Quem é o autor do livro mágico de oz

L. Frank Baum - Clássicos Zahar / Grupo Companhia das Letras

Ilustração: W. W. Denslow

""Quando estava na metade do caminho, ouviu-se um grito fortíssimo do vento e a casa sacudiu com tanta força que Dorothy perdeu o equilíbrio e caiu sentada no chão. E então uma coisa muito estranha aconteceu. A casa rodopiou duas ou três vezes e começou a levantar voo devagar, Dorothy teve a sensação de que subia no ar a bordo de um balão."

Um ciclone atinge a casa onde Dorothy vive com os tios e ela e seu cachorro Totó são levados pela ventania e param na Terra de Oz. Por lá, Dorothy faz novos amigos - o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde -, encara perigos, vive histórias fantásticas e precisa enfrentar seus próprios medos. Depois de tantas aventuras, a menina descobre que seus Sapatos de Prata têm poderes mágicos e podem levá-la para qualquer parte. Mas não existe melhor lugar no mundo do que a própria casa.

Um clássico indiscutível para todas as idades, a versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo."

Durante minha infância eu assisti ao filme O Mágico de Oz, lançado em 1939. Embora já fosse antigo, se transformou em um dos meus preferidos, mas apenas em 2013 li a obra original de L. Frank Baum, publicada nos Estados Unidos em 1900. Reli em outra edição e minha opinião não mudou: continua um conto de fadas interessante. É uma aventura única, atemporal e apreciável por qualquer faixa etária que goste de fantasia e contos de fadas. 

Continuo a gostar do filme, mas caio no clichê de que o livro é melhor. A essência está presente, mas uma boa parte da aventura ficou de fora. O filme é uma boa versão, alegre, bonita e ótima para a época em que foi filmado. A maior das diferenças entre as mídias (que não afeta a história) é que no livro Dorothy encontra os Sapatos Prateados, não de rubis. A mudança foi feita no filme, pois queriam dar grande destaque às cores fortes, já que era um dos primeiros filmes coloridos produzidos. Por outro lado, o que eu pensava ser apenas parte desse "marketing de jogo de cores", ou seja, o contraste do colorido e o sépia, existe no livro, portanto o filme foi fiel: Kansas é um local cinza, sem vida e apático, enquanto Oz é o oposto, colorido, brilhante, rico e misterioso. Outra grande mudança é em relação às Bruxas: são quatro, não duas. Isto sim afeta a trama.

Quem é o autor do livro mágico de oz

A obra é narrada em terceira pessoa e, embora seja infantojuvenil, é rica e detalhada. O acinzentado Kansas é triste e entediante. Dorothy é uma criança órfã que vive com os tios e Totó, seu cachorrinho e sua alegria cotidiana. Baum descreve como a fazenda se encontra infértil, o tio Henry trabalha demais e tia Em sempre preocupada. Para onde Dorothy olha ela vê apenas pradarias mortas, de grama seca e povo triste. Seu sonho é ver campos floridos e repletos de pássaros. A cabana onde vivem é simples e muito pequena. E nela Dorothy voa em um ciclone aterrissa na misteriosa Terra de Oz.

É ótimo conhecer o lugar pelo ponto de vista da jovem, ingênua e humilde menina. Ela encontra seres exóticos, atravessa lugares inimagináveis e une um grupo de amigos estranhos. Sua inocência transparece em cada ato de bondade. Ela salva o Espantalho empoleirado, o Homem de Lata lenhador e o Leão Covarde escondido na floresta e se torna o elo e grande incentivo que precisavam para tentar mudar. Ela é a revolução em forma de doçura. Cada personagem do núcleo central possui características muito definidas.

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Em cada companheiro de jornada de Dorothy existe uma ironia: buscam pelo que já possuem. Mas lhes falta autoconfiança. O Espantalho foi criado há pouco e busca um cérebro. Ele quer ser mais parecido com os homens que o criaram e ter a capacidade de raciocínio e invenção. Mas no decorrer da aventura, embora ele tema o fogo e seja bastante desajeitado na movimentação, é o responsável pelas melhores ideias quando surge um obstáculo. Ele tropeça e cai, mas sempre sabe o que fazer para prosseguir. O Homem de Lata já foi um homem de verdade, um lenhador apaixonado. Ele precisa de um coração para voltar a amar e sofrer como antes. Ele chora por boa parte do caminho, pois se emociona com as situações e tem afeição e pena por cada criatura ou situação. E ele não pode chorar, pois as lágrimas enferrujam suas juntas. Já o Leão deveria ser o "rei dos animais", porém morre de medo de descobrirem que se esconde atrás de seus potentes rugidos e nada mais. Ele busca por coragem para assumir a imagem de animal feroz, porque cansou de fingir. Durante o trajeto, o Leão demonstra bravura por diversas vezes quando se depara com o perigo. Ele é forte e corajoso, mas assim como seus colegas, não percebe suas qualidades.

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Desde que Dorothy cai na Terra dos Munchkins, calça os Sapatos Prateados mágicos e segue a trilha da Estrada dos Tijolos Amarelos até a última página, muitos acontecimentos fantásticos surpreendem. A trama mais que diverte: abrilhanta, não apenas pela Cidade das Esmeraldas, o Palácio de Rubis ou a Frágil Cidade de Porcelanas. Os Cabeças de Martelo, o Chapéu de Ouro, o Campo de Papoulas Mortíferas, o Senhor Coringa e os Macacos Alados... É um mundo único e impressionante.

O destaque deveria ficar para o Mágico de Oz, o Grande e Temível. Ele governa a Cidade das Esmeraldas e é por ele que Dorothy e seus companheiros buscam. Somente ele supostamente teria os poderes necessários para ajudá-los. Será ele, recluso em seu castelo, cheio de truques, capaz de fazer magia mais poderosa que as das Bruxas? Seria ele um bom mágico e um bom homem? Afinal, as Bruxas se assumem como boas ou más, porém... e o Mágico de Oz? Ele é a incógnita. Interessante como cada uma das personagens encontra um Mágico diferente para somente mais tarde descobrirem sua verdadeira face.

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A geografia da Terra de Oz é outro ponto envolvente. Embora seja explicado que todo o território de Oz seja cercado por Desertos Intransponíveis, pesquisei a respeito e vi que nas obras seguintes são apresentados outros territórios além. E que de alguma forma essas terras estão secretamente ligadas ao nosso mundo. Em O Mágico de Oz o local se limita a um retângulo dividido em quatro partes e um círculo no centro: Leste, Oeste, Norte, Sul e a Capital. Cada um deles (exceto a Capital) possui uma Bruxa comandando a região e uma cor predominante. As Bruxas do Leste e Oeste são más; as do Norte e Sul, boas. Cada região tem um nome e um povo: o Leste é a Terra dos Munchkins (cor azul) e dominado pela Bruxa Má do Leste; o Oeste (cor amarela) é o País dos Winkies e escravizado pela Bruxa Má do Oeste; o Norte (cor roxa) é liderado pela Bruxa Boa do Norte, onde vivem os Gillikins; e o Sul (cor vermelha) é governado por Glinda, a Bruxa Boa do Sul, e seus habitantes são os Quadlings. O centro (cor verde) é a lendária Cidade das Esmeraldas, Capital e domínio do principal monarca das Terras de Oz, o Mágico de Oz.

A região e detalhes do Norte não são mostrados em O Mágico de Oz, apenas em livros posteriores. É apresentada a Bruxa Boa do Norte, uma boa senhora que ajuda Dorothy a iniciar sua jornada e beija sua testa para protegê-la dos perigos; já o país e povo permanecem desconhecidos neste volume. Todas as outras Bruxas aparecem no livro, no entanto, o destaque é a maldade da Bruxa Má do Oeste, a antagonista direta de Dorothy. Já Glinda, a Bruxa Boa do Sul, desempenha o papel mais importante do livro e afirmo que ela sim é a personagem que merecia dar título ao livro, embora apareça menos que o Mágico de Oz.

Quem é o autor do livro mágico de oz

Baum afirmava que sua criação seria apenas fantasia para entretenimento, mas existem diversas teorias sobre mensagens e simbolismos existentes em O Mágico de Oz e demais obras. De teorias satânicas, principalmente em relação ao filme de 1939, até interpretações de críticas à política estadunidense da época.

A teoria mais aceita por estudiosos é a político-econômica, presente na representação das personagens envolvidas. Estudiosos da época achavam que muitos dos eventos e personagens lembravam as reais personalidades políticas, eventos e ideias da década de 1890.

Apenas sei que a história é um conto de fadas, por isso, cada pessoa tem sua interpretação. A mais simples, talvez seja a mais poderosa: às vezes o que mais buscamos já está dentro de nós. Talvez busquemos por mais de algo que já possuímos. Ou talvez desejemos em excesso, sem satisfação ou gratidão pelo que temos. O Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde já possuem o que desejam: cérebro, coração e coragem. Mas foi necessária a ajuda de uma criança muito sincera e ingênua, sem corrupção, para mostrar a eles. As três personagens são caricaturas que encarnam a busca por três virtudes clássicas do ser humano: inteligência, carinho e coragem. O equilíbrio delas poderia fazer do indivíduo uma pessoa completa?

Dorothy é benevolente e esta é sua resistência. Sua força está em sua delicadeza e isso prova como é possível vencer a maldade e as adversidades com amor e bondade. Mesmo viajando para um mundo fantástico, cheio de poder, cores e glamour, com palácios de esmeraldas ou rubis, sapatos prateados ou chapéus de ouro, Dorothy não deixa de pensar na simplicidade de seu lar e na sua família humilde, pois lar é o mais importante. Em momento algum ela deseja ser uma Feiticeira como o povo de Oz a vê, nem quer permanecer em um reino rico, florido e com seres diferentes. Ela não se deixa corromper pelas tentações e quer apenas ir para sua casa com Totó e estar com os tios novamente. Porque, segundo a trama, "não há lugar como o nosso lar" — resposta dada por Dorothy ao Espantalho quando indagada em como poderia querer abandonar a rica e linda Terra de Oz para retornar ao acinzentado e pobre Kansas.

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Tenho vontade em ler os demais Livros de Oz, porém não sei se me interesso pelos lançados por outros escritores (formando quarenta no total: Famosos Quarenta). Já Baum publicou treze no total.

Será que Baum imaginou que um século depois sua mitologia seria adaptada e analisada constantemente?

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Minha edição é em capa dura, a "bolso de luxo" da coleção Clássicos Zahar, do Grupo Companhia das Letras. A tradução é de Sergio Flaskman, as páginas são amareladas e inclui cerca de cinquenta ilustrações originais da época, feitas por W. W. Denslow. A editora também possui uma versão comentada e ilustrada, que vivo paquerando, mas são várias edições diferentes com texto integral, escolha a sua. Caso seja assinante do Kindle Unlimited, a edição do Grupo Autêntica está disponível no catálogo, aproveite! Saiba mais sobre o sistema de assinatura de e-books da Amazon aqui.

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A teorias mais aceitas:

A ingênua Dorothy, jovem e simples representaria o povo americano perdido e em busca de um rumo. O estado do Kansas teria sido o escolhido por ser tipicamente rural e cheio de trabalhadores simples. O Partido Populista era muito forte lá — segundo dizem, Baum era populista. Além disso, o trajeto pela Estrada de Tijolos Amarelos (o ouro) leva para a Cidade das Esmeraldas (verde, o dólar), que simbolizaria o mundo fraudulento e capitalista governado por um político calculista (O Mágico de Oz, representação do presidente dos Estados Unidos). Este utiliza dispositivos de publicidade e truques para enganar as pessoas (e até mesmo as Bruxas Boas — outros governantes). Um mago que faz as pessoas acreditarem que é benevolente, sábio e poderoso, quando na verdade é egoísta e cruel. Ele envia Dorothy para um perigo grave esperando que ela vá livrá-lo de seu inimigo.

O Leão Covarde seria uma metáfora para o desempenho do exército americano na Guerra Hispano-Americana. A guerra ocorreu em 1898 e os Estados Unidos recuperaram o controle de antigas colônias no Caribe e no Pacífico. Baum afirmou ser contra qualquer tipo de colonização, direta ou indireta. Em outras versões, o Leão é o principal representante do Partido Populista, William Jennings Bryan. Um político convincente em expor suas ideias, mas que nas eleições nunca provou ser forte como aparentava, tendo concorrido (e perdido) à presidência cinco vezes seguidas. Na última candidatura ele abandonou o Partido Populista e migrou para o Democrata, o que teria contribuído para Baum representá-lo como um covarde. O Homem de Lata representaria as falhas da indústria siderúrgica estadunidense em combater o aumento da concorrência internacional no cenário de 1890-1900. Ele representaria o trabalhador das indústrias do nordeste dos Estados Unidos, explorado por ricos empresários, que já não tem mais sentimentos e não faz nada na vida além de trabalhar excessivamente para receber cada vez menos. O Espantalho seria uma representação dos agricultores dos Estados Unidos e seus problemas no final do século XIX. Os fazendeiros pobres considerados sem cérebro pelas elites, que mesmo assim são essenciais para o funcionamento da sociedade.  E o ciclone seria uma metáfora para uma revolução política necessária na década de 1890 que deveria transformar o país monótono em uma terra de cor e prosperidade ilimitada. O ciclone foi utilizado como símbolo de mudança política e social em diversas mídias e protestos.

Outras suposições colocam a Bruxa Malvada do Oeste como o próprio Oeste dos Estados Unidos; então os Macacos Alados seriam outro "perigo ocidental": os nativos americanos. Baum possuía supostamente simpatia pelos nativos americanos das planícies, simbolizados na história pelos Macacos colonizados e escravizados. Há ainda a teoria de que Glinda, a jovem e bonita Bruxa Boa do Sul desejou utilizar Dorothy para derrubar seus concorrentes e que ansiaria ser a única soberana com poderes em Oz. Retirando o Mágico e as duas Bruxas Más de seu caminho, sobraria apenas a idosa e omissa Bruxa Boa do Norte. Em outra teoria, As duas Bruxas Boas são a mesma pessoa. Seria uma das heroínas da história na verdade uma fraude?

Focando na teoria que Baum foi seguidor fiel do Partido Populista, ele utilizou da obra para defender a principal ideia do partido: a introdução da prata como moeda de circulação no país, quebrando a hegemonia do ouro, que estava escasso e quase que totalmente sob o domínio dos donos das indústrias e siderúrgicas (em sua maioria membros do Partido Republicano). Então Dorothy, ao pisar com sapatos de prata em cima da estrada de ouro, estaria representando a vitória da prata sobre o ouro. Outro simbolismo da Estrada de Tijolos Amarelos é que ela representaria a busca e o caminho para a liberdade e realização de sonhos dourados de um povo.

Baseado no livro O Mágico de Oz de L. Frank Baum a Metro-Goldwyn-Mayer lançou em 18 de setembro de 1939 o filme homônimo, dirigido por Victor Fleming, King Vidor e Mervyn LeRoy. Com 1 hora e 41 minutos, este foi uma das primeiras produções a cores no cinema.
O elenco principal contou com Judy GarlandFrank MorganRay BolgerBert LahrJack HaleyBillie Burke e Margaret Hamilton.
Foi indicado a seis Oscars (Melhores Efeitos Especiais, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Filme, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original — ganhou estes dois últimos).

Onde foi criado o Mágico de Oz?

O Maravilhoso Mágico de Oz é a principal obra do escritor Lyman Frank Baum, nascido nos Estados Unidos. Em fins do século XIX eclodiu um movimento entre autores e produtores de livros infantis no continente europeu.

O que o livro Mágico de Oz nos ensina?

Como toda literatura poderosa, O Mágico de Oz encanta porque a trama provoca uma reação emocional. O conto narra uma jornada em busca de conscientização e, desde o início da jornada, os personagens principais aprendem, pouco a pouco, que possuem dentro de si o poder de atingir os resultados que desejam.

Qual é a verdadeira história do Mágico de Oz?

Buddy Ebsen era o famoso Homem de Lata em O Mágico de Oz, até que uma irresponsabilidade fez com que ele fosse substituído depois de passar duas semanas no hospital e seis de repouso em casa. A tinta metálica que ele deveria passar em todo o seu corpo continha pó de alumínio, nocivo quando inalado.

O que significa Oz do Mágico de Oz?

Oz corresponde ao Deus das religiões convencionais para manter as massas na escuridão espiritual.