Quem dominava as rotas comerciais que ligavam a Europa ao Oriente pelo Mar Mediterrâneo?

No século XI, a expansão do mundo islâmico estabeleceu o domínio da região da Palestina. Inicialmente, o controle territorial exercido pelos árabes ainda permitiu que a cidade sagrada de Jerusalém fosse visitada por vários cristãos que peregrinavam em direção ao lugar em que Cristo viveu o seu calvário. Contudo, nos fins desse mesmo século, a dominação realizada pelos turcos impediu que a localidade continuasse a ser visitada pelos cristãos.

Nessa mesma época, a ordenação do mundo feudal sofria graves transformações. O fim das invasões bárbaras e a experimentação de uma época mais estável permitiram que a produção agrícola aumentasse e, seguidamente, a população europeia também sofresse um incremento. Interessados em não dividir o seu poder, muitos senhores feudais preferiram repassar sua herança somente ao filho mais velho, obrigando os outros descendentes a viverem de outras formas.

Aqueles que não ingressavam na vida religiosa, buscavam na prestação de serviço militar ou em um casamento vantajoso uma forma de buscar alguma garantia. Contudo, aqueles que não tinham como recorrer a tais alternativas, acabavam vivendo de pequenos crimes, assaltos e cobrança de pedágios sobre aqueles que circulavam a Europa Medieval. Além disso, em algumas propriedades, muitos camponeses não suportavam as obrigações servis e passavam a viver como mendigos e assaltantes.

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Foi nesse contexto que o papa Urbano II, em reunião do Concílio de Clermont, convocou a cristandade europeia para lutar contra os infiéis que impediam o acesso à Terra Santa. Todo aquele que participasse da luta contra os muçulmanos teriam os seus pecados automaticamente perdoados. Dessa forma, dava-se início às Cruzadas ou movimento cruzadista.

Mais do que conceder salvação àqueles que pegassem em armas, as Cruzadas também representaram uma interessante alternativa às tensões sociais que se desenhavam na Europa Medieval. A escassez de terras para a nobreza poderia ser finalmente resolvida com o domínio dos territórios a leste. De fato, ao conquistarem domínios na Síria, no Império Bizantino e na Palestina, vários nobres formaram propriedades que deram origem a diversos Estados feudais, conhecidos como reinos francos ou latinos.

A conquista foi logo contra-atacada pelos muçulmanos, que contaram com a liderança militar do sultão Saladino na Terceira Cruzada. Ao fim desse novo embate, as terras conquistadas pelos cristãos se reduziram a algumas regiões do litoral Palestino e da Síria. Dessa forma, não podemos dizer que o movimento cruzadista representou uma solução definitiva à falta de terras que tomava conta da Europa Cristã.

Em contrapartida, o domínio de certas regiões do Oriente Médio acabou permitindo o enriquecimento de algumas cidades comerciais que sobreviveram ao processo de ruralização da era feudal. Locais como Gênova e Veneza aproveitaram as novas oportunidades de comércio, chegando ao ponto de incitar seus mercadores a financiarem a ação militar dos cruzadistas disponibilizando recursos materiais, embarcações e dinheiro para a Quarta Cruzada (1202 - 1204).

Dessa forma, mesmo não sendo uma solução duradoura para os problemas europeus, as Cruzadas foram importantes para a criação de um fluxo comercial que permitiu a introdução de várias mercadorias orientais no cotidiano da Europa. Além disso, o contato com os saberes do mundo bizantino e árabe foi importantíssimo para o progresso intelectual necessário para o desenvolvimento das posteriores grandes navegações.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

O DESENVOLVIMENTO COMERCIAL

A partir do século XII desenvolveram-se quatro pólos de comércio na Europa ocidental : Itália, Flandres, Suécia e Alemanha atuais.Os comerciantes italianos iam até Constantinopla, onde compravam mercadorias para revendê-las na Europa.

Entre esses centros comerciais criaram-se vias de acesso terrestres, fluviais e marítimas, para o transporte das mercadorias. Os mares Mediterrâneo, Báltico e do Norte ficaram repletos de navios.

No cruzamento das principais estradas, surgiram no século XII as feiras internacionais. Nelas, prazo de algumas semanas, os mercadores vendiam uma grande variedade de produtos e acertavam novos negócios. Terminada a atividade, vendedores e cambistas deslocavam-se para o local marcado para a realização de outra feira. Tratava-se de um comércio itinerante, mas ativo quase o ano todo.

As  principais feiras desse período Histórico localizavam-se na região de Champagne, na França.

O desenvolvimento comercial tornou também mais complexa a estrutura financeira, fazendo surgir novos meios de pagamento, como as letras de câmbio.

As rotas marítimas: o Mediterrâneo - A partir do século XII, o comércio internacional, através do mar mediterrâneo, deixou de ser monopólio dos árabes, pois, aos poucos, foi sendo conquistado pelos burgueses das cidades italianas de Veneza, Gênova, Pisa, Amalfi e da Sicília.

As caravanas que percorriam os caminhos da Ásia, trazendo as mercadorias orientais até o mar Mediterrâneo, continuaram sendo controladas por mercadores árabes.

Graças a sua posição estratégica entre o Oriente e o Ocidente, Veneza tornou-se a primeira potência marítima do Mediterrâneo. Através do porto de Constantinopla, os venezianos compravam porcelana e seda, perfumes e algodão, especiarias (sal, pimenta, cravo, noz-moscada, etc.), brocados, estofados e marfim. Em troca, os italianos vendiam tecidos (produzidos em Florença e Milão, na Itália, em Flandres e no sul da Alemanha), madeira e ferro (para fabricação de barcos e armas), além de escravos brancos.

Os venezianos também dominavam as passagens dos Alpes, que os colocavam em contato com o resto da Europa, onde vendiam  os produtos que adquiriam no Oriente.

Por volta de 1280, a moeda veneziana (ducado de ouro) era padrão monetário do comércio internacional, como o dólar é atualmente.

Gênova era a segunda força marítima do Mediterrâneo. Seu império concorria com Veneza no Oriente e no Ocidente.

Impulsionados pelo espírito de lucro, os comerciantes italianos estabeleceram relações comerciais italianos estabeleceram relações comerciais com os muçulmanos. Os desejo de obter lucros em seus negócios estava acima de tudo. Por isso, não levavam em consideração as ameaças de excomunhão feitas pelo papa, que condenava as atividades lucrativas dos mercadores e banqueiros.

 As rotas marítimas: o mar do Norte e o mar Báltico : Quando os normandos ou vikings ocuparam o norte da Europa, nos séculos VIII e IX, o comércio viking na região intensificou-se através das vias fluviais. Em plena Alta Idade Média, cidades como Birka , na Suécia, e Haithabu, na Dinamarca, exportavam escravos europeus e jóias, feitas com metais preciosos, para o Oriente. Portanto, o comércio na Europa setentrional nunca desapareceu totalmente. Isso explica por que, na Baixa Idade Média, a rota do mar do Norte e do mar Báltico tornou-se a mais ativa do comércio internacional, incluindo Flandres. Na cidade de Visby, no mar Báltico, comerciantes alemães fundaram uma companhia comercial que monopolizou, em 1160, a venda de pescado, peles e madeira à Noruega e Suécia. Em 1230,os comerciantes de Lubeck, Hamburgo e de outras cidades do mar Báltico e do Norte formaram uma associação para evitar a concorrência inglesa no comércio de lã e estanho. Em função de interesses comuns, essas duas companhias aliaram-se em 1358, formando a Grande Hansa Germânica. Suas atividades comerciais estenderam-se da Europa à Ásia e chegaram a reunir comerciantes de noventa cidades. A  Grande Hansa possuía entrepostos em Londres, Bruges, Bergen e novgorod e comercializava cereais, peles, cera, mel, madeiras, pescado, tecidos, lã , vinho, sal e especiarias.

AS ROTAS TERRESTRES - A partir do século XIII, a mais importante rota terrestre no Ocidente era a que ligava o norte da Itália a Flandres. Essa rota estava ligada a várias outras, completando assim a circulação de mercadorias entre os grandes pólos comerciais da época: Constantinopla, cidades italianas e Flandres.

Esse conjunto de vias era chamado de rota da champagne, pois era nessa região da França, a meio caminho entre a Itália e a Provença de um lado, Flandres e Alemanha de outro, que se realizavam as principais feiras comerciais da época.

Havia também rotas terrestres  e marítimas que ligavam a Espanha e a Inglaterra com a Champagne.

ACUMULAÇÃO DE CAPITAL - No sistema feudal, os empréstimos de dinheiro eram em geral feitos por judeus e atendiam às necessidades imediatas da população : o camponês, que teve uma má colheita , ou senhores feudais, que precisaram financiar uma guerra, por exemplo.

Porém, com o desenvolvimento do comércio, os comerciantes e produtores tinham necessidade de tomar emprestados grandes valores em dinheiro para tocar seus negócios. Começaram então a surgir os bancos, com o objetivo de emprestar  dinheiro para os empreendimentos comerciais, agrícolas e industriais. Com o dinheiro que tomavam emprestados dos bancos, os empresários ampliavam seus negócios, obtinham mais lucros e, assim, iam acumulando capital.

A Igreja, cuja riqueza baseava-se na posse da terra, condenava o lucro e, principalmente, os empréstimos a juros. No entanto, aos poucos ela foi se adaptando á nova situação histórica e tornou-se mais tolerante com a prática da usura. Assim, suavizou as leis contra a cobrança de juros e até passou a justificá-la. Uma das justificativas, por exemplo, era a seguinte : se um banqueiro, em vez de emprestar seu dinheiro, o aplicasse em algum emprestar se dinheiro, o aplicasse em algum empreendimento, certamente teria algum lucro . Então, era justo que o comerciante, que tomou o dinheiro emprestado do banqueiro, lhe pagasse algum juro pela utilização que fez do capital que não lhe pertencia.

Quem dominava as rotas comerciais que ligavam a Europa ao Mar Mediterrâneo?

Com o crescimento das rotas marítimas, foram estabelecidos dois grandes eixos comerciais na Europa: o eixo do mediterrâneo, dominado pelas cidades italianas de Veneza e Gênova, e o eixo nórdico, conhecido como Liga Hanseática.

Quem controlava a rota de comércio do Mar Mediterrâneo?

Do Mediterrâneo ao Sael Liderando caravanas compostas com 1.000 a 1.200 camelo ou mais, os tuaregues logo controlavam as rotas e os oásis em toda extensão do deserto Saara, desde a costa mediterrânea, no norte, até o Sahel, no limite do saara.

Quem dominava as rotas comerciais?

Durante a Idade Média comerciantes muçulmanos dominaram as rotas marítimas de especiarias no oceano Índico, dominando áreas chave e enviando as especiarias da Índia para ocidente, através do Golfo Pérsico e do mar Vermelho, a partir de onde seguiam por terra para a Europa com enormes custos.

Quem dominava as rotas comerciais com o Oriente?

Com o fim das Cruzadas, criou-se a Rota das Especiarias, que cruzava o Oriente Médio e chegava à Europa a partir dos comerciantes venezianos. Os árabes detinham o monopólio dessa rota e Veneza se tornou o centro do comércio europeu.