Quais as principais diferenças entre a oligarquia espartana e a democracia?

Mestrado em História (UDESC, 2012)
Graduação em História (UDESC, 2009)

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Atenas e Esparta foram duas cidades-estado com grandes poderes na Grécia Antiga. Porém, para se desenvolverem foram organizadas de maneiras bem diferentes, muitas vezes até antagônicas.

Atenas fica localizada na antiga região da Ática, próxima ao Mar Mediterrâneo, e que pôde se desenvolver graças à atividade comercial e portuária, especialmente a partir do Porto de Pireu. Foi essa relação direta com o mar que fez Atenas despontar no comércio marítimo e a se destacar política e economicamente na região. Esparta, por sua vez, esteve localizada na região da Lacônia e sem contato direto com o Mar Mediterrâneo. Por isso seu desenvolvimento foi bastante diferente de Atenas: o comércio não foi atividade principal. As suas terras eram férteis e propícias ao cultivo de cereais e à pastagem e à criação de animais.

Esparta se desenvolveu com base em um formato de educação rígida e com bases militares. A sociedade era oligárquica, ou seja, havia a concentração de terras nas mãos de poucos, que eram os que tinham também acesso às decisões políticas. A sociedade espartana era formada pelos hilotas em sua base, os servos que exerciam o trabalho, especialmente no plantio e colheita, e pelos espartanos, que concentravam terras e participavam da vida pública.

Já em Atenas, embora também houvesse concentração de terras, a democracia fez emergir a possibilidade de participação política entre os cidadãos comuns, ou seja, artesãos e camponeses. Isso fez com que Atenas não só se tornasse uma hegemonia mas também que se diferenciasse das outras cidades-estado, inclusive Esparta. Para isso foi preciso recorrer à estratégias políticas, como o ostracismo, que afastava por dez anos aqueles que representavam alguma ameaça para Atenas. Assim, conseguiu evitar conflitos internos.

Atenas viveu um momento de domínio político, mas também cultural. Houve um florescer das artes, da ciência, do pensamento filosófico e da própria construção urbana. Esparta, por outro lado, apostava em uma educação militar e rígida, educando homens desde os sete anos de idade nesta lógica.

Embora as duas cidades-estado tenham exercido poderes regionais, elas enfrentaram diversos conflitos. Estiveram lado a lado na Liga de Delos para combater a ameaça persa. A configuração se alterou quando Atenas manteve para si a concentração de poder e usou os recursos dos impostos de Delos para reconstrução de sua cidade e para promoção e investimento nas artes, e nas construções públicas. Em reação à hegemonia ateniense Esparta criou a Liga do Peloponeso. As duas cidades, por meio das suas respectivas ligas, entraram em conflito em 431 a.C.

O conflito entre Esparta em Atenas é um dos mais conhecidos na História Ocidental. A Guerra do Peloponeso foi narrada por Tucídedes, conhecido por ser um dos primeiros historiadores do mundo. Seu livro História da Guerra do Peloponeso narra a batalha travada entre Atenas e Esparta, que teve os espartanos como vitoriosos.

Por fim cabe ressaltar: como estamos falando da antiguidade, não cabe transpor nossos valores atuais para as sociedades do mundo antigo. Isso porque, embora nos reconheçamos mais ou menos com uma ou outra cidade-estado, suas regras, formas de organização e conceitos são próprios de seu tempo e não podemos vê-las de forma hierárquica nem atribuir juízo de valor. Cada uma desenvolveu-se de uma forma e dominou a Grécia antiga com seu poder.

Referência:

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/diferencas-entre-atenas-e-esparta/

Oligarquia é uma forma de governo controlada por um pequeno grupo de pessoas que apresentam algum tipo de conexão.

São exemplos de vínculos que levam à ascensão de uma classe dominante no regime oligárquico: laços sanguíneos, religião, prestígio e participação de grupos econômicos ou políticos.

A palavra oligarquia é de origem grega: “oligarkhía”. Corresponde à junção de “olígos”, cujo significado é “poucos”, e “arkh”, que pode ser traduzido como “governo”. Ou seja, o termo significa “governo de poucos”.

Os oligarcas utilizam o controle efetivo para permanecer no poder, concentrar renda e expandir os privilégios. Portanto, seus interesses estão sempre acima dos da maioria.

Aristóteles foi o primeiro a usar o vocábulo oligarquia. O filósofo grego menciona o governo de poucos, que segundo ele, trata-se de uma corrupção da aristocracia.

Sendo assim, enquanto a oligarquia é governada por uma pequena elite, a aristocracia é caracterizada como o “governo dos melhores”, pois o poder deveria pertencer aos mais aptos e destacados na sociedade.

Muitos autores definem a oligarquia como a forma degradada de um regime aristocrático. Isso se deve ao fato de que historicamente a governança passou a ser exercida não pelos mais capacitados, mas por um grupo privilegiado para fins corruptos.

Oligarquia também foi um termo utilizado para designar o governo dos ricos, o que na verdade é um erro. Essa definição é de outra forma de governo denominada plutocracia, que pode ser interpretada como um tipo de oligarquia.

A oligarquia é o governo de poucos que compartilham os mesmos interesses e a plutocracia é uma forma de governo onde o poder está concentrado nas mãos de pessoas provenientes de classes mais abastadas.

Oligarquia no Brasil

No Brasil, o termo oligarquia pode ser uma boa definição para a primeira fase do regime republicano brasileiro (1894-1930).

A concentração do poder é observada nas oligarquias rurais que dominavam a política brasileira durante a Primeira República.

Entre os principais exemplos de oligarquia aplicada no Brasil está a Política do Café com Leite, cujo nome é uma alusão à matriz econômica de dois estados na época: Minas Gerais dominava a produção de leite e São Paulo a de café.

Na prática, governadores oriundos dos Partidos Republicanos Paulista e Mineiro organizavam-se de tal maneira a controlar o nome que ocuparia a Presidência da República.

A prática do coronelismo foi comum durante os primeiros anos da República Velha e caracterizou-se pelo controle de grandes latifundiários que recebiam a patente de coronel.

Além da honraria, os coronéis ganhavam plenos poderes para mandar e controlar de maneira coercitiva os indivíduos em suas terras e além delas.

O controle era total, inclusive sobre a vontade eleitoral dos indivíduos. Sob ameaça, o eleitor votava no nome indicado pelo coronel. A situação foi batizada de "voto de cabresto".

A forma de governo que até então beneficiava aos grupos cafeicultores e fazendeiros no país chegou ao fim com a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder.

Saiba mais sobre República Oligárquica.

Oligarquia Espartana

Esparta é um dos exemplos mais utilizados para explicar a oligarquia. Na cidade-estado da Grécia Antiga, os governos oligárquicos eram militaristas.

A sociedade espartana era organizada basicamente em três grupos:

  • Espartanos: descendentes dos dórios, povo fundador de Esparta;
  • Hilotas: descendentes dos messênios, que foram transformados em servos na dominação do território pelos dórios;
  • Periecos: habitantes que viviam ao redor da cidade e se ocupavam de atividades agrícolas e do comércio.

Os espartanos constituíam o grupo com privilégios na sociedade e, por isso, eram os únicos considerados cidadãos, detinham as melhores terras, além de ocuparem cargos políticos e militares. Ainda assim, dentro dessa classe existia uma hierarquia.

O poder da sociedade espartana pertencia a algumas famílias e o comandado era exercido simultaneamente por dois reis.

Na história da civilização grega, quando um governo oligárquico era derrubado por um grupo com o uso da força, os substitutos eram denominados tiranos. Assim, começava uma nova forma de gestão de poder, o governo dos tiranos.

Adquira mais conhecimento com os conteúdos:

  • Esparta e Atenas
  • Meritocracia
  • Política dos Governadores

Referências Bibliográficas

BOBBIO, Norberto. A teorias das formas de governo. Trad. Sérgio Bath, 9. ed. Brasília: Editora da UnB, 1997.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, Sociedade e Cidadania: 6°ano. São Paulo: FTD, 2018.

TREVISAN, Leonardo. A República Velha, 7. ed. São Paulo: Global, 2000.

Quais as principais diferenças entre a oligarquia espartana e a democracia?

Mesmo sendo considerado um “governo do povo”, aqueles que participavam da democracia ateniense correspondiam a menos de 20% da população. Já em Esparta, as questões políticas eram de obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 anos, que formavam a Gerúsia.

Qual é a diferença entre os governos oligárquicos e democráticos?

Aristocracia: um grupo de pessoas aptas a governarem assume o poder. Caso o governo seja injusto e não represente o povo, a tendência é que ele se corrompa, tornando-se uma oligarquia. Democracia: quando o corpo de cidadãos reúne-se para distribuir, entre si, o poder político, temos uma democracia.

Como era a oligarquia espartana?

Um dos exemplos mais clássicos ao se falar em oligarquia é o de Esparta, na qual se caracterizava por ser um regime militarista e que permaneceu por um longo tempo sob domínio de um grupo específico. Essa pólis grega era regida por dois reis e foi controlada por um pequeno grupo de famílias importantes.

O que é democracia e oligarquia?

A oligarquia é caracterizada por um pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e econômicas em benefício de interesses próprios. O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado econômico, político e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente.