Quem teve gravidez ectópica pode engravidar

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A ambulante Bianca Silva Romão de Souza, 25 anos, de Guarujá, São Paulo, fez um desabafo nas redes sociais, na última semana: "Pela segunda vez, em menos de um ano, estou tendo gestação tubária com apenas 25 anos e nunca mais vou poder ter filhos. Completamente arrasada", lamentou.

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Quem teve gravidez ectópica pode engravidar

Bianca perdeu as trompas (Foto: Arquivo pessoal)

Em entrevista à CRESCER, ela, que é mãe de uma menina de 4 anos, contou que não teve nenhum problema na primeira gestação. No entanto, quando ficou grávida novamente, três anos depois, a situação foi diferente. "Engravidei três anos depois de a minha filha nascer. Três dias depois de fazer o teste e ter dado positivo, passei mal. Tive sangramento e fui para a maternidade. Lá, fiz uma transvaginal e constaram que eu estava com uma gravidez ectópica, do lado direito", lembra.

Meses depois, Bianca engravidou novamente e, mais uma vez, passou mal. "Nessa segunda vez foi muito pior, passei muito mal", lembra. Bianca conta que teve muita dor abdominal e sangramento com 6 semanas de gestação. "Os médicos não me deram explicações de como aconteceu. Só disseram que, como fiquei sem trompas, pois as duas romperam, eu não posso mais ter filhos. Não sabia que existia gravidez ectópica até passar por isso", finaliza.

GRAVIDEZ TUBÁRIA OU ECTÓPICA: O QUE É?

O ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, explica que "quando o embrião se fixa e desenvolve dentro do útero, que é o desejável, chamamos de 'gravidez tópica'. Já quando ele fica fora do útero, em qualquer das cavidade, denominamos de 'atópica'. Nesse caso, não tem como a gravidez evoluir", diz.

"A gravidez ectópica é caracterizada por todas as gestações que acontecem fora da cavidade uterina, dentre elas a gravidez tubária, quando o embrião fica parado em uma das trompas de falópio, que ligam os ovários ao útero. A fecundação ocorre em uma das trompas, mas, em alguns casos, ele não consegue seguir para o útero", esclarece. E como a trompa é muito pequena — tem cerca de 2 milímetros —, o embrião começa a crescer ocorrendo o rompimento, e causando sangramento e dor. "Quando isso acontece, somente uma cirurgia para fazer a retirada, e a mulher acaba perdendo a trompa", esclarece. Segundo o especialista, quem passa por uma gravidez ectópica tem 30% de chance de ter novamente na outra trompa, que foi o caso de Bianca. "Por isso, após uma gravidez ectópica, é importante fazer exames para saber como estão as condições da outra trompa, já que o risco existe", diz.

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A gravidez ectópica não está relacionada à idade. Uma das principais causas, segundo Geraldo Caldeira, está relacionada à uma doença inflamatória pelvica — uma bactéria vaginal — chamade salpingite. "Ela causa um processo inflamatório nas trompas, destruindo  o 'aspiradorzinho' dos embriões. Com isso, eles não conseguem mover-se para o útero. Então, toda paciente que teve a doença, tem grande chances de ter uma gravidez ectópica. Nesse caso, existe um exame", diz. No entanto, mesmo sem as trompas, a mulher pode recorrer à tecnologia para engravidar. "Sem as trompas, a única forma de a mulher engravidar novamente é recorrendo à fertilização in vitro", finaliza o especialista.

Sim, é possível engravidar de novo depois de uma gravidez tubária ou ectópica (fora do útero). Porém, o sucesso de uma nova gestação vai depender dos danos que a gravidez tubária provocou no seu aparelho reprodutor.

Será preciso realizar alguns exames para verificar as condições das trompas de Falópio, bem como as causas do problema.

Normalmente, mais da metade das mulheres que tiveram gravidez tubária e que foram submetidas à cirurgia conseguem engravidar de novo depois de 12 a 18 meses.

No entanto, essas mulheres têm 10 vezes mais chances de desenvolver uma gravidez ectópica do que aquelas que nunca tiveram uma.

Se as duas trompas estiverem rompidas ou com lesões, recomenda-se fazer uma fertilização in vitro (FIV) para poder engravidar novamente.

Na maior parte dos casos de gestação ectópica, o óvulo que foi fecundado não faz o caminho todo e acaba se instalando logo no início das trompas. Em outras situações, a implantação ocorre no ovário, colo do útero ou cavidade abdominal.

Alguns fatores que aumentam as chances de uma gravidez fora do útero (ectópica):

  • Tabagismo (prejudica o transporte do embrião na tuba);
  • Idade mais avançada;
  • Infertilidade;
  • Vários parceiros sexuais (maiores riscos de DST - doenças sexualmente transmissíveis);
  • Mulheres que já se submeteram a uma cirurgia abdominal.

Por isso é importante detectar a gravidez ectópica ou tubária logo no início. Quanto mais cedo o problema for diagnosticado, mais rápido a mulher receberá tratamento cirúrgico e menores serão os danos provocados nas trompas ou em qualquer outra estrutura envolvida.

Os sintomas de uma gravidez ectópica são:

  • Dores abdominais;
  • Sangramento vaginal;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Desmaios, no casos mais extremos.

É importante lembrar que uma mulher que teve uma gestação tubária ou ectópica vai continuar ovulando e poderá engravidar novamente sem grandes problemas.

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Se a paciente não conseguir engravidar depois de 1 ano de tentativas, é indicado consultar o/a médico/a ginecologista, médico/a de família ou clínico/a geral para iniciar investigação.

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Quais as chances de engravidar depois de uma gravidez ectópica?

Quem já teve gravidez ectópica pode ficar grávida novamente? Dra. Adriana: Sim. Se a paciente teve a gravidez ectópica em uma trompa, mas a outra está normal, ela pode engravidar novamente.

O que fazer para não ter uma segunda gravidez ectópica?

É impossível impedir uma gravidez ectópica de acontecer, mas você pode diminuir alguns fatores de risco. Por exemplo, limitar o número de parceiros sexuais e usar um preservativo quando tiver relações sexuais para ajudar a prevenir DST e reduzir o risco de doença inflamatória pélvica.

Como fica a trompa depois de uma gravidez ectópica?

Na maioria dos casos, a implantação do óvulo acontece em uma das trompas, sem possibilidade de evolução da gravidez. Como a trompa não tem elasticidade como o útero, é comum sentir cólicas. Pequenos sangramentos também podem acontecer por causa do rompimento de vasinhos.

Qual a chance de ter uma segunda gravidez ectópica?

Tem 70% de chance de a segunda gravidez ser ectópica. Caso a mulher perca uma trompa, se a ela for jovem, engravida rapidamente com uma trompa só, mas quanto mais velha, mais difícil.