O que havia de tão especial na linguagem dos sapiens que nos permitiu conquistar o mundo?

Identificação de usuário

Senha

Lembrar identificação de usuário

Esqueceu o seu usuário ou senha?

O uso de Cookies deve ser permitido no seu navegador

Esta é a sua primeira vez aqui?

Problemas para acessar a Plataforma de Ensino a Distância da AEDI/UFPA, entre em contato no email informando o seu curso e problema.

Sem categoria

por Mauro Gaglietti

O que havia de tão especial na linguagem dos sapiens que nos permitiu conquistar o mundo?

“Na boca de quem não presta, quem é bom não tem valor”

Folclore popular (trecho de “Lapa”, interpretada por Clementina de Jesus)

Sig, O Rato, solicita para você: “não espalha, tá? E, se alguém perguntar, nunca diga que fui eu que te contei”. Ele não deseja mais entrar em contato diariamente com a fofoca no âmbito da política. Se tapou de nojo! Mas fofocar é um comportamento peculiar e íntimo, e isso dificulta muito saber de onde surgiu esse hábito tão comum entre os humanos. As histórias sobre as possíveis origens da fofoca são interessantes porque se entrelaçam com a nossa própria evolução: como aprendemos a cooperar e nos tornamos mais sociáveis. Em outros termos, a fofoca é uma ferramenta social que usamos para discutir as idas e vindas cotidianas das pessoas que nos cercam. É verdade que muitas vezes, trata-se de algo malicioso. Mas, para cientistas, é também uma coisa positiva, uma espécie de “argamassa” que une um grupo social. É justamente aqui que Sig, O Rato, pira por tentar entender os humanos: “To be or not to be, that’s the question”! Assim, Sig, O Rato, de tanto conviver com humanos nota que está aderindo…..ui…. e volta e meia, indaga a respeito da necessidade humana de fofocar!! Pelo visto a prática da fofoca propicia uma sensação de gozo, prazer e excitação aos que as enunciam e aos que as ouvem. Propicia o distanciamento simbólica dos fatos e personagens envolvidos nas narrativas ventiladas, ao mesmo tempo em que permitem a famosa vivência vicária destes mesmos fatos. A sensação de domínio sobre a vida alheia, a excitação de conspirar, tramar e decidir sobre a reputação de outrem e, portanto, de influir na processo de depreciação dos outros, traz uma inegável possibilidade de fruição pessoal importante para se entender o porquê dela ser um expediente recorrente e freqüente nas interações cotidianas. Isso sem contar a possibilidade de desforra frente aos adversários e o delicioso exercício de passar o tempo comentando sobre os problemas alheios, enquanto nos esquecemos dos nossos e nos refestelamos em dissecar e aumentar (sempre que possível) os “desvios” e fraquezas dos que nos cercam. Norbert Elias (1994) escreveu que a fofoca encontra-se associada às normas e às crenças coletivas e das relações estabelecidas socialmente. A ideia de acordo com a qual a fofoca teria uma função social integradora requer algumas ressalvas. Tal percepção atribui à fofoca as características de uma coisa ou uma pessoa capaz de atuar sozinha como agente causal, quase independentemente dos grupos que a circundam. Na verdade, a fofoca é apenas uma figura de linguagem que classifica tal ou qual função na medida em que nada mais é do que o nome genérico de algo realizado por pessoas reunidas em grupos. Se assim fosse, ao que parece, seria mais preciso expressar que o grupo mais bem integrado seria aquele que mais faz uso da fofoca, e que, as fofocas das pessoas variam conforme a estrutura e a situação. No entanto, a fofoca sempre tem dois pólos: aqueles que a circundam e aqueles sobre quem ela é circulada.Nos casos nos quais o sujeito e o objetio da fofoca pertencem a grupos diferentes, o quadro de referência não é apenas o grupo de fofoqueiros, mas a situação e a estrutura dos dois grupos e a relação que se estabeleceram entre ambos.

Nota-se que a fofoca é um campo de estudo para se entender as relações sociais. Assim, existe bons fundamentos que sustentam o que poderíamos designar por “Teoria da Fofoca”. Pode parecer algo sem fundamento científico, mas vários estudos têm contribuído na construção da referida teoria. Ainda hoje, a maior parte da comunicação humana – seja na forma de whatsApp, E-mails, telefonemas ou colunas nos jornais – é fofoca. Falar de alguém faz parte do cotidiano dos grupos sociais. Para buscar fundamentos históricos e biológicos da necessidade humana de fofocar, Sig, O Rato, sistematiza algumas perguntas: Como surgiram as fofocas junto aos grandes impérios? Como e por que o Cristianismo cresceu tanto em um ambiente de muita fofoca? De que forma as comunidades do passado se estabeleceram gerando as práticas de fofocar? Como deixamos de ser nômades e viramos sedentários com mais tempo para a fofoca? Por que criamos vínculos familiares gerando um ambiente propício para a fofoca? E por que a economia é tão importante no cotidiano das pessoas que praticam a fofoca? De onde vieram as primeiras moedas, as organizações econômicas, as grandes corporações e  junto a elas as relações sociais tornaram-se ainda mais complexas e uma excelente fonte de fofoca?

Para levar à frente a investigação acerca da necessidade humana de fazer fofoca, nada melhor do que a obra “Sapiens – Uma breve história da Humanidade” de Yuval Noah Harari (2015). Embora os sapiens já habitassem a África Oriental há 150 mil anos, apenas por volta de 70 mil anos atrás eles começaram a dominar o resto do Planeta Terra e levar as demais espécies humanas à extinção. Para tanto, considera-se as três revoluções que servem de base à construção da Teoria da Fofoca: A Revolução Cognitiva, a Revolução Agrícola e a Revolução Científica. Pelo que parece, há um fio condutor entre o passado e o presente quando focamos no surgimento do Homo sapiens como espécie, sua consolidação como única espécie de Hominídeo a ocupar a Terra (tanto exterminando quanto miscigenando com outras espécies), a ascensão da escrita, etc.

A Revolução Cognitiva, em breves palavras, explica como a capacidade de abstração e memória que somente o nosso cérebro possui dentre todos os animais permitiu que pudéssemos nos agregar em conjuntos humanos de tamanhos sem precedentes e, assim, criar coisas inimagináveis até então.  Nos milhares de anos desse período, embora esses sapiens arcaicos se parecessem exatamente conosco e embora seu cérebro fosse tão grande quanto o nosso, eles não gozavam de qualquer vantagem notável sobre outras espécies humanas; não produziam ferramentas particularmente sofisticadas e não realizavam nenhum outro feito especial. De fato, no primeiro encontro registrado entre sapiens e neandertais, os neandertais levaram a melhor. Há 100 mil anos, alguns grupos de sapiens migraram para o Levante – que era território neandertal –, mas foram incapazes de garantir sua sobrevivência. Isso deveu-se: a) à crueldade dos nativos; b) a um clima severo ou c) à presença de parasitas com os quais não estavam familiarizados. Qualquer que tenha sido o motivo, os sapiens acabaram por se retirar, deixando os neandertais como senhores do Oriente Médio. Esse registro escasso de conquistas levou especialistas a especularem que a estrutura interna do cérebro desses sapiens provavelmente era diferente da nossa. Eles se pareciam conosco, mas suas capacidades cognitivas – aprendizado, memória, comunicação – eram muito mais limitadas.

Há 70 mil anos, o Homo sapiens começou a fazer coisas muito especiais. Nessa época, bandos de sapiens deixaram a África pela segunda vez, expulsando os neandertais e todas as outras espécies humanas não só do Oriente Médio como também da face da Terra. Em um período incrivelmente curto, os sapiens chegaram à Europa e ao leste da Ásia. Há aproximadamente 45 mil anos, conseguiram atravessar o mar aberto e chegaram à Austrália – um espaço até então intocado por humanos. Entre 70 mil anos e 30 mil anos atrás, os humanos criaram e inventaram barcos, lâmpadas a óleo, arcos e flechas e agulhas (essenciais para costurar roupas quentes). Asinala-se, ainda, que os primeiros objetos que podem ser chamados de arte e joalheria datam dessa era, assim como os primeiros indícios incontestáveis de religião, comércio e estratificação social. A maioria dos pesquisadores acredita que essas conquistas sem precedentes foram produto de uma revolução nas habilidades cognitivas dos Sapiens. Eles sustentam que os indivíduos que levaram os neandertais à extinção, que se instalaram na Austrália e que esculpiram o homem-leão de Stadel (o homem leão da Idade do Gelo é a escultura figurativa mais antiga do mundo que se conhece) eram tão inteligentes, criativos e sensíveis como nós. Assinala-se, ao mesmo tempo, que o surgimento de novas formas de pensar e se comunicar, nesse período, constitui a Revolução Cognitiva. Talvez a mesma tenha sido causada por intermédio de mutações genéticas acidentais, alterando as conexões internas do cérebro dos sapiens, possibilitando que: a) pensassem de uma maneira sem precedentes e b) se comunicassem usando um tipo de linguagem totalmente novo. Por que ocorreram no DNA do sapiens e não no DNA dos neandertais? Sig, O Rato, ainda não está convencido que foi obra do “puro acaso” (será que existe acaso, diriam os físicos quânticos? A mesma pergunta fariam os que conhecem a obra de Carl Gustav Jung, seguidos pelo Taoísmo, Espiritismo….).

Entretanto, o tempo e a energia serão mais bem empregados se optarmos pela busca do alcance acerca das consequências das mutações da árvore do conhecimento do que suas possíveis causas. O que havia de tão especial na nova linguagem dos Sapiens que nos permitiu conquistar o mundo? Essa não foi a primeira linguagem na medida em que se reconhece que todos os animais têm alguma forma de linguagem. Até mesmo os insetos, como abelhas e formigas, sabem se comunicar de maneiras sofisticadas, informando uns aos outros sobre o paradeiro de alimentos. Tampouco foi a primeira linguagem vocal. Muitos animais, incluindo todas as espécies de macaco, têm uma linguagem vocal. A resposta mais comum é que nossa linguagem é incrivelmente versátil. Podemos conectar uma série limitada de sons e sinais para produzir um número infinito de frases, cada uma delas com um significado diferente. Podemos, assim, consumir, armazenar e comunicar uma quantidade extraordinária de informação sobre o mundo à nossa volta. Uma segunda teoria concorda que nossa linguagem singular evoluiu como um meio de partilhar informações sobre o mundo. Nossa linguagem evoluiu como uma forma de fofoca. De acordo com essa Teoria da Fofoca, o Homo sapiens é antes de mais nada um animal social. A cooperação social é essencial para a sobrevivência e a reprodução. A quantidade de informações que é preciso obter e armazenar a fim de rastrear as relações sempre cambiantes até mesmo de umas poucas dezenas de indivíduos é assombrosa. (Em um bando de cinquenta indivíduos, há 1.225 relações de um para um, e incontáveis combinações sociais mais complexas). Observa-se que a  fofoca é um elemento comum nas conversas cotidianas tanto de adultos quanto de crianças, encontrando-se presente em todas as culturas e está associada a diversos comportamentos sociais. Para a fofoca ter surgido, primeiramente precisamos de uma forma básica de linguagem. A origem desta também é difícil de pontuar, já que ela não deixa fósseis. Nosso ancestral comum com os primatas seria uma espécie mais rudimentar, com um cérebro limitado, o que significa que eles se comunicavam com grunhidos e vocalizações semelhantes aos dos atuais chimpanzés. Novas pesquisas, no entanto, revelam que a comunicação entre símios é mais sofisticada do que se pensava.  Além de desenvolver habilidades linguísticas, nossos ancestrais também tiveram que desenvolver um cérebro maior, necessário para imaginar, processar e articular as informações sobre nosso entorno. Considera-se, ainda, que o Homo erectus surgiu há 1,8 milhões de anos e tinha um cérebro bem maior que seus antepassados. Ele foi o primeiro humanoide a deixar a África e colonizar partes da Europa e da Ásia. Seu cérebro passou a permitir a organização de sociedades cada vez mais complexas, o que conduziu à evolução de uma linguagem mais complexa. Mas há outros componentes nessa história, porque os primeiros humanos também precisavam de outras habilidades para sobreviver. Para dominar a caça e a colheita, eles precisavam aprender a cooperar. E a maneira mais eficiente de fazer isso é compartilhando informações sobre o papel de cada indivíduo. Ou seja, fofocar sobre os outros. Conforme nossos ancestrais foram deixando as florestas para as áreas de savana, mais abertas, aumentou a necessidade de trabalharem juntos para conseguirem caçar com sucesso. Isso forjou um alto grau de trabalho em equipe e compartilhamento de informações pessoais. Essa vontade de partilhar informações pode ser notada nas crianças de hoje. Desde muito cedo, elas destacam fatos de suas vidas e de suas famílias e amigos. Foi esse aspecto social e de apoio, típico da natureza humana, que permitiu que a fofoca surgisse. No caso, a fofoca não surgiu entre nossos ancestrais como uma extensão da necessidade de aliciar um ao outro. Desse modo, evidenciam-se as descobertas mais recentes da ciência ao abarcarem as evidências segundo as quais o ser humano é capaz de se unir intencionalmente, dividindo informações para chegar a um objetivo comum, muitas vezes de longo prazo, enquanto símios tendem a cooperar apenas para atender a suas necessidades imediatas e individuais.

Sig, O Rato, acreditava, até então, em uma outra teoria de acordo com a qual, durante o dia, os primeiros humanos passavam boa parte do tempo tentando se manter vivos, procurando comida e abrigo enquanto tentavam escapar de predadores. De noite, só lhes restava dormir. Mas ao aprender a fazer fogo, talvez há cerca de 1 milhão de anos, os humanos transformaram as horas de escuridão. Mais aquecidos e seguros em torno de uma fogueira, os humanoides tiveram a oportunidade de se comunicar de maneira mais livre e sobre assuntos menos sérios. Sig, O Rato, tem, na verdade, dificuldade de entender os humanos ainda mais ao redor de uma fogueira. Mas há algo que ocorre à noite….os humanos conversam de maneira diferente e adoram contar e ouvir histórias coladinho no ouvido. E uma boa história contada à noite, é sempre base para uma boa fofoca diurna. Ocorre que os neandertais e os Homo sapiens arcaicos provavelmente também tiveram dificuldade para falar pelas costas uns dos outros – uma habilidade muito difamada que, na verdade, é essencial para a cooperação em grande número.

As novas habilidades linguísticas que os sapiens modernos adquiriram há cerca de 70 milênios permitiram que fofocassem por horas a fio. Graças a informações precisas sobre quem era digno de confiança, pequenos grupos puderam se expandir para bandos maiores, e os sapiens puderam desenvolver tipos de cooperação mais sólidos e mais sofisticados. O ato de fofocar é tão natural para nós que é como se nossa linguagem tivesse evoluído exatamente com esse propósito. A fofoca normalmente gira em torno de comportamentos inadequados. Os que fomentam os rumores são o quarto poder original, jornalistas que informam a sociedade sobre trapaceiros e aproveitadores e, desse modo, a protegem. Mas a característica verdadeiramente única da nossa linguagem é a capacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem. Até onde sabemos, só os sapiens podem falar sobre tipos e mais tipos de entidades que nunca viram, tocaram ou cheiraram. Lendas, mitos, deuses e religiões apareceram pela primeira vez com a Revolução Cognitiva. Assim, graças à Revolução Cognitiva, o Homo sapiens adquiriu a capacidade de falar sobre ficções, tornando-se a característica mais singular da linguagem dos sapiens. Há milhares de anos atrás até os nossos tempos modernos, a fofoca se fez presente como algo importante na linguagem, comprovando a tese segundo a qual  o Homo sapiens é antes de mais nada um animal social. Ao contrário do que alguns clássicos nos passaram, a cooperação social – e não a competição – é essencial para a sobrevivência e a reprodução. É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem, quem está transando com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro.

Nesse primeiro momento, nos deparamos com um animal que, por conta da evolução, começa a deixar de ser insignificante para se destacar na natureza. A partir disso, o que temos é o início da história que seguiria tendo humanos que se juntam para desenvolver tecnologias, dominar o que está ao seu redor e tentar subjugar aqueles que encontram pelo caminho. Desse modo, dois fatores foram fundamentais: o primeiro deles, curioso, é a fofoca… As novas habilidades linguísticas que os sapiens modernos adquiriram há 70 mil anos permitiram que fofocassem por horas a fio. Graças a informações precisas sobre quem era digno de confiança, pequenos grupos puderam se expandir para bandos maiores, e os sapiens puderam desenvolver tipos de cooperação mais sólidos e mais sofisticados. É tão natural para nós que é como se nossa linguagem tivesse evoluído exatamente com esse propósito.  Em uma segunda etapa, quando os grupos começaram ter centenas de integrantes e somente a voz do líder não era mais suficiente para garantir que todos se juntassem por um mesmo ideal, os mitos – ou seja, histórias que levam a crenças em comum – foram primordiais para que as pequenas sociedades se mantivessem unidas e seguissem avançando. Em outros termos, bandos nômades, que buscam por novos territórios tão logo devastam tudo de interessante que está ao seu redor ou quando são expulsos de seus espaços temporários por outros grupos de humanos – sim, já guerreávamos mesmo quando o mundo ainda era praticamente inexplorado. Mas determinar a origem exata da fofoca pode ser uma tarefa árdua, já que se trata de algo de natureza efêmera. Alguns indícios podem surgir conforme estudamos mais o DNA de nossos ancestrais. Cientistas já sequenciaram o genoma dos humanos de Neandertal e o de seus parentes mais próximos, o hominídeo de Denisova. E reconhecem que os neandertais possuem uma versão de um gene essencial para a fala, que nós também temos. Mas até conseguirmos provar algo concretamente, a origem da fofoca será algo como a própria fofoca: uma mistura de fatos e especulações. E esse é um dos pontos tristes de se constatar: mudamos pouco em alguns pontos, principalmente no trato com a natureza. Será que já temos como refutar as ideias de que a extinção de diversas outras espécies teria sido causada principalmente por mudanças climáticas, atribuindo, assim,  a responsabilidade nos próprios humanos – um animal pequeno, de aparência pouco amedrontadora – pelo sumiço de bichos como tigres-dentes-de-sabre, preguiças-gigantes, diprotodontes, cangurus-gigantes… “Talvez se mais pessoas estivessem cientes da Primeira e da Segunda Onda de Extinção, seriam menos indiferentes à Terceira Onda, da qual fazem parte. Se soubéssemos quantas espécies já erradicamos, poderíamos ser mais motivados a proteger as que ainda sobrevivem”, acredita, talvez com uma dose excessiva de otimismo na informação, o autor do livro em tela. Diante da energia de tais considerações, Sig, O Rato, pergunta: você acha que quando almoçam juntos professores de história conversam sobre as causas da Primeira Guerra Mundial; ou que as terapeutas e psicólogos falam sobre o inconsciente individual, o inconsciente coletivo, o inconsciente que aparece na terapia transdimensional, as constelações familiares, os métodos da psicanálise e a análise dos sonhos concebidas por Freud  e Jung; que físicos nucleares passam o intervalo do café em conferências científicas falando sobre partículas subatômicas, física newtoniana e física quântica? Às vezes sim! Mas com muito mais frequência eles (e elas, embora os homens também apreciam uma boa fofoca) fofocam sobre quem pegou quem, quem pegou a aluna mais gostosa, a professora que flagrou o marido com outra, ou sobre a briga entre o chefe do departamento e o reitor, ou sobre os rumores de que um colega usou sua verba de pesquisa para pagar a compra da sede do instituto do líder do seu partido político. Bom dia, boa semana e até breve!!

MAURO GAGLIETTI é professor universitário, mediador de conflitos e doutor em história pela PUC/RS

BIBLIOGRAFIA

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas. Campinas : Papirus, 1996.

ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os estabelecidos e os Outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.   

ELIAS, Norbert. A sociedade de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

ELIAS, Norberto. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1999.

GREIMAS, Algirdas J. Semiótica das paixões. São Paulo: Ática, 1993.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Lisboa: Edições 70, 2003.

SIMMEL, G. On Individuality and Social Forms (Selected Writings). Chicago: The University of Chicago Press, 1971..

SIMMEL, G. Sociologie et Épistémologie. Paris: PUF, 1991.

Qual o segredo do sucesso do sapiens?

O Homo Sapiens conquistou o mundo, acima de tudo, graças à sua linguagem única. (…) O surgimento de novas formas de pensar e se comunicar, entre 70 mil anos atrás a 30 mil anos atrás, constituiu a Revolução Cognitiva.

Qual o argumento central de sapiens?

Seu principal argumento é que o Homo sapiens domina o mundo porque é o único animal capaz de cooperar de forma flexível em largo número e o faz por ser a única espécie capaz de acreditar em coisas que não existem na natureza e são produtos puramente de sua imaginação, tais como deuses, nações, dinheiro e direitos ...

Qual a inovação evolutiva que nos tornou sapiens?

Revolução da agricultura Outro ponto que proporcionou a evolução da humanidade foi a agricultura, que começou há cerca de 10 mil anos. Em torno de 9500 a 8500 antes de Cristo, os humanos no mundo começaram a semear plantas comestíveis e a domesticar os animais.

O que fala o livro de sapiens?

O livro divide o progresso da humanidade em três grandes revoluções: A cognitiva, a agrícola e a científica. Na primeira Revolução o autor explica como a capacidade de abstração e memória que somente o nosso cérebro possui, nos permitiu formar sociedades nunca antes vistas.