Como o comportamento interpessoal pode ajudar na boa qualidade administrativa escolar

Resumo: Trabalhar com pessoas não é fácil, e quando se trata de uma organização onde lidamos com a formação de outras pessoas, fica muito mais desafiador. Preocupada com essa situação, comecei a analisar informações, procurando identificar características nos relacionamentos interpessoais, que ocorrem nos ambientes escolares, no perfil empreendedor do gestor escolar e de sua equipe técnica, procurando desenvolver uma visão crítica das relações humanas no ambiente de trabalho. Meu interesse em abordar este assunto, surgiu da necessidade de compreender o quanto as relações interpessoais que se estabelecem no interior de uma escola contribuem e afetam a formação dos alunos.

Palavras chave: Liderança, relações interpessoais, formação.

Abstract: Working with people is not easy, and when it comes to dealing with an organization where the formation of others is the objective, it becomes much more challenging. Concerned about this situation, I began to analyze information, seeking to identify characteristics in interpersonal relationships that occur in school environments, in the profile of the school manager and his technical staff, trying to develop a critical view of human relations in the workplace. My interest in searching this issue arose from the need to understand how interpersonal relationships that are established within a school contribute to and affect the student’s formation.

Keywords: Leadership, interpersonal relations, training.

INTRODUÇÃO

A gestão de pessoas inicialmente foi introduzida no âmbito empresarial, e hoje também encontramos sua interferência no ambiente escolar. Para os profissionais, formados em pedagogia, o conhecimento em gestão de pessoas se torna necessário, a partir do momento que se estabelece esta relação, pois a escola também é uma instituição, e como a empresa, o nosso produto é o conhecimento.

Como na empresa o processo educacional também envolve uma hierarquia administrativa, sendo uma organização que atende a clientela, cercada de regras e normas. Na grande maioria das escolas os gestores administram num ambiente autocrático, onde utilizam do poder coercitivo decidindo o que o grupo deve fazer e como fazer, o que acaba gerando hostilidades, rivalidades e agressividades, pois a equipe em detrimento de suas capacidades se sujeita apenas a cumprir ordens.

Fazer uma escola atingir bons resultados na aprendizagem e oferecer uma educação de qualidade é uma responsabilidade complexa demais para ficar nas mãos de apenas uma pessoa, ela deve ser dividida entre toda a equipe que atua e faz parte deste contexto.

Assim como na empresa, a escola precisa ter profissionais comprometidos com o processo educacional, com os resultados da aprendizagem de seus alunos, criar e saber controlar as relações interpessoais em seu ambiente, pois um dos segredos de uma boa liderança é o relacionamento estabelecido entre as equipes, embora em muitas escolas o relacionamento entre gestores e colaboradores seja determinado por relações de poder.

Em cada escola, as pessoas possuem identidades e valores diferentes, e sabendo que a construção da identidade esta vinculada a vivencias grupais é inevitável que o estado de ânimo, o nível de motivação e entusiasmo, exerça um fator determinante no desempenho do trabalho, de um bom convívio, pois estas relações são um dos maiores problemas, além da dificuldade de estabelecer relações harmoniosas.

Sabemos que em um ambiente democrático, a aprendizagem é mais eficaz, pois sensibiliza e viabiliza as decisões que são tomadas por consenso da maioria, cabendo ao gestor a tarefa de apenas orientar a atividade, proporcionando a equipe uma melhor produtividade, maior amizade e o espírito de equipe.

Normalmente, as atitudes dos profissionais que atuam em uma instituição de ensino estão diretamente envolvidas no processo de ensino e aprendizagem, pois está ligada ao comportamento de cada indivíduo já que, segundo Chiavenato (2002), cada indivíduo tem sua maneira de se comportar, de agir e reagir em suas interações.

A criação de um bom clima de trabalho é a peça-chave da administração de uma escola. Em qualquer ambiente profissional, o importante é que esses relacionamentos estejam baseados em atitudes éticas para que funcionem em favor da aprendizagem.

As ideias aqui apresentadas têm como objetivo levar os profissionais da educação a refletir sobre a atuação de um gestor nas relações interpessoais. Essa idéia surgiu nas observações diárias e nos muitos questionamentos e experiências pedagógicas vivenciadas ao longo da minha prática como gestora educacional.

Quero conscientizar, discutir e ampliar as idéias com os gestores e mantenedores de instituições educacionais, sobre a importância da atuação do gestor escolar, da equipe e dos professores e colaboradores como fatores integrante e co-responsável na aprendizagem dos alunos, através da interação das relações interpessoais entre sua equipe, com os professores, alunos e funcionários a fim de proporcionar um ambiente agradável, pois em qualquer profissão que escolhamos, os relacionamos com os diferentes tipos de pessoas, são determinantes para um bom convívio.

Entendo que as relações interpessoais atuam como uma disposição interior, uma aceitação do outro, que transparece no modo de falar, de olhar, na conduta com o outro e, sobretudo, na forma de agir educadamente.

Meu interesse em abordar o ambiente comportamental e organizacional de uma escola, surgiu da necessidade de compreender as relações que estabelecem no interior desta instituição de ensino.

HISTÓRICO

Com o avanço da indústria e da ciência surgiram grandes mudanças nas organizações, no campo da administração e da educação. Foram criados novos métodos administrativos que conciliaram as teorias organizacionais com a administração escolar.

Houve um crescimento tanto da indústria como do ensino, pois é a escola que prepara o individuo para o trabalho.

Se aceitarmos que uma função primordial da escola é a socialização para o trabalho – e assim o faz não apenas a maioria dos estudiosos da educação, mas também seus agentes e seu público – saltam aos olhos as necessidades de compreender o mundo do trabalho para poder dar a devida conta da educação. (OLIVEIRA, 2005, p. 24)

A escola ainda é vista como ultimo recurso de desenvolvimento do comportamento, da sensibilização e convivência das relações humanas, pois nos dias de hoje se faz necessário que o homem seja político, ético e tenha uma boa convivência no trabalho, afim de que possa atingir suas metas.

É preciso criar um novo modelo de gestão, onde as estruturas físicas e os recursos matérias, econômicos e tecnológicos sejam usados para se reverter as relações de poder entre as pessoas.

De acordo com Chiavenato (2002) aos dois modos de comportamento do homem, é atribuído à análise cognitiva e a análise afetiva. O afetivo nos mostra que a emoção, o sentimento e a afetividade estão presentes no comportamento pessoal e profissional de um homem, e o cognitivo mostra que o homem usa a mente somente em um processo de inteligência, racionalidade, lógica e raciocínio.

A área da motivação organizacional e do comportamento se dedica aos

estudo do comprometimento, pois para a empresa é muito importante que a equipe de funcionários tenha vinculo com a empresa, saiba contornas as dificuldades e resolver os conflitos.

ASPECTOS A SE CONSIDERAR NAS RELAÇÕES PESSOAIS

GESTOR ESCOLAR

São gestores todos os profissionais que de um modo geral, atuam nas funções de diretor de escola, coordenador pedagógico, assessor pedagógico, orientador educacional e vocacional, supervisor educacional e gestor de sala de aula como é concebido o professor hoje em dia e todos os funcionários que existem dentro de uma escola.

Sabemos que as relações sociais, institucionais e familiares estão estreitamente relacionadas aos resultados finais nos processos de aprendizagem. O que precisamos compreender é que cada pessoa tem um estilo próprio de fazer as coisas, e de desempenhar seu papel dentro deste sistema e como isso afeta seu trabalho.

Entre os fatores que influenciam e determinam o conhecimento de cada um, a aprendizagem é o fator que mais contribuí para a formação de um individuo, mas ela só ocorre se, se o indivíduo se predispuser a concretizá-la.

Me baseado no organograma administrativo escolar, procurei analisar o perfil do diretor escolar, sua função, encargo e suas relações com a equipe, funcionários, alunos e colaboradores, para compreender sua gestão.

Numa visão geral são características de um gestor escolar sua forma de auto avalia-se, ouvir os que o cercam como forma de aperfeiçoamento, ter disposição para trabalho coletivo, ser mediador, ter iniciativa, dominar os assuntos técnicos, pedagógicos, administrativos e financeiros, ser ético, solidário, conhecedor da realidade escolar assim como também a comunidade a que está inserido.

Um diretor deve sempre tornar de conhecimento publico, todas as suas ações, prestar conta de seus atos e decisões de forma antecipada, não esperando que venham as cobranças para só depois prestar esclarecimentos.

Através do dialogo, ele consegue a cooperação de seu grupo, pois a eficiência dos educadores está diretamente ligada à eficiência dos gestores, pois ambos são responsáveis por criar uma boa equipe de trabalho, podendo utilizar os meios de comunicações existentes e disponíveis na escola para dar clareza e justiça aos seus atos.

Entendemos que a pessoa que pretende assumir este papel deve apresentar estas características que influenciaram diretamente a forma como irá conduzir a gestão de sua escola, evitando agir por impulso, demonstrando coerência entre aquilo que ele diz e o que ele faz, tendo a certeza que suas orientações não irão gerar dúvidas sobre a sua gestão, causando um clima de desconfiança entre as pessoas.

O baixo nível de auto-estima nas dimensões pessoal e coletiva representa um perigo potencial para qualquer instituição e a falta de entendimento entre os gestores, professores e alunos irão determinar o tipo de aprendizagem que se vai ter. Já a construção de um bom ambiente de trabalho leva à conquista de uma cultura escolar consistente, evita que se acumulem conflitos mal resolvidos, os quais podem ocasionar o fracasso dos alunos.

Não se pode negar que a falta de soluções para os conflitos, a ausência de dialogo, a rotina, a repetição inoperante, a auto-desculpa, além de afetar negativamente o trabalho, impedem de formar verdadeiras equipes para melhoria do ensino.

O diálogo e a comunicação podem transformar o entendimento em ação, a forma harmoniosa e cooperativista entre a equipe, irá dar o tom de como este ambiente será formado, se retalhador ou estimulante, motivando as pessoas a manter o foco, podendo resolver conflitos, oferecendo informações, visando à auto realização de cada um.

EQUIPE TÉCNICA

Entende-se por equipe técnica os profissionais que exercem a função de coordenador de ensino, coordenador pedagógico, assessor pedagógico, orientador educacional e vocacional e psicólogo escolar.

Todo profissional têm necessidade de se sentir pertencente a uma comunidade específica, de desempenhar sua função, precisam sentir-se compreendidos e apoiados, sempre desafiados em busca melhorar sua atuação, aperfeiçoar sua formação e relacionar-se com os demais. É preciso compreender que cada pessoa tem um estilo próprio de ser e interpretar os fatos, de fazer as coisas, bem como desempenhar seu papel e armazenar suas experiências de vida.

Não basta apenas ter uma equipe ser bem formada, são princípios básicos da função, ser ética, respeitar as diferenças dirigir, motivar, treinar, delegar e reconhecer, fazer com que todos se sintam componentes de algo. Aquilo que é bom para mim, pode não ser bom para outra pessoa e, mesmo assim, posso perfeitamente manter um relacionamento produtivo e adequado, respeitando a vontade das outras pessoas, mesmo sendo contrárias às minha.

Compromisso é algo muito importante na vida de um líder e muitas vezes exigem sacrifícios, pois liderança não é reivindicada, mas sim conquistada, pois este tipo de gestor tem capacidade para reconhecer o potencial de seus liderados.

COLEGAS DE TRABALHO

Entende-se por colegas de trabalho, todos os profissionais que estão envolvidos para efetivar uma unidade de ação no estabelecimento de ensino.

As pessoas são únicas, cada uma com suas características, sua personalidade, suas diferenças corporais e intelectuais, todas com necessidades de aceitação, de expressão de convívio social.

As relações interpessoais no ambiente escolar afetam o aprendizado do aluno, e suas qualidades deterioram-se com as inovações tecnológicas que tornarem as pessoas menos comunicativas e sociáveis.

Uma boa parte do trabalho docente que era de cunho emocional tornou-se um mero cumprimento de tarefas, cronogramas e prazos.

A maior dificuldade nestas interações entre os professores se dá ao fato de que a realidade da cultura implica somente em resultados. Vasconcellos (2001) nos diz que: “o autêntico professor é aquele que necessariamente faz memória, recorda os mitos, os sonhos, as utopias e as tradições, as aprendizagens do passado, a cultura, ao mesmo tempo em que analisa o presente e projeta o futuro”.

Mas, nos dia de hoje o professor não consegue identificar na cultura escolar a dinâmica das relações, nem aquelas geradas por sua pratica de educador, geralmente tem consciência da extensão e buscam justificativas para suas ações.

FAMÍLIA

Entende-se por família como, um núcleo de convivência, unido por laços afetivos, que costuma compartilhar o mesmo teto.

Embora a responsabilidades pelo desempenho escolar tenha sido atribuída somente à escola, a cada dia se constata que a parceria entre a escola e os pais é fundamental para a aprendizagem e o desempenho dos alunos.

O envolvimento e a participação da família no processo educacional é uma ótima oportunidade desenvolver um trabalho em equipe. Mas o que cabe a cada um?

Na busca em proteger seus filhos das mudanças que ocorrem nos dias de hoje, os pais protegem excessivamente seu filhos ao invés de prepará-los para vencerem na sociedade. Por não saber o que fazer ou como orientar, a família se sente perdida e acaba transferindo à escola a responsabilidade por educar seus filhos.

Segundo Paro (2000), a escola não ”assimilou quase nada de todo o progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando métodos de ensino muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas relações familiares” (p.16).

Isso quer dizer que embora a escola atual seja parecida com que os nossos pais estudaram essa diferença não é tão grande, visto que embora seja necessária a participação dos pais na escola, não sabe como fazê-la.

Para haver uma boa relação entre pais e educadores, fundamental haver uma comunicação frequente, utilizando estratégias, partilhando resultados, e metas. Quanto mais envolvidos os pais se encontrarem na vida escolar, mais facilmente compreenderão os objetivos da escola, as dificuldades apresentadas e o rendimento acadêmico de seus filhos.

ALUNOS

Entende-se por aluno, a pessoa que recebe de outra educação e instrução; ser aluno é ser um agente social que leva para a escola uma série de experiências acumuladas, que o permite reelaborar os conceitos transmitido pelo professor.

Ao estabelecer suas relações interpessoais com os colegas e professores,

os alunos demonstram ter interesse ou acabam por rejeitar determinadas disciplinas escolares, muitas vezes aquele assunto que detestamos, passamos a gostar ou a ter interesse devido ao carisma de algum professor em representar ou relatar seu conteúdo.

Esta interação pode ou não ser favorável a aprendizagem do aluno, mas no que se refere às relações interpessoais entre alunos e professores temos a sala de aula como fator fundamental na construção de vínculos com a aprendizagem.

Sabemos que a baixa auto-estima, seu emocional, ou problemas pessoais, interferem no desempenho do professor em sala, o que acaba ocasionando a falta de interesse do aluno, e a falta de paciência do professor que irá interferir no comportamento destes alunos e pode estabelecer uma relação negativa com as consequências de ensinar, resultando em não gostar de aprender.

O professor que têm segurança no que ensina, integração com a sala, motivação e competência no que faz, consegue lidar com os desafios diários, pois as trocas que ocorrem na sala de aula, não têm limite e permeiam todo procedimento de aprendizagem.

Quando perguntamos aos alunos sobre sua relação com os professores, é comum identificar respostas similares, que valorizam a importância do docente em sala de aula como um indivíduo coerente e responsável.

O professor é considerado um modelo a ser seguido, além de atuar como elo entre o conhecimento e o aluno, pois tem como objetivo a transição de conhecimento, a valorização da educação e o desenvolvimento integral de seus alunos.

De acordo com a intenção e o propósito do professor, a escola é um centro de relações que podem ser instrumentos positivos ou negativos na aprendizagem.

O PROFESSOR AUTORITÁRIO

Infelizmente, ainda existem professores conservadores com comportamentos autoritários, pois não dão importância à interação como uma das formas de obter conhecimento, com isto o relacionamento interpessoal professor e aluno ficam restritos somente em transmitir conteúdos.

Ao longo da história da educação, as praticas autoritárias dos professores se fizeram presentes, através do uso de palmatória, colocar o aluno ajoelhado sobre o milho ou feijão, e as famosas orelhas de burro que eram constantemente utilizadas.

Mas com a democracia e as conquistas realizadas pela educação, o autoritarismo dos professores cedeu lugar ao diálogo, priorizando a formação do sujeito, a aquisição de valores éticos e morais e a construção da cidadania. Além das mudanças sociais que ocorreram, o ensino se tornou mais produtivo e voltado para os interesses do aluno.

O professor deixou de ser o poderoso mestre, autoritário e detentor do saber, que apenas transmitia o conhecimento, para ser o mediador do processo de ensino aprendizagem buscando novas práticas, baseadas na troca de conhecimento.

As relações entre os alunos e o professor dependem muito do clima que se instala em sala, da relação empática entre eles, do saber ouvir, compreender e discutir, estabelecendo um elo entre o conhecimento do professor e o deles, caberá ao professor incentivá-los a serem cidadãos responsáveis e conscientes de seus deveres sociais.

FUNCIONÁRIOS

Entende-se por funcionários, as pessoas que têm ocupação permanente e retribuída. O que o difere um funcionário dos outros, é suas funções dentro da escola, o trabalho que cada um executa e suas relações pessoais, pois estas, comprometem diretamente o estado de ânimo e a auto-estima dos que atuam nesse ambiente.

No ambiente profissional a troca de conhecimentos é indispensável para um bom relacionamento, porque passamos muito mais tempos de nossa vida em nosso trabalho do que em nossa casa, mas o que não percebemos é o quanto isso é importante. Mas como fazer do ambiente de trabalho um lugar mais saudável, e o quanto isso depende de cada um, como estabelecer relações mais agradáveis no ambiente de trabalho?

As interações entre as pessoas no ambiente escolar também nasce da aceitação do outro, onde o respeito e o acolhimento facilitam a convivência entre todos. “O ideal de uma escola cidadã está no cerne de um projeto de transformar a instituição convencional em uma rede de relações humanas fortemente “participativa”, envolvendo alunos, professores, funcionários, mães, pais e toda a comunidade servida pela unidade de ensino”. (GADOTTI, 1995, p. 13).

Uma escola é uma organização complexa porque lida, permanentemente, com relações interpessoais e formação humana. Essa formação e essas relações acontecem no espaço da sala de aula, em reuniões com pais, com professores e funcionários, nos eventos que a escola promove, nos encontros formais e informais que desenham a rede de relações que acontece no cotidiano escolar.

COMO AS RELAÇÕES INTERFEREM NA APRENDIZAGEM

Em minhas observações, comecei a questionar qual seria a impressão que os diretores, professores, funcionários e os próprios alunos têm das relações que todos eles desenvolvem diariamente no ambiente escolar e de que modo isso afeta a cada um.

Em busca de resposta que pudessem comprovar minha explanação, questionei algumas pessoas, sobre sua opinião e qual a contribuição que as relações interpessoais para a aprendizagem, visto que todas elas atuam dentro do sistema educacional e estão diretamente envolvidas na formação dos alunos.

Para a diretora da escola Mariana ; Nos dias de hoje o bom relacionamento é tudo, principalmente no que diz respeito a alunos e professores os dias hoje são outros, mas a formação do caráter e estrutura emocional continua precisando das mesmas coisas para que seja construída de forma saudável e equilibrada.

Não basta pregar valores as crianças, é preciso praticá-los; nesse sentido o amadurecimento emocional anda de mãos dadas com a educação para o desenvolvimento do caráter, moral e cidadania.

Este conhecimento para o educador é, importante, pois aparecem na vida cotidiana dos alunos, através do comportamento e de suas relações. A afeição e a segurança são necessidades básicas para a criança depois do alimento; e o educador é o substituto dos pais, então o trabalho escolar carregará marcas de tais afeições, pois a criança acaba transportando para a escola suas dificuldades familiares.

O papel do educador aí é essencial, no sentido de perceber essas dificuldades, resgatando na criança os sentimentos de solidariedade, cooperação, do compartilhar, do prazer em dividir e dar, pois é na interação com o seu dia a dia que a criança desenvolverá seus valores, críticas, sua postura de vida, além da aquisição do conhecimento, o que faz com que ela identifique o seu valor.

O papel do educador não é o de censurar o aluno e sim trabalhar psicopedagogicamente, canalizando essa energia negativa para atividades que desenvolva a parte intelectual e afetiva de uma forma positiva, evitando assim, reforçar o sentimento de abandono, sentimento de menos valia em contrapartida a agressividade.

“A relação entre a vida escolar e o cotidiano é o que constitui a vida da criança e seu desenvolvimento, pois entendo as relações interpessoais como fundamentalmente importantes para o processo de aprendizagem uma vez que propiciam o vínculo afetivo que por consequência facilitam tal processo” (psicologia escolar Regina).

Para quem atua diretamente com a aprendizagem, a professora Ana se coloca da seguinte forma:

As reações entre professor e alunos só ajudam, e muito, na aprendizagem. O primeiro passo para que ela seja realizada, é o respeito que o professor “deve” ter com o aluno. Sua “autoridade”, em sala de aula, é conseguida não pelas ameaças feitas aos alunos e, sim, pelas suas atitudes no ambiente escolar.

O professor deverá desenvolver o conteúdo de acordo com os alunos “daquela” sala de aula, modificando sempre as estratégias a serem utilizadas. Mas, tudo isso só será possível, se houver amor à profissão escolhida.

Já a secretaria escolar Gabriela, acha que as relações entre os alunos e professores contribuem na aprendizagem do aluno, pois o interesse da criança pela disciplina está relacionada à relação mutua entre professor-aluno. Desta forma, um professor que não interage com seus alunos, não cria um elo entre eles, é um forte candidato a não ter a atenção de seus alunos, visto que é essa “relação” uma das principais motivações da criança.

Vale ressaltar que não é apenas esta relação professor-aluno que fará a criança apresentar interesse na disciplina, pois esta envolve diversos fatores, como por exemplo, o não gostar de uma determinada disciplina. Porém cabe ao professor estimular esta criança a minimizar esse desinteresse. Portanto, as relações interpessoais contribuem positivamente no que se refere à relação professor- alunos.

Após ouvir as opiniões dos profissionais da educação, tive a curiosidade de saber qual a opinião de um aluno, visto que ele é o principal interessado em discutir e opinar sobre as relações que ocorrem dentro da sala de aula, e as relações entre os alunos e os professores. Caio diz que elas são muito importantes para os dois lados.

“Para o aluno um pouco de liberdade com o seu mestre o deixa mais livre; Já para o professor significa mais respeito em relação ao aluno, quando existem “brincadeiras” o ensino também aumenta, nós alunos aprendemos mais, e o silêncio na sala de aula na hora da explicação aumenta, ou seja: as relações são muito importantes tanto para o aluno como para o professor”.

Percebo que o sistema educacional ainda adotado em muitas escolas, é o mesmo das escolas antigas, onde o professor ainda possui uma postura autoritária, não permitindo a participação do aluno, transmitindo-lhe apenas conhecimentos, uma aprendizagem que não tem nenhuma significação e pouco contribuem para a formação do aluno, onde sua interação se caracteriza pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática e exposição de conhecimentos pelo professor.

Segundo Gadotti (1999, p. 2) o educador deve colocar o diálogo em pratica, não deve se colocar na posição de detentor do saber, deve se colocar na posição de quem não sabe de tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante, que é o da vida.

O prazer de aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, a maioria aprende como obrigação e não por satisfação. O professor não deve se preocupar somente com o conhecimento, com a absorção de informações, mas sim com o que é significativo, com o que faz parte da realidade do aluno.

Para os alunos o aprender se torna interessante, quando o professor o faz sentir-se competente, em suas atitudes e os motiva nas participações das aulas, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades, que promove a curiosidade como fonte de pesquisa, alimenta sua autoestima com palavras de incentivo e apreciação.

O professor deve ter o papel de intermediário, entre os conteúdos e a

aprendizagem, e entre a atividade construtiva e a assimilação.

Deve procurar ser sempre um facilitador no sentido de estar aberto às experiências, orientar e levar o à auto-realização, a estabelecer uma relação de empatia, no que se refere aos sentimentos e problemas de seu aluno.

Com o intuito é promover um ambiente harmonioso, a escola pode proporcionar momentos de descontração, com atividades programadas, como gincanas, concursos de talentos, atividades esportivas, envolvendo os professores e os alunos buscando construir amizade, afinidade, confiança e troca de conhecimentos, o que pode muito contribuir para as relações no interior da sala.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se pode negar que são grandes as responsabilidades de um gestor escolar, e que seu sucesso depende muito do esforço de toda equipe, pois o desempenho de cada um é que irá contribuir para que os resultados sejam alcançados.

Não basta a um gestor ter apenas competência técnica, ele precisa saber gerir e investir no potencial humano, motivar e elevar a autoestima da equipe, pois só assim a equipe será capaz de enfrentar situações difíceis, solucionar conflitos e encontrar soluções para qualquer problema que se apresentem no cotidiano escolar.

Para uma escola obter sucesso, é necessário que seus gestores estejam intimamente ligado ao relacionamento entre o corpo docente e os professores, quanto mais próxima esta relação, melhores serão os rendimentos dos trabalhos pedagógicos e a aprendizagem dos alunos.

Além de buscar a participação da unidade escolar, o gestor precisa manter uma boa comunicação, investir na formação pessoal, desenvolver relações transparentes de modo a não criar conflitos entre o grupo, aceitando e sabendo lidar com idéias diferentes, traçando estratégias, reformulado ações individuais e coletivas, ter comprometimento, apresentar resultados imediatos.

Um gestor moderno tem sua liderança reconhecida naturalmente, através da sua conduta, de seu relacionamento com todos os integrantes da escola, de seu conhecimento nos mais variados assuntos.

No que se refere às relações entre professores e alunos, pode-se dizer que cada um tem uma história, uma necessidade e uma expectativa diferente ao se relacionar com os demais. Os alunos aprendem melhor com professores espontâneos, criativos, incentivadores, que admitem seus erros, que acolhem as idéias, falam de seus sentimentos, buscam a participação de seus alunos nas mais diversas atividades.

Nas dificuldades de relacionamento entre gestores e docentes foram citadas algumas ações que refletem as principais reclamações de ambas as partes; Dos alunos a falta de respeito mútuo, de atenção e interesse, do excesso de conversas, da falta de comprometimento com suas tarefas; Do professor que não explica direito, desconta seus problemas nos alunos, não tem paciência, sua falta de compreensão com os problemas do aluno, é autoritário e arrogante.

As opiniões sobre os relacionamentos professor/aluno citados, fazem

parte de uma realidade contemporânea e independente da classe social que pertencem, há muita interpretações e pontos de vista a serem discutidos, e outras investigações podem se propostas e analisadas, para que possamos ter mais subsídios a fim de aperfeiçoar essas relações.

Ao concluir estas considerações, friso a necessidade de investirmos na formação humana, na comunicação clara e eficiente, nas diversidades pessoais e espírito coletivo, na valorização do individuo, na auto-estima dos professores, dos alunos e funcionários, que interagem no cotidiano da escola, possibilitando um aprendizagem mais eficaz.

Na conscientização de que as relações interferem sim na aprendizagem do aluno, muitas vezes de forma positiva, outras negativas, mas de forma determinante, visto que não somos formados somente pelo nosso intelecto, mas também pelo emocional, que contribui e defini o tipo de formação que obtemos.

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

GADOTTI, Moacir. Escola vivida, escola projetada. 2. ed., São Paulo: Papirus, 1995.

SILVA, Marisa Crivelaro. A construção da autoestima no ambiente escolar: o papel do gestor. Disponível em: <http://sites.google.com/site/agestaoeducacional/papel>, consultado em 11/09/2011.

RIBEIRO, Rubia. O Gestor Escolar e as relações interpessoais com o corpo docente e técnico administrativo. Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/o-Gestor-Escolar-e-AsRela%C3%A7%C3%B5es/55476.html >, consultado em 17/10/2011.

Autor desconhecido. A atuação do Gestor Educacional. Disponivele em:

< http://www.fontedosaber.com/pedagogia/a-atuacao-do-gestor-educacional_4.html>, consultado em 30/10/2011.