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IntroduçãoAlternativa em áudio 2 - Introdução.Este guia se constitui como uma ação educativa referente ao Transtorno do Espectro do Autista (TEA) e das pessoas que se encontram nessa condição, com ênfase sobre questões relativas à sua participação no contexto universitário. Sua meta é disseminar e compartilhar informações práticas que promovam e subsidiem a participação efetiva de todos estudantes, incluindo aqueles que apresentam diferenças físicas, sensoriais e/ou comportamentais, num espaço acadêmico comum. Com isso, reitera-se o compromisso na propagação dos direitos fundamentais dos sujeitos que dão vida à universidade. Tempos atuais exigem mudanças para melhores condições de desenvolvimento e para a garantia da cidadania. Nesse sentido, a universidade deve se configurar como um espaço democrático em que a diferença seja entendida como constitutiva do humano. Reconhecê-la, respeitá-la e valorizá-la passa a ser um compromisso de todos! Caso queira fazer o download deste guia, acesse o link: (PDF) Guia de orientações sobre Transtorno do Espectro Autista em pdf. O que é o TEA?Alternativa em áudio 3 - O que é o TEA?O Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), é caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta de forma persistente a comunicação e a interação social do indivíduo, associado a padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou de atividades. As características comuns do sujeito com TEA incluem rotinas rígidas, maior sensibilidade a estímulos sensoriais e dificuldade em regular e expressar emoções. Esses indicativos são passíveis de serem percebidos precocemente logo na primeira infância. Atualmente, o DSM-V estabelece como nomenclatura oficial Transtorno do Espectro Autista, abarcando desordens que anteriormente eram relacionadas ao autismo, como o Autismo Clássico e o Transtorno de Asperger. As manifestações do transtorno podem variar de acordo com a gravidade da condição autista e do nível de desenvolvimento, por isso o uso do termo espectro, uma vez que existem características comuns aos indivíduos, mas sua manifestação é heterogênea. Quais são suas causas? Quantas pessoas têm TEA?Alternativa em áudio 4 - Quais são suas causas? Quantas pessoas têm TEA?A etiologia (causas da doença) do Transtorno do Espectro Autista ainda é desconhecida, embora a tendência seja considerá-la de origem multicausal associada aos fatores genéticos, neurológicos e sociais do indivíduo. Em relação ao gênero, o TEA é diagnosticado com maior frequência no sexo masculino do que no sexo feminino, com uma proporção de quatro para um. Segundo o DSM-V, estima-se que a prevalência (proporção ou número total de casos existentes numa determinada população) do TEA nos Estados Unidos e em outros países está por volta de 1% da população total, com estimativas similares em amostras de crianças e adultos. Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, 2020) dos Estados Unidos, indicam uma prevalência de autismo estimada de uma em cada 54 crianças. Por outro lado, no Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2017) estima que uma em cada 160 crianças apresenta o Transtorno do Espectro Autista. Dificuldades e preocupações cotidianas enfrentadas pela pessoa com TEA em contexto acadêmicoAlternativa em áudio 5 - Dificuldades e preocupações cotidianas enfrentadas pela pessoa com TEA em contexto acadêmico.O estudante com TEA pode apresentar algumas dificuldades e se deparar com desafios práticos ao longo de sua trajetória acadêmica, tais como:
Algumas dessas dificuldades e preocupações fazem parte da vida de vários outros estudantes, contudo, enquanto a maioria deles consegue se adaptar de modo razoavelmente rápido às situações e contar com uma rede de apoio (amigos, colegas, familiares, professores, coordenadores, etc.), o estudante com TEA nem sempre pode dispor desse apoio, além do fato de, muitas vezes, não possuir suporte educacional adequado às suas necessidades. Tais situações podem acarretar aumento da ansiedade, da baixa autoestima, do isolamento social, da dificuldade de aprendizagem e, consequentemente, levar ao baixo desempenho acadêmico, o que pode levar a reprovações sucessivas e até mesmo na desistência do curso. Potencialidades do estudante com TEAAlternativa em áudio 6 - Potencialidades do estudante com TEA.O estudante com TEA possui potencialidades? Habilidades? Quais? Ser estudante universitário de uma universidade pública expressa uma das potencialidades da pessoa com TEA, pois, além de ser preciso um desempenho satisfatório para ter sido classificado no vestibular, é necessário lidar com mudanças, se adaptando ao contexto universitário e a sua rotina diante da nova realidade. Há uma série de habilidades específicas que o estudante com TEA comumente apresenta, dentre as quais podemos destacar:
Mitos, estereótipos, preconceitos sobre TEAAlternativa em áudio 7 - Mitos, estereótipos, preconceitos sobre TEA.Há muitos dados e materiais circulando (pelas mídias sociais, pela internet ou por produções midiáticas) que não possuem comprovação científica, ou seja, que apresentam informações não fidedignas a respeito do TEA. Isso é perigoso, pois contribui para a ilusão e o desenvolvimento de ideias e concepções equivocadas sobre o transtorno, contribuindo para a propagação de mitos, preconceitos e estereótipos sobre esse público. Vamos desmistificar alguns conceitos juntos, uma vez que muitas compreensões e informações equivocadas são bastante comuns.
Necessidades de apoio vivenciados pelos estudantes com TEAAlternativa em áudio 8 - Necessidades de apoio vivenciados pelos estudantes com TEA.Existe a possibilidade de que a pessoa com TEA cursante da Educação Superior precise de suportes adaptados às suas necessidades específicas (CAMINHA, et al., 2016). Neste sentido, elencamos alguns recursos que visam maximizar a permanência da pessoa no ensino superior e permitir a ela finalizar os estudos:
Estratégias e orientações aos professores e gestores educacionaisComo vimos, são várias características diferenciadas apresentadas pela pessoa com TEA. É preciso conceber que o sujeito que se enquadra no espectro não se resume a esta sua condição, uma vez que tem pensamentos, sentimentos e emoções próprias, ou seja, é um ser humano como qualquer outro e tem suas particularidades de desenvolvimento. Nesse sentido, orientamos:
Atenção docentes e servidores não-docentes: se tiverem dificuldades em atender às necessidades dos estudantes com TEA, vocês também podem requisitar auxílio da Comissão de Acessibilidade da UNESP. Como o estudante com TEA pode se orientar no processo de aprendizagemAlternativa em áudio 10 - Como o estudante com TEA pode se orientar no processo de aprendizagem.Considerando que este guia poderá ser lido por toda a comunidade acadêmica, inclusive pelo estudantes com TEA, deixamos nesta seção algumas orientações para este, com o intuito de auxiliá-lo em seu próprio processo educacional:
Estratégias e orientações aos colegas de classe e pessoas do convívioAlternativa em áudio 11 - Estratégias e orientações aos colegas de classe e pessoas do convívio.Você convive com algum amigo, parente ou colega de faculdade que tenha TEA e está com dúvidas sobre como começar ou manter um contato com ele? Se sim, aqui vão algumas orientações para você:
Quem procurar quando precisar de ajuda na UniversidadeAlternativa em áudio 12 - Quem procurar quando precisar de ajuda na Universidade.Matrícula de estudantes com TEA no Ensino Superior BrasileiroAlternativa em áudio 13 - Matrícula de estudantes com TEA no Ensino Superior Brasileiro.Nota-se um aumento gradativo das matrículas do Público Alvo da Educação Especial (PAEE) na Educação Superior. Considera-se PAEE pessoas com deficiência intelectual (DI), deficiência física (DF), deficiência visual (DV), deficiência auditiva (DA), deficiência múltipla (DM), transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação (AH/SD). No ano de 2003, havia 5.078 matriculados; em 2011, esse número foi ampliado para 23.250; em 2013, novamente subiu para aproximadamente 30 mil; em 2016, chegou-se a 35.891. No ano de 2017, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2019), havia 38.272 matrículas; no último censo, realizado em 2018, ocorreu um aumento para 43.633 alunos matriculados. Especificamente, o número de pessoas consideradas com TEA matriculadas na Educação Superior brasileira (modalidade presencial ou à distância) também acompanha essa tendência: em 2012, havia um total 186; em 2017, chegou-se a 754, número que saltou para 1.122, em 2018, um aumento de 503% em seis anos (2012 – 2018). Ingresso no mercado de trabalhoAlternativa em áudio 14 - Ingresso no mercado de trabalho.A inserção da pessoa com TEA no mercado de trabalho é uma temática complexa. Para a sua análise, faz-se necessário considerar diversos aspectos, a começar pelo histórico do sujeito. O diagnóstico precoce, logo na primeira infância, permite o encaminhamento aos serviços educacionais e psicológicos especializados que garantem especial atenção às necessidades da pessoa com TEA. Quando não ocorre esse apoio, funções cognitivas podem não ser estimuladas, acarretando as dificuldades de aprendizagem já mencionadas neste guia, as quais poderão afetar todo o desenvolvimento educacional do estudante com TEA. Quando pensamos a inclusão desse sujeito no mercado de trabalho, precisamos considerar em qual área ele pretende se inserir. Algumas vezes, a escolha é correspondente aos padrões restritos de interesse da pessoa com TEA, por isso, seu repertório já contempla e tem aprimoradas as habilidades exigidas pela vaga almejada. Outra possibilidade é a escolha de um posto de trabalho que não demande da pessoa com TEA ações que estejam comprometidas pelo quadro sintomatológico. Por exemplo: se ela tem dificuldades de interação social, poderá escolher áreas como a da Computação, a qual permite que o profissional realize seu trabalho sem necessariamente interagir a toda hora com outrem; poderá também optar por cargos emb que o trabalho seja desempenhado individualmente. Estudos sobre a inclusão do sujeito com TEA no mercado de trabalho brasileiro ainda são poucos, contudo, é possível elencar uma série de desafios para este profissional:
Uma das formas de amenizar as dificuldades no ambiente de trabalho é ofertar suporte adequado neste espaço (treinamento e adequação ambiental), de forma a permitir a melhora no desempenho profissional e na qualidade de vida da pessoa com TEA. Nessa direção, sugere-se:
Ressalta-se ainda que o incentivo, a adoção e a criação de políticas públicas de inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho são ferramentas que viabilizam e estimulam a construção de uma cultura inclusiva e de suportes adequados às pessoas com TEA no ambiente laboral, contribuindo com a preparação para a atuação profissional, o incentivo à contratação, o ajuste no ambiente laboral, o acompanhamento do processo de inclusão, o fomento à produção científica e o desenvolvimento de informações precisas sobre o tema (LEOPOLDINO, 2017; 2015). Outras informações e curiosidadesAlternativa em áudio 15 - Outras informações e curiosidades.As informações sobre o TEA são muito abrangentes e não se esgotam neste guia, mas trouxemos algumas curiosidades sobre o tema para vocês! Você sabia que o dia 02 de abril é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo? A data foi oficializada em 2007, pela Organiza ção das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a população mundial sobre o tema, com o intuito de desconstruir mitos e estereótipos relacionados às pessoas com TEA e favorecer a objetivação de seus direitos e deveres fundamentais. Escolheu-se a cor azul para simbolizar o transtorno, visto que a maior incidência de casos é sobre o sexo masculino, e a fita em quebra-cabeça com diferentes cores para representar a complexidade do transtorno e a diversidade de pessoas e famílias que convivem com ele. No Brasil, a data de celebração foi instituída pela Lei no 13.652, de 13 de abril de 2018, sendo que, na data e por todo o mês de abril, ocorrem eventos, palestras, reuniões, debates e a iluminação, com a cor azul, de prédios e monumentos históricos. Você sabia que há uma Carteira de Identificação da Pessoa com TEA? A Carteira de Identificação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) foi sancionada pela Lei no 13.977/2020 (igualmente conhecida como Lei Romeo Mion), que alterou a Lei no 12.764/2012 e visa garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade às pessoas com TEA no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. Você sabia que produções midiáticas podem auxiliar a compreender melhor o TEA? Apesar de a pessoa com TEA enfrentar desafios quanto à possibilidade da hipo ou da hipersensibilidade aos estímulos presentes em seu contexto, ela vivencia sentimentos e emoções, mesmo que sua forma de atribuir sentido às relações possa ser diferente da de uma pessoa que não se enquadra no espectro. Esta e outras questões são bem abordadas em produções como o longa-metragem “Molly – experimentando a vida”, dirigido por John Duigan, ou o documentário “O Cérebro de Hugo”, dirigido por Sophie Rèvil e baseado em fatos, com vários depoimentos, em forma de narrativas, sobre ser autista. Sites de interesseAlternativa em áudio 16 - Sites de interesse.LegislaçãoAlternativa em áudio 17 - Legislação.Apresentamos, para consulta, algumas das principais leis nacionais que representam o avanço na luta pelos direitos das pessoas com TEA:
ReferênciasAlternativa em áudio 18 - Referências.AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014. CAMINHA et al. Autismo: vivências e caminho. São Paulo: Blucher, 2016. Acesso em: 03 jun. 2020. LEOPOLDINO, C. B. Inclusão de autistas no mercado de trabalho: Uma nova questão de pesquisa para os brasileiros. Gestão e Sociedade, v. 9, n. 22, p. 853-868, 2015. LEOPOLDINO, C. B.; COELHO, P. F. C. O processo de inclusão de autistas no mercado de trabalho. Revista Economia & Gestão, Belo Horizonte, v. 17, n. 48, p. 141-156, set. 2017. Acesso em: 09 ago. 2020. MELO, R.L.V. de. Inclusão no Ensino Superior: docência e necessidades educacionais especiais. Natal: EDUFRN. 2013. OPAS. Organização Pan-americana de Saúde. Folha informativa – Transtorno do Espectro Autista. 2017. UNIVERSIDAD DE SEVILLA. Vicerrectorado de Servicios Sociales y Comunitarios. Unidad de Atención a Estudiantes con Discapacidad Servicio de Asistencia a la Comunidad Universitaria. Guía Orientativa para la Atención al Alumnado Universitario con Síndrome de Aspenger. [Sevilla, AN, 2016]. 21 f. Acesso em: 03 jun. 2020. CréditosAlternativa em áudio 19 - Créditos.
*Observação: Os autores integram o Grupo de estudos e pesquisa em Deficiência e Inclusão (GEPDI), vinculado ao Curso de Psicologia e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Faculdade de Ciências, Unesp – Bauru. |