Qual é a principal contradição do poema a Jesus Cristo nosso Senhor?

A seguir Analisaremos uma poesia de Gregório de Matos, que foi o escritor representante do Barroco Brasileiro. Embora não seja a vida dele o foco do post, e notório relembrar que este, possuia a alcunha de O Boca do Inferno, por causa do conteúdo explícito erótico de suas poesias, e por causa também das denúncias que este fazia não só aos "grandes" políticos e religiosos, mas também aos pequenos que incluiam os negros, os pobres, o marinheiros, os grandes mercadores principalmente, que são amplamente criticados nos sonetos deste.

O poema a seguir trata de ser um soneto escrito por ele, em que é mostrado por parte, grande devoção, e por outro uma certa agressividade, por possuir um conteúdo religioso.

“A Jesus Cristo Nosso Senhor”

"Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque, quanto mais tenho delinqüido,

Vós tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na Sacra História,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória."

A análise desse soneto de Gregório de Matos permite identificar as características barrocas, principalmente suas contradições. A primeira característica se refere ao tema abordado pelo autor, onde o eu-lírico ora a Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, enaltecendo a fé católica e assim, colaborando com a “Arte da Contra-Reforma”.


No primeiro quarteto fica claro o ato de contrição, em que o eu-lírico humildemente se confessa pecador, tentando garantir o seu perdão, mas deixando bem claro que a sua falta não representa uma vontade de se distanciar do Senhor e de se despedir de sua piedade, pelo contrário, que existe a confiança no empenho de Cristo em salvar a todos, mesmo em caso de novo erro. O “Conflito Espiritual” se faz presente junto com a “Efemeridade do Tempo” e percebe-se o homem dividido entre o mundo material e o mundo espiritual: existe a angústia causada pelo desejo de aproveitar a vida e a necessidade da salvação divina, concentrada na antítese que enfoca o perdão e o pecado, como exemplo, podemos utilizar o seguinte verso para demonstrar essa antítese,

“(...)quanto mais tenho delinqüido, vos tenho a perdoar(...)”.

O “Cultismo” aparece na linguagem rebuscada e na forma de metáfora, onde despedir-se da piedade do Senhor significa não desejar mais o perdão.

“(...) Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido,

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vós tenho a perdoar mais empenhado.(...)”

Em seu segundo quarteto, o soneto de Gregório de Matos continua a apresentar o “Cultismo”, quando através de antíteses são abordadas as ideias contraditórias da ira e da mansidão de Jesus, que por sua vez são provocadas respectivamente pelo pecado e pelo menor sofrimento do homem. Além disso, a mesma culpa que provoca a ofensa é a razão que enaltece o perdão.

“(...) Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.(...)”.

A parte final de “A Jesus Cristo Nosso Senhor”, dois tercetos, traz consigo a característica barroca do “Conceptismo”, onde existe um jogo de ideias pautado num raciocínio lógico. Se existe a premissa maior de que a glória e o regozijo de Cristo consiste em recuperar a ovelha perdida, ou seja, perdoar o pecador, e se existe também a premissa menor de que eu sou pecador, e, portanto a ovelha perdida, então conclui-se que o Senhor, para não perder a sua glória, buscará a sua ovelha perdida, “me salvará”.


Atrelado a esse Conceptismo podemos observar o “Cultismo”, representado pela metáfora da ovelha desgarrada, que simboliza o pecador e pelo uso de linguagem rebuscada quando chama a Bíblia de Sacra História e Jesus, de Pastor Divino.

“(...) Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal, e prazer tão repentino

Vo deu, como afirmais na Sacra História

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória. (...)“

A estrutura formal desse soneto de Gregório de Matos apresenta o esquema de


rimas interpoladas ABBA ABBA CDE CDE, com versos de decassílabos.

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Qual é a principal contradição do poema a Jesus Cristo nosso Senhor?

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 LITERATURA BRASILEIRA I
6a aula
 Lupa 
Vídeo PPT MP3
 
Exercício: CEL0637_EX_A6_202002113111_V1 03/04/2020
Aluno(a): CLEIDINE LINHARES RODRIGUES 2020.1 EAD
Disciplina: CEL0637 - LITERATURA BRASILEIRA I 202002113111
 
 1a Questão
Faculdade Dom Bosco-2018
Leia o poema abaixo, de Gregório de Matos
 
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
 
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido;
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
 
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
 
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na nossa ovelha a vossa glória.
Sobre o poema, é incorreto afirmar que
nele se percebe a preocupação com a forma característica ao período barroco, em que o poeta faz uso de muitos processos
técnicos e expressivos, entre eles a rima em marcada dos versos e o uso frequente de antíteses e de inversões sintáticas.
se estrutura como uma evocação lírico -religiosa, em que o eu lírico confessa ser um pecador, no início do poema, para, a
seguir, estabelecer um confronto de ideias entre a culpa do pecador e a clemência de Jesus; somente no final, como último
apelo, nomeia-se uma ¿ovelha desgarrada¿, evocando o perdão divino.
se apresenta em forma de soneto, com uma linguagem plena de artifícios de versificação, o que faz ressaltar o conteúdo
temático, que é o arrependimento do eu lírico de seus pecados, em busca do perdãode Jesus Cristo.
 apresenta ideais divergentes entre o humano e o divino em decorrência da oposição que havia, na época, entre a
mentalidade pagã da burguesia portuguesa e a religiosidade católica da sociedade brasileira.
http://simulado.estacio.br/alunos/inicio.asp
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a forma de expressão poética do eu lírico, nesse poema, é marcada pela tensão e reflete os conflitos do homem do período
barroco, que vivia as contradições entre o teocentrismo medieval e o antropocentrismo clássico.
Respondido em 03/04/2020 09:15:36
Explicação:
Na verdade, a nobreza portuguesa era conhecida pela sua religiosidade.
 
 2a Questão
Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Appareceo O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte; Mas se a
parte fez todo, sendo parte, não se diga que é parte, sendo todo. Valorização da imagem é formulada com base na metáfora,
pormenorizando seus detalhes.
Como exemplo desse "jogo de palavras", tem-se esse fragmento de Gregório de Matos, no qual observamos traços da tendência:
d) Antítese
e) Conflito
 a) Cultismo
b) Conceptismo
c) Hipérbole
Respondido em 03/04/2020 09:15:50
Explicação:
"O Cultismo que é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante (cheia de hipérboles), descritiva; pela valorização
do pormenor mediante jogos de palavras, ludismo verbal), com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora; daí o estilo
ser também conhecido por Gongorismo. No cultismo, valoriza-se o ¿como dizer¿." ( Livro proprietário, p.41)
Gabarito
Coment.
 
 3a Questão
(UNIFESP-SP) 
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
( Gregório de Matos)
Nos versos, o eu lírico deixa evidente que:
uma pessoa se torna desprezível pela ação do nobre
 geralmente a riqueza decorre de ações ilícitas.
o vil e o rico são vítimas de severas injustiças.
o honesto é quem mais aparenta ser desonesto.
as injúrias, em geral, eliminam as injustiças.
Respondido em 03/04/2020 09:16:29
Explicação:
O primeiro verso e o último deixam claro que aquele que prospera é o que mais rouba e geralmente possui "capa", isto é, é alguém
de posição mais elevada.
 
 4a Questão
Também chamado "Boca do Inferno", é o mais conhecido poeta da literatura barroca no Brasil. 
Cláudio Manuel da Costa
Tomás Antônio Gonzaga
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Lima Barreto
José de Alencar
 Gregório de Matos
Respondido em 03/04/2020 09:16:38
Explicação:
Gregório de Matos recebeu a alcunha de "Boca do Inferno", devido às sátiras que escreveu no período do Barroco.
 
 5a Questão
Luciana Stegagno-Picchio afirma que Gregório de Matos se distingue como primeiro verdadeiro poeta do Brasil Colônia, como se
nota no trecho abaixo: "os nobres baianos descendem de sangue "tatu", falam "copebá", enfeitam-se com camisas "urucu" e capas
de "arara" ( História da literatura brasileira. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 2004. p. 103). 
O trecho é um exemplo de:
 
 gosto pelo emprego de termos indígenas em seus poemas
 presença de antíteses e paradoxos
 tematização da religiosidade
gosto pela lírica amorosa
exploração da temática filosófica
Respondido em 03/04/2020 09:16:56
Explicação:
Para Luciana Stegagno-Picchio, o que dá a Gregório de Matos a distinção de primeiro poeta do Brasil é o gosto pelo emprego de
palavras indígenas em seus poemas, geralmente para demonstrar desprezo aos desafetos, em suas sátiras, mas também por
prazer estético linguístico
 
 6a Questão
Assinale a alternativa que apresenta um tema que não é comum à lírica amorosa e filosófica de Gregório de Matos:
as considerações sobre o ciúme
 o desejo de ser perdoado
a transitoriedade da vida
as declarações amorosas
o silêncio
Respondido em 03/04/2020 09:17:40
Explicação:
A opção que apresenta o "desejo de ser perdoado" é próprio da lírica religiosa de Gregório de Matos
Gabarito
Coment.
 
 7a Questão
(FUVEST-SP)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
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Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos Guerra, a principal característica do Barroco é:
 a forte presença de antíteses.
o culto da Natureza.
a utilização de rimas alternadas.
o culto do amor cortês.
o uso de aliterações.
Respondido em 03/04/2020 09:17:52
Explicação:
Observa-se nesse trecho, a presença das antíteses: dia/noite; tristeza/alegria
 
 8a Questão
PUCC-SP)
Que falta nesta cidade? Verdade
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha,
Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos:
o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento
do poeta pecador.
o caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação
pela falta de fé do gentio.
o estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o
perfil moral da cidade da Bahia.
 o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do
perfil moral da cidade da Bahia.
o estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um
autêntico moralizador.
Respondido em 03/04/2020 09:18:23
Explicação:
Que falta nesta cidade? Verdade
Que mais por sua desonra? Honra.
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