O que contribuiu para o cultivo da Cana

No ano de 1530, apesar do lucro com o pau-brasil, os portugueses começaram a formar as primeiras lavouras de cana-de-açúcar no Brasil.

O que contribuiu para o cultivo da Cana

A cana-de-açúcar: riqueza e exploração nessa primeira atividade econômica

No ano de 1530, os portugueses começaram a finalmente se fixar em terras brasileiras. Antes disso, os portugueses se limitavam a realizar expedições que protegiam o litoral de invasões estrangeiras, faziam o reconhecimento de terras ainda desconhecidas e promoviam a busca de pau-brasil para serem vendidas em terras europeias.

Apesar do lucro com o pau-brasil, os portugueses passaram a ter a necessidade de explorar algum tipo de riqueza que fosse mais lucrativa. Sem encontrar ouro por aqui, a administração portuguesa optou pelo início da formação de lavouras de cana-de-açúcar na região do litoral brasileiro. Mas afinal, por qual razão eles resolveram plantar esse tipo de gênero agrícola em terras brasileiras?

A primeira razão se deve ao fato de os portugueses já dominarem as técnicas de plantio da cana-de-açúcar. Esse tipo de atividade era realizado nas ilhas atlânticas de Madeira e Açores, que também eram colonizadas por Portugal. Além disso, o açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e oferecia grande lucro. Por fim, também devemos destacar o clima e o solo brasileiro como dois fatores naturais que favoreciam esse tipo de atividade.

As primeiras lavouras apareceram nas regiões litorâneas e logo se desenvolveram com destaque nas capitanias de São Vicente e Pernambuco. Para formar as lavouras, os portugueses utilizaram a formação de grandes propriedades de terra. O uso de grandes lavouras era necessário para que os lucros com a cana-de-açúcar fossem elevados e vantajosos para os produtores e para o governo português.

Contudo, a formação dessas grandes lavouras também exigia a disponibilidade de um grande número de trabalhadores. Em Portugal seria impossível encontrar toda essa mão de obra, já que o país tinha uma população insuficiente para atender essa necessidade. Foi então que as lavouras exigiram o uso da mão de obra dos indígenas ou dos africanos. Em ambos os casos, querendo lucrar ao máximo, os portugueses utilizaram a mão de obra desses dois grupos humanos por meio do trabalho escravo.

Na organização das lavouras, os donos das fazendas instalavam suas casas nas regiões mais elevadas do terreno. Chamada de “casa grande”, a residência do senhor das terras ficava na parte mais alta por razões estratégicas. Fixando-se nessas regiões poderiam fiscalizar as atividades na lavoura e, ao mesmo tempo, se antecipar a uma possível revolta dos escravos.

Os escravos, por sua vez, ficavam na chamada senzala. Nesse lugar se amontoavam e tinham quase nenhum conforto na hora de descansarem após longas horas de trabalho. O serviço dos escravos era tão intenso que, raramente, um escravo chegava a ultrapassar a casa dos quarenta anos de idade. De tal forma, podemos notar que as lavouras eram sustentadas por uma rotina de trabalho bastante abusiva.

Em algumas lavouras de cana havia o engenho, lugar em que a cana-de-açúcar era transformada em açúcar. Nem todos os donos de terra possuíam engenho, pois a sua manutenção e construção exigia um grande investimento. Dentro do engenho havia três instalações: a moenda, onde era extraído o caldo da cana; a caldeira, onde o caldo era fervido e se transformava em melaço; e a casa de purgar, lugar em que o melaço virava açúcar.

Durante e após a colonização do Brasil, a plantação de cana-de-açúcar foi uma das mais importantes atividades econômicas do país. Apesar dos vários momentos de crise e instabilidade, o açúcar sempre teve grande importância em nossa economia. Atualmente, a cana-de-açúcar também é utilizada para a produção de combustíveis e outros produtos de grande importância em nossa economia.


Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Escola Kids
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG

Produzida de forma ampla no país, devido o fácil manejo e condução da lavoura simplificada, o mercado da cana-de-açúcar está em constante crescimento.

Segundo dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (UNICA), a safra 2019/2020 da cultura registrou a marca de 590,36 milhões de toneladas de material processado.

No entanto, para aumentar a produtividade e obter sucesso na lavoura, é importante se atentar para alguns fatores que afetam o seu desenvolvimento.

Neste artigo, você vai conferir as principais particularidades da cultura de cana-de-açúcar, como métodos de plantio, época adequada para implantação, preparo do solo e muito mais.

Veja a seguir!

Como é feito o plantio de cana-de-açúcar?

Entre os sistemas de plantio que podem ser utilizados para a cultura de cana-de-açúcar estão:

  • Sistema de mudas pré-brotadas (MPB);
  • Plantio manual;
  • Plantio mecanizado.

Sistema de mudas pré-brotadas (MPB)

O que contribuiu para o cultivo da Cana
Foto: Luize Hess

O MPB consiste em uma tecnologia de multiplicação que poderá contribuir para a produção rápida de mudas, associando elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio.

Nesse sistema, o produtor leva as mudas pré-brotadas prontas para o campo, onde elas são cultivadas em linhas.

Esse é um método que colabora para a rotação de plantio de cana-de-açúcar com outras culturas nas entrelinhas, como feijão, amendoim, soja ou outra leguminosa.

Plantio manual

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Foto: Cana Online

O plantio manual é um sistema que compreende a sulcação, distribuição de mudas nos sulcos, alinhamento das mudas dentro do sulco e fechamento dos sulcos.

Por envolver operações manuais e mecanizadas em suas etapas, é considerado um sistema de plantio semi-mecanizado.

Plantio mecanizado

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(Foto: Cana Online)

Nessa técnica de plantio, as mudas que alimentam a plantadora devem estar picadas. Por isso, são colhidas mecanicamente com colhedoras.

Dessa forma, a plantadora abre os sulcos, depois distribui as mudas e realiza o fechamento dos sulcos.

Como o processo é mecanizado, o produtor rural consegue otimizar melhor o tempo em comparação com outros tipos de plantio.

  • LEIA MAIS: Plantio direto e plantio convencional: saiba quais são as diferenças?

Quais fatores afetam o desenvolvimento da cana-de-açúcar?

Para garantir o desenvolvimento saudável da cultura de cana-de-açúcar, é necessário se atentar para alguns fatores importantes:

  1. Época de plantio;
  2. Preparo do solo;
  3. Espaçamento e profundidade;
  4. Quantidade necessária de mudas;
  5. Controle de pragas e plantas daninhas.

Confira mais sobre cada um dos fatores abaixo:

1. Época de plantio

A escolha correta da época de plantio é um fator fundamental para obter bons resultados em relação ao desenvolvimento da cultura.

Nesse sentido, as condições climáticas contribuem para o acúmulo de açúcar enquanto alta disponibilidade de água, temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar são responsáveis pelo crescimento da planta.

Vale ressaltar que você pode cultivar a cana-de-açúcar em três épocas diferentes:

  • Sistema de ano-e-meio;
  • Sistema de ano;
  • Plantio de inverno.

Veja mais abaixo:

Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses)

No sistema de ano-e-meio, o cultivo de cana-de-açúcar é feito entre os meses de janeiro e março.

São nesses primeiros três meses que a planta inicia seu desenvolvimento. Com a chegada da seca e do inverno, o crescimento desacelera e fica mais lento durante cinco meses (abril a agosto).

Logo após esse período, a cana-de-açúcar permanece vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses.

Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e umidade. Essas circunstâncias são essenciais para o desenvolvimento das gemas, formações que originam novos ramos, folhas e flores nas plantas.

Assim, com condições benéficas para as gemas, o sistema de ano-e-meio possibilita a brotação rápida. Isso reduz a incidência de doenças nos toletes, pequenos pedaços de colmos, tipo de caule de plantas gramíneas como a cana-de-açúcar.

Sistema de ano (cana de 12 meses)

Característico de algumas regiões do país, o sistema de ano tem início no período de outubro a novembro. É um plantio que deve ser utilizado de forma restrita, no qual é preciso considerar bem as suas vantagens e desvantagens.

O que isso significa?

Para grandes áreas de cultivo, é aconselhável uma segunda época para o plantio, pois isso facilita o gerenciamento e otimiza o uso de máquinas e mão de obra. Assim, é possível dividir os recursos entre o período de sistema de ano-e-meio e o período de ano.

Entretanto, é preciso considerar que essa divisão de cultivo leva a uma menor produtividade em relação ao período de 18 meses. Logo, ao considerar apenas os 12 meses, a cana passa a ter um período menor de crescimento efetivo.

Além disso, outro ponto importante é o preparo do solo para o plantio da cana de ano.

Nesse sistema, é comum ter algumas dificuldades, como na incorporação do calcário e outros elementos, por causa do menor tempo que a cultura tem para crescer efetivamente.

Por fim, após a colheita, é necessário arrancar as soqueiras — raízes que ficam na terra após o corte das canas —  para um novo cultivo.

Assim, como o período do sistema de ano é início da estação chuvosa, sobram poucos dias úteis para as operações agrícolas. Se a área da lavoura for grande, o produtor também deve ter em mente que será mais necessário mais mão de obra para preparar o solo.

Plantio de inverno

Embora seja raro, também é possível plantar a cana-de-açúcar no período de estiagem.

Esse é o caso do plantio de inverno, que utiliza a torta de filtro — resíduo da indústria sucroalcooleira, resultado da filtração do caldo da cana-de-açúcar extraído das moendas no filtro rotativo.

Com o uso da torta de filtro, a cana-de-açúcar tem a umidade necessária para a brotação (cerca de 70% a 80%).

Além disso, se for feita uma fertirrigação — irrigação de fertilizantes líquidos — com vinhaça, outro resíduo de usinas de açúcar e álcool, ou mesmo irrigação, o plantio da cana pode ocorrer praticamente o ano todo.

O que contribuiu para o cultivo da Cana

2. Preparo do solo

Um solo bem preparado é de extrema importância para obter bons resultados na lavoura.

Esse fator ganha ainda mais importância no cultivo de cana-de-açúcar, uma cultura semi-perene, que pode permanecer na mesma área por até seis anos.

Nesse sentido, o que se indica é realizar uma análise do solo antes do plantio. É importante verificar aspectos nutricionais e a acidez (pH) do solo.

Essa análise é importante porque em solos com pH ácidos, pode ocorrer a indisponibilidade de nutrientes para a cultura, o que causa retardo no seu desenvolvimento e até queda na produção. O pH ideal para a plantação da cana-de-açúcar fica em torno de 5,5 e 6,5.

  • LEIA MAIS: Os principais tipos de solo no Brasil e suas características

3. Espaçamento e profundidade

Fundamental para o cultivo de cana-de-açúcar, um espaço adequado no plantio da cultura traz diversos benefícios.

O primeiro é na otimização de atividades na lavoura, desde o uso de máquinas até a própria colheita.

Outra vantagem é o aumento da produção, pois um melhor espaçamento entre as plantas interfere favoravelmente na disponibilização de recursos como luz, água e temperatura.

Dessa forma, o espaçamento do plantio da cana-de-açúcar deve variar de acordo com a fertilidade do terreno e as características da variedade cultivada.

Nesse sentido, entre os sulcos, pode ocorrer a variação de 1 a 1,8 metro, com as seguintes recomendações:

  • A profundidade do sulco deve variar entre 20 e 30 centímetros;

  • Em solos arenosos, o melhor é estreitar os espaçamentos, com a distância de 1 a 1,20 metro entre eles. Assim, o fechamento da entrelinha ocorre mais rapidamente, o que facilita o controle do mato;

  • Se a colheita for mecanizada, o espaçamento deve ser de ao menos 1,5 metro. Desse modo, você evita o pisoteamento e a compactação das linhas de cana pelas rodas das máquinas;

  • Em solos férteis, o espaçamento mais comum é de 1,5 metro.

Ademais, também é importante destacar que para a cultura da cana, é comum o chamado espaçamento abacaxi. Nesse tipo, duas linhas de cana são plantadas a 0,30 centímetros de distância uma da outra, com espaçamento da entrelinha de 1,50 metro, num total de 1,80 metro.

4. Quantidade necessária de mudas

No cultivo de cana, a quantidade necessária de mudas varia entre dez e 15 toneladas por hectare. No entanto, quando a época de plantio é adequada e a qualidade da muda está excelente, pode-se optar por menores quantidades.

Em geral, preferem-se as mudas de canas jovens, com oito a dez meses. Elas devem ser cultivadas em condições ótimas, estar bem fertilizadas e com controle de pragas e doenças.

Além disso, é necessária a distribuição de ao menos 12 gemas por metro de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, recomenda-se dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro.

5. Controle de pragas e plantas daninhas

Para combater pragas como cupins, brocas de cana, brocas gigantes, besouros e formigas, recomenda-se utilizar o controle químico, que consiste na aplicação de produtos no solo e no momento do plantio. Desse modo, se a aplicação for correta, é possível eliminar até 90% dos parasitas da área.

As plantas daninhas, por sua vez, afetam a lavoura de cana na fase inicial de desenvolvimento da cultura. Sendo assim, os métodos mais indicados para o seu controle são:

  • Utilização de cultivares de crescimento mais rápido;
  • Diminuição do espaçamento, de forma a permitir um sombreamento precoce das canas entre linhas de cultivo e, assim, dificultar a germinação das plantas daninhas;
  • Capinas com o uso de cultivadores ou capina química por meio do uso de herbicidas.

Gostou desse conteúdo? Leia também nosso artigo sobre os fatores que afetam o desenvolvimento do algodão.

O que contribuiu para o cultivo da Cana

O que contribuiu para o cultivo da Cana

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

O que contribuiu para o cultivo da cana

A cultura da cana-de-açúcar foi escolhida pelos colonizadores devido ao alto valor comercial que o açúcar tinha no mercado internacional. Sendo assim, a produção de açúcar feita por aqui era quase toda exportada para a Europa, sendo privilégio das classes mais altas do continente.

O que contribuiu para que os portugueses decidissem iniciar o cultivo de cana

Apesar do lucro com o pau-brasil, os portugueses passaram a ter a necessidade de explorar algum tipo de riqueza que fosse mais lucrativa. Sem encontrar ouro por aqui, a administração portuguesa optou pelo início da formação de lavouras de cana-de-açúcar na região do litoral brasileiro.

O que provocou a cultura da cana?

4) O que a cultura da cana provocou? R. Trabalho dos escravos negros; o desenvolvimento da criação de gado; cobiça dos estrangeiros, etc.

Quais os fatores que contribuíram para o sucesso da produção de açúcar no Nordeste?

A produção de açúcar iniciada no Nordeste do Brasil contava com a existência de um mercado consumidor já desenvolvido e com a experiência dos portugueses nesse ramo de negócio. Além das condições climáticas, estes foram os principais fatores que contribuíram para o sucesso do empreendimento.