O currículo da escola deve considerar as experiências vividas pelos estudantes

Publicado dia 03/07/2014

Há distintas concepções de currículo, associadas a diferentes formas de se conceber a educação. De maneira geral, pode-se afirmar que currículo é a seleção cultural de determinados conhecimentos e práticas de ensino-aprendizagem que, produzidos em contextos históricos determinados, procuram garantir aos educandos o direito à riqueza de conhecimentos e de cultura produzidos socialmente.

Na perspectiva da educação integral, o currículo alça contemplar o desenvolvimento de todas as potencialidades, ou dimensões formativas, dos sujeitos, considerando não apenas os aspectos intelectuais dos estudantes, mas também os afetivos, corporais, simbólicos e éticos.

Currículo como construção cultural

As teorias do currículo empenham-se em responder perguntas sobre o conhecimento a ser ensinado aos estudantes e o tipo de ser humano desejável para um determinado tipo de sociedade. Como apontado pelos pesquisadores Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu no livro “Currículo, cultura e sociedade”, embora questões relacionadas ao “como” do currículo continuem importantes, elas só ganham sentido quando relacionadas ao “porquê” das formas de organização do conhecimento escolar.

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Nesse sentido, o currículo, como construção cultural, está sempre vinculado a formas específicas de organização da sociedade e da educação, e não pode ser compreendido como um campo neutro, ou algo estático. Para o educador espanhol José Sacristán, é antes o resultado de um equilíbrio de interesses e forças que gravitam sobre o sistema educativo em um determinado momento, configurando-se como o reflexo de um determinado projeto de cultura e de socialização.

Grande parte do currículo muitas vezes não é explicitada em planos e propostas, mas surte forte efeito na escola, na medida em que se traduz em atitudes e valores transmitidos pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. É o chamado currículo oculto. Fazem parte do currículo oculto, relações hierárquicas, regras e procedimentos, formas de distribuir os estudantes por grupamentos e turmas, visões transmitidas por livros didáticos, entre outros.

O currículo da escola deve considerar as experiências vividas pelos estudantes

Entretanto, seja qual for a concepção de currículo adotada, não há dúvidas de sua importância. É por intermédio do currículo que todos os esforços pedagógicos acontecem na escola.

E, nessa perspectiva, a Educação Integral problematiza o currículo na medida em que recoloca o estudante na centralidade dos processos educativos e ambiciona contemplar suas diferentes dimensões formativas, levando em consideração a ampliação de tempos, espaços e agentes educativos. Ao buscar a integração dos saberes acadêmicos aos saberes locais, oriundos do território onde vivem esses estudantes, põe-se em cheque a fragmentação cartesiana de conteúdos, representada por matérias ou disciplinas, e volta-se para uma dimensão integral do conhecimento a ser produzido.

Dessa forma, vale lembrar que o currículo na Educação Integral não corresponde em nenhuma medida à justaposição do currículo de turno regular ao currículo de turno expandido, mas sim à reorientação estrutural de todo o processo de ensino-aprendizagem, de forma que elementos significativos da vida dos estudantes e de suas comunidades possam ser os articuladores dos diversos campos de conhecimento acionados nas práticas pedagógicas escolares.
Como aponta o educador espanhol Miguel Arroyo, o currículo da educação integral dialoga com a vida:

Referências bibliográficas:

Arroyo, Miguel G. – Curriculo- território em disputa, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2011.

Fundação Itau Social- CENPEC. Tendências para Educação Integral. São Paulo, 2011. Disponível para acesso online e download.

Moreira, Antonio Flavio Moreira; Tadeu, Tomaz. Curriculo, cultura e sociedade. São Paulo, Cortez Editora, 2011.

Moreira, Antonio Flavio Barbosa; Candau, Veram Maria – Indagações sobre o currículo – currículo, conhecimento e cultura, Brasilia, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, p. 18. Disponível para download.

Pátio Revista Pedagógica, Educação Integral – a relação da escola com a cultura e a sociedade. Porto Alegre, Artmed, 2009, Pg. 21-22. Disponível online.

Sacristán Gimeno J. – O currículo – uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre, Artmed, 2000.

O que o currículo escolar pressupõe?

Como vimos anteriormente, o currículo deve propor o que se deve ensinar ou aquilo que os alunos devem aprender, quer dizer, o currículo é o que se ensina e aprende na prática, pois ele inclui metodologia e os processos de ensino.

Qual é a função do currículo no contexto escolar?

Ele é muito importante no processo de aprendizado, pois serve como guia para o trabalho dos educadores. O currículo inclui tudo o que será ensinado, não apenas a teoria. E, sim, os aspectos humanos e sociais, como comportamentos e valores que os estudantes vão aprender em cada aula.

O que é currículo escolar por que ele é importante para a aprendizagem?

Ele serve como referência para a gestão e organização do conhecimento escolar, ao dispor sobre os conteúdos a serem estudados e o modo como serão abordados em sala de aula, além de estabelecer as metodologias e estratégias de aprendizagem adotadas pela escola.

O que se refere ao currículo no contexto escolar é correto afirmar que?

O currículo escolar pode ser adaptado, ou seja, construído ao longo do período letivo com o objetivo de atender às necessidades dos alunos e ao projeto pedagógico da escola. Ele é muito importante no processo de aprendizagem. A definição do que é currículo depende do autor e da teoria.