Quais são as palavras que rimam na cantiga Se Essa Rua Fosse Minha?

Este slide não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você, professor, possa se planejar.

Sobre esta aula: esta é a 7ª aula de uma sequência de 15 planos de aula com foco no gênero letra de canção/cantigas e no campo de atuação vida cotidiana/artístico literário/todo os campos. A aula faz parte do módulo de Análise Linguística/Semiótica (alfabetização).

Materiais necessários: Letra de cantiga em um cartaz, quadro, giz, aparelho de som (opcional).

Informações sobre o gênero: Cantigas ou cantigas de roda são um tipo de canção popular diretamente relacionada com a brincadeira de roda. Tais músicas fazem parte do folclore brasileiro. Além de ter uma letra simples de memorizar, apresentam rimas, repetições e trocadilhos, fazendo destas uma brincadeira.

Dificuldades antecipadas: Identificar sonoramente as rimas. Identificar a forma gráfica das palavras que rimam. Considerar que qualquer palavra pode rimar com qualquer palavra. Considerar como rima o inícia das palavras e não só o final.

Referências sobre o assunto:

FARACO, Carlos Alberto. Gramática e Ensino. Diadorim, Rio de Janeiro, Revista 19 volume 2 pp. 11-26, Jul-Dez 2017.

LEAL, T.F.; MELO, K.R. Planejamento do ensino da leitura: a finalidade em primeiro lugar. In: Práticas de leitura no ensino fundamental. (org) BARBOSA, M.L.F.F.; SOUZA, I.P. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

LOPES, Flávia. O desenvolvimento da consciência fonológica e sua importância para o processo de alfabetização. Disponível em: .

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Se Essa Rua Fosse Minha

Cantigas Populares


Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu
Para o meu amor passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
É porque
É porque te quero bem

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Composição: Mario Lago / Roberto Martins. Essa informação está errada? Nos avise.

Enviada por Marcela. Legendado por Maria e Guilherme. Revisões por 2 pessoas . Viu algum erro? Envie uma revisão.

Este trabalho é uma tentativa de reflexão e elaboração dos conteúdos apresentados neste Ciclo II a partir da minha análise sobre a cantiga popular “Se essa rua fosse minha” de Mário Lago e Roberto Martins feita em meados dos anos 30.

Esta cantiga se tornou popular e de domínio público, fazendo parte da cultura brasileira. Sendo assim, transmitida de geração para geração, criando-se diversas versões de sua letra. Vou utilizar aqui a versão que me foi passada, porém, com uma rápida pesquisa na plataforma Google com as palavras- chave “se essa rua fosse minha” podem-se encontrar versões adaptadas de acordo com diferentes regiões.

Tanto a escolha da versão da cantiga, quanto os motivos da escolha e o esboço de análise partem da minha percepção, portanto, é imprescindível apontar que ao estudar o cotidiano e a psicanálise, também estamos nos colocando constantemente como objetos de estudo.

Como a cantiga faz parte da cultura popular brasileira, tenho certeza que deve haver inúmeras análises sobre ela de diversas abordagens diferentes. Arrisquei-me a analisa-la sobre minha ótica levando em consideração o que foi estudado no Ciclo II sobre a teoria da Libido e o Narcisismo.

 

“Se essa rua

Se essa rua fosse minha

Eu mandava

Eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas

Com pedrinhas de brilhantes

Só pra ver

Só pra ver meu amor passar

Na primeira estrofe fiz um paralelo com o ser falo da mãe. Ser tudo e ter tudo. Ao exemplo das quatro primeiras linhas em que há um paralelismo da construção poética fazendo uma ideia associativa a outra. Se o eu lírico fosse tudo, fosse completo ele mandaria. A ilusão da onipotência. Quando o eu lírico começa com “se”, ele fala da impossibilidade de completude, da falta, do desamparo. Essa ideia faz relação com a religião catótica-cristã quando se espera que haja uma renúncia de si para dedicar-se ao outro, portanto, na religião essa renúncia significa a completude em si. A entrada do humano aos céus. Um ser humano etéreo, melhor que os outros por abrir mão de qualquer investimento pessoal.

O investimento que o eu lírico se propõe a fazer é pegar um bem de domínio público, tomar posse do que nunca será de ninguém, e revesti-lo com joias de diamantes. O apaixonado se encontra em um momento de alteridade, em que por amar intensamente o outro, desloca energia do seu próprio eu para o outro.

A rua aí pode simbolizar caminhos que poderá trilhar na vida. E se fosse dono do próprio destino? A rua também é um espaço intervalar. Um “entre”, um caminho para e não o destino final. Portanto, há aí a ideia de efemeridade do amor. Esta estrofe é escrita no passado evocando nostalgia.

 

Nessa rua

Nessa rua tem um bosque

Que se chama

Que se chama Solidão

Dentro dele

Dentro dele mora um anjo

Que roubou

Que roubou meu coração

 

A segunda estrofe reforça o tom de tristeza da canção. Quando o eu lírico menciona o bosque, ele está falando do canto mais escuro e solitário de si. Se formos integrar as linhas, existe uma brincadeira de palavras com “Solidão, dentro dele”, que aponta o esvasiamento que ocorre no luto. No bosque Solidão mora um anjo, que na cultura católica- cristã pode ser interpretado como uma pessoa que faleceu. Este anjo, que interpreto aqui como a morte do amado, “roubou”, levou o coração do eu lírico. Ou seja, levou consigo toda energia libidinal que ele havia investido.

Nesta segunda estrofe a rua e o bosque estão no presente. Representando da estrofe passada para esta a passagem do tempo.

 

“Se eu roubei

Se eu roubei teu coração

Tu roubaste

Tu roubaste o meu também

Se eu roubei teu coração

É porque

Só porque te quero bem”

 

No “se” é possível imaginar qualquer cenário. Qualquer escape da situação que é. “Se” permite colocar para fora diálogos internos de barganha, (que de acordo com o poder bio-médico é uma das cinco fases do luto) possibilitando apostar a libido em outros caminhos que não no anjo.

A frase começa com o imperativo. A ordem é que a ação é ligada a consequência. Os enamorados roubaram um ao coração do outro. Foi a saída que encontraram para não serem aniquilados.

Lacan aponta o amor como uma posição perversa polimorfa, em que o amador procurar recuperar seu objeto perdido. Tomar algo do outro para completar seu eu. Para o amador ser completo, o amado precisa desaparecer, ser devorado. “Roubado” o coração. Só é possível a existência do anjo porque há o eu-lírico. Assim como a relação mãe-bebê em que o bebê só existe pelo investimento da função materna.

A posição ocupada pelo trabalho do luto no texto remonta a perda da primeira vinculação amorosa, indiferenciada e confusa. O sujeito tentará resgatar o que se teve no narcisismo primário com a completude imaginária, mas sempre faltará algo.

Como a música é recitada, aparenta qualidade da palavra como lembrança de fatos passados. O eu lírico está ruminando, absorvendo, elaborando um luto. Portanto, está em uma dimensão em que seus pensamentos e investimentos libidinais voltam para si.

Observação: Chamou-me a atenção durante a breve pesquisa que a quantidade significativa de pessoas que faziam alusão a cantiga popular como sendo anônima. Nenhuma palavra surge misteriosamente. A palavra nos é passada pelo outro. Nós somos constituídos pelo Outro. Achei a palavra “anônimo” um símbolo cruel de preguiça em saber a origem, quase como um esquecimento proposital dos compositores. A cantiga não surgiu como uma explosão espontânea causada por uma reação química. Ela foi pensada, escrita e composta. Isso me fez pensar na minha própria ferida narcísica e como o ser humano é passível de esquecimento.

Canções como esta são lembradas e cantadas por diferentes gerações, perpetuando a cultura identitária brasileira. Faz parte do repertório de cantigas de ninar de muitos de nós. Esta melodia simples transmite, apesar do conteúdo dos versos denso, uma serenidade, que remete a uma nostalgia. Minha intenção no trabalho não foi de esgotar interpretações (que existem em mesma quantidade que existem seres humanos), mas de possibilitar uma elaboração do aprendido neste ciclo de formação de psicanálise.

 

Referência bibliográficas

FREUD, Sigmund. Conf. N◦26: Teoria da libido e Narcisismo. Obras completas. Vol. XVI. 1917

FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. (1915) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. v. 14.

TRINDADE, Mônica M.M.; SILVA, Vinicius E. da;PINTO, Vera M.R. Anais do IX Seminário de Iniciação Científica Só Letras- CLCA- UENP/CJ -ISSN 18089216 Disponível em: < http://goo.gl/Jskud6 > Visto em 21 de Outubro de 2015

Autor desconhecido. Desenho Leve” de Ronaldo Mirada: relação texto-música e sugestões Performáticas. Disponível em: Visto em 21 de Outubro de 2015

Quais palavras que rimam?

Palavras que rimam são palavras que apresentam uma repetição de sons iguais ou parecidos. Essa repetição sonora ocorre na terminação das palavras e pode ser perfeita, correspondendo na totalidade, ou imperfeita, correspondendo apenas em sons vocálicos ou em sons consonantais.

Qual é o gênero do texto se essa rua fosse minha?

Se essa rua fosse minha é uma canção popular brasileira, considerada música infanto-juvenil. É utilizada tradicionalmente em brincadeiras como cantiga de roda. Há fontes que consideram esta cantiga como uma canção criada por um autor desconhecido em homenagem à Princesa Isabel no século XIX.

Qual é o sentido da música se essa rua fosse minha?

O apaixonado se encontra em um momento de alteridade, em que por amar intensamente o outro, desloca energia do seu próprio eu para o outro. A rua aí pode simbolizar caminhos que poderá trilhar na vida. E se fosse dono do próprio destino? A rua também é um espaço intervalar.

Qual é a ideia mais importante desse poema Se essa rua fosse minha?

O tema é o amor pois fala se essa se essa rua fosse eu mandava ela brilha com pedrinhas com pedrinhas para ver para o amor passar.