Qual a relação entre a Conferência de Bandung e o termo Terceiro Mundo?

A chamada Guerra Fria constituiu-se como uma relação de tensão constante entre URSS e EUA, após a II Guerra Mundial, em que havia a iminência de um novo conflito de dimensões mundiais, só que muito mais letal, em decorrência da existência da bomba atômica e um patamar armamentista muito maior.

Com o objetivo de não se inserirem nesse conflito e não adotarem um dos lados da contenda, algumas nações resolveram criar uma política de cooperação, que ficou conhecida como Movimento dos Países Não Alinhados.

O primeiro encontro ocorreu na Conferência de Bandung, em 1955, na Indonésia. Participaram da Conferência 23 países asiáticos e seis africanos, como Índia, Egito, Indonésia e Paquistão, todos tendo como ponto em comum uma independência política recém-conquistada e uma economia fraca.

Além do distanciamento das duas superpotências, tais países buscaram criar um bloco de países de âmbito global com o interesse de encontrar caminhos para o desenvolvimento econômico, de forma a superar as imensas desigualdades sociais existentes entre a população.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Esse bloco de países deu origem ainda ao termo Terceiro Mundo, que passaria a caracterizar também os países da América Latina. Porém, a oficialização do grupo aconteceria seis anos depois, em 1961, quando na cidade de Belgrado, na Iugoslávia, uma nova conferência foi realizada.

Um das consequências dessa iniciativa foi o fato de a Organização das Nações Unidas (ONU) passar a exercer uma maior pressão sobre as antigas potências econômicas europeias e os EUA, no sentido de garantir o reconhecimento da autonomia dos países afro-asiáticos. Essas medidas garantiram aos Países Não Alinhados uma popularidade considerável durante as décadas de 60 e 70. Entretanto, sua importância diminuiu a partir do momento em que o bloco soviético foi se desmanchando, no final da década de 1980.

–––––––––––––––

* Crédito da Imagem: MarkauMark e Shutterstock.com


Por Tales Pinto
Graduado em História

O conceito de Terceiro Mundo está diretamente ligado ao conceito do Movimento dos Não Alinhados. A designação Terceiro Mundo foi usada pela primeira vez em 1949, referindo-se aos países mais pobres da África e da Ásia. Pouco depois surgiu também a ideia de um "terceiro caminho", que logo resultou no Movimento dos Não Alinhados.

Para os países do Terceiro Mundo, ser não alinhado significava manter a neutralidade num ambiente de tensão, ou seja, não se deixar envolver nem pelos países comunistas, controlados por Moscou, nem pelos países industrializados ocidentais, fortemente orientados para os Estados Unidos.

E não foi por acaso que exatamente os países não alinhados, isto é, neutros, tenham sido áreas antes colonizadas pelos europeus e que, após a sua independência, desejavam desligar-se inteiramente do respectivo país colonizador.

Depois de conquistar a liberdade, de forma pacífica ou através de luta, tais Estados, chamados então de "novos países", da África e da Ásia, temiam o surgimento de uma nova forma de dependência. No seu caminho para a neutralidade, esses países – independentes, mas pobres – não puderam, contudo, evitar a aceitação de ajudas pelo menos rudimentares dos dois blocos para garantir a subsistência inicial.

Para o Movimento dos Não Alinhados, o "terceiro caminho" designa também uma nova concepção de economia. Não se busca nem o caminho capitalista nem o caminho comunista da economia: a meta é uma mescla dos dois sistemas.

Aliança afro-asiática

No início dos anos 1950, os Estados asiáticos buscaram uma aliança mais estreita com os países africanos. Em abril de 1955, Indonésia, Birmânia, Ceilão, Índia e Paquistão promoveram a legendária Conferência de Bandung, na Indonésia. Os 29 países participantes representavam mais da metade da população mundial.

A conferência refletiu a insatisfação que predominava nos países iniciadores do movimento. A pauta incluía temas como a tensão reinante entre a República Popular da China e os Estados Unidos. O colonialismo foi condenado em todas as suas formas e consequências, da mesma forma como a influência da França sobre o Norte da África ou o conflito da Indonésia com a Holanda, motivado pela região ocidental da Nova Guiné.

A conferência de uma semana de duração foi encerrada com uma declaração de dez pontos, contendo sobretudo a conclamação à paz mundial e à observância dos princípios das Nações Unidas.

A primeira Conferência dos Países Não Alinhados que utilizou este nome foi realizada em Belgrado, capital da então Iugoslávia, e encerrou-se em 6 de setembro de 1961. 

Tornaram-se óbvios os conflitos entre os delegados. A Índia, por exemplo, foi criticada por ter abandonado o princípio da neutralidade e votado a favor da União Soviética na ONU, em 1956, após a invasão da Hungria por tropas soviéticas.

Já no caso de um conflito de fronteira com a China, a Índia buscou – com êxito – o apoio dos países ocidentais: os chineses se retiraram do território indiano. Também a anfitriã Iugoslávia buscara um caminho próprio. O então presidente da República Socialista da Iugoslávia, Josip Tito, negociava preferencialmente com os países que não se envolviam no conflito Leste-Oeste. Na época, seus parceiros prediletos eram o Egito e a Índia. Cuba, por sua vez, destacava-se entre os não alinhados pelo enorme engajamento contra os países ocidentais.

Interesses divergentes

Nos anos seguintes, aumentaram os esforços de autonomia dos países do Terceiro Mundo e eles aderiram, na sua maior parte, ao Movimento dos Não Alinhados. Mas surgiam cada vez mais querelas entre as nações participantes. Empalidecia, assim, o conceito de uma solidariedade afro-asiática. A almejada neutralidade dos países não pôde ser mantida a longo prazo, em face da sua difícil situação econômica. Isso se agravava ainda pelo atraso de desenvolvimento dos países recém-independentes.

Além disso, existiam inimizades entre muitos dos países não alinhados, por exemplo, entre o Irã e o Iraque. Essas tensões internacionais favoreceram a posição das grandes potências – EUA e União Soviética, mas também da China. As premissas de 1955 e de 1961 perderam força, tornou-se cada vez mais difícil encontrar posições comuns, seja na política exterior ou nas situações de crise.

Com o fim da Guerra Fria e a extinção da União Soviética, em 1991, o conceito político da "neutralidade" como princípio comum de ação deixou de ter significado.

Qual a relação entre a Conferência de Bandung e o termo Terceiro Mundo?

A Conferência de Bandung foi um encontro que aconteceu na cidade homônima, localizada na Indonésia, em 1955. Ele reuniu líderes de 29 países da Ásia e da África com o objetivo de identificar os objetivos, fraquezas, pontos fortes e características do que hoje conhecemos como Terceiro Mundo.

Por que a partir da Conferência de Bandung Passou

O termo países de Terceiro Mundo, foi criado na Conferência de Bandung para mostrar que os países que estavam ali reunidos, não seriam aliados a nenhuma das super potências do país ( EUA e URSS) no período da Guerra Fria, nem se definiriam como socialistas ou capitalistas.

Como a Conferência de Bandung foi importante para a Descolonização do Terceiro Mundo e para a criação do Movimento dos Países Não

Todo tipo de colonialismo e imperialismo foi condenado. A conferência de Bandung marcou a presença política dos países do Terceiro Mundo e levaria à formação do Movimento dos Países Não-Alinhados, o bloco alternativo às duas superpotências.

Qual a relação da Conferência de Bandung como os acontecimento da Guerra Fria?

A reunião conferiu estatura internacional a alguns chefes de Estado: o presidente Sukarno, da Indonésia; Chu En-Lai, o primeiro ministro da China; e o presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser. O "não alinhamento" não foi possível no contexto da Guerra Fria, onde URSS e EUA competiam por áreas de influência.