Quando suzane matou os pais

Interpretada por Carla Diaz, Suzane von Richthofen foi responsável pelo assassinato dos pais em um dos crimes que mais chocaram o Brasil

Felipe Grutter (com supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 27/09/2021, às 08h56 - Atualizado em 02/10/2021, às 10h30

Após muita espera, os filmes sobre o Caso Richthofen, A Menina Que Matou os Pais (2021) e O Menino Que Matou Meus Pais (2021), chegaram ao catálogo brasileiro do Amazon Prime Video em 24 de setembro de 2021. Afinal, Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos e seis meses de prisão, ganhou algum dinheiro pelas produções?

Ambos os filmes são baseados na história real de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, responsáveis pelo assassinato de Marísia e Manfred Albert von Richthofen, pais de Suzane, em 31 de outubro de 2002.

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Segundo informações do CinePOP, nenhuma pessoa retratada nos filmes recebeu dinheiro para a história ser contada ou reproduzida no cinema.

Ninguém recebeu dinheiro por A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais porque as produções foram baseadas em um caso público e autos do processo, ou seja, sem conexão direta com os envolvidos no caso que chocou o Brasil.

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Carla Diaz interpretou Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt deu vida a Daniel Cravinhos. Com roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes, os filmes foram dirigidos por Maurício Eça. O roteiro teve como base o julgamento histórico da Justiça brasileira, o qual teve contradições, reviravoltas e duração de mais de 65 horas.

No entanto, com exceção da atuação de Carla Diaz como Suzane von Richthofen, vários aspectos das produções do Amazon Prime Video não foram bem recebidos pela crítica especializada - com destaque negativo para a decisão de dividir o filme em dois e roteiros fracos. 

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Durante as investigações do assassinato de Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen, Daniel Cravinhos falou à Justiça e à imprensa que Suzane havia relatado que era abusada pelo pai. A narrativa foi reforçada no filme A Menina Que Matou os Pais, que mostra a versão do namorado da herdeira sobre o duplo homicídio. Suzane, porém, sempre negou esse tipo de comportamento criminoso na família.

No longa, lançado no Prime Video na sexta-feira (24), Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) se descreve como um jovem tranquilo e trabalhador. Na versão dele, Suzane começou a se transformar com o uso de drogas e passou a ter uma vontade frequente de dar um fim no pai e na mãe, que eram controladores ao extremo e não aceitavam o relacionamento.

De acordo com Cravinhos, ela ainda teria dito que apanhava e sofria abusos sexuais de Manfred von Richthofen. O aeromodelista chegou a dizer que a então namorada se sentia constrangida por apresentar hematomas decorrentes da violência.

O filme A Menina Que Matou os Pais apresentou esse viés e também indicou que Manfred e Marísia eram prepotentes e tinham problemas com bebidas alcoólicas, além de manterem relações extraconjugais: o pai com prostitutas; a mãe, que era psiquiatra, com uma paciente.

Já em O Menino Que Matou os Pais, narrado com base nos depoimentos de Suzane von Richthofen, a família dela é mostrada como rígida e interessada nos estudos da filha. O incômodo dos pais se dava pelo comportamento abusivo de Cravinhos com a herdeira. Além das discussões familiares, não há indícios de que o pai cometia algum tipo de abuso ou excesso.

O que os Cravinhos dizem dos Richthofen?

Em 17 de janeiro de 2006, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem com o título: "Pai estuprou Suzane, dizem Cravinhos". O texto trazia trechos de uma entrevista dos irmãos Daniel e Cristian para a rádio Jovem Pan.

"Os irmãos voltaram a falar das supostas agressões sexuais. Cristian foi o mais incisivo. Disse que Suzane afirmou que não seria uma pessoa feliz enquanto não sepultasse os pais. E que ela teria dito: 'Eu sou estuprada, sou molestada desde os 13 anos dentro da minha própria casa'. Daniel contou que o irmão de Suzane, Andreas, dormia no quarto dela porque a garota se sentia ameaçada", informava o texto.

Essa foi uma estratégia usada pela defesa dos Cravinhos para tentar provar que Suzane era a verdadeira mandante do crime. Na ocasião, o então advogado da assassina, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, negou o estupro. "Ela está revoltada com essa mentira torpe. Ainda que a alegação de ter sido vítima de abuso sexual melhorasse sua situação jurídica, ela não admitiria a mentira", afirmou o defensor.

reprodução

Quando suzane matou os pais

Suzane, Andreas, Marísia e Manfred Richthofen

Suzane nega estupro

Suzane von Richthofen, que sempre afirmou ter cometido o crime por influência do ex-namorado, negou essa versão de que teria sofrido abusos do pai. "Isso nunca aconteceu", reforçou ela, em entrevista para a revista Quem publicada em outubro de 2014.

Irmão de Suzane, Andreas von Richthofen tinha apenas 15 anos quando os pais foram assassinados. Em seu depoimento no julgamento, realizado em julho de 2006, o então estudante questionou o caráter da irmã, mas reforçou a versão dela de que Cravinhos tinha a iniciado no uso de drogas.

Andreas, que se tornou o único herdeiro dos bens dos pais, avaliados em aproximadamente R$ 2 milhões na época, negou que qualquer um dos dois tenha sofrido agressões ou abusos sexuais dos pais. Ele também disse que se lembrava de apenas uma ocasião na qual o pai havia batido em Suzane.

"Ela o agrediu verbalmente, e ele deu um tapa", falou o jovem. Essa discussão é mostrada em um dos filmes disponíveis no Prime Video. "Meu pai era um homem muito mais digno do que muita gente aqui", provocou o herdeiro durante o seu depoimento à Justiça.

Quem ficou com a herança dos Richthofen?

Quem ficou com a herança dos Richtofen? Toda a fortuna de Manfred e Marísia Von Richthofen, avaliada em 11 milhões de reais, foi destinada para o filho caçula do casal, Andreas von Richthofen. Em 2011, foi promulgada a sentença judicial na qual Suzane foi considerada indigna de receber a herança.

Em que ano Suzane sai da cadeia?

Só em 2022, a detenta já deixou a prisão em março, junho e agora, em setembro, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). O benefício é concedido a presos que apresentam bom comportamento, já cumpriram uma parte da pena e estão no regime semiaberto, como é o caso de Richthofen.