Por quê sentimos que nada nos satisfaz

Divulgado em 28/03/2011 - 10:21 por portoferreirahoje


O vazio existencial está presente na vida de todo ser humano, em maior ou menor grau. É sentido e vivenciado em inúmeras circunstâncias da existência humana. Ele emerge diante de situações peculiares e às vezes estressantes na vida do sujeito. Também pode ser observado diante dos vários lutos e perdas vividos ao longo da vida do indivíduo. Permeia alguns distúrbios e patologias psíquicas, como a própria depressão. É vivenciado, de forma explícita ou implícita, no cotidiano de cada ser humano toda vez que o mesmo se questiona, reflete e filosofa acerca do verdadeiro sentido da vida.

O agravamento do sofrimento psíquico em decorrência do vazio existencial pode acarretar num estado em que o indivíduo sente-se incapaz de se auto-regular. Surge, então, a depressão como forma de expressar essa lacuna interior, que usualmente leva a pessoa a uma sensação de perda do sentido da vida. É na depressão que a solidão se torna mais evidente, a sensação de estar sozinho consigo mesmo diante do mundo se aprofunda. Há um embotamento dos sentimentos, das relações e da vida como um todo. A existência perde seu significado, o indivíduo sente-se vazio, abandonado, insignificante.

É justamente na depressão que todas as questões existenciais se tornam mais fortes e mais presentes. Se o indivíduo utilizou inúmeros mecanismos de defesa para interromper o contato consigo mesmo e com o mundo, é provável que seu quadro tenderá a evoluir para um sofrimento psíquico cada vez maior. Com a depressão, ele se vê diante de si mesmo e começa a se questionar acerca de sua vida e do significado de sua existência.

Do mesmo modo com se faz presente diante de inúmeras situações de vida, o vazio existencial também pode ser entendido, preenchido, amenizado, acolhido e abraçado em algumas circunstâncias – sejam elas através da filosofia que tenta apreender e explicar a sua essência; através do trabalho que proporciona ao indivíduo um sentido de utilidade e bem-estar; por meio das artes de uma forma geral, visto que as mesmas preenchem ou extravasam sentimentos e vivências; com a religião que consegue dar ao indivíduo um sentido e sentimento de transcendência; ou mesmo através da Psicologia que proporciona ao cliente um verdadeiro mergulho na sua essência, possibilitando-o entender-se e aceitar-se tal como verdadeiramente é.

Texto de Roberta Montefusco Peripato – psicóloga CRP 06/54767-4

Por quê sentimos que nada nos satisfaz

A satisfação é algo difícil de medir, na medida em que é pessoal, mas de um modo geral, percebe-se quando uma pessoa está insatisfeita com tudo e reclama “por tudo e por nada”.

Basicamente define-se que uma pessoa é insatisfeita quando a mesma não consegue valorizar e apreciar as coisas positivas que tem e que conquista.

A causa dessa insatisfação permanente está relacionada com uma carência afetiva que parece não ter fim à vista. Na realidade, o ser humano tem sempre uma necessidade de ter mais, de construir mais, mas acaba por se sentir realizado com as pequenas conquistas que vai fazendo e dando lugar a novos sonhos e projetos, ficando satisfeita com o que já tem.

Esse é um processo natural que nos move para a procura, para o alimento da curiosidade, para a procura de mais conhecimento e daí por diante.

As pessoas satisfeitas conseguem valorizar e evidenciar aquilo que já conseguiram e preparam-se para procurar o passo seguinte. Sentem-se bem com muito menos do que se possa imaginar. Entendem a abundância como tendo o essencial e não perdem tempo à procura dos excessos.

As pessoas satisfeitas sabem que, a felicidade se encontra em várias dimensões da vida humana e não somente no dinheiro ou na realização profissional. É gratificante a realização profissional, como é ter um bom parceiro amoroso ao nosso lado, ter conforto condições de higiene, uma vida criativa e tempo para estar consigo mesmo.

Para estarmos satisfeitos precisamos de encontrar o bem-estar a esses níveis, sendo que o amor está no topo das prioridades. Quem encontra uma relação estável e feliz tem mais predisposição para estar satisfeito do que quem encontra só a realização profissional.

Pelo contrário, as pessoas insatisfeitas provavelmente não têm esse preenchimento emocional e acabam por procurar compensações desenfreadamente nunca encontrando o estado de satisfação; o bem-estar, a mente plena porque se perdem com aquilo que não têm em vez de se concentrarem no que podem ter e vir a conquistar.

Para a psicóloga Jaqueline Pitchon, o ser humano é um ser de faltas, pois é o desejo pelo que não tem que o move. O ser humano precisou usar a criatividade para alcançar algo melhor, mas é o exagero disso o problema.

Quando a pessoa sente uma falta, mesmo conquistando o que deseja, algo não está bem.

Num estudo da psique humana, analisa-se como as carências afetivas se deslocam para outros áreas do nosso cérebro, pelo que, as pessoas podem canalizar essa falta constante de algo, por exemplo, adquirindo hábitos ou vícios preocupantes. Há por exemplo quem transfira a carência emocional para o trabalho, para as compras, para rituais estranhos e daí por diante.

A mesma psicóloga esclarece que existe uma diferença entre a insatisfação específica e a generalizada.

“Quando a carência é específica, canalizada para um aspeto da vida, como o amor ou a profissão, representa a frustração sobre uma escolha errada”. Por exemplo, a insatisfação no trabalho. Quando a pessoa não se satisfaz com nada, é porque não está satisfeita com ela mesma, que é um dos sintomas da depressão.

De um modo geral, é comum encontrarmos crianças com estes sintomas devido essencialmente à carência parental e, ao facto de os pais lhes compensarem a falta de atenção com presentes.

As crianças que são educadas e que se desenvolvem num ambiente de insatisfação, tenderão a repetir o que observam em casa, pelo que, é mais uma razão para alterar a nossa forma de estar e de pensar.

Ao mesmo tempo, uma pessoa insatisfeita com tudo tem mais dificuldade em fazer amizades, em desfrutar da vida, em progredir e em ser uma boa companhia, o que lhe aumenta a carência, pois acaba por estar sempre afastada desses grupos.

O psicólogo Mário Vieira Serra, destacou algumas motivações para a insatisfação constante: problemas no presente;  dificuldades em se focar nas coisas boas do momento; aprendizagem com os pais ou com quem o educou para a ideia de que a vida deve ser vivida dessa forma; sonhar com o futuro ideal, sem condições para viver o presente real.

O mesmo psicólogo diz que, a pessoa insatisfeita pode estar a passar por dois processos na vida: a insatisfação com ela mesma ou a compulsão por reclamar.

Serra esclarece que, a mania de se queixar negativamente pode acarretar problemas para a saúde. O psicólogo explica que: "Tendo essa postura, a pessoa vai levar uma vida sempre negativa, com sentimentos de autodestruição e podendo cair em profunda depressão".

A mudança, para esses casos, “deve vir de dentro para fora”. A pessoa deve olhar para si mesma na procura de entender o que lhe causa um estado permanente de insatisfação e, a partir daí, pedir ajuda que, em muitos casos, será de um psicoterapeuta que a ajudará a conhecer-se e a compreender-se melhor para encarar a vida com mais alegria e bem-estar.

Ao sinalizarmos o que nos causa essa insatisfação, aprendemos a ultrapassá-la e a encontrar alternativas, o essencial é que não se considere normal viver neste estado de insatisfação permanente. Temos de encontrar o equilíbrio entre o que realmente nos faz falta e aquilo que julgamos que poderia preencher-nos essa carência e que nunca resulta em satisfação.

Fátima Fernandes

Como é o vazio da depressão?

Languidez ou lassidão é um termo usado para descrever um estado de vazio, falta de ânimo, um estado de espírito cansado diante dos acontecimentos do cotidiano e da vida. É um estado de apatia entre a depressão e a ansiedade. Na depressão, as pessoas sentem uma paralisação que suga as energias.

Como acabar com a sensação de vazio?

Entenda mais sobre o sentimento de vazio..
Busque se conhecer melhor..
Evite comportamentos compulsivos e autodestrutivos..
Engaje-se em atividades prazerosas saudáveis..
Tenha objetivos e descubra um sentido maior..

O que é a sensação de vazio?

A sensação de vazio é o alerta que indica que algo dentro de você não está bem. Pode ser uma tristeza passageira, mas pode indicar algo mais sério e que deve ser olhado com cuidado. Um processo terapêutico é fundamental.

É normal sentir um vazio?

A sensação de vazio é incômoda, porém muito comum. Muitos já sentiram o estranho sentimento de vazio interior em algum momento da vida. Na verdade, é esperado que a maioria passe por essa experiência pelo menos uma vez.