Qual o valor do prêmio da libertadores 2022

23 Jul, 2021

Além do prestígio de ostentar a condição de melhor time de futebol latino-americano, a conquista da Conmebol Libertadores proporciona excelentes dividendos monetários. Trata-se de uma competição milionária. 

Somando a premiação de cada uma das fases do torneio, o clube que levantar a taça na final única no dia 20 de novembro, no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, pode engordar o cofre em até R$ 126 milhões.

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A distribuição do dinheiro é democrática e começa já na fase preliminar:

Fase preliminar 1 – U$ 350 mil (R$ 1,9 milhão)

Fase preliminar 2 – U$ 500 mil (R$ 2,8 milhão)

Fase preliminar 3 – U$ 550 mil (R$ 3 milhões)

Fase de grupos – U$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) por partida como mandante, 3 no total (R$ 16 milhões no total)

Oitavas de final – U$ 1,05 milhão (5, 9 milhões)

Quartas de final – U$ 1,5 milhão (R$ 8,4 milhões)

Semifinal – U$ 2 milhões (R$ 11,2 milhões)

Vice-campeão – US$ 6 milhões (R$ 33,6 milhões)

Campeão – US$ 15 milhões (R$ 84,1 milhões)

Diante da exuberância desses valores dá para entender a voracidade com que os clubes buscam a classificação para o torneio continental – a recompensa faz a busca valer a pena. É bom que seja assim. Isto aumenta a motivação dos atletas, estimula contratações, movimenta a torcida e fortalece o esporte. Há também o bônus adicional da visibilidade mundial através da transmissão da final única, que foi exibida para 191 países na última edição.

Maior competição entre clubes da América do Sul, a Libertadores da América é um bom negócio para todos os envolvidos. Bem gerido, pode trazer inúmeros avanços e benefícios para o futebol da região. Entre os quais a criação de um centro de formação de árbitros de elite em caráter permanente.

Valores pagos para a arbitragem:

Fases preliminar/grupos – Árbitro: US$ 2.550 / Assistentes: US$ 1.650 / 4° Árbitro: US$ 1.450

Oitavas de final – Árbitro: US$ 3.700 / Assistentes: US$ 2.700 / 4º Árbitro: US$ 2.500 / VAR e AVAR US$ 2.500

Quartas de final – Árbitro: US$ 4.000 / Assistentes: US$ 3.100 / 4º Árbitro: US$ 2.700 / VAR: US$ 3.100 / AVAR: US$ 2.700

Semifinal – Árbitro: US$ 10.000 / Assistentes: US$ 7.000 / 4º Árbitro: US$ 6.000 / VAR: US$ 7.000 / AVAR: US$ 5.000

Final – Árbitro: US$ 20.000 / Assistentes: US$ 16.000 / 4º Árbitro: US$ 8.000 / VAR: 16.000 / AVAR: 8.000 / AVAR 3: US$ 4.000

O Palmeiras, de Raphael Veiga, é o atual campeão da Libertadores Cesar Greco / Palmeiras

Carlos Eugênio Simon15 Sep, 2022

Na quarta-feira (14) um fato inusitado marcou o confronto entre as equipes do Paris Saint-Germain e do Maccabi Haifa, válido pela Champions League. Depois de marcar o último gol da equipe parisiense, que venceu o jogo por 3 a 1, o craque Neymar foi punido com um cartão amarelo por ter feito uma careta na comemoração do tento.

É, você não leu errado – Neymar foi punido por causa da careta bem-humorada que habitualmente faz quando comemora um gol. O árbitro alemão Daniel Siebert considerou a celebração desrespeitosa.

Irritado, o camisa 10 acabou substituído para evitar uma possível expulsão, e não aceitou o pedido de desculpas feito pelo árbitro após a partida. “ Agora é mole... Agora estou com um amarelo nas costas. Isso é uma falta de respeito total com os jogadores. Os árbitros estão ali para proteger os jogadores. O futebol está ficando muito chato”, lamentou o astro da seleção brasileira.

A contrariedade e a irritação de Neymar têm razão de ser. O árbitro exagerou na seriedade. Não há nada na regra que proíba descontração e alegria. Faltou ao juiz alemão aplicar a regra 18, aquela não escrita, mas que é imprescindível na mediação de uma partida: bom senso. 

TOP 10 Neymar pelo PSG ESPN

Carlos Eugênio Simon11 Sep, 2022

Ele raramente é aplaudido pela turma da geral ou das arquibancadas, suas decisões nunca conquistam a aprovação unânime das torcidas, independentemente de estarem certas. A contestação e os insultos fazem parte da sua rotina de trabalho. Apesar de execrado, ofendido, sua presença é indispensável para a realização de uma partida de futebol. Como observou o escritor uruguaio Eduardo Galeano, no extraordinário Futebol ao sol e à sombra: “Ninguém corre mais do que ele. É o único obrigado a correr o tempo todo. Este intruso que ofega sem descanso entre os vinte e dois jogadores, galopa como um cavalo, e a recompensa por tanto sacrifício é a multidão que exige sua cabeça”.

Hoje é o Dia do Árbitro Esportivo, aquele que arbitra todas as modalidades do esporte. A data comemorativa surgiu na cidade de São Paulo, onde foi regulamentada pela lei N° 14.485, de 19 de junho de 2007. Depois disso, acabou sendo adotada por todo o Brasil.

Arbitrar requer conhecimento e preparação. Aos que exercem a função de árbitro ou árbitra no esporte brasileiro, parabéns pelo seu dia.

Carlos Eugênio Simon09 Sep, 2022

A hegemonia do futebol brasileiro na América Latina foi confirmada mais uma vez com a definição da disputa do troféu de campeão da Copa Libertadores da América 2022 pelas equipes do Athlético PR e do Flamengo no dia 29 de outubro no Estádio Monumental de Guayaquil, no Equador. Além disso, o Brasil já tem presença garantida na final da Copa Sul-Americana, com a presença do São Paulo.

Na Libertadores, o maior torneio do continente latino-americano, esta será a terceira decisão seguida entre clubes brasileiros, depois das vitórias do Palmeiras sobre o Santos, na edição de 2020, e Flamengo 2021. Os finalistas da competição já garantiram US$ 6 milhões (R$ 30,9 milhões) da premiação entregue pala Conmebol. Este é o valor para o vice-campeão. O vencedor levará US$ 16 milhões (R$ 82,5 milhões.

A presença do futebol brasileiro também se destaca no continente europeu. A Liga dos Campeões da Europa da temporada 2022/23, que começou no último dia 6, conta com a participação de 46 jogadores brasileiros espalhados por 21 dos 32 clubes que estão na disputa. O Brasil é o quarto país com mais jogadores na atual edição da Champions, atrás da Espanha (62), Alemanha (60) e França (55). Porém, se considerarmos somente atletas que atuam como estrangeiros, o Brasil lidera o ranking com seus 46 jogadores, à frente da França (43), Espanha (27), Argentina (24) e Holanda (17).

Panorama geral, tanto deste como do outro lado do oceano Atlântico, evidencia que a falta de talento dentro das quatro linhas não é um dos problemas graves do nosso futebol. Ao contrário, neste quesito os grandes clubes parecem estar muito bem servidos, até para exportação. Falta agora, para coroar este cenário otimista, que o comando discreto e competente de Tite conduza a seleção ao tão almejado hexacampeonato. Qualidade não nos falta, é esperar e torcer.

Carlos Eugênio Simon05 Sep, 2022

Faltando menos de três meses para a Copa do Mundo no Qatar, uma dúvida perturba o ambiente da seleção francesa, atual campeã mundial: Paul Pogba, meia da Juventus, fez feitiço para prejudicar seu companheiro de seleção Kylian Mbappé, do PSG? Quem fez a acusação foi Mathias Pogba, irmão de Paul, na esteira de uma desavença familiar embrulhada em uma tentativa de extorsão de 13 milhões de euros que está sendo investigada pela polícia. De acordo a versão de Mathias, a ideia da bruxaria era lesionar o atacante do PSG e fazer ele perder espaço na seleção francesa. Segundo o canal francês CNEWS, Pogba teria admitido que recorreu ao serviço de uma “bruxa".  Porém, o real motivo do feitiço seria proteger de potenciais lesões que prejudicam sua carreira, e não contra Mbappé.  Atualmente, Paul Pogba se recupera de uma lesão no joelho sofrida durante a pré-temporada. O meia não deve estar apto para entrar em campo pela Juventus até depois da Copa do Mundo. De acordo com o técnico do PSG, Christophe Galtier a ‘bomba’ não afetou o atacante. “Ele está de muito bom humor. Vi o que se passa a propósito de Paul Pogba, mas o Kylian Mbappé não mostra nenhum sinal de aborrecimento ou preocupação sobre esse assunto”, disse Galtier.

Independente da real intenção de Pogba e da despreocupação do craque do PSG, o fato é que o esoterismo tem amplo espaço no universo do futebol. Por exemplo, é comum benzer ou espalhar sal grosso no gramado para garantir bons resultados. Igualmente é corriqueiro atletas fazerem o sinal da cruz quando entram em campo ou erguerem as mãos aos céus em agradecimento pela marcação de um gol ou uma defesa particularmente difícil. Como observou o genial dramaturgo inglês William Shakespeare, “há mais coisa mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia”.  Ou, como dizem os espanhóis: “no creo em brujas, pero que las hay, las hay”. 

Pogba está de volta à Juventus após seis anos Getty

Carlos Eugênio Simon01 Sep, 2022

A crise econômica que castiga a nossa sociedade, decorrente dos desarranjos sociais provocados pela pandemia do coronavírus, entre outros fatores, parece não ter contaminado o futebol brasileiro. De acordo com informações divulgadas pela CBF recentemente, o futebol brasileiro teve uma expansão rápida e abrangente no primeiro semestre de 2022. Houve um aumento significativo no número de novos clubes registrados nas federações estaduais - 71 novas agremiações neste ano contra 47 nos primeiros seis meses do ano passado (crescimento de 66%). Na comparação entre 2022 e 2019 (último ano antes do início da pandemia) também cresceu o número de jogadores registrados sob contrato (23.424 a 9.354) e de empréstimos de atletas entre equipes (3.012 a 1.929). No total, o futebol brasileiro fechou o primeiro semestre de 2022 com 1.153 clubes, sendo 795 profissionais e 358 amadores.

Independente das explicações dos especialistas, estes números, entre outros, além de revelar o incremento dos negócios atestam a pujança do futebol brasileiro, Com uma infraestrutura mais organizada, uma distribuição de recursos menos distorcida (minimamente equitativa) e a adoção de mecanismos de regulação como o Fair Play Financeiro da Uefa, o nosso futebol tem tudo para subir de patamar e igualar-se à excelência europeia. É só seguir o caminho das pedras. Bons exemplos devem ser seguidos.

Carlos Eugênio Simon25 Aug, 2022

A quarta-feira 24 de agosto de 2022 pode entrar para a história do desporto nacional como o momento em que o Brasil declarou guerra efetiva ao racismo e à violência no futebol. A campanha teve início com a primeira edição do Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, promovido pela CBF. O acontecimento ocorreu na sede da entidade, no Rio de Janeiro, com apoio e parceria da Fifa, da Conmebol e do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

O evento foi aberto pelo atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, primeiro negro a ocupar o cargo mais alto na gestão do futebol brasileiro. Ele foi claro e direto: “Não podemos fechar os olhos para o racismo e a violência no futebol. Se não quisermos ser parte do problema, temos que ser parte da solução. Por isso, a CBF precisa estar à frente do debate, e o seminário vem justamente para finalmente dar um pontapé inicial nesse combate.”

Ele ainda destacou a importância em receber gente de diferentes setores da sociedade. “Fiz questão de realizar esse evento na sede da CBF para mostrar ao mundo do futebol e aos preconceituosos que frequentam os estádios do país e do mundo que estamos lutando para bani-los. Sabemos que a realidade é dura. Mas estamos aqui para mudar.”

Além do líder da entidade, o cantor e compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil também participou do ato. Convidado de honra da CBF e lenda da música brasileira, fã de futebol e uma das principais lideranças da cultura negra no país, Gil destacou o “dever cívico” que o esporte tem na luta contra o racismo e na transformação da sociedade. O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, também estavam lá. 

Pavel Klymenko, assessor de diversidade e anti-discriminação da Fifa, elogiou a iniciativa: “É muito gratificante ver a presidência da CBF organizando essa conferência e trabalhando com todas as partes envolvidas, com as minorias, a comunidade LGBTQIA+, com esse olhar de inclusão. Este é um lado realmente importante e eu espero que esse evento possa servir como exemplo para outros países da Conmebol e do mundo.”

Ednaldo Rodrigues parece determinado a inscrever seu nome na História do Futebol (assim mesmo, com letras maiúsculas) e apresentou uma boa ideia que pretende levar adiante: a punição desportiva pelos casos de racismo. Ele afirmou que levará ao próximo Conselho Técnico do Brasileirão, em 2023, a proposta de perda de pontos por episódios de racismo durante a disputa do campeonato. "Acredito que somente com a pena desportiva sendo imposta diretamente ao clube, o racismo e o preconceito deixarão o futebol. Não há mais espaço para racista no século XXI", explicou.

Está na hora de mudar. 

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF Lucas Figueiredo/CBF

Carlos Eugênio Simon17 Aug, 2022

Recentemente, o campeonato mais badalado e rico do mundo completou 30 anos. No dia 15 de agosto de 1992, surgiu a Premier League, que transformou o Campeonato Inglês em uma potência mundial após oficializar um contrato bilionário com a televisão para a transmissão dos jogos.

A Premier League interrompeu um processo de degradação do futebol inglês, decorrente em grande parte da ação dos holligans, grupo de torcedores de comportamento destrutivo e desregrado, que marcou e prejudicou o esporte britânico durante um bom período do século passado.

Troféu da Premier League Getty Images

A reformulação introduzida pela Premier League revitalizou o futebol da Grã-Bretanha de forma admirável. Hoje, depois de três décadas, o Campeonato Inglês agrega a maioria dos clubes mais ricos do planeta, acumula talentos internacionais – jogadores de seleção – nos principais times e deverá arrecadas mais de R$ 63,7 bilhões nas próximas três temporadas. 

Sem dúvida a Premier League é uma competição robusta, a mais vista e disputada do mundo, na qual se encontram os principais jogadores, técnicos e árbitros profissionais do futebol.

É um exemplo a ser seguido.

Carlos Eugênio Simon12 Aug, 2022

Uma das práticas mais irritantes no futebol brasileiro é a catimba. Me refiro ao hábito recorrente da maioria dos jogadores de tentar enganar o árbitro simulando faltas. Como árbitro, inúmeras vezes passei por situações assim, onde o atleta finge ter sofrido ou exagera visualmente nas consequências de uma infração irrelevante com o objetivo de ludibriar o árbitro e obter vantagem indevida, que pode ser a marcação de uma penalidade máxima ou a expulsão de um adversário. 

Durante muito tempo este comportamento foi não apenas tolerado como algo inerente ao esporte como também exaltado por um amplo setor da opinião pública e da crônica esportiva como manifestação positiva, até mesmo saudável, da astúcia, malícia e malandragem do jogador brasileiro. Bobagem. Trata-se de um comportamento desleal, antidesportivo, que tem cada vez menos espaço nas arenas onde se joga o futebol de elite.

David Luiz em ação durante treino no Arsenal Getty Images

Na Europa, hoje na vanguarda do futebol mundial, são cada vez mais raros os episódios fraudulentos com o objetivo de burlar as regras do jogo. Quando ocorrem, a repercussão é imediata, em larga escala e em tom crítico. Há pouquíssima condescendência para a falsidade. Esta postura ética certamente é uma das consequências da campanha pelo fair-play desenvolvida com intensidade pela Uefa em tempos recentes, aliada ao posicionamento mais severo da arbitragem. 

Lá fora, o respeito ao jogo limpo se estende aos jogadores brasileiros - a maioria dos que se transferem para o futebol europeu não comete lá as infrações que pratica aqui com o intuito de ofender ou enganar a arbitragem. No entanto, basta fazer o caminho inverso para retomar os maus hábitos, como mostrou o zagueiro flamenguista David Luiz, que quando jogava nos gramados europeus jamais ofendeu um juiz com a desenvoltura desbocada com que mandou o árbitro Luiz Flávio Oliveira "tomar no ..." no jogo Flamengo x Athletico-PR, no Maracanã, válido pela Copa do Brasil, realizado no dia 27 de julho. Na Europa tal comportamento seria intolerável, possivelmente com consequências mais graves do que um cartão vermelho.

Lá fora, obediência às regras e respeito à disciplina. Aqui, catimba e desaforo. Uma campanha pelo fair play no nosso futebol, seguida de advertência firme aos enganadores, seria bem-vinda. A CBF poderia pensar no assunto.

Carlos Eugênio Simon09 Aug, 2022

Rodrigo Crivellaro (à direita) foi agredido por jogador do São Paulo-RS, durante jogo da Série A2 do Gauchão Vinicius Molz Schubert/Photopress/Gazeta

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmou na semana passada que o ex-jogador profissional William Ribeiro será julgado por um júri popular por ter agredido o árbitro Rodrigo Crivellaro na noite de 4 de outubro de 2021, durante o jogo entre o Guarani de Venâncio Aires e o São Paulo de Rio Grande, válido pela divisão de acesso do Campeonato Gaúcho.

William responderá por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Ele agrediu Rodrigo Crivellaro de forma cruel e covarde. Empurrou, derrubou e chutou a cabeça do árbitro, que teve vértebras fraturadas, precisou usar colete cervical, fazer fisioterapia e ficou 90 dias afastados das atividades profissionais. Só voltou a apitar em 20 de abril de 2022.

O episódio brutal e criminoso revoltou a comunidade do apito e das bandeiras e foi alvo de protesto nacional dos árbitros vinculados à CBF.

William Ribeiro foi demitido pelo São Paulo-RG julgado e punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do RS com os dois anos de suspensão do futebol profissional. A continuidade do caso no âmbito da justiça criminal se justifica pela gravidade da agressão – só a legislação penal possui o dispositivo adequado para punir com o rigor necessário um delito como tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil.

Após a suspensão, o jogador migrou para o futebol amador, onde no mês passado, praticou nova agressão contra outro árbitro, desta vez num jogo do campeonato amador na cidade de Pelotas.

Que o caso William seja punido de forma dura e exemplar e sirva de alerta para que episódios assim não mais aconteçam. A justiça por vezes pode ser implacável. Dura lex sed lex.

Carlos Eugênio Simon06 Aug, 2022

Terminou na sexta-feira (05) a intertemporada da arbitragem brasileira promovida pela Comissão de Arbitragem da CBF, que reuniu 95 árbitros no Centro de Excelência da Arbitragem Brasileira localizado no Rio de Janeiro. Durante cinco dias foram realizadas atividades práticas e teóricas, no campo de jogo e na cabine do VAR, com o objetivo de aperfeiçoar e unificar procedimentos dos homens e mulheres responsável por aplicar as regras do jogo no futebol brasileiro.

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A intertemporada é uma bela iniciativa da gestão de Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, e acontece no momento em que a arbitragem brasileira está passado por uma de suas piores crises, com reclamações pipocando por todos os lados.

No meu entendimento, a melhor maneira de superar o momento adverso é o conjunto da arbitragem focar no trabalho com apoio integral da comissão de arbitragem, dando aos árbitros tranquilidade e segurança para explorar todo seu potencial técnico e físico para efetuar seu ofício com correção e competência. Neste sentido, creio que a comissão de arbitragem está no caminho certo. Participei de vários encontros desta natureza e os resultados sempre foram positivos. A convivência, a troca de experiências e a análise de lances em busca de critérios uniformes de decisão são importantes no apito, das bandeiras e do VAR, mas também, por consequência, produzem efeitos benéficos para todo p  futebol. Neste jogo todos ganham.

Wilson Seneme NORBERTO DUARTE/AFP via Getty Images

Carlos Eugênio Simon28 Jul, 2022

O craque Neymar mais uma vez voltou a ocupar as manchetes esportivas, mas não exclusivamente por conta do seu brilhantismo no trato com a bola. Ele voltou a protagonizar o famigerado 'cai-cai'. O lance polêmico aconteceu aos 30 minutos do 1° tempo no jogo PSG x Gamba Osaka, realizado no Japão na segunda-feira (25). Já dentro da área, Neymar parou a bola com o objetivo de ludibriar a marcação. 

O Zagueiro Miura, que estava perto, tentou fazer o corte de maneira abrupta e errou a bola. Neste momento, Neymar caiu no gramado – ele afirmou ter sido atingido pelo adversário. A arbitragem marcou penalidade e, na cobrança, ele depois dos 90 minutos venceu o jogo por 6 a 2.

No meu entendimento, Neymar não sofreu pênalti. O lance me fez lembrar de outro similar, ocorrido no Campeonato Brasileiro de 2008 no duelo Cruzeiro x Flamengo, em que Diego Tardelli pisou na bola e caiu e eu não marquei penalidade. Mandei seguir o jogo. 

Essa jogada me veio à cabeça olhando a atitude do Neymar. É uma pena, que depois de toda a repressão da Copa do Mundo de 2018, o craque não tenha percebido ainda como este estratagema é prejudicial para a sua reputação.

Neymar durante amistoso de pré-temporada pelo PSG contra o Gamba Osaka, no Japão Etsuo Hara/Getty Images

Carlos Eugênio Simon27 Jul, 2022

O encontro entre os presidentes dos clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro, sob o comando do  presidente da CBF Ednaldo Rodrigues e sua Comissão de Arbitragem, registrou uma unanimidade, qual seja, o descontentamento com o desempenho da arbitragem brasileira dentro de campo ou na cabine do VAR.

Na reunião realizada no Rio de Janeiro, na terça-feira (26), o presidente da comissão de arbitragem, Wilson Seneme, reconheceu a existência de erros “inaceitáveis” no decorrer do primeiro turno do Brasileirão e na Copa do Brasil. 

“Ocorreram erros absurdos, inaceitáveis para vocês, para nós e para o futebol”, disse Seneme. 

Falando em nome de seus pares, o presidente do Atlético-MG, Sérgio Coelho, revelou a insatisfação dos clubes. “ A gente tem conversado muito a respeito da arbitragem e é unânime a reclamação. Eu não quero dizer se é pior ou se está entre as piores. Nós achamos é que a arbitragem está ruim, precisa melhorar e ainda há tempo de fazer algumas mudanças daqui para frente, pra ver se a gente coloca no trilho."

Seneme e Ednaldo Rodrigues Divulgação/CBF

Com o objetivo de colocar a arbitragem nos trilhos, a CBF anunciou a realização de uma intertemporada presencial. Entre 1° e 5 de agosto, 95 árbitros vão receber treinamento no Rio de Janeiro. A partir de agosto também haverá treinamentos presenciais mensais. A entidade também prometeu reduzir para 24 horas – no caso da Série A – o prazo para publicação dos vídeos com os principais lances de cada jogo. Para a Série B, o prazo de publicação dos vídeos com os principais lances de cada jogo será de 48 horas. 

A comissão de arbitragem pretende ainda formalizar a criação de um quadro chamado de VAR-CBF, com 128 árbitros homologados. Seneme espera que a reunião fique marcada como um divisor de águas para a evolução da arbitragem brasileira, a exemplo do que acredita ele, aconteceu quando trabalhava na Conmebol. “ Não foi um sucesso feito de um dia para o outro. Na Conmebol esse período serviu como um divisor de águas”.

Pelo bem do futebol brasileiro, torço para que o otimismo do chefe da arbitragem encontre eco na realidade e que as medidas recém anunciadas sejam suficientes para o apito nacional ingressar em um patamar mais elevado de qualidade. Que venham novos e bons tempos.

Carlos Eugênio Simon25 Jul, 2022

Atlético-MG x São Paulo: Simon analisa lances polêmicos e avalia performance de Daronco

O imbróglio criado pelas supostas ameaças verbais do árbitro Anderson Daronco ao atacante Hulk ainda não terminou, já que foi parar na Justiça desportiva. 

Na sexta-feira passada (22), o Atlético-MG encaminhou ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) uma "Notícia de Infração", relatando irregularidades que teriam sido cometidas pelo árbitro na condução do jogo contra o São Paulo, válido pela 16° rodada do Brasileirão, realizado no dia 10 de julho, no Mineirão. 

Na versão do atleta, depois de reclamar de dois lances polêmicos, ocorreu o seguinte diálogo: 

Daronco: Cuidado com o que você vai falar lá fora.

Hulk: Por que?

Daronco: Porque não é o último jogo que eu vou apitar de vocês.

O departamento jurídico do clube mineiro argumenta que o juiz do quadro da Fifa violou os artigos 258, 259 e 273 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), além do Art. 8°, inciso IV, do Código de Ética e Conduta do Futebol, que tratam de comportamentos atentatórios à ética e disciplina desportiva com suspensão e multas pecuniárias brasileiro.

Como já observei em um post recente, se aconteceu como relatado pelo atleta alvinegro, trata-se de uma ameaça velada, que não só é lamentável como merece pedido de desculpas de Daronco por suas palavras inapropriadas.

Daronco não se manifestou sobre o assunto nem quando o presidente do Galo solicitou uma retratação. A Comissão de Arbitragem da CBF também silenciou.

Anderson Daronco discute com Hulk durante jogo do Atlético-MG Pedro Vilela/Getty Images

Agora ambos terão de pronunciar-se diante do STJD. De Anderson Daronco, espera-se que, quando chegar o momento do seu depoimento, seja marcado pela sinceridade, sensatez e consciência das próprias limitações, e que tais atributos resultem em um julgamento justo, que não altere sua posição no quadro de elite da arbitragem brasileira e latino-americano – lugar resultante de muito trabalho, esforço, estudo e competência. 

Por outro lado, da CA-CBF espera-se uma defesa objetiva de um dos seus melhores quadros, sem abrir mão de eventuais reprimendas ou orientações que se mostrem necessárias.

 Recomendar aos árbitros comedimento na comunicação com os atletas já seria um bom começo. Autoridade em campo não se conquista com ameaças, veladas ou não, mas sim com comportamento firme ancorado na ética, no respeito e na verdade.

Carlos Eugênio Simon17 Jul, 2022

O objetivo do VAR é auxiliar quem apita o jogo em campo e, assim, minimizar os erros de arbitragem. No entanto, como é operado por seres humanos, o assistente eletrônico também erra. Foi o que aconteceu na quinta-feira da semana passada (14), na partida entre Palmeiras e São Paulo, válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil. 

A falha foi admitida pela Comissão de Arbitragem da CBF na análise da atuação do árbitro de vídeo, divulgada sexta-feira (15). De acordo com a comissão, o árbitro de vídeo Emerson de Almeida Ferreira errou no lance que originou o gol do São Paulo. Na ocasião, o assistente chamou o árbitro Leandro Vuaden para revisar a jogada em que o palmeirense Gustavo Gomez teria puxado o são-paulino Calleri, mas, preocupado com a infração , acabou não checando uma suposta posição irregular do argentino. 

A comissão aponta que houve um equívoco da equipe de arbitragem por não traçar a linha para detectar um possível impedimento do atacante argentino no começo da jogada. O árbitro assistente de vídeo deveria ter observado os melhores ângulos disponíveis. Em lances ajustados, a linha virtual deve ser utilizada para a confirmação da decisão de campo – diz o vídeo da CBF.  

CBF divulga áudio do VAR de Palmeiras x São Paulo; VEJA

Na minha opinião, não aconteceu a penalidade, e se os árbitros entenderam que houve, deveriam expulsar o defensor palmeirense, porque não havia disputa de bola e sim um puxão (no entendimento deles). Ou seja, erraram tudo na jogada. 

Como consequência do erro, o pênalti foi confirmado para o  São Paulo – que, mesmo perdendo por 2 a 1 , levou a decisão para os pênaltis e assim eliminou o rival. O Palmeiras foi alijado da Copa do Brasil e, por não avançar na competição, amargou um prejuízo financeiro de R$ 4 milhões. 

Os árbitros de vídeo que trabalharam no jogo, Emerson de Almeida Ferreira e Marcus Vinicius Gomes, foram retirados da escala da 17° rodada do Campeonato Brasileiro. A dupla estaria em Atlético PR x Internacional, no sábado (16), mas, depois das polêmicas no clássico paulista, a CBF comunicou que ambos "estão sob avaliação de desempenho técnico". 

Os avanços tecnológicos de nada valem se não forem utilizados com atenção, competência e responsabilidade, no futebol ou fora dele.

Gustavo Gómez e Calleri em lance de pênalti polêmico em Palmeiras x São Paulo Rubens Chiri / saopaulofc.net

Carlos Eugênio Simon12 Jul, 2022

Atlético-MG x São Paulo: Simon analisa lances polêmicos e avalia performance de Daronco

Se confirmada, é inadmissível a fala do árbitro Anderson Daronco dirigida ao atacante Hulk ao final de partida em que Atlético-MG e São Paulo empataram por 0 a 0, no último domingo (10), no Mineirão.

De acordo com o atleta, quando o jogo estava perto do fim, depois de ouvir suas reclamações em relação a dois lances polêmicos, Daronco falou o seguinte: "'Cuidado com o que você vai falar lá fora'. Eu falei: 'Por que?', e ele respondeu: 'Porque não é o último jogo que eu vou apitar de vocês'. Isso é uma ameaça ou não? Eu não sei. Diante dos meus quatro filhos, foi a conversa que eu tive com ele ali", alegou Hulk, na saída do campo. 

Se de fato foi isto o que ocorreu, trata-se de um caso muito grave. Jamais um árbitro deveria dirigir-se a um jogador no tom ameaçador como relatou o atacante do Galo.

 Daronco não quis se manifestar sobre o episódio. Ele alegou que não há nada a dizer sobre as falas de Hulk e arbitragem na partida. A CBF também não se posicionou. A assessoria da entidade respondeu que a "arbitragem só se manifeste por meio de solicitações formais dos clubes ou análises postadas no site da CBF após os términos das rodadas".

Na minha opinião, Daronco deveria vir a público e apresentar sua versão sobre o ocorrido. Se a versão manifestada por Hulk é verdadeira, ele deveria se desculpar pelo que falou. 

Anderson Daronco durante jogo entre São Paulo e Palmeiras, pela Copa do Brasil Cesar Greco/Ag Palmeiras

Nunca concordei com aquela velha máxima que o árbitro tem que passar despercebido em campo. Isto é impossível. Ele é percebido desde que entra em campo com a bola do jogo sob o braço, toma umas 100 decisões durante a partida, apresenta cartões coloridos e ocasionalmente é alvo de epítetos não elogiosos por parte dos torcedores.

 Com tanta exposição assim, um bom árbitro deve ter a sensibilidade para saber o momento certo ao se dirigir a um atleta durante o jogo. Tão importante como a hora adequada é o tom certo para se comunicar – neste aspecto, manter um comportamento eticamente correto é fundamental. 

Ameaças de retaliação não fazem parte do livro de regras.

Carlos Eugênio Simon08 Jul, 2022

O árbitro Igor Benevenuto espanou o conservadorismo comportamental em vigor no futebol ao se declarar homossexual em entrevista concedida ao podcast Nos Armários dos Vestiários, do site GloboEsporte.com. 

Com isso, o mineiro de 41 anos se tornou o primeiro juiz da Fifa a se manifestar gay publicamente. Para ele, foi um momento de libertação pessoal. 

“ O futebol é meu sustento e até o dia de hoje foi o meu esconderijo hétero. Eu quero me libertar da prisão. Quero poder ter relacionamentos, quero apitar em paz, quero que as ofensas sejam punidas. A partir de hoje, não serei mais as versões de Igor que eu criei. Não serei o Igor personagem árbitro, personagem para os amigos, personagem para a família, personagem dos vizinhos, personagem para a sociedade hétero. Serei somente o Igor, homem, gay, que respeita as pessoas e sua escolha. Sem máscaras.  Somente o Igor sem filtro e finamente eu mesmo”, declarou.

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Benevenuto atua como árbitro há 23 anos e é também enfermeiro e voluntário em hospitais, nos quais interpreta o 'Doutor Gravatinha' para levar alegria a crianças internadas em hospitais de Belo Horizonte (MG) como integrante de projeto que promove a humanização no ambiente hospitalar.

A atitude de Igor foi extremamente corajosa, considerando-se a homofobia que ainda impera na sociedade brasileira, especialmente na seara do futebol. Que a sua bravura sirva de exemplo e inspiração para outras condutas igualmente louváveis no sentido de ajudar a acabar com a hipocrisia que viceja entre nós. 

Por outro lado, que seu destemor em assumir publicamente sua orientação sexual jamais seja usado como argumento para justificar ou turbinar qualquer crítica de uma eventual má atuação dentro do gramado empunhando o apito. 

Reconhecer que uma coisa não tem nada a ver com a outra é sinal de amadurecimento da sociedade. E o nome disto é civilização.

O árbitro Igor Benevenuto em ação Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Carlos Eugênio Simon01 Jul, 2022

No jogo realizado pela série B do Campeonato Brasileiro, no último domingo (26), entre as equipes do Tombense e do Náutico, válido pela rodada 14, aconteceu um lance inusitado que resultou em um erro de arbitragem que merece ser relembrado para evitar que se repita.

A jogada em questão ocasionou a expulsão de Lucas Perri, goleiro do Náutico. Foi assim: antes de cobrar uma falta, o atleta escorregou e tocou a bola com o joelho, na continuidade, vendo que tinha um adversário próximo, deu um segundo toque – aí com o pé, para evitar um possível gol. Inicialmente, o árbitro Leonardo Willers Lorenzatto (MT) apresentou cartão amarelo ao jogador, para em seguida trocar pelo vermelho depois de acionado pelo árbitro de vídeo Leone Carvalho Rocha (GO). Perri foi expulso por dar dois toques em cobrança de falta e assim evitar uma clara possibilidade de gol.

Ocorre que a International Football Association Board (IFAB), órgão responsável por zelar pelas regras do jogo, ao se referir à Regra 13 – Tiro Livre utiliza a expressão;  'Kicked and clearly moves', que, traduzida para o português significa: 'chutar e mover claramente a bola'. Chutar é com o pé, e não um toque acidental com o joelho em decorrência de uma escorregada, como aconteceu no jogo. A cobrança da falta deveria ser repetida e o goleiro não deveria ter sido expulso. Eis aí uma boa oportunidade para a Comissão de Arbitragem da CBF refletir e se manifestar, apresentando sua visão não apenas para orientar o público interno, o conjunto da arbitragem – bem como o externo, jogadores, torcedores, mídia e dirigentes.

PS: Usei a expressão inglesa 'Kicked and clearly moves' para justificar meu argumento, não por uma questão de vaidade ou pedantismo, mas como método de esclarecimento para chegar o mais próximo possível da intenção original dos legisladores da IFAB: quando há dúvida nas traduções em outros idiomas vale o livro em inglês.

Lucas Perri, goleiro do Náutico, lamentando durante partida pela Série B Wilson Castro/W9 PRESS/Gazeta Press

Carlos Eugênio Simon30 Jun, 2022

Uma demonstração pública da dor e humilhação que podem ser causadas por atos de racismo foi vista no domingo 26 de junho, na Argentina, quando o meio-campista colombiano Harrison Mancilla, que defende o Club Atlético Sarmiento, deixou o campo chorando no empate de 0 a 0 contra o Platense, jogo válido pelo Campeonato Argentino. 

A reação do jogador ocorreu após ouvir insultos racistas proferidos por torcedores nas arquibancadas. O técnico do Atlético Sarmiento, Israel Damonte, criticou duramente 'idiotas', como classificou os racistas. 

“Tenho vergonha de repetir o que disseram, são coisas que os idiotas gritam, que infelizmente acontecem cada vez mais neste país, e ainda por cima é algo que contagia. Isso não é uma coisa boa para a sociedade em geral, e principalmente para nós que fazemos parte deste esporte”, disparou o treinador. 

O colombiano Harrison Mancilla, do Club Atlético Sarmiento Reprodução/ESPN

Este episódio repugnante aconteceu apenas dois dias depois do Tribunal de Disciplina da Conmebol punir o Boca Juniors com apenas uma multa no valor de 100 mil dólares (R$ 525 mil) por atos racistas de sua torcida contra o Corinthians, em jogo válido pela quinta rodada da fase de grupos da Conmebol Libertadores, na Bomboneira. 

Na ocasião, torcedores do Boca imitaram macacos em direção à torcida alvinegra no setor visitante. Os argentinos escaparam das novas e mais duras punições do regulamento, como a possibilidade de jogar com portões fechados ou com a com a arquibancada parcialmente interditada no duelo de volta do torneio continental, marcado para o dia 5 de julho.

Esta leniência punitiva por parte da justiça desportiva – seja em competições locais ou continentais – contribui para a persistência dos atos de racismo nos estádios. Diante de agressões assim violentas, atentatórias aos princípios básicos civilizatórios como o respeito às diferenças, não dá para tergiversar: é preciso punir com todo o rigor permitido pela lei. 

Só assim vamos deter, ou ao menos diminuir a intensidade, a marcha da insensatez e obscurantismo que cada vez mais se infiltra nos estádios de futebol.   

Carlos Eugênio Simon27 Jun, 2022

Na quarta-feira passada (22) começou efetivamente a gestão de Wilson Seneme na Comissão de Arbitragem da CBF. Enfim, dois meses e meio depois de assumir a presidência do órgão, ele anunciou os 18 integrantes da Comissão, da qual constam nomes conhecidos, como os ex-árbitros Péricles Bassols e Ricardo Marques. Conforme o mesmo fez questão de destacar, Seneme teve mais de dois meses e meio e 'o máximo de autonomia' para escolher seus auxiliares.

Na minha opinião, a elasticidade temporal e a louvável liberdade de ação resultaram na formação de equipe de qualidade apenas média, considerando que há à disposição no mercado da bola nomes mais conhecidos e respeitados por sua experiência e conhecimento na gestão das questões relacionadas à arbitragem de futebol. Mas esta é apenas minha opinião, o que importa são as expectativas do presidente da CA-CBF.

Em relação às críticas que a arbitragem vem sofrendo por conta de atuações no Campeonato Brasileiro, Seneme ainda as considera parte de uma herança maldita.  'Tem muito do passado nessas situações. É evidente isso', pontuou. Ou seja, para ele a Era Seneme começou a partir da 14ª rodada rodada do campeonato, que iniciou na sexta-feira passada (24).

Entre as promessas para melhorar o nível do trabalho em campo, o chefe da arbitragem e sua equipe pretendem, entre outras medidas, substituir a 'geladeira' para os árbitros que cometerem erros crassos por um programa de 'reciclagem'; realizar uma intertemporada no final do primeiro turno; contratar uma plataforma para que todos os árbitros e assistentes tenham acesso às próprias estatísticas ao final de cada rodada e dar maior agilidade e transparência nas decisões do VAR. 

Além disso, a médio prazo, os árbitros deverão decidir se querem atuar no campo ou como árbitro de vídeo. Como plano de governo, no papel das intenções são boas e visam atingir um objetivo nobre. Já o sucesso da iniciativa vai depender não apenas da 'esperança e do pensamento positivo' de Seneme, mas principalmente do trabalho e da competência de todos os envolvidos no projeto. 

A tarefa é árdua, considerando as duras críticas de dirigentes como Salmo Valentim, presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), e alguns presidentes de federações insatisfeitos com o que Seneme está entregando como presidente da CA-CBF. 

"Não há respeito, não há projetos, não há vontade de fazer diferente e, sobretudo, não há o mínimo conhecimento do atual cenário que hoje existe no Brasil. Ou mudanças efetivas ocorrem para valer, ou, infelizmente, a profissionalização, uma das grandes aspirações de uma parcela considerável da arbitragem brasileira, não conta com o entusiasmo do chefe do apito nacional."

"Não existem ainda elementos que permitem profissionalizar. Já foi instituída pelo Congresso Nacional, ao reconhecer que existe a profissão árbitro de futebol. Mas como vai ser realizado? Como vamos profissionalizar? Quantos serão? Dividir uma categoria, profissionalizar uns e não outros, não parece a melhor solução”, declarou Wilson Seneme, indicando que o assunto está fora do radar da sua administração. Ainda não será desta vez que a reforma estrutural que a arbitragem do futebol brasileiro precisa e merece será encarada de frente.

Ex-árbitro Wilson Seneme deixou a Conmebol para assumir a Comissão de Arbitragem da CBF NORBERTO DUARTE/AFP via Getty Images

Carlos Eugênio Simon17 Jun, 2022

No domingo passado (12) um crime estarrecedor enlutou o mundo do futebol. O árbitro José Arnoldo Amaya foi espancado até a morte pelo jogador Juan Manuel Cruz Lorenzana após mostrar cartão vermelho ao atleta, durante uma partida no Estádio de Toluca, em El Salvador. O Juiz foi derrubado com um chute no peito e agredido com diversos golpes até ficar inconsciente. Morreu de hemorragia interna enquanto era conduzido ao hospital Zacamil, na capital São Salvador. 

O crime hediondo que vitimou o árbitro Amaya é o paroxismo de uma atitude recorrente no futebol latino-americano, especialmente, que é a crítica à arbitragem. Trata-se de um ato condenável em todos os sentidos, que merece o repúdio de todos nós. É também uma oportunidade para refletir sobre a intensidade e linguajar utilizados nas análises não só sobre o desempenho da arbitragem como também dos jogadores. Numa época de ânimos exasperados, cada vez mais crescentes nas redes sociais, como a que estamos vivendo, qualquer faísca verbal, por mínima que seja, basta para acender o rastilho capaz de fazer eclodir a violência física dentro e fora dos gramados.

Amaya integrava a Associação Nacional de Árbitros de El Salvador (AAFES) há mais de 20 anos. Foi enterrado na terça-feira (14) em Soyapango, cidade da Região Metropolitana de São Salvador.

A Federação Salvadorenha de Futebol (FESFUT) divulgou uma nota repudiando veemente o episódio. “Repudiamos todos os atos de violência que estão ocorrendo nos diferentes cenários esportivos do país”, escreveu a entidade. O jogador Lorenzana, o assassino, estava foragido desde o fim da partida, mas foi preso na terça-feira, na colônia de Miramonte.

Cartão vermelho é mostrado durante partida de futebol Piaras Ó Mídheach/Getty Images