Referência : Moreira, C., (2014) Código genético, Rev. Ciência Elem., V2(4):251 Show O código genético é o conjunto de regras através das quais a informação contida no material genético (DNA e RNA) é traduzida em proteínas, estabelecendo-se a correspondência entre sequências de 3 nucleótidos de RNA (codões) e um determinado aminoácido.
Depois dos importantes trabalhos de James Watson, Francis Crick, Maurice Wilkins e Rosalind Franklin para a descrição da estrutura da molécula de DNA, seguiram-se trabalhos para compreender o processo de codificação das proteínas. George Gamow, utilizando o cálculo combinatório, postulou que um código de três letras (correspondente a três nucleótidos) seria necessário para codificar os 20 aminoácidos utilizados pelas células na codificação das proteínas – hipótese dos diamantes de Gamow – baseando-se no facto de existirem 4 nucleótidos diferentes, combinações de 3 a 3 seriam o número mínimo para gerar mais de 20 variantes diferentes, ou seja, poderiam codificar os 20 aminoácidos existentes. A sua hipótese, embora não estivesse totalmente correcta serviu de base aos trabalhos. Em 1961, Nirenberg e Matthaei, sintetizaram no laboratório, da National Institutes of Health, uma molécula de mRNA com todas as bases uracilo (poli-U, isto é, uma sequencia de UUUUUUU...) e procederam à sua tradução. O polipéptido sintetizado consistia apenas num tipo de aminoácido, a fenilalanina. Constataram que o codão UUU era específico para o aminoácido fenilalanina. O uso de outras combinações de tripletos permitiu identificar as sequencias dos codões de mRNA e os aminoácidos correspondentes, decifrando-se o código genético (ver tabela). Em 1968, Robert W. Holley, Har Gobind Khorana e Marshall W. Nirenberg, receberam o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina pela sua interpretação do código genético e sua função na síntese proteica.
Como o código genético se forma a partir de uma cadeia molde de DNA cada codão do mRNA é complementar de uma sequência de três nucleótidos de DNA, designada codogene, e que está presente na cadeia de DNA transcrita. O código genético apresenta as seguintes características: - Cada aminoácido é codificado por um tripleto de nucleótidos do mRNA – codão. - Universalidade: a um determinado codão corresponde o mesmo aminoácido na maioria dos organismos. Existem algumas excepções quando se consideram reinos diferentes de seres vivos. - Redundância: existem vários codões que podem codificar o mesmo aminoácido (ver tabela) (as combinações de 3X3 geram 64 variantes possíveis) - Não ambiguidade: um determinado codão não codifica dois aminoácidos diferentes - Codões de finalização (ou stop): os tripletos UAA, UAG e UGA quando ‘lidos’ pelo complexo de tradução indicam a interrupção do processo, e a proteína é libertada. Nenhum destes codões codifica um aminoácido. - Codão de iniciação: o codão AUG que codifica o aminoácido metionina, é responsável pelo sinal de início da tradução. - O terceiro nucleótido de cada codão é menos especifico que os dois primeiros. Materiais relacionados disponíveis na Casa das Ciências:
Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009) Ouça este artigo: O código genético é um código universal que estabelece a equivalência entre a sequência de bases no DNA (ácido desoxirribonucléico) e a sequência correspondente de aminoácidos, na proteína. É estabelecido através da complementaridade entre as bases nitrogenadas puras e primídicas, que são de quatro tipos: adenina (A), guanina (G), timina (T) e citosina (C). O código possui poucos elementos, mas é necessário que haja conexão química entre as bases que constituem ambos os filamentos, sendo que a adenina liga-se apenas à timina e a guanina sempre estará ligada à citosina. A partir destes quatro nucleotídeos, há a codificação de 22 aminoácidos, e estes, podem ser reunidos de modo que permita a formação de 64 possíveis códons de nucleotídeos. Quando ocorre a ativação dos genes, há o início da transcrição (formação de moléculas de RNA: ribossômico, transportador e mensageiro), e em seguida, o processo de tradução (síntese de proteínas), maneira pela qual o DNA coordena o metabolismo da célula. Ilustração: enzozo / Shutterstock.com Quando o DNA passa a mensagem do seu código genético para o RNA, como uma “cópia invertida” numa molécula de RNAm (RNA mensageiro), é chamado de transcrição. Quando esse RNAm passa para o citoplasma será desencadeada a formação de uma proteína específica e correspondente, num processo chamado de tradução do código genético. Cada trio de ligação das bases nitrogenadas do DNA correspondem a um códon de RNAm e cada códon, corresponde a uma anticódon do RNAt (RNA transportador) relacionado a um aminoácido. As informações que forem codificadas na molécula de DNA irão permitir o controle das atividades celulares e a transmissão das características hereditárias, e estas, somadas aos fatores ambientais, determinarão as características gerais de um indivíduo (por exemplo, cor dos olhos, cor e tipo dos cabelos, estatura, entre outras). Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/codigo-genetico/ Quantos aminoácidos existem no código genético?Observe que existem apenas 20 tipos de aminoácidos, mas 61 trincas diferentes que os codificam. Isso ocorre pelo fato de que um mesmo aminoácido pode ser codificado por diferentes códons. A glicina, por exemplo, é codificada pelas trincas GGU, GGC, GGA e GGG.
Quantos códons codificam aminoácidos?Existem 64 códons diferentes no código genético. Desses códons, apenas 61 codificam aminoácidos, sendo os outros três chamados de códons de parada.
Qual a sequência de aminoácidos codificados?a) A sequência de aminoácidos codificada por esse segmento será: treonina-arginina-lisina-fenilalanina-valina.
Como são codificados os aminoácidos?A sequência de bases no DNA e no RNA consegue fornecer a informação da sequência necessária para criar os aminoácidos e agrupá-los em proteínas. Os nucleotídeos U, C, A e G organizam-se em trincas (3) para formar 64 combinações possíveis, para codificar os 20 aminoácidos.
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