisExperiências do paciente com os cuidados de enfermagem
nQ11MedianaQ32p*
Estado civil 0,147
Casado 54 92,9 94,6 94,6
Separado/viúvo 6 85,7 92,9 94,6
Escolaridade 0,944
Até ensino médio completo 11 92,9 94,6 94,6
Ensino superior ou maior escolaridade 49 91,1 94,6 94,6
Internação prévia no hospital de estudo 0,465
Não 55 92,9 94,6 94,6
Sim 5 87,5 98,2 100
Internação prévia em outros hospitais 0,973
Não 19 87,5 94,6 98,2
Sim 41 92,9 94,6 94,6
Comorbidades 0,728
Não 18 92,9 94,6 94,6
Sim 42 91,1 94,6 94,6

1 Q1: percentil 25%;2 Q3: percentil 75%;* Teste de Mann-Whitney

Pacientes com histórico de internação anterior no hospital onde foi realizado o estudo apresentaram menor pontuação na escala de Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem do que os pacientes que nunca haviam sido hospitalizados na mesma instituição, embora essa diferença não tenha apresentado significância estatística.

Em contrapartida, os pacientes com internação prévia em outros hospitais apresentaram pontuação mais elevada do que aqueles que não tiveram a experiência de hospitalização (p=0,03; p<0,05) (Tabela 3). Não foram observadas outras diferenças estatisticamente significativas na pontuação desta escala segundo as demais características dos pacientes.

Tabela 3

Pontuação na escala de Satisfação do paciente com o cuidado de enfermagem, segundo características dos pacientes submetidos à prostatectomia radical aberta

VariáveisSatisfação do paciente com o cuidado de enfermagem
nQ11MedianaQ32p*
Estado civil 0,575
Casado 54 86,7 97,8 100,0
Separado/viúvo 6 82,2 93,9 100,0
Escolaridade 0,540
Até ensino médio completo 11 78,9 94,4 100,0
Cursou o ensino superior 49 87,8 97,8 100,0
Internação prévia no hospital de estudo 0,064
Não 55 87,8 97,8 100,0
Sim 5 74,4 75,6 91,1
Internação prévia em outros hospitais 0,030**
Não 19 74,4 94,4 100,0
Sim 41 94,4 98,9 100,0
Comorbidades 0,329
Não 18 91,1 97,2 98,9
Sim 42 85,5 98,9 100,0

1 Q1: percentil 25%;2 Q3: percentil 75%;* Teste de Mann-Whitney;** p<0,05

Discussão

Destaca-se como limitações do estudo o desenho transversal e a não abordagem de pacientes submetidos a outras técnicas de prostatectomia radical. Porém evidenciou-se fatores que impactam na satisfação e na experiência do paciente com os cuidados recebidos durante o tempo de hospitalização, possibilitando que os profissionais de enfermagem possam identificar tais aspectos em sua prática assistencial e desenvolver estratégias e competências voltados para o cuidado centrado no paciente.

A variável idade é relevante neste estudo, pois corrobora com o que a literatura apresenta em relação à faixa de idade (50-69 anos) em que acontece o diagnóstico de câncer de próstata entre os homens da população brasileira. Além disso, a maioria dos pacientes relatou ter alguma comorbidade, e as doenças preexistentes mais prevalentes nos participantes foram a hipertensão arterial sistêmica, a dislipidemia e o diabetes mellitus. Este é um dado importante, pois de acordo com um estudo epidemiológico nacional sobre pacientes com diagnóstico de câncer, a presença de comorbidade é fator dependente no acesso ao serviço de saúde e procedimentos diagnósticos, ou seja, pacientes que já tem acompanhamento médico devido a alguma condição clínica, podem ter a possibilidade do diagnóstico de câncer de próstata mais precoce(10).

Em relação às respostas obtidas na escala de Experiências com os cuidados de enfermagem, todos os participantes concordaram com o item “A equipe de enfermagem dava informações exatamente quando eu precisava”. Essa questão reforça o papel importante da equipe de enfermagem: educação do paciente e família.

Para o paciente cirúrgico, informá-lo e orientá-lo quanto aos procedimentos de preparo para cirurgia, avaliar as condições de evolução desse paciente no pós-operatório, esclarecer dúvidas e prestar assistência individualizada pode contribuir para diminuição da ansiedade do paciente, e para o fortalecimento de vínculos entre equipe de enfermagem e paciente(6). Estudos que investigaram a relação entre a expectativa do paciente e o cuidado de enfermagem, demonstraram que a maioria dos pacientes que avaliaram a assistência de enfermagem como ruim, relataram como principal causa de insatisfação a falha na comunicação e falta de informação adequada sobre as condições de saúde, doença e tratamento(4,11-12).

O item “A equipe de enfermagem verificava regularmente para ter certeza se eu estava bem” foi o segundo de maior concordância nesta escala; o que reforça a importância de uma das atividades fundamentais da equipe de enfermagem, que é a de vigilância do paciente. O monitoramento do paciente durante o período pós-operatório pode proporcionar a sensação de estar sendo bem cuidado. Dessa forma, constata-se que a vigilância permite identificar fatores que podem levar alteração do estado de saúde do paciente complicações no pós-operatório(12-13).

No geral as experiências vivenciadas pelos pacientes no pós-operatório de prostatectomia radical foram positivas e o grau de satisfação foi alto. Em comparação com outros estudos internacionais e com o estudo brasileiro que deu origem a versão brasileira do Newcastle Satisfaction with Nursing Scales(9), a pontuação obtida nas duas escalas do instrumento foram semelhantes(1,11,14).

Pacientes que tiveram internação prévia em outros hospitais apresentaram maior nível de satisfação com o cuidado de enfermagem, do que aqueles que não haviam sido hospitalizados anteriormente. O fato da maioria dos participantes terem hospitalização prévia em outra instituição de saúde, favoreceu o processo comparativo entre os atendimentos nas instituições que tiveram contato.

Os itens em que a maioria dos pacientes esteve completamente satisfeitos, foram àqueles relacionados à disposição e atenção da equipe de enfermagem, ao papel educacional, comunicação, ao tratamento individual do paciente, reconhecimento e atendimento das suas necessidades, e respeito à privacidade e liberdade durante a hospitalização(9). Estudos internacionais conduzidos com pacientes de várias culturas acerca das expectativas em relação ao cuidado de enfermagem durante o período de hospitalização, apontaram que os aspectos mais citados e que interferem negativamente na percepção da qualidade do cuidado de enfermagem são pouca habilidade de comunicação efetiva, pouco respeito a privacidade e liberdade, descontinuidade do cuidado, atitude indiferente e falta de empatia(12,15-16).

De acordo com a análise de correlação entre as duas escalas da versão brasileira do Newcastle Satisfaction with Nursing Scales, a correlação positiva de moderada magnitude comprova os resultados encontrados neste e em outros estudos que utilizaram o mesmo instrumento: quanto mais experiências positivas o paciente vivencia com o cuidado de enfermagem durante o período de hospitalização, maior será sua satisfação(9,11,14).

Atualmente, o tema experiência do paciente tem sido foco de pesquisas e de líderes na saúde, pela sua forte relação entre a experiência geral do paciente, e melhores resultados para o paciente e instituição. Entre os fatores que mais impactam na experiência do paciente estão: tempo junto ao médico, habilidades interpessoais do profissional de saúde, fornecimento de informação e explicação clara, aspectos culturais do cuidado e gerenciamento da dor(17).

Portanto, investir no cuidado individualizado e holístico, melhorar a comunicação efetiva entre equipe, paciente e familiares; disposição no esclarecimento de dúvidas em relação ao tratamento e doença; no atendimento das expectativas e estar atento e empático às necessidades de cada paciente, além de assegurar o preparo adequado para alta hospitalar, é um fator de impacto positivo e diferencial na experiência e satisfação do paciente com o cuidado.

Conclusão

Os pacientes submetidos à prostatectomia radical aberta vivenciaram experiências positivas com o cuidado de enfermagem durante o período de hospitalização e demonstraram alto nível de satisfação com os cuidados recebidos, principalmente pelas características de respeito à privacidade e liberdade, comunicação e papel educacional da equipe de enfermagem.

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Autor notes

Colaborações

Marcelino CF contribuiu na concepção, projeto, análise e interpretação dos dados, redação do artigo, revisão crítica relevante do conteúdo intelectual e aprovação final da versão a ser publicada. Saito KAM, Cunha ALSM e Santos AE contribuíram com a revisão crítica relevante do conteúdo intelectual e aprovação final da versão a ser publicada.

Autor correspondente: Carla Fernanda Marcelino, Rua Herculano de Freitas, 131, Bela Vista. CEP: 01308-020. São Paulo, SP, Brasil. E-mail:

Quais os cuidados com paciente que realizou a cirurgia de prostatectomia radical?

Caminhadas leves diárias são aconselhadas. Subir escadas lentamente, se necessário. Evitar dirigir automóveis por pelo menos 2 semanas; Nenhum trabalho pesado (mais de 10 Kg) ou exercício (corrida, natação, bicicleta) poderá ser feito durante quatro semanas após a cirurgia, até que sejam liberados pelo médico.

Quais os cuidados de enfermagem na prostatectomia?

O tratamento do pós-operatório da enfermagem consiste em manter a drenagem urinária, promover cuidados com a ferida e evitar a infecção, aliviar a dor estimulando a deambulação precoce, monitorar e evitar as complicações.

Quais os cuidados específicos no Pré

Procedimentos e cuidados no pré-operatório da prostatectomia radical: Você deve levar na sua internação todos os exames realizados, pois também serão vistos pelo anestesista. As imagens dos exames de ultrassom, tomografia e ressonância devem ser levadas, entre outros exames.

O que fazer depois da cirurgia de próstata?

O pós-operatório é muito mais suave do que no passado, sendo que a internação é normalmente de 2 a 4 dias. No entanto, há alguns riscos possíveis do tratamento. Entre eles, os mais temidos são a impotência sexual e incontinência urinária. O retorno da continência urinária está associado com a idade do paciente.