Quais são os tipos de inteligência?

Até o início da década de 1980, o ser humano compreendia um conceito de inteligência embasado no paradigma estabelecido pelo psicólogo e pedagogo francês, Alfred Binet. 

Ao trabalhar no laboratório de psicofisiologia da Universidade de Sorbonne, a partir de 1891, Binet se tornou proeminente no mundo a por meio de seus estudos no campo da psicometria, nos quais ele buscava estipular parâmetros para a mensuração da capacidade intelectual humana. 

Neste sentido, foram desenvolvidos testes de avaliação da inteligência dos indivíduos, inclusive a escala Binet-Simon, utilizada em testes de QI (quociente intelectual), que levava em consideração que a inteligência dependia do desempenho e perspicácia em dois aspectos fundamentais: capacidade linguística e habilidade matemática.

O paradigma de Binet e a compreensão do intelecto enquanto junção destas duas facetas perdurou no mundo científico de forma majoritária e pouco contestada até o início da década de 1983. 

Em 1983, Howard Gardner, psicólogo e professor de psicologia na Universidade de Harvard, propôs a “Teoria das Inteligências Múltiplas”, que revolucionou a forma como as habilidades intelectuais dos indivíduos eram compreendidas.

Neste artigo, a partir da teoria de Gardner, buscaremos explicar os tipos de inteligência, qual a importância de conhecê-los e como eles podem ser aplicados na educação superior. Confira!

A Teoria das Inteligências Múltiplas

Partindo do pressuposto de que uma abordagem única para a educação sempre deixará alguns alunos para trás, Howard Gardner estipula um novo paradigma, que prevê a existência de vários tipos de inteligência humana, cada uma representando diferentes formas de processamento de informações.

Esta perspectiva considera que o conceito de inteligência é a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural.

A capacidade de solucionar problemas permite às pessoas gerenciar situações, controlar perspectivas, atingir objetivos e localizar caminhos adequados a esse objetivo. Os problemas a serem resolvidos são os mais diversos. 

Por exemplo, o problema pode ser a necessidade de desenvolvimento de uma teoria científica; a resolução de uma equação; a criação de um meio de expressão artística que reflita os sentimentos de quem a produz;. uma composição musical; problemas interpessoais de relacionamento; ou até mesmo a necessidade de autoconhecimento. 

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Tipos de inteligência e as experiências de aprendizagem

Segundo Gardner, todas as pessoas possuem os oito tipos de inteligência, mas com níveis de aptidão distintos. Além disso, existe uma diferença entre os tipos de inteligência e as experiências de aprendizagem.

Enquanto os tipos de inteligência indicam as habilidades e facilidades de uma pessoa, a experiência de aprendizagem é o meio pelo qual ela mais facilmente absorve as informações e os ganhos nessas habilidades.

No entanto, é importante mencionar que cada ato cognitivo envolve as capacidades, inclinações, valores e objetivos de cada agente. Neste sentido, a inteligência é um potencial biopsicológico. 

O talento nada mais é do que um sinal de um potencial biopsicológico aguçado, cujo desenvolvimento depende não apenas das inclinações e tendências, mas também da motivação, do treino e da prática, que podem aprimorar qualquer indivíduo em todas as facetas cognitivas. 

Assim, é importante ressaltar que os talentos são facilitadores, mas não determinantes: os tipos de inteligência podem ser desenvolvidos e aprimorados por meio de encorajamento, direcionamento, treino e desejo do indivíduo de evoluir. O papel dos educadores, pais, e valores culturais nestes processos é enorme. 

Quais são os tipos de inteligência?

Segundo Howard Gardner, existem 8 tipos de inteligência. Confira quais são e suas principais características:

  1. Verbo-Linguística
  2. Lógico-matemática
  3. Interpessoal
  4. Intrapessoal
  5. Naturalista
  6. Corporal- Cinestésica
  7. Musical
  8. Espacial-Visual

1. Inteligência Verbo-Linguística

A inteligência verbo-linguística consiste em uma aptidão para analisar e expressar informações por meio de símbolos e linguagens. Ela abarca a capacidade oral de expressão, mas também a desenvoltura na escrita. 

A inteligência linguística refere-se, além da capacidade de expressão, à capacidade de análise e interpretação de ideias e informações relacionadas à linguagem oral, escrita, ou mesmo gestual. 

Pessoas com este tipo de inteligência costumam ser bem articuladas para se comunicar, negociar, convencer e ensinar. Além disso, existe uma tendência à aptidão para debates, verbalização proeminente e apreço pela leitura e redação.

Uma área específica do cérebro, chamada “Centro de Broca”, é responsável pela produção de sentenças gramaticais e pelo bom desenvolvimento da inteligência linguística, que é fundamental para a comunicação humana desde os primórdios da civilização.

2. Inteligência Lógico-Matemática

Desde o iluminismo, a inteligência lógico-matemática talvez seja a mais tradicional e a mais valorizada em nossa sociedade. Ela se refere à habilidade de extrair conclusões lógicas por meio da razão e da aptidão em detectar padrões, dominar números, enxergar projeções geométricas e resolver problemas abstratos.

Facilmente detectável pela tendência a solucionar, sem dificuldades, problemas matemáticos, físicos, químicos, tecnológicos ou econômicos, este tipo de inteligência, diferente da maioria das outras, é mensurável e passível de testes.  

Frequentemente, a inteligência lógico-matemática se conecta, ainda, à capacidade de observação e dedução. Pela proeminência deste tipo de aptidão nas ciências, o bom desenvolvimento desta inteligência é chamado de “pensamento científico”. 

3. Inteligência Interpessoal

A inteligência interpessoal pode ser descrita como uma aptidão relacional. Neste sentido, é o tipo de habilidade que envolve a capacidade de reconhecer e entender outras pessoas, em suas complexidades, sentimentos, motivações e intenções. 

Neste sentido, pessoas com esta inteligência aflorada tendem a ter capacidade de trabalhar cooperativamente com outras pessoas, de forma compreensiva, com amparo e inteligência emocional. O desenvolvimento de empatia é facilitado e estas pessoas tendem a ter facilidade em se relacionar.

Os estudos de Gardner indicam que o desenvolvimento desta inteligência se relaciona com uma atividade cerebral nos lobos frontais. 

4. Inteligência Intrapessoal

É uma habilidade de compreensão e análise voltada para dentro de si. É, basicamente, a materialização do princípio socrático do “conhece-te a ti mesmo”. 

Consiste na capacidade do indivíduo de ter uma percepção correta e verdadeira sobre si mesmo e de utilizar essa percepção para se desenvolver na vida, ciente de seus defeitos e qualidades, motivações e entraves. 

É a inteligência da autoestima, do autorrespeito e da autoaceitação, que favorece controle emocional e núcleos morais sólidos. 

Seu desenvolvimento conduz ao conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, a gama das próprias emoções, a capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento.  

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5. Inteligência Naturalista

Este tipo de inteligência, pouco valorizado na perspectiva ocidental geral, mas importantíssimo em comunidades de povos originários, diz respeito à capacidade do indivíduo de entender e se integrar com o mundo, o meio ambiente, os animais e as condições dos ambientes. 

São pessoas que têm habilidades e sentidos relacionados à natureza aflorados, e que valorizam este contato. 

6. Inteligência Corporal

A inteligência Corporal (ou corporal-cinestésica) diz respeito à capacidade de utilizar seu próprio corpo para resolver problemas. É uma aptidão ligada a capacidades físicas e motoras, assim como ao equilíbrio, à coordenação e à capacidade de se expressar utilizando o corpo. 

Pessoas com a inteligência corporal bem desenvolvida conseguem se movimentar com precisão e fluidez.

Além disso, por meio da inteligência corporal, percebe-se uma evidência dos aspectos cognitivos relacionados ao uso do corpo para se manifestar, para jogar jogos ou fazer movimentos repetitivos, para planejar movimentos e para se mover.

7. Inteligência Musical

A inteligência musical diz respeito à sensibilidade no reconhecimento e reprodução de sons e notas musicais. Pessoas com esta inteligência aflorada são pessoas com alta capacidade de percepção auditiva e reprodução artística por meio de composições musicais. 

É uma aptidão intimamente ligada à arte. Pessoas com inteligência musical conseguem se comunicar com a música e reagir a sons mesmo sem treinamento musical ou sem saber tocar instrumentos. 

8. Inteligência Espacial-Visual

A inteligência espacial-visual se conecta com a percepção espacial e a tendência a interpretar e criar imagens visuais, inclusive dimensionais. Ela auxilia na compreensão de informações gráficas e mapas

Pessoas com inteligência espacial tendem a ser boas desenvolvendo projetos, construções, esculturas, dentre outros. A inteligência espacial é fundamental para a visualização de objetos de diferentes ângulos, para se orientar ao se transportar pela cidade e para reconhecer rostos e cenas. 

A inteligência espacial frequentemente confere aos indivíduos que a possuem em maior nível a habilidade de projeção de imagens mentais nítidas.

Aplicação da Teoria das Inteligências Múltiplas em contextos educacionais

Um dos principais motores que conduziu Gardner ao desenvolvimento da teoria sobre os tipos de inteligência era seu interesse na aplicação direta desta teoria no ensino. O psicólogo considerava que o principal propósito da escola deveria ser providenciar uma formação integral, que deveria consistir nos seguintes pilares:

  • Auxílio ao desenvolvimento de habilidades específicas para as quais o indivíduo já possuísse alguma propensão
  • Entendimento das particularidades de cada aluno
  • Compreensão do espectro de facilidades e dificuldades de cada pessoa
  • Educação enquanto vetor de desenvolvimento para ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos, adequados ao seu espectro particular de inteligência.

Neste sentido, a escola de Gardner seria centrada no aluno, com o objetivo primário de compreensão e desenvolvimento deste a partir de seu perfil psicológico e cognitivo. Estes conceitos de escola ideal se baseia em algumas premissas:

  • Nem todas as pessoas possuem as mesmas capacidades, nem os mesmos interesses. Por este motivo, nem todos aprendem da mesma forma e existem meios que podem funcionar para alguns sujeitos, mas ser inadequados para outros.
  • Ninguém pode aprender tudo que há para ser aprendido e não é possível que alguém domine todas as facetas pelas quais um ser humano pode ser considerado inteligente.
  • A tarefa dos professores e dos avaliadores também é tentar entender as capacidades e interesses dos alunos, de forma a providenciar estratégias inclusivas e funcionais para o aprendizado deles. Desta forma, os perfis e objetivos dos alunos deveriam ser alinhados a currículos e métodos próprios.
  • A escola e a universidade, enquanto vetores de conhecimento, devem se ocupar de desenvolver crianças e jovens plenamente, inclusive os que apresentam perfis cognitivos menos tradicionais.
  • Testes padronizados podem medir certo tipo de habilidade, mas são insuficientes para considerar os indivíduos inaptos ou desprovidos de talento. 

Qual a importância para a educação em conhecer os tipos de inteligência?

A educação, tanto primária quanto superior, tem o objetivo de auxiliar o indivíduo a alcançar suas potencialidades, instruindo-o e desenvolvendo suas capacidades. Neste sentido, o educador tem papel de vetor de evolução pessoal e social, na medida em que estes alunos se integram na sociedade enquanto cidadãos.

Por isso, é muito importante que nosso modelo educacional consiga atingir as pessoas de forma crítica e específica

Assim, uma das vantagens da aplicação das inteligências múltiplas no processo educacional é a individualização e despadronização que ela promove, entendendo cada um com suas dificuldades e talentos e operando nestes.

Além disso, por considerar que todos os tipos de inteligência são válidos e úteis, a teoria tem um perfil mais humano e inclusivo, pois é capaz de abraçar, valorizar, estimular e desenvolver alunos que não possuam o perfil cognitivo clássico (linguístico e matemático). 

Estes alunos, frequentemente esquecidos e desalojados no modelo de avaliação tradicional, que os trata como menos talentosos e competentes, passam a ser considerados em suas particularidades. A partir dessa capilaridade, aumenta a chance de sucesso e satisfação destas pessoas, além de diminuir a chance de problemas psicológicos ou baixa autoestima. 

Portanto, a teoria das inteligências múltiplas é capaz de promover o desenvolvimento de todos os alunos, ao rejeitar o conceito de que alguns seriam mais inteligentes que outros e substituir a hierarquização de talentos pela especialização destes. 

Ademais, a aplicação da teoria combate três lógicas valorativas que Gardner considerava nocivas na sociedade: 

  • A percepção ocidentalista de que certos valores culturais ocidentais (como o pensamento lógico, cristalizado pelo iluminismo) seriam melhores que qualquer outro tipo de habilidade;
  • A ideia de que certas habilidades só têm valores se puderem ser testadas ou mensuradas (sobre isto, inclusive, Gardner opina que “os psicólogos deveriam passar menos tempo classificando as pessoas e mais tempo tentando ajudá-las“.
  • O raciocínio reducionista que previa que todas as respostas para um dado problema estariam em uma determinada abordagem melhor que as outras (como o pensamento lógico-matemático)

Assim, a principal proposta do psicólogo seria mobilizarmos toda a gama das inteligências humanas, aliando estas habilidades a um sentido ético,  para que pudéssemos aumentar nossa harmonia social e contribuir para a nossa prosperidade em um sentido holístico.  

Agora que você já sabe quais são os 8 tipos de inteligência e porque eles são importantes para a educação, confira 12 dicas de melhoria da experiência do aluno!

Quais os 5 tipos de inteligência?

Quais são os tipos de inteligência?.
Inteligência Lógico-Matemática. ... .
Inteligência Linguística. ... .
Inteligência Espacial. ... .
Inteligência Físico-Cinestésica. ... .
Inteligência Interpessoal. ... .
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Inteligência Musical. ... .
Inteligência Natural..

Quais são as 7 inteligência?

Inteligência espacial. A inteligência espacial está vinculada com a habilidade de perceber semelhanças em formas espaciais e relacioná-las. ... .
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Inteligência musical..

Quais os tipos de inteligência fale sobre cada uma delas?

As Inteligências Predominantes.

Quais são as 3 inteligências?

AS TRÊS INTELIGÊNCIAS DO ENEAGRAMA.
INTELIGÊNCIA PRÁTICA. Os tipos da Inteligência Prática têm dons e questões que envolvem seu instinto. ... .
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL. Os tipos da Inteligência Emocional têm dons e problemas que envolvem suas emoções. ... .
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