É possível que você já tenha lido ou, ao menos, ouvido a história de um pequeno príncipe que fez uma longa jornada por diversos planetas, aprendeu e compartilhou ensinamentos sobre a alma humana e o valor das relações. Esses ensinamentos atravessaram gerações e fronteiras. Mas afinal, por que essa obra é tão relevante? A Psicologia Analítica oferece diversos recursos para compreender os fenômenos psíquicos e a personalidade. A partir de seus estudos, Jung fundamentou os Tipos Psicológicos. Na compreensão dos Tipos Psicológicos, podemos evidenciar razões pelas quais as pessoas se comportam, tomam decisões e tem percepções tão diferentes diante de um mesmo estímulo. As Atitudes (Introversão e extroversão) e as Funções (pensamento,
sentimento, intuição e sensação) são responsáveis pela maneira como nos apresentamos, reagimos e nos adaptamos aos desafios que a vida nos oferece. Nenhuma dessas formas é a mais correta, apenas demonstram diferenças na relação do sujeito com o objeto. Vivemos num mundo em que a função pensamento é historicamente mais valorizada, ou seja, uma lógica racional que privilegia o julgamento, classificação e ordenação dos objetos sem maior interesse
por seu valor afetivo. Essa forma de organizar o mundo foi importante e possibilitou avanços na ciência e na tecnologia. No entanto, frequentemente os poetas desajustados nos questionam sobre nossos valores, desejos e a importância da fruição estética da vida. A função sentimento possibilita o reconhecimento do valor que as coisas tem para nós. Importante ressaltar aqui que sentimento não é sinônimo de emoção, que está presente em todos nós e provoca alterações fisiológicas. A função sentimento nos oferece uma outra lógica, que foi descrito por Nise da Silveira como a lógica do coração. Pessoas que desenvolvem essa função demonstram-se afáveis, afetivas e zelosas por sua subjetividade e seus relacionamentos com as pessoas. Para a compreensão dessa encantadora história, te convido a abrir-se para uma compreensão mais simbólica e menos literal. Só assim você poderá compreender que a jiboia que engoliu o elefante não é um chapéu, por mais que isso lhe pareça mais lógico ou usual. Esse livro é dedicado ao melhor amigo de Antoine de Saint-Exupéry, Léon Werth. Nessa dedicatória já percebe-se que o autor ressalta a importância de lembrar-se da infância, não em seu aspecto utilitário, mas com um olhar afetivo, valorizando suas memórias e experiências infantis. O autor dessa história, Antoine de Saint-Exupéry, logo no início da obra nos provoca sobre nossa automatização de uma compreensão quantitativa do mundo: “As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial.” Essa obra, em diversos momentos, nos convida a refletir sobre o valor da amizade. E nesse aspecto vale ressaltar a interação com a raposa. A raposa rejeita brincar com o principezinho porque ainda não foi cativada, ou seja, não criaram laços e ainda não são únicos no mundo um para o outro. A raposa também ensina sobre a importância de ser paciente (sentarás um pouco longe de mim...) e a disciplina (teria sido melhor voltares à mesma hora) para compor ritos. Os ritos, segundo Jung, marcam transições importantes, ajudam a lidar com momentos difíceis e auxiliam o crescimento psicológico. Essa mesma raposa lhe ensina que construir relações demanda tempo e investimento. É quando o principezinho percebe que foi o tempo que dedicaste a sua rosa que lhe tornou tão especial. O valor é atribuído de acordo com a experiência, a percepção e seus significados. Outro aprendizado na interação com a raposa é relacionar-se demanda coragem, afinal “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar”. Uma provocação que pode ser trazida pela função sentimento é que nem todos os problemas do mundo poderão ser resolvidos através da lógica e da ordem. E que em algumas situações, ainda mais importante do que uma justiça irredutível, é o exercício da compaixão. Para finalizar, sugiro que reflita atentamente sobre o segredo da raposa, que sintetiza trechos importantes dessa obra: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.” Josué Ataide Mendes Lobato - Psicólogo Junguiano, Pedagogo e Professor do NAPE. REFERÊNCIAS JUNG, Carl Gustav. “Tipos Psicológicos”. Rio de Janeiro, Editora Vozes,1971aª SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. “O Pequeno Príncipe”. São Paulo SP, Círculo do Livro, 1989. SILVEIRA, Nise. “Jung: vida e obra”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. ZACHARIAS, José Jorge Morais. “Tipos, a diversidade humana”. São Paulo: Vetor, 200 Qual é o segredo que a raposa conta para o Pequeno Príncipe?A raposa fala da responsabilidade de se cativar alguém
Quando ensina sobre a importância de ser cativada, a raposa também destaca para o pequeno príncipe o fato de que, quando se cativa alguém, também se é responsável por aquele que cativamos.
O que o príncipe precisa fazer para cativar a raposa?Se tu queres um amigo, cativa-me! - Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho. - É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.
Porque a raposa diz ao príncipe que se for cativada?Na obra O pequeno príncipe, a raposa diz ao príncipe que se for cativada terá outro olhar sobre o campo de trigo. A raposa diz isto porque o trigo dourado lhe fará lembrar dos cabelos loiros do pequeno príncipe, pois este passará a ter um sentido afetivo para ela.
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