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O ciclo do açúcar, também referido como ciclo da cana-de-açúcar, foi um período da história do Brasil Colônia compreendido entre meados do século XVI e meados do século XVIII. O açúcar representou a primeira grande riqueza agrícola e industrial do Brasil e, durante muito tempo, foi a base da economia colonial. O ciclo teve início em 1516, quando a cana-de-açúcar foi introduzida na ilha de Itamaracá, litoral de Pernambuco, pelo administrador colonial Pero Capico.[1][2][3] Com a criação das capitanias hereditárias, Pernambuco e São Vicente despontaram na produção açucareira, sendo esta última sobrepujada pela Bahia após a implantação do governo-geral. Em 1549, Pernambuco já possuía trinta engenhos-banguê; a Bahia, dezoito; e São Vicente, dois. A lavoura da cana-de-açúcar era próspera e, meio século depois, a distribuição dos engenhos perfazia um total de 256.[4] As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um único produto. Sua produção era voltada para o comércio exterior, e utilizava mão de obra escrava composta por indígenas e africanos — cujo tráfico também gerava lucros. O açúcar brasileiro tinha como principal destino o mercado europeu,[5] e os núcleos mais produtivos se utilizavam de mão de obra africana, enquanto os núcleos menores continuavam com a mão de obra indígena original.[6] O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar. Além do açúcar, destacou-se, na época, no Brasil, também a produção de tabaco e algodão. Pernambuco, a mais rica das capitanias durante o ciclo da cana-de-açúcar, impressionara o padre Fernão Cardim, que surpreendeu-se com "as fazendas maiores e mais ricas que as da Bahia, os banquetes de extraordinárias iguarias, os leitos de damasco carmesim, franjados de ouro e as ricas colchas da Índia", e resumiu suas impressões em uma frase antológica: "Enfim, em Pernambuco acha-se mais vaidade que em Lisboa". A opulência pernambucana parecia decorrer, como sugere Gabriel Soares de Sousa em 1587, do fato de, então, ser a capitania "tão poderosa (...) que há nela mais de cem homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda, e alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram muitos homens ricos para estes reinos que foram a ela muito pobres". Por volta do início do século XVII, Pernambuco era a maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.[7][8][9] História[editar | editar código-fonte]Contexto[editar | editar código-fonte]Chegada de Vasco da Gama a Calecute, na Índia, em 20 de maio de 1498. A nova rota provocou a queda nos preços das especiarias. Em 1498, o navegador português Vasco da Gama descobriu uma rota marítima para as Índias, que permitiria, aos portugueses, realizar o comércio de especiarias sem a intermediação dos árabes e dos venezianos, que detinham o monopólio do comércio no Mar Mediterrâneo. Como consequência imediata, houve uma queda nos preços das especiarias. A descoberta de ouro na América espanhola despertou grande interesse de Portugal em suas terras recém-descobertas no Brasil. Mas atraiu também o interesse de Holanda, França e Inglaterra, que questionavam o Tratado de Tordesilhas, do qual não tomaram parte. Declaravam que somente reconheciam a posse sobre as terras povoadas. Para não perder suas terras, Portugal teria de ocupá-las, o que demandava muitos recursos. Sem encontrar ouro, teria que desenvolver alguma atividade econômica para compensar os custos dessa ocupação. A produção agrícola se mostrava inviável. O trigo era cultivado na Europa e os fretes da América eram muito caros. Somente especiarias e manufaturados eram opções viáveis.[10] Fatores do êxito[editar | editar código-fonte]Os portugueses possuíam experiência, já há algumas dezenas de anos, explorando açúcar nas ilhas do Atlântico (Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe). O país já dominava a indústria de equipamentos para engenhos de açúcar. O oferecimento do produto ainda relativamente novo na Europa pelas cidades italianas formou consumidores, o que não evitou haver uma crise de baixa de preços em 1496, reorientando uma grande parte da produção para os portos flamengos. Na metade do século XVI, essa empresa agrícola já passava a ser um empreendimento comum português e flamengo. Essa associação foi vital para absorver a grande produção brasileira que entrou no mercado a partir da segunda metade do século XVI. Há indícios de que poderosos grupos holandeses financiaram também as instalações produtoras no Brasil e o transporte de mão de obra escrava. Ressalte-se também que, por esta época, os portugueses já tinham conhecimento completo do funcionamento do mercado africano de escravos, tendo iniciado operações de guerra para a captura de negros pagãos um século antes, nos tempos de dom Henrique.[6] O Brasil foi o maior produtor de açúcar do mundo nos séculos XVI e XVII. As principais regiões açucareiras eram, a princípio, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Posteriormente, a Paraíba também adentrou nesse seleto grupo, e, na altura das Invasões Holandesas, teria quase duas dezenas de engenhos. O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil (Colônia) só podia fazer comércio com a Metrópole, não devendo concorrer com produtos produzidos lá. Logo, o Brasil não podia produzir nada que a Metrópole já produzisse. Estabeleceu-se então um monopólio comercial, de certa forma imposto pelo governo da Inglaterra a Portugal, com o objetivo de garantir mercado aos comerciantes ingleses. A colônia vendia metais, produtos tropicais e subtropicais a preços baixos, estabelecidos pela Metrópole, e comprava dela produtos manufaturados e escravos a preços bem mais altos, garantindo assim o lucro de Portugal em qualquer uma das transações. Avaliação histórico-sociológica[editar | editar código-fonte]Nas palavras de Gilberto Freyre:
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Como era o processo de produção do açúcar no Brasil colonial?Geralmente, na moenda, trabalhavam um feitor-pequeno, um lavadeiro e 15 escravos. Lá, a cana-de-açúcar que havia sido colhida e transportada era moída e prensada por grandiosas e pesadas engrenagens. Depois de moer e prensar a cana, o caldo obtido era cozido na casa das fornalhas (cozinha).
Como era o processo de produção do açúcar no engenho?As etapas da produção do açúcar são: 1-A cana era recolhida. 2-Ela era levada para a casa de engenho para ser moida e extrair seu caldo. 3-O caldo da cana era fervido e transformado em melaço. 4-O melaço era despejado em fôrmas de barro para solidificar e branquear.
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