Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo, o que corresponde a 24% da sua produção. Nosso país possuía, em 2006, cerca de 190 milhões de cabeças de gado e a demanda por carne bovina não é só externa, mas interna também. Com certeza, isso gera muitos lucros para o nosso país.

Mas, o que dizer dos impactos sobre o meio ambiente? Será que o consumo de carne agrava problemas ambientais, tais como o efeito estufa e o aquecimento global?

Estudos mostram que a pecuária bovina é responsável pela emissão de pelo menos 50% dos gases-estufa, principalmente do gás carbônico (CO2) e do metano (CH4). O aumento da concentração desses e de outros gases na atmosfera é o que intensifica o efeito estufa, pois eles absorvem uma parcela da radiação infravermelha, aumentando a temperatura do planeta e causando o chamado aquecimento global.

Mas, como é possível que o gado contribua mais do que as indústrias e os veículos automotivos para agravar o aquecimento global?

A seguir, estão as principais formas em que isso ocorre:

1. Desmatamento: As florestas são derrubadas a fim de abrir pastagens para os rebanhos. Para limpar os terrenos, são realizadas queimadas, o que emite os gases-estufa e representa o maior fator de emissão desses gases no Brasil. Em terras brasileiras, isso ocorre na Amazônia e no Cerrado, sendo que 75% do desmate na Amazônia e 56% do desmate no Cerrado estão associados à pecuária.

Além de gerar esses gases, o desmatamento destrói habitats naturais, provoca a extinção de espécies, causa a degradação ou erosão dos solos, desencadeia inundações, diminui os recursos hídricos (porque possuirá menos tamponamento florestal), diminui a ocorrência de chuvas, entre outros problemas.

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2. Queimadas: As queimadas também são realizadas periodicamente para renovar a vegetação das pastagens, emitindo mais gases-estufa.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

3. Digestão dos animais: A fermentação entérica, isto é, a formação de gases no sistema digestivo do boi, emite metano para a atmosfera, por via oral e fecal.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

4.Outros: Existem outros fatores que são mais difíceis de serem mensurados, mas que também contribuem em muito para o aquecimento global, tais como o transporte da carne, do gado, de rações para os rebanhos, emissões dos solos de pastagens degradadas ou mal manejadas, emissões vindas da produção da ração, emissões do processamento industrial primário da carne que será consumida e assim por diante.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

Tudo isso representou um total de 812,9 toneladas de CO2 emitidos pela pecuária brasileira no ano de 2008.

Assim, quanto maior for o consumo de carne, maior será o rebanho criado e, consequentemente, maior o prejuízo para o meio ambiente.

Então, faça uma autoanálise sobre os seus hábitos alimentares e se pergunte:

“Será que eu poderia diminuir o meu consumo de carne?”

Uma ação positiva sobre essa questão não só ajudará o meio ambiente, mas também fará bem à sua saúde, porque o consumo excessivo de carne pode levar ao desenvolvimento de algumas doenças, como doenças cardiovasculares e obesidade.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

Uma nova dieta para lutar contra a crise climática

Os nossos hábitos alimentares contribuem para o aquecimento global, um fenômeno que ameaça provocar graves danos ao planeta. A Organização das Nações Unidas (ONU) adverte: só o desperdício de alimentos causa 10% dos gases de efeito estufa. Também apela para que modifiquemos a nossa dieta para reverter esta situação.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

O desperdício de alimentos acontece desde a produção agrícola inicial até o consumo final das famílias.

Convertemos a Terra em uma despensa sem fundo da qual retiramos o nosso alimento, muitas vezes mais do que necessitamos. É o que dizem os especialistas: na nossa dieta sobram carne, peixe, alimentos processados, gorduras, açúcares e lácteos e faltam ingredientes essenciais como frutas e verduras. Este desequilíbrio, unido a um modelo produtivo pouco sustentável, pôs em xeque a nossa saúde e a do planeta, submetido a um estresse alimentar sem precedentes.

O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS E A CRISE CLIMÁTICA: O RELATÓRIO IPCC

Além de produzirmos em excesso, também desperdiçamos muita comida. A ONU estima que 1,3 bilhão de toneladas anuais de alimentos — um terço da produção mundial — termina no lixo inclusive antes de chegar ao prato. Enquanto isso, 10,5% da humanidade sofre desnutrição, 26% tem excesso de peso e os gases de efeito estufa (GEE) derivados da indústria alimentar significam entre 25 e 30% das emissões totais que propiciaram a crise climática atual.

Os dados anteriores correspondem ao último relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), que estima também que a perda e o desperdício de alimentos causaram entre 8 e 10% das emissões dos gases responsáveis pelo aquecimento global durante o período 2010-2016. Conforme este estudo internacional — conhecido como A mudança climática e a Terra — as razões deste desperdício de alimentos variam em função dos países e de seu nível de desenvolvimento.

Por exemplo, em 2018 a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelou que o desperdício de alimentos nos Estados Unidos, Europa, China, Japão e Austrália ocorre, principalmente, durante a distribuição e na geladeira do consumidor. Porém, os países menos desenvolvidos sofrem perdas em quase todos os setores da cadeia alimentar ao terem, geralmente, piores infraestruturas, tecnologias arcaicas e menos recursos para a produção.

CONSEQUÊNCIAS DO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS

Os efeitos negativos no clima do desperdício de alimentos comprometem a nossa capacidade de produzir alimentos, como o peixe que morde a própria cauda. Neste sentido, o relatório do IPCC destaca que a mudança climática afeta os quatro princípios da segurança alimentar:

  Disponibilidade

Contar com o fornecimento adequado de alimentos em escala nacional, regional ou local.

  Acesso

Ter a capacidade econômica, física ou cultural para conseguir os alimentos mais básicos.

  Consumo

Adquirir alimentos com qualidade higiênica e capazes de satisfazer as necessidades nutricionais.

  Estabilidade

Capacidade para enfrentar situações de escassez alimentar cíclicas ou estacionais.

O professor Priyadarshi Shukla, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, assegura que os futuros problemas derivados das mudanças climáticas — como a diminuição do rendimento, especialmente nos trópicos, o aumento dos preços, a perda da qualidade nutricional e as alterações na cadeia de suprimento — afetarão cada vez mais a segurança alimentar. Os efeitos variarão em função do país, mas as consequências serão mais drásticas nos países com receitas baixas da África, Ásia, América Latina e Caribe.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

Os alimentos que mais (e menos) contribuem para as mudanças climáticas.

  VER INFOGRÁFICO: Os alimentos que mais (e menos) contribuem para as mudanças climáticas [PDF]

COMO REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL DO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS?

Diante do impacto da nossa dieta no aquecimento global, o relatório do IPCC sobre mudanças climáticas conclui que a redução da perda e o desperdício de alimentos atenuaria as emissões de gases de efeito estufa e contribuiria para melhorar a segurança alimentar. Isto poderia ser conseguido com mudanças na alimentação ou com cultivos mais sustentáveis e resistentes — cultivos rotativos, cultivos de cobertura, cultivos com lavoura reduzida, cultivos integrados com gado, etc. — no caso dos fenômenos meteorológicos extremos ou variáveis.

A Doutora Debra Roberts, copresidenta do Grupo de Trabalho II do IPCC, defende que as dietas equilibradas e baseadas em alimentos tais como cereais secundários, legumes, frutas, verduras e alimentos de origem animal obtidos com baixas emissões de CO2 têm mais opções de se adaptarem às mudanças climáticas e de atenuar seus efeitos.

Consequentemente, a ONU aposta em uma abordagem global mais sustentável e na implementação de medidas precoces como estratégia para dar conta das mudanças climáticas. Por sua vez, recomenda políticas complementares que favoreçam a diminuição do crescimento demográfico e das desigualdades, assim como uma melhor nutrição e um menor desperdício alimentar.

Qual a relação entre o aquecimento global e a produção de alimentos?

O aumento da temperatura, secas cada vez mais intensas e frequentes e grandes tempestades podem resultar na quebra de safras, na diminuição da produção e no aumento do preço de alimentos. Alguns estudos apontam que o ar mais quente implica na produção de cereais menos nutritivos.

Qual é a relação entre o aquecimento global e a agricultura?

As atividades agrícolas que mais liberam gases de efeito estufa para a atmosfera são o desmatamento, a queima de biomassa, a degradação e a superexploração de pastagens, a mecanização do solo (como gradagem e aração) e a emissão de dejetos orgânicos.

Como o aquecimento global pode mudar nossos padrões de produção e consumo de alimentos?

A degradação dos solos aumenta a emissão desses gases, contribuindo para o aquecimento do clima, o que por sua vez aumenta a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de colar, que podem destruir ecossistemas naturais e prejudicar a própria produção de alimentos.

Qual a relação entre consumo e aquecimento global?

O consumo de cada um deixa uma marca, uma pegada ecológica, de degradação ambiental. Com o atual padrão de consumo e produção, estamos liberando imensas quantidades de dióxido de carbono, metano e outros gases na atmosfera, intensificando o efeito estufa e retendo mais calor na atmosfera.