Como funciona o processo de liberação da insulina e glucagon e qual a sua principal ação no organismo?

O Glucagon é um hormônio produzido pelo corpo (pelas células alfa do pâncreas) que tem um efeito oposto ao da insulina (produzido pelas células beta do pâncreas), ou seja, aumenta o açúcar no sangue.

No corpo de alguém que não tem diabetes, quando a pessoa fica muito tempo sem se alimentar ou pratica exercícios, a taxa de açúcar no sangue cai, podendo levar à hipoglicemia. Neste momento o Glucagon entra em ação:

  1. Ele age no fígado, quebrando o glicogênio (estoque de glicose do fígado) em moléculas de glicose, e essa glicose é levada para o sangue para normalizar a taxa de açúcar no sangue;
  2. Ativar a conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese);
  3. Quebrar a gordura armazenada (triglicéridos) em ácidos graxos para uso como combustível pelas células.

Em pessoas com diabetes, os níveis elevados de glicemia em circulação podem inibir a liberação de glucagon para corrigir a hipoglicemia. Sendo assim, em casos de hipoglicemia grave, em que a pessoa não consiga ingerir alimentos (sólidos ou líquidos), tenha convulsões, desmaios e coma, é indicado o uso do Glucagon injetável.

Como funciona o processo de liberação da insulina e glucagon e qual a sua principal ação no organismo?

A imagem abaixo ilustra a única marca comercializada hoje no Brasil, o Glucagen®, fabricado pelo laboratório Novo Nordisk. Sua aplicação é muito similar a aplicação de insulina. Veja o passo a passo que preparamos, compartilhe com seus familiares e amigos e siga as instruções da sua equipe medica. É importante eles saibam como aplicar, pois em caso de emergência, eles que terão de administrar o Glucagon.

1. Introduza o conteúdo (líquido) da seringa na ampola (pó).

2. Movimente com cuidado até misturar bem a solução, mantendo a seringa introduzida na ampola.

3. Puxe a mistura de volta para a seringa

4. Aplique no corpo. Os locais de aplicação são os mesmos que os locais onde se aplica insulina. O Glucagon também pode ser administrado no músculo.

Alguns efeitos colaterais podem surgir como náuseas e vômitos. Sua equipe medica será capaz de te orientar (e os que estão perto de você), como agir para utilizar o Glucagon.

Para os cuidadores, familiares e amigos: certifique-se que você sabe utilizar o Glucagon. Em um episódio de hipoglicemia grave, com ou sem o uso de Glucagon, não esqueça de avisar a equipe médica e chamar ambulância imediatamente se alguém com diabetes se encontrar inconsciente.

Fique atento à data de validade deste Kit de Glucagon. Caso tenha um Glucagon vencido, aproveite para utilizá-lo para treinar o seu manejo com a sua família, na escola ou no trabalho, SEM APLICÁ-LO.

É recomendado ter o Glucagon em casa, principalmente se você já teve antecedentes de hipoglicemias graves, com perda da consciência. O Glucagon deve ser mantido em temperatura < 25⁰C. Portanto, caso tenha que transportá-lo, por exemplo, em viagens lembre de mantê-lo na temperatura certa.

Vamos juntos?

Tanto a insulina quanto o glucagon são hormônios produzidos pelo pâncreas. O pâncreas é uma glândula composta por dois tipos de tecido: os ácinos e as ilhotas de Langerhans. As ilhotas são constituídas por vários tipos celulares. Dentre elas destaca-se as células alfa, que são responsáveis pela produção do glucagon, e as células beta, que produzem a insulina.

O efeito mais importante da insulina é o de promover o transporte de glicose para o interior das células, principalmente para as células do músculo esquelético, do tecido adiposo e do fígado. No músculo, a glicose é captada, por um processo de difusão facilitada. Esse processo ocorre pela ação de proteínas carreadoras de glicose, como o GLUT (glucose transporter). Existem vários tipos de GLUT: GLUT-1, GLUT-2, GLUT-4 dentre outros. O GLUT-1 é encontrado em todas as células do organismo humano, sendo responsável por um baixo nível de captação de glicose, que é necessária para sustentar o processo de geração de energia. O GLUT-2 é expresso na superfície de células hepáticas e tubulares renais, e tem importante função no transporte da glicose do interior dessas células. O GLUT-4, por sua vez, é encontrado exclusivamente no músculo cardíaco e esquelético.

Nas células hepáticas, o transporte de glicose para o interior da célula não depende da difusão facilitada, pois a membrana celular hepática é muito permeável. Por isso, a glicose pode difundir-se nas duas direções, tanto para fora quanto para o interior dessas células.

O fígado exerce papel importante na manutenção da glicemia do organismo humano. Em indivíduos saudáveis, o nível elevado de glicose no sangue estimula a secreção de insulina. A insulina, por sua vez, ativa enzimas glicoquinases, que reagem com o íon fosfato e com a enzima glicogênio sintetase, resultando na formação do glicogênio hepático e reduzindo o nível de glicose sangüínea.

O glicogênio é uma forma de reserva de glicose, que constitui menos de 1% do estoque energético total do organismo. Entretanto, essa fração é essencial para manter o metabolismo do sistema nervoso central e para breves explosões de exercício muscular intenso. Aproximadamente 25% da reserva de glicogênio ficam estocados no fígado, e cerca de 75% ficam na massa corporal muscular.

Por outro lado, quando o nível de glicose sangüínea começa a cair, o glicogênio hepático é despolimerizado (quebrado), estimulado pelo hormônio glucagon. Para ocorrer essa degradação, o glucagon ativa a enzima adenilciclase nas membranas das células hepáticas, fazendo com que aumente o AMP (monofosfato de adenosina cíclico) cíclico, que, por sua vez, ativa a enzima fosforilase, promovendo, por fim, a glicogenólise (degradação do glicogênio hepático em glicose). A manutenção da glicemia também pode ser regulada por outro mecanismo, em que a glicose é produzida a partir da proteína, processo chamado gliconeogênese, que também é estimulado pelo glucagon.

Desse modo, a ação conjunta dos hormônios glucagon e insulina regula rigidamente a concentração da glicemia plasmática basal, ao redor da concentração média de 80mg/dl-1, com variação de 60 a 110 mg/dl-1.

Atingida a capacidade limite de estocar glicogênio, tanto do músculo quanto do fígado, o excesso de glicose é armazenado na forma de gordura. Uma parte dessa gordura é sintetizada no fígado e exportada para as células adiposas na forma de lipoproteínas, como as LDL (lipoproteína de baixa densidade), HDL (lipoproteína de alta densidade), VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade), entre outras. Outra parte da gordura é produzida diretamente nas células adiposas, com uso do glicogênio disponível, onde permanece estocada.

Guyton AC. Hormônios do Córtex Supra-renal, Insulina e Glucagon. In: Guyton AC. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 1998. p.472-83.

Berne RM, Levy MN. Metabolismo corporal. In: Berne RM, Levy MN. Fisiologia. 6º edição, Rio de janeiro; Guanabara Koogan, 1998. p.753-773.

Como funciona o processo de liberação da insulina e glucagon?

A ação do glucagon é estimular a produção de glicose pelo fígado, e a da insulina é bloquear essa produção, além de aumentar a captação da glicose pelos tecidos periféricos insulino-sensíveis. Com isso, eles promovem o ajuste, minuto a minuto, da homeostasia da glicose.

Como ocorre a liberação da insulina?

A insulina é produzida nas células beta e, normalmente, é liberada no corpo em situações em que os níveis de glicose no sangue estão elevados, como após uma refeição. Sendo assim, a secreção de insulina depende dos níveis de glicose sanguínea.

Quais os principais estímulos para liberação da insulina e do glucagon?

O principal estímulo da secreção é a concentração de açúcar no sangue. O alimento presente no estômago estimula a produção de algumas enzimas citadas acima, que estimulam a secreção de insulina. A insulina afeta o metabolismo da glicose, dos aminoácidos e dos ácidos graxos.

Como funciona a ação da insulina no organismo?

A insulina circula no corpo, funcionando como um sistema de alarme que informa células individuais de que a glicose do alimento está disponível. Você pode pensar nela como uma chave que destranca as portas das células, abrindo-as para absorver a glicose que será usada para dar energia ao seu corpo.