Qual a diferença de Astronomia e Astrologia ambas podem ser consideradas ciências?

05 de Dezembro de 2016

A luz das ideias do senso comum at� a ci�ncia

N�o existe cultura popular e cultura erudita, da mesma forma que n�o existe arte popular e arte “de elite”. O que existe s�o boas e m�s realiza��es culturais e art�sticas. A inten��o de qualificar qualquer uma delas, com discut�veis crit�rios de qualidade, parte geralmente de uma posi��o de inseguran�a e arrog�ncia (essas irm�s g�meas); n�o se ver� jamais um escritor, dramaturgo, ator, m�sico, compositor, pintor, escultor, cineasta, brogueiro, com razo�vel sucesso em seus termos (isso � importante, h� os que mais valorizam a pec�nia, outros o reconhecimento, os melhores a constata��o de que bem fizeram sua obra) tentando impor uma nobiliarquia ao seu mister. Entre Mestre Vitalino e Brecheret h� diferen�as palp�veis de t�cnica, repert�rio, prop�sito, mas uma imensa identidade no que mais importa, o poder de criar beleza, ou feiura, que emocione e instigue o espectador.

Dentre os paralelos que se estabelecem com frequ�ncia entre diversas “grada��es” de import�ncia cultural ou cient�fica podemos destacar o ainda atual embate entre os conceitos de astronomia e astrologia. Hor�scopos est�o presentes em jornais, blogs, revistas e programas de TV, s�o colunas consideradas essenciais por parte dos leitores, embora desprezadas por alguns. J� a astronomia ocupa espa�o destacado entre as disciplinas universit�rias, reconhecida e capaz de nos levar aos confins do universo, em naves espaciais ou em mapas estelares.

Ambas se originam de uma �nica fonte, desenvolvida como uma tentativa de compreender o tempo e o espa�o, e como n�s, seres humanos, nos inserimos dentro deles. Em busca das respostas �s eternas indaga��es sobre nossas origens e destina��o, temos tentado nos projetar al�m das explica��es sens�veis ou mesmo t�cnicas, exercitando nossa imagina��o e revelando nossos sentimentos mais �ntimos de medo ou de esperan�a

Desde eras imemoriais olhamos o c�u, esperando algum aviso divino ou entendimento de nosso futuro, e basta considerar o quanto enchentes, terremotos, inc�ndios e outras cat�strofes naturais nos atingem ainda hoje, apesar de todo conhecimento de t�cnicas de preven��o e redu��o de danos que desenvolvemos, para saber qu�o urgente poderia ser esta arte divinat�ria.

Assim, passamos a projetar na ab�boda celeste as inseguran�as, tempestades, calmarias, capacidade de aceita��o de nosso destino, �timas novas, imensas trag�dias; e os conceitos de astrologia e astronomia estavam interligados, de certa forma considerados sin�nimos, embora astronomia seja ci�ncia do estudo dos movimento dos astros, enquanto astrologia pretendia determinar a influ�ncia destes no temperamento, car�ter, destino ou a��es dos seres humanos.

Psicologia e f�sica, duas �reas distintas porem com alguns t�picos comuns devem muito de seus desenvolvimento aos primeiros pesquisadores da astrologia, que, com seus registros mais antigos datando de cerca de milhares de anos, foi definitivamente separada da astronomia somente no s�culo XVIII, e foi auxiliar importante at� no desenvolvimento da arquitetura, seus preceitos influenciaram algumas grandiosas constru��es do mundo antigo.

Alguns astr�logos modernos pretendem classificar astrologia como uma ci�ncia social, como uma linguagem simb�lica ou at� mesmo como forma de arte, no entanto nenhum experimento atendendo �s normas cient�ficas demonstrou a sua efici�ncia para descrever personalidades ou elaborar previs�es certeiras para o futuro, al�m daquelas que podem ocorrer em qualquer evento aleat�rio, num mundo em que tudo parece ter id�ntica probabilidade de ocorrer, embora alguns comportamentos possam, evidentemente, predispor mais ou menos a determinadas consequ�ncias. No entanto, negar sua import�ncia hist�rica ser� negar exatamente o percurso que leva do conhecimento emp�rico at� a ci�ncia, do simples medo ao conhecimento.

Astrologia: das palavras gregas astron e logos, a pseudociência se baseia nas posições relativas dos corpos celestes para determinar informações sobre a personalidade dos indivíduos e as relações humanas. Astronomia: ciência que estuda corpos celestes e fenômenos que se originam fora da Terra, é uma das ciências mais antigas da humanidade. Ambas têm um passado em comum e, se a astrologia não existisse, a astronomia também não existiria.

Enquanto a astronomia busca entender a física do universo, a astrologia usa cálculos astronômicos com as posições dos corpos celestes em suas órbitas para correlacionar eventos cósmicos com eventos da humanidade. Na astronomia, é usado o método científico para investigar e explicar fenômenos do universo, enquanto a astrologia se baseia em misticismos e simbolismos para explicar coisas como personalidade das pessoas e suas tendências de comportamento. Ainda, a astrologia parte de um ponto de vista geocêntrico, em que a Terra está no centro de tudo o que acontece ao seu redor — coisa que a ciência da astronomia derrubou há muito tempo, com o universo sendo dinâmico e se expandindo de acordo com a teoria do Big Bang.

Então não, não estamos falando que a astrologia é válida — afinal, trata-se de uma pseudociência e não há qualquer comprovação de que suas análises e previsões tenham bases concretas. Contudo, é interessante observar que, justamente graças às antigas crendices de que as posições dos astros determinavam acontecimentos na Terra, a ciência da astronomia pôde emergir.

Durante muito tempo na história da humanidade, o financiamento da astrologia acabou apoiando as primeiras pesquisas astronômicas, ainda que, na época, o objetivo tenha sido aprimorar as previsões astrológicas. Reis e governantes poderosos costumavam empregar astrólogos na corte para ajudá-los a tomar decisões em seus reinos, o que acabou impulsionando o estudo da astronomia como consequência. Afinal, acreditava-se que entender a dinâmica dos astros significaria previsões astrológicas ainda mais acertadas e, portanto, mais poder para os reis. E essa união entre astrologia e astronomia durou por milhares de anos, quando ambas as áreas ainda eram duas faces da mesma moeda.

A ruptura entre a astrologia e a astronomia

(Imagem: PIRO4D/Pixabay)

Na Grécia Antiga, pensadores pré-socráticos como Anaximandro, Xenófanes, Anaximenes e Heráclides chegaram a especular sobre a natureza das estrelas e dos planetas até então conhecidos. Na época de Platão, foi criado o modelo cosmológico geocêntrico (que seria posteriormente aceito por Aristóteles), que durou até a época de Ptolomeu, que adicionou informações ao modelo para explicar coisas como o movimento retrógrado de Marte no céu.

Antes disso, os babilônios já estudavam as estrelas com o objetivo de prever a influência que os astros supostamente tinham sobre os acontecimentos na Terra. Tal estudo foi feito com tanta maestria que eles conseguiam seguir, com precisão, os caminhos dos planetas no céu com o passar dos dias e prever futuros eclipses da lua. E o impulsionador para esses estudos não era o conhecimento científico, mas sim a ânsia por previsões astrológicas precisas.

Já na Idade Média, os europeus começaram a traduzir textos científicos árabes para o latim, sendo que os primeiros textos que foram traduzidos eram tabelas com os movimentos e posições dos planetas, que eram usados para fazer previsões astrológicas. E a Igreja Católica, autoridade intelectual central da Europa medieval, acabou redefinindo a astrologia do passado, dizendo que ela não era determinista como se acreditava antes (ou seja, não determinava o curso de vida de um indivíduo a partir de seu nascimento de maneira imutável), mas sim apenas indicativa (o futuro poderia ser mudado de acordo com a vontade de Deus).

A ciência da astronomia começou a se independer gradualmente da pseudociência da astrologia somente ao longo do século XVII, conhecido como "A Idade da Razão", sendo que no século seguinte ambas as áreas já eram consideradas disciplinas completamente separadas. Alguns astrólogos profissionais foram os primeiros nomes que iniciaram, ainda que sem essa intenção, a separação entre astrologia e astronomia, e podemos destacar os nomes de Tycho Brahe e Johannes Kepler nessa missão. Esses astrólogos, por sinal, acreditavam genuinamente na influência das estrelas em relação aos acontecimentos humanos, e a reforma renascentista da astronomia — que acabaria levando à adoção do heliocentrismo — foi impulsionada por astrólogos-astrônomos como Kepler.

Johannes Kepler, figura-chave na revolução científica

Qual a diferença de Astronomia e Astrologia ambas podem ser consideradas ciências?

Renomado astrólogo de sua época, Johannes Kepler nasceu em 1571 e morreu em 1630, atuando também como astrônomo e matemático. O alemão é considerado figura-chave na revolução científica do século XVII e suas contas eram pagas graças à elaboração de previsões astrológicas para os ricos e famosos — não podemos esquecer que, para ser um bom astrólogo em seu tempo, era preciso ter profundos conhecimentos dos astros e, portanto, ser um grande astrônomo.

Kepler formulou as três leis fundamentais da mecânica celeste (as Leis de Kepler), que foram posteriormente codificadas e reunidas com base em suas obras Astronomia Nova, Harmonices Mundi e Epítome da Astronomia de Copérnico, livros que também forneceram uma das bases para a elaboração da teoria da gravitação universal de Isaac Newton. Ainda, fez um trabalho fundamental no campo da óptica, inventando uma versão melhorada do telescópio refrator (que ficou conhecido como Telescópio de Kepler).

Religioso, Kepler incorporou sua fé em seu trabalho, motivado por uma convicção de que Deus havia criado o mundo de acordo com um plano perfeitamente elaborado, acessível a nós por meio da razão — ele chamava sua nova astronomia de "física celeste", por sinal.

Kepler atuou como assistente de Tycho Brahe no ano de 1600, abrindo o caminho para a década mais importante de sua carreira. Poucos anos antes, quando lançou a publicação Mysterium, o ambicioso Kepler planejou outros quatro livros (sobre aspectos estacionários do universo, sobre os planetas e seus movimentos, sobre a natureza física dos planetas e sobre a formação das características geográficas) e procurou a opinião de muitos outros astrônomos nessa empreitada. Entre eles, estava Reimarus Ursus, matemático imperial e inimigo número um de Tycho Brahe — nascido na Dinamarca, Brahe era dono de um observatório e esteve a serviço da realeza, sendo um dos representantes da ciência renascentista que estudou detalhadamente as fases da Lua e compilou muitos dados que, mais tarde, serviriam para que Kepler elaborasse as Leis de Kepler.

Ursus não respondeu Kepler diretamente, enquanto Brahe e Kepler começaram a trocar correspondências regularmente, que incluíam debates acalorados e críticas severas um ao outro. Contudo, iniciou-se ali uma relação intelectual, e Kepler sabia que, sem os dados significativamente mais precisos obtidos por Brahe em seu observatório, ele não conseguiria comprovar, ou refutar, muitas de suas ideias. Até que, no final de 1599, Brahe convidou Kepler para visitá-lo em Praga, o que aconteceu no início do ano seguinte.

Monumento em homenagem à dupla Tycho Brahe e Johannes Kepler em Praga, na República Checa (Foto: Flickr/Santiago Escuain)

No entanto, esse encontro não foi assim tão produtivo: Brahe vigiava de perto seus dados, não deixando Kepler colocar as mãos em suas observações. Meses depois, após uma discussão furiosa, Kepler decidiu ir embora. Em 1600, contudo, o protestante Kepler se recusou a se converter ao catolicismo e precisou sair da cidade de Graz com sua esposa e filhos, pois todos haviam sido banidos. De volta à Praga, acompanhado de sua família, Kepler então passou a ser financiado por Brahe, recebendo um salário para analisar observações planetárias.

Em 1601, Brahe morreu repentinamente, e então Kepler foi nomeado seu sucessor oficial como matemático imperial. Foi a partir daí, com a missão de completar o trabalho inacabado de Brahe, que Kepler pôde enfim colocar as mãos em todos os dados compilados por Brahe ao longo de suas observações, sendo que os 11 anos seguintes foram os mais produtivos de sua vida e os mais importantes de sua carreira.

Após a morte de Kepler, sua obra Epítome da Astronomia de Copérnico foi lida por uma vastidão de astrônomos em várias partes da Europa, sendo o principal veículo de difusão de suas ideias e sendo também usado como livro de ensino de astronomia em diversas instituições.

Johannes Kepler é considerado o último astrônomo do mundo ocidental a acreditar na astrologia, ganhando o apelido de "o astrólogo cético". Ainda, tentou conciliar a astrologia da época à visão heliocêntrica da astronomia e, nas palavras do historiador John North, "se ele não fosse um bom astrólogo, provavelmente teria falhado em produzir sua astronomia planetária".

E, bem, independentemente do quanto se "torça o nariz" para a astrologia que, em pleno ano de 2019, ainda é encarada por uma imensidão de pessoas como válida, é fato que esta pseudociência, lá atrás, ajudou a moldar muitas das maiores mentes da história, impulsionando os avanços da ciência da astronomia em uma época em que as crendices falavam mais alto do que a razão — e mentes como a de Kepler foram fundamentais para essa ruptura de conceitos.

Com informações de Ancient Origins e Forbidden Histories

Fonte: Canaltech

Trending no Canaltech:

  • Pesquisadores trituram iPhone para analisar sua composição

  • Huawei Mate 30 já pode estar sendo testando com chipset Kirin 985

  • Novos Pixel 3a e 3a XL da Google podem chegar com uma nova cor chamada "íris"

  • Galaxy Note 10 | Rumores indicam como pode ser o novo carro-chefe da Samsung

  • App do YouTube Music também reproduz músicas salvas no smartphone

O que faz a astronomia ser considerada uma ciência e a Astrologia não justifique?

Ela assume que há ação dos corpos celestes sobre os objetos animados e inanimados e que os ângulos aparentes entre os planetas no céu afetam a humanidade. Astrologia não deve ser confundida com Astronomia, a ciência que verdadeiramente estuda os astros e seu funcionamento, isto é, sua física.

Qual a diferença entre Astrologia e ciência?

Segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, a Astrologia é a "arte de adivinhar o futuro pelos astros" enquanto que a Astronomia é a "ciência que trata dos astros" ou seja sua posição, dimensões, constituição, formação e evolução.

O que a astronomia e a Astrologia têm em comum?

Todos os movimentos planetários são comprovados por observações astronômicas. Atualmente, os astrólogos utilizam dados de observação de astrônomos para elaborarem suas conclusões astrológicas. Mas esta é praticamente a única característica em comum entre astronomia e astrologia.

Porque a astronomia e uma ciência?

A Astronomia é uma das áreas de conhecimento mais antigas da humanidade, sendo considerada uma ciência natural que tem como objeto de estudo os corpos celestes, fazendo uso de teorias que buscam uma melhor compreensão do universo e de sua formação.